domingo, 4 de agosto de 2013

Big Jonh X Roberta - Destinos do Brasil

 §1 - Cada debatedor tem direto a no máximo 3 postagens (de 4096 caracteres cada uma) por participação - QUE DEVERÃO SER UTILIZADAS DA MELHOR FORMA POSSÍVEL POR CADA UM DOS DEBATEDORES. 

   

  §2 - Os debatedores DEVERÃO fazer 4 participações intercaladas por duelo:considerações iniciais, réplica, tréplica e considerações finais.    


   §3 - O prazo regulamentar entre as participações dos debatedores é de 3 dias. Todo adversário tem o direito de estender o prazo de seu oponente. Após o prazo, será declarada vitória por W.O. para o duelista remanescente.       


  §4 -  Após o duelo, o vencedor será escolhido através de votações em enquete.

22 comentários:

  1. O destino do Brasil é um tema pretensioso, reconheço, afinal estamos tratando com um pais de 200 milhões de habitantes, com hábitos e culturas multiformes.

    Uma fronteira terrestre, aérea e marítima enorme, sotaques e regionalismos que preservam segundo o folclore e a cultura de cada região.

    De fato justifica-se referir-se a esse gigante como um pais de dimensões continentais.

    O Brasil é também reconhecido por ser um pais de contrastes, espelha situações inacreditáveis que vai da extrema pobreza a opulência megalomaníaca, ou que salta do completo analfabetismo para níveis de inteligência somente encontrado em algumas regiões da velha europa, esse é o Brasil, aqui temos as melhores e mais complexas legislações ao lado dos maiores descasos com a aplicabilidade legal por exclusiva competência de uma estrutura investigativa, aqui temos os três poderes que atuando de modo individualista, preservando seus interesses acima da chamada "coisa pública" pela qual deveriam velar.

    Ficaria divagando noite afora, cansando aos leitores que conhecem de forma sobeja a todos esses detalhes, vamos aos fatos.

    Sem apelar aos anos de minha infância, nem mesmo da minha mocidade passada em caserna no regime militar, quero prender-me as passeatas que chacoalharam o contexto Brasileiro, chegando a lembrar (em alguns casos) a famosa "primavera árabe", sem, contudo, chegar-se as vias de fato que observamos daquele lado, pergunto a essa casa, o que houve com o Brasil?
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  2. Durante vários dias procurei entender a RAZÃO dessa marcha, desse inconformismo demonstrado por várias camadas sociais, diferentes brasileiros sob todos os aspectos, preservando-se a característica de repúdio aos partidos que deveriam representar as classes sociais envolvidas, abriram mão dessa muleta e foram de peito aberto, dizer sobre suas insatisfações. Resta claro a decepção do povo contra TODA representação, e nela eu incluo além dos partidos polítidos e sindicatos, todos os órgãos classistas que HOJE representam essas multidões.

    Foi um balde de água fria no sindicalismo, nas siglas famosas que dizem convergir multidões com uma simples convocação, o povo demonstrou preferir sua organização a partir de páginas sociais na internet, junto aqueles que conhecem, para, reunidos em vários cantos do Brasil, se fazerem ouvir nas ruas segundo suas insatisfações.

    Foi um marco de cidadania que teve, como não poderia ser tudo perfeito, ações de ambos os lados que mancharam a imagem de manifestantes e forças repressivas, seja no apelativo movimento depredatório, com a consequente pilhagem de materiais (roubo), ou ainda, na agressão desmedida por parte de policiais covardes que não mereceriam vestir uma farda da Polícia Militar.

    O que marca é exatamente aquilo que deu errado, a notícia veínculada para o muindo foi apilhagem, o roubo, os espancamentos e as prisões, tudo aquilo que o povo pacífico e ordeiro, vieram a conseguir com sua voz nas ruas, isso já foi esquecido, até as promessas do governo já sofreram modificações, havendo identificado que as principais lideranças foram separadas, algumas até já estão atuando na chamada contra-espionagem.

    Não há chance dos episódios se repetirem na mesma intensidade daquilo que foi o inicial, mas o alerta posicionou o governo do tamanho da insatisfgação das ruas, fez desbancar índices e tirou o sono, dealguns até a vida, mostrando o quanto o povo está cansado. Mas e o futuro?
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  3. Passados alguns dias, volta a reinar a calmaria, à excessão de um ou outro evento aqui ou acolá, nada mais a nível nacional e violento. O poder se acostuma e sabe que o controle permite a negociação, e o prazo degenera no esquecimento, na pior das hipóteses, identifica-se as lideranças e se premia de modo privado levando essas lideranças a desaparecerem. O povo perde sua identidade, se isola, enfraquece, e se vê a mercê do leão novamente, mais feroz e animal do que nunca.

    A vaia da Dilma nacopa das Confederações, a vergonha diante de 300 emissoras de televisão do mundo, a queda na popularidade, tornou essa mulher numa outra pessoa, seguramente, e o Brasil que não espere que sua mão será leve, pois não será.

    Que resta ao povo Brasileiro? Resta, como disse o Papa Francisco, a abnegação, longaminidade e a meditação, pois a ação contestadora, está se transformando em atitude vulgarizada e atraindo a ojeriza popularno lugar de simpatia. O bloqueio da Avenida Paulista causa transtornos muito superiores a qualquer benefício para qualquer categoria, de modo que, interromper uma via é seguramente colecionar adversários a sua própria casa.

    Como dar um recado político sem contrariar a lei, nem afrouxar o laço no pescoço de todos esses políticos, nossos representante?

    Deixo essa sequencia que é na verdade um diálogo, para a resposta e considerações de minha adversária.
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  4. Debater o assunto não me parece pretensioso, mas da forma que foi apresentado, faz pensar que discutiremos algo que será construído num futuro próximo, o que claro, não concordo.
    Considero, portanto, pertinente a discussão diária de assuntos que diz respeito a milhões, e por isso, agradeço o novo convite.

    O futuro não se faz agora. Ele já existe uma vez que é conseqüência de ações passadas, é portanto, reflexo de uma sociedade. No último livro que li, há uma frase que reafirma essa crença: “Hoje é o único tempo que temos. É muito tarde para ontem. E não podemos depender do amanhã.”
    John C. Maxwell.

    Meu oponente fez menção a um pensamento de Arthur de Gobineau, mas, como a maioria do que esse senhor escreveu, sua crença foi equivocada a exceção do que afirma sobre sua gente: “ Brasil, um aspecto surpreendente: riquezas extraordinárias, leis sensatas, liberais e protetoras, grandes garantias de paz e de tranqüilidade, preciosos elementos de prosperidade e trabalho, nada falta, a não ser uma população suficiente”. Ao contrário do que discutimos sobre o continente africano, os contrastes que vivenciamos são originados na colonização dessa terra: o país foi, desde sempre explorado e conduzido por políticos que nunca visaram o bem coletivo. Então, quando listamos os problemas de habitação, saúde, educação e segurança pública, a resposta não estará na diminuição da desigualdade social - quem dera o fosse – aprendi, muito cedo que não somos um país subdesenvolvido a toa..

    A questão é bem menos complexa, mas, de alguma forma, parece incompreensível a maioria:
    queremos uma mudança na legislação. Desejamos também maior atenção quanto a saúde e educação, mas os gritos na rua foram calados com mais uma ação assistencialista, que é a suspensão do aumento das passagens e o passe livre aos estudantes.Tudo friamente orquestrado, tudo facilmente resolvido. Aspecto prático de como essa conta seria fechada não entrou em pauta. Foi um ‘belo’ cala boca. Penso, pessimista, que no fim das contas, tudo não passou de um grande carnaval...
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  5. A mídia fez parecer que a mobilização popular, seguia o script de outras , como a “Primavera Arabe” , “Los indignados” e “Occupy Wall St”, mas tal qual o episódio dos cara-pintadas, tudo não passou de uma grande encenação. Ou, numa hipótese mais romântica ( coisa que habitualmente não sou) foi ( e já passou) de uma catarse coletiva.

    Ficaria satisfeita se essas manifestações servissem como enterro para futuras aspirações políticas, de sujeitos como Dilma Rousseff, Eduardo Paes, Sergio Cabral e Marconi Perillo, mas não sou ingênua para acreditar que os cidadãos lembraram disso quando forem de novo exercer seu dever cívico.



    O povo brasileiro anda entorpecido.
    È facilmente manipulado.
    È refém de políticas populistas e é extremamente competente em reeleger candidatos sabiamente corruptos.


    Tive um professor que dizia que “ o Brasil tem algumas das leis mais modernas do mundo.. SE fossem respeitadas". E não são respeitadas por dois motivos: por nossa notória impunidade e por uma característica bastante peculiar de nosso povo, a de querer levar vantagem, o tal jeitinho. Enquanto um indivíduo não for diretamente afetado por uma injustiça, nada será feito. Não fomos ensinados a ter uma visão global de sociedade e nem a lutar por nossos direitos e por isso, nos tornamos acomodados. Conde de Gobineau afirmava que o que nos faltava era uma população suficiente,onde ele fazia relação ao número, mas, seu erro era desconsiderar a qualidade desses habitantes, a solução, portanto, está na Educação.



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  6. Ao mesmo tempo em que minha adversária discorda que debater esse assunto não se tratava de nenhuma pretensão, não conseguiu demonstrar PORQUE assim compreendia, perdendo-se numa sequência de narrativas que exemplificavam a SUA realidade, esquecendo-se que não estamos tratando da NOSSA vida, NOSSA experiência, enfim, NOSSA realidade, mas a história de 200 milhões de pessoas, patrícios, que assistiram embasbacados, o poder de uma manifestção desprovida de lideranças partidárias e sindicais.

    Digo mais, tomaram gosto pela "coisa", e nos mais distantes rincões desse Brasil varonil, começaram a clamar por seus direitos e interesses, fazendo com que caciques octogenários de uma política vitalícia, se vergassem, com toda a vergonha, á vontade popular,cito o caso da própria Presidente, do Governador de São Paulo, e desse inútil Geraldo Alckimim e do nosso atual Prefeito Hadad "Abdula".

    A lição das manifestações, inclusive contra a impressa escravizante e manipuladora, foi uma resposta cabal inesquecível, e não se iludam, a qualquuer tempo as ruas poderão voltar a ser tomadas.Temos um instrumento poderoso atualmente,e ele se chama "Rede Social", por enquanto livre das garras interesseiras do poder.

    Veja-se o caso do Pedreiro Amarildo, um carioca que foi colocado numa viatura de Polícia no Rio de Janeiro, vindo a desaparecer,causando manifestos em vários estados. Ora, isso é inédito no Brasil, o povo se unindo cobrando movimentação das autoridades. Os juízes e jurados no caso Carandirú se confessaram pressionados a uma sentença mais efetiva, pois apressão popular era maior que o medo que tinham de uma possível vingança dos defensores dos milicianos assassinos. Outra coisa inédita.

    Inegável é admitir que nasceu uma novaconsciência e juventude, diria Elis Regina, e esse novo Brasil, muito me agrada e sinaliza com um futuro onde a vontade do povo poderá por fim a uma era de desmandos e corrupções dominando todos os estágios da administração pública. Sena China, Japão e etc...um corrupto pede para sair, comete suicídio tamanha a sua vergonha ao ser descoberto, porque no Brasil o "ser esperto" tem que ser, eternamente, aquele que se locupleta do dinheiro deum miserável que padece a mingua, doente e desempregado, dependente de um estado falido, dominado por uma corja de bandidos?

    Espero que minha colega não discordo desse pragmatismo e também anseie mesmo dentro de seus alambrados, dias melhores para todos nós.
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  7. Mas paraprosseguirmos precisamos de uma ordem, de uma sequência, e nisso minha colega tem razão ao afirmarque as lideranças dos primeiros movimentos foram identificadas, e, certamente, cairam na rede dopoder, não como presidiários como era no passado, mas recebendo benécies irrecusáveis para desaparecer do mundo das manifestações.

    Onde estão os líderes? Aqueles que deram a cara a tapa e apareceram com grande carisma a movimentar massas para ruas eavenidas? Existe um serviço de inteligência, e esse serviço não é uma exlusividade policial, todas as três forças armadas mais a Polícia federal, temespecialistas que acompanham as redes sociais diariamente. Certamente há alguém, talvez mais de um, acompanhando a esse debate, é seu trabalho, e se achar por bem haverá de relatar o fruto de nossas conclusões para os escalões superiores.

    Quem sabe Big John ou Roberta, não venham a ser convidados, mediante polpuda quantia, a exercerem seus dotes atuando do outro lado da fronteira? Gosto muito de filosofia, e as máximas filosóficas me acompanham de a muito tempo, por exemplo essa "...se não pode com seu inimigo junte-se a ele" ou, mantenha seus amigos príximos e seus inimigos mais próximos ainda."

    O Brasil nunca mais será o mesmo, o hino nacional cantado com a emoção que vimos naquele Brasil e Espanha, as lágrimas escorremdo não somente no rosto dos jogadores mas de muito mais pessoas do que você leitor, possa ai estar imaginando, amor, amor pelo Brasil, vontade de ver esse pais sair, finalmente, dessa situação de fome e miséria, desses índices mentirosos que querem colocar um pais, cuja terceira parte de toda a população sobrevive as custas de assistenciaslismo do governo, um pais com um médico para quatro mil habitantes, onde, órgãos classistas como médicos, criam entraves para manter seus privilêgios criminosos, deixando a população sobre o piso de hospitais imundos brasil afora.

    Políticos bandidos, a maioria com mais de sessenta anos, três poderes que se juntam para se locupletar dos recursos de um povo que vê a mimgua suas esperanças escorerem pelo ralo do desmando e da farra irresponsável, definitivamente, faltam herois no Brasil, o último foi o Senna.
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  8. Mas as manifestações mandaram um recado, entretanto, as manifestações foram esfriadas pelo gesto rápido de um governo cheio de assessores, e estamos novamente carentes de representatividade. O que precisamos? Precisamos que pessoas se levantem, pessoas que não deixem os direitos sociais sucumbirem nas mãos de administradores canalhas, afirmo que 90% dos políticos desse Brasil, são canalhas que usam o dinheiro público para sua locupletação.

    Entram para o serviço público com um Gol 96 e uma casa num terreno 10 x 25m, de depois de uma gestão possuem duas ou três Pick Ups de última geração, casa em condomínio de alto padrão, sítio paradisíaco e investimentos em várias cidades em nomes de filhos, esposas, sogro e etc...

    Todos anos de eleições, tentamos, mais uma vez, escolher candidatos que julgamos íntegros, de boa conduta, mas, o poder corrompe atodos, vivo nesse impasse e tomei a decisão já alguns anos, não voto em DFP nenhum, que façam o que fizerem, se eu apreciar a amdinistração desse, na sua releição pensarei diferente.

    Que lições positivas poderemos adquirir com essas manifestações?
    Como moldar o Brasil doravante, a partir dessa página corajosa virada pelo povo?
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  9. Não há pretensão alguma em discutir a realidade que é comum a milhões de brasileiros. O bem da verdade é que parece que também foi ’contaminado’ com o que afirmava a mídia: essa manifestação não teve seu início por conta da insatisfação popular da política nacional, mas por algo bem mais imediatista que é o aumento do valor do transporte. Quando foram as ruas, outras pessoas aproveitaram o ‘despertar’ e resolveram gritar junto por melhores condições de saúde, educação, segurança...


    Mas, os governantes que não estão no poder a toa, logo imaginaram um meio de enfraquecer a balbúrdia, infiltrando baderneiros, distorcendo fatos e dando uma resposta ao anterior pedido, mesmo não observando as consequências de como essa conta seria fechada. As pessoas que chegaram depois, acompanhando o oba-oba simplesmente voltaram para a sua rotina, como se o fato de saírem a rua com palavras de ordem (ensaiado) e cartaz em punho significasse que de fato, haviam feito uma revolução.


    Temos dois episódios recentes que mostraram a força das manifestações populares: “Diretas Já” e “Caras Pintadas”. Apesar de o segundo exemplo ser conhecidamente deturpado pelos meios de comunicação foi possível constatar o poder que o povo tem, agora, esse “Acorda, Brasil” que vivenciamos não imagino com nenhum resultado efetivo. Essa minha crença se dá pelo fato de ter presenciado, entre outras coisas, a espantosa reviravolta no discurso em relação a ação da PM. Como é possível uma mudança de falas tão drástica? Vi ( e participei) de alguns atos dessa manifestação, onde confesso que de princípio achei emocionante o povo nas ruas, achei que alguma coisa iria mudar. Mas tinha muita coisa estranha no ar, ou alguém acha razoável o pedido de intervenção militar ou, até, impeachment da Dilma?

    Após esse episódio, decidi tomar uma decisão: não serei mais número. Não seguirei a corrente, por mais contagiante que seja a ideia, afinal de contas, não estamos no Egito, EUA ou Espanha. Serei a partir de agora, mais uma manifestante de sofá, não dessas pessoas que tuitam, por exemplo, #forasarney (mas subornam guardas de trânsito) simplesmente porque está na moda. Muitos nem sabem o real significado de uma hashtag! O tal “LONG TAIL”(cauda longa das revoluções) viverei, na comodidade de minha casa. Penso que a internet serve como um catalisador de quem já é engajado, mas sei que ela não atua de forma autônoma, e sim ligada a diversos fatores.
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  10. A participação das redes sociais nos movimentos revolucionários da África, Oriente Médio, EUA e Espanha, foi, em minha opinião, superestimada. È fato que as redes sociais (Facebook e Twitter em maior escala) ajudaram na comunicação entre as pessoas, mas sinto que apenas entre os já engajados e os propensos a mobilização geral.


    Acredito que a internet pode ajudar a causar mudanças aqui no Brasil, mas desde que haja contexto para tal. Não podemos nos esquecer: o que define os efeitos de uma tecnologia é o contexto no qual ela é utilizada. Todo movimento que nasça na internet, sem que encontre bases no “mundo real”, tende a falhar. Isso, por vários motivos: seja o fato de ele representar um desejo de apenas parte da população, seja porque uma grande mudança se faz a partir de pequenas mudanças de hábitos e posturas.

    Creio nas pequenas oscilações, nas pequenas revoluções. Só acho que, infelizmente, para as grandes mudanças, não vai ser uma twittada ou a escrita em capslock que vai resolver.

    Governantes não costumam temer o marketing negativo, por contar com a memória eleitoral brasileira. Por isso acho que no fim das contas é na intimidade de seu lar que as pessoas refletirão melhor suas escolhas.


    Gostaria mesmo de acreditar numa mudança, mas sei que ela só é possível quando começa em seu alicerce. Há um texto erroneamente creditado a João Ubaldo Ribeiro “Precisa-se de matéria prima para se construir um país” que aborda bem aquilo que acredito, por conta do espaço, não o citarei aqui, mas, se houver o interesse, estará postado na página do grupo.
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  11. Meu oponente lista os casos de Amarildo e Carandiru com uma fala extremamente positiva. Penso que esse país que ele parece acreditar é diferente do que conheço, onde tenho um membro da família, entre os desaparecidos do Araguaia. Ou saber que um político como Arruda (ex-governador de Brasília) foi anunciado nessa última semana como o provável vencedor do pleito que se aproxima, e ainda que o antigo líder dos cara pintadas é hoje mais um que se vendeu ao sistema: Lindberg Farias é o reflexo daquilo que desprezo e que me faz, dia a dia, perder a pouca fé em dias melhores. Por essa razão afirmo que não seria convidada para fazer parte de qualquer grupo político, pelo simples fato de me faltar estômago.


    Sobre as perguntas deixadas pelo meu adversário, afirmo que, por enquanto não temos nada de prático por conta dessas manifestações. Tivemos a retirada da PEC, que poderá ser retornada a qualquer tempo, além de uma cortina de fumaça que atende pelo nome de ‘plebiscito’. O país não tem dinheiro e nem necessidade de uma consulta prévia sobre as ações do Congresso no que diz respeito à reforma política. Por essa razão, vejo que não existe molde para o Brasil, por defender que não existe uma receita para o fim da impunidade, corrupção e desmandos... Sei que nossa história é escrita diariamente, que somos co- responsáveis por todos os ranços e avanços, portanto, a transformação da nação se dará com a mudança de cada um de nós.
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  12. Embora encontre congruência nas opiniões de minha adversária, sinto em seus parágrafos um inconformismo, uma falta de esperança que não se coaduna com o desejo real por mudanças que deveria nortear o coração de todos que conhecemos com profundidade, como é o caso dela, o problema Brasileiro.

    Esse problema é a corrupção, uma doença que atinge a todos numa escala vertical, de modo que, se alguém houver que a recuse estará sujeito as duras penas prováveis e possíveis.

    Então, pessoas como a minha oponente, com o conhecimento que denota e a experiência que externa, faz, exatamente, o que ela fez, desiste sob a alegação de não ter estomago para suportar o desgosto que o serviço público consiste.

    Ora, que me desculpe, mas se todos nós nos desculparmos de servir ao Brasil sob a mesma sugestão, o que será ao final desse povo? Delegaremos a outrem o poder de NOS conduzir segundo sua vontade e entendimento? Essa é uma alternativa inteligente?

    O tópico é as alternativas do Brassil, e eu não quero prever que a fuga sugerida pela minha adversária seja levada a sério, e acredito que nas suas próximas considerações, ela haverá de contornar os efeitos de sua afirmação clara e expressa, entretanto precipitada e nada cordata com sua capacidade criativa.

    Algum tempo atrás, o governo de São Paulo, propôs uma premiação que andava pela casa dos dez mil reais 10.000,00) para policiais que conseguissem reduzir metas de criminalidade, e fui contra essa medida, os policiais já ganham o suficiente para o serviço que prestam, se fosse para prosseguir nessa linha, o ilustre Governador deveria oferecer um prêmio para os Professores, para os Motoristas de Lotação que evitassem acidentes, e etc... O combate à corrupção não termina com a premiação de profissionais que já recebem um salário, mas, penalizando criminalmente os infratores, a começar pelos escalões superiores.
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  13. Os movimentos sociais que tomaram as ruas não carregaram bandeiras sindicais nem de partidos políticos, ou seja, o povo está cansado e desinludido com tais representantes. O povo não enxerga a menor possibilidade de contar com os "poderes constituídos" em seu benefício, mas sabe que por escolhas passadas, terá que aturar esses representantes que já ocupam suas cadeiras. Contudo, claro sinal foi dado, e se compreende que todos são sabedores que alguma coisa mudou.

    A ausência de segurança na preservação do patrimonio de Sérgio Cabral, acusado de usar em benefício próprio e, desmedidamente, helicóptero, dá mostras que as forças de segurança parece que apoiam algumas medidas ditas subversivas, em São Paulo, muitas depredações contra alguns comerciantes reconhecidos por pratica de preços abusivos foram ignorados, porque? Shopping Iguatemi, lojas nas regiões da Paulista, especialmente no lado "jardins", onde um cafezinho custa até 7 reais, foram depredadas.

    Há um ódio latente e o povo está cansado desse "status quo" bancando um governo subornável, oprimindo uma categoria numerosa em benefício de uma elite, bem servida, ocupando áreas com toda infraestrutura, um outro pais, para os quais, o "resto" são como os "chicanos" que são repelidos ao longo da fronteira de Tijuana a tiros de borracha e dentada de Pastor Alemão.

    Essa multidão de jovens precisa assistir o governo realizar ações concretas, urgentes e em seu benefício, quadra, esporte, assistência social, educacional, escola, cultura e lazer. Os jovens do Brasil só tem as drogas e a criminalidade é sua inspiração. Seus heróis são aqueles que enfrentaram os tiros e morreram por uma causa, para eles a glória da eternidade.
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  14. Os marajás que se eternizam no comando, alguns como a família Sarney, investigada vezes sem conta por desmandos do dinheiro público, deveriam ser o exemplo. Ora, se no exterior grandes caciques, mafiosos, são condenados, presos e condenados a devolver tudo quanto roubaram PORQUE não podemos fazer o mesmo? No caso do maluf, parece que houve uma intenção positiva, entretanto, foi sendo paulatinamente amenizada por um ou outro fator legal, e, ao final, tudo parece terminar sempre em pizza. E o juiz Nicolau? Foi punido devidamente? ressarciu os cofres públicos de forma corrigida? Claro que não, há um corporativismo maldito que impera no judiciário.

    O povo espera que o poder executivo acione na forma da lei os grandes peixes, deixando que os corruptos de terceiro e quarto escalão para o final no noticiário, mas, o que vemos, é que os responsáveis pela corrupção, seja ela ativa ou passiva, permanece via de régra impune.

    Enquanto não resolvermos a corrupção não teremos uma saúde de qualidade, nem segurança, nem terra para produzirmos, nem trabalho digno, nada, a corrupção é a praga que assola a esperança e destroi os sonhos de um povo.

    Engana-se quem imagina ser fácil acabar com a corrupção, quem assistiu o filme Tropa de Elite, em sua parte final, quando o Capitão Nascimento falava sobre a origem da corrupçaõ, as cameras passeavam pelos principais prédios de Brasília, berço de toda bandidagem escondida atrás de quase, pasme, 40 ministérios.

    Imagine quanto recurso desprezado, quanto dinheiro jogado fora que deveria significar qualidade de vida para essa nação? O tamanho desse rombo é a medida exata da incompetência de nosso povo em retirar do poder esses bandidos que se locupletam com o dinheiro público.

    Mas e as alternativas? Embora esse quadro realista seja forte e pragmático, há caminhos e eles se descortinam a nossa frente, vamos a ele assim que ouvirmos nossa oponente.
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  15. Nossos anseios se assemelham, mas ao contrário de você, sou uma pessoa mais prática e objetiva. Não é falta de esperança e sim, a manutenção diária do pragmatismo. E estar constantemente aborrecida com a atual situação do país é que fará que algo seja mudado, afinal de contas, os satisfeitos estão comodamente alojados.

    Há um pensador que tenho verdadeiro apreço, que é Paulo Freire. Ele disse em seu mais emblemático livro que entre a ingenuidade e a sensatez há a necessidade de ruptura, uma superação. “...O pensar certo implica compromisso com mudança da ingenuidade à criticidade. Comprometer-se é uma atitude afetiva que envolve o outro no processo de conscientização e de politização. Compromisso é coisa assumida com liberdade e não como obrigação.”( Paulo Freire, A pedagogia da autonomia,1996: 38)

    È, portanto, em minha opinião, uma maneira de evolução. E é exatamente isso que penso que falta aos brasileiros. Somos facilmente manipulados, somos constantemente lubridiados, a começar com nossa história, onde trocamos pepitas por miudezas.

    Não concordo que toda a população seja atingida pela corrupção, presenciamos todos, a conseqüência de um governo corrupto, o que é bem diferente. E não entendo que ela seja uma doença - oras, não é aceitável tratá-la por desvio de conduta ou cleptomania social - é sim, um sintoma de um algo maior, que é, no caso, a questão da impunidade.

    “se alguém houver que a recuse estará sujeito as duras penas prováveis e possíveis...”

    Aqui, corrija-me se estiver errada, mas essa sua frase deu a entender que todos são corruptos, sob a pena de serem punidos. Ousa afirmar que há corruptíveis por pura falta de opção?

    Mas, agora fiquei intrigada: diga-me quais sãos as sanções para aquele que cumpre com suas obrigações e mantém distância de toda sorte de favores? 
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  16. Há outro engano em sua compreensão, João...

    Quando afirmei que não tinha estômago para participar da formação de qualquer grupo político - que ficou implícito que seria enquanto candidata – há de sua parte uma aparente distorção de minha fala: é evidente que como educadora não fujo as minhas responsabilidade de participar, de maneira atuante na construção de cidadãos mais politizados. Além de conhecer, respeito meus limites, e por essa razão, não seria eu, uma boa representante do grupo que represento. Percebe que enquanto assumo minha total inaptidão ao cargo, os mesmos são preenchidos por indivíduos que, em grande parte, não possuem comprometimento com o bem público, além da evidente falta de preparo intelectual?


    Respondendo sua questão, penso que é inteligente que cada pessoa assuma sua obrigação e a exerça com responsabilidade. Por essa razão, concebo que num processo democrático é preciso que exista candidatos, mas é fundamental que haja eleitores. E cabe a pessoas como eu, a desvalorizada função de melhorar esses votantes.


    Não há de minha parte, fuga ao assunto, mas enquanto desafiante faz-se necessário que aborde melhor o tema. A alternativa para o Brasil foi a minha primeira participação apresentada: EDUCAÇÃO. Por esse motivo, não posso concordar com nenhum tipo de ação paliativa que ajuda mascarar problemas, forjando soluções, como a que apresentou o governo de sua capital, e aqui, enfim, percebo consonância de pensamentos: não se pode premiar um profissional por ele executar a sua função. Penso que gratificações têm o mesmo peso de um suborno, mas ao contrário de você, defendo que o combate a corrupção não precisa começar do maior para o menor, ela deve ser exterminada em qualquer circunstância: não é o valor desviado que fará alguém mais ou menos culpado, deve-se punir o ato. È inadmissível que exista algum tipo de tolerância para um delito que atinge a todos.
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  17. As manifestações que presenciamos carregavam bandeiras de todos os tipos, inclusive as sindicais, é um erro dizer o contrário. Afirmar que o povo está cansado é uma redundância, num país que elegeu como herói, Macunaíma. Mas há sim, casos isolados de depredação ao patrimônio público e alguns mais persistentes no estado do Rio, mas até que me provem o contrário, não há, até então, nenhuma sombra de mudança, estão (quase) todos de volta para casa, sentados frente à televisão.


    Concordo com grande parte do que escreveu em seus últimos parágrafos, e aqui, colaboro com sua explanação elencando a razão desse absurdo: por conta de nosso passado nefasto, as leis foram construídas com a função de defender os possíveis culpados. Por isso o absurdo do foro privilegiado. Segundo a Constituição, todos são iguais, mas há alguns mais iguais que outros... Infelizmente os exemplos de outros países demorarão a encontrar eco no país.


    Portanto, meu caro João não vejo num curto prazo nenhuma perspectiva de mudança. Será preciso antes, mudar a mentalidade das pessoas, melhor instruí-las para que elas não sejam enganadas com falsas promessas e nem que sejam entorpecidas com imagens como as que os grandes telejornais repercutiram nas últimas semanas.


    Mas, engana-se se pensa que sou pessimista... Sei que a mudança virá, pois a vejo nascendo dentro de discussões nas salas de aula, nas inquietações de meus filhos, na incredulidade de outros tantos, não tenho certeza se verei algo palpável, algo diferente daquilo que hoje vivo, mas, enquanto semeador deposito minha fé na semente.
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  18. Estamos nas considerações finais e vejo que temos afinidade em vários aspectos e antagonismos também, ora, a questão do pessimismo ou otimismo foi trazido a tona por um comentário seu no tópico paralelo.

    Eu não entento outra posição no caso, ou se é uma coisa ou outra, a alternativa do pragmatismo foi oferecida por mim e aceita pela senhora, dela tomando posse com singela naturalidade. Tudo bem, quanto a equidistância que afirmou querer manter de todos esses processos, não vale agora no final, dar outra conotação pela fato de SER uma educadora, e, como educadora, seja inconcebível vê-la exortando seu aluno a transferir a oportunidade de decidir seu rumo enquanto cidadão.

    Como vamos ter esperança de no futuro mudarmos esse presente, se excluírmos das crianças o desejo sincero e necessário da participação na vida política? Há um clara incongruência em seus expostos, pois não?

    Diferente da senhora, acredito que essa geração está perdida. Afirmo que por mais sério e honesto que seja, qualquer cidadão que assuma o poder, seja ele a Presidência, seja ele o comando de uma equipe policial, seja a chefia de uma administração regional de seu município, VAI sofrer as pressões de seus respectivos terceiro, quarto e quinto escalões.

    Na verdade, são esses que governam, esses que carregam ou derrubam aquele que imagina-se o cocheiro de uma deligência desgovernada, carregando os interesses de muitos e os mimos a que estão acostumados. Mata-se muito no Brasil dado a, em alguns casos, esses administradores oferecerem alguma resistência a força dessas pressões.

    Foi o que aconteceu recentemente na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, quando um Coronel recém nomeado, começou a investigar a máfia policial em seu batalhão, sendo executado a luz do dia pelos mesmos homens aos quais comandava e investigava.

    A cultura da corrupção assenhorou-se da sociedade de tal forma, que suas raízes se cravaram profundamente no dna do povo brasileiro. Tudo é uma questão de valores e acertos, a corrupção é praticada em todas as instâncias e níveis. Em sua área, a educação, desde as reformas desnecessárias autorizadas pela diretoria, e executados por um cunhado desempregado e incompetente, ao roubo de merenda, passando pelo ponto fantasma a apropriação da mistura que deveria ir para o prato dos alunos, oferecidos como banquete aos professoras e diretoria, cujos excessos são carregados ao final, em pesadas sacolas plásticas.

    Todos estão comprometidos e os pés de todos estão amarrados uns nos outros, desde o servente até o secretário, prefeito, governador e presidente.

    Diga-me, é ou não uma epidemia? Diga-me, a senhora discorda? Em seu estado, na sua escola, em sua família, no seu bairro, em sua igreja, em seu circulo social é TUDO diferente? Se há dúvida, se há um caso coicidente, peço que considere a possibilidade de que todo meu exposto seja o retrato fiel não de seu mundo, mas do nosso tempo e do pais no qual habitamos.

    Inegável é que a corrupção é nossa mácula social mais característica.
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  19. Como a senhora, eu sou um defensor de Paulo Freire, o mais condecorado de todos os Brasileiros, pela sua excelência no quesito educação. Mas, toda a teoria excelente que suas mãos fizeram chegar as carteiras escolares, noto que foi insuficiente para vencer o poder do interesse para o qual não ofereceu alternativas.

    Porque não associou ( e cobrou) que todas as medidas educacionais a que deu causa, tivessem, sob fiança da Justiça, Ministério Público, Tribunais de Conta e Polícia, reciprocidade a todo seu investimento? Fiscalização RíGIDA na destinação de verbas?

    Porque deixou escancarado os pontos, para que bandidos se locupletassem das brechas imensas que sua fé na ideologia corroborou para o efetivo prejuízo dos cofres públicos? Louvaria muito mais a Paulo Freire se ele tivesse sido mais modesto como educador e mais eficiente como administrador da aplicação de seus programas, amarrando-os ao desenvolvimento dos alunos, excluíndo a possibilidade de uso político e malversação das verbas a favor de coronéis que não estão nem aí com o aprendizado do povo que esperam manipular.

    Essa é a ressalva que faço ao educador Paulo Freire. Um homem tão premiado não poderia conviver nem sorrir muito menos receber comenda alguma, num pais que ainda convive em meio a um povo analfabeto e semi-analfabeto. E se a senhora concordar com esse exposto, automáticamente, estará avalizando minhas primeiras considerações finais, dando-me completa razão em todo conjunto de minha análise.

    Tudo na teoria é belo, especialmente para aqueles cujos pés jamais pisaram sobre as tábuas que separam os casebres amontoados, que abrigam 70% do povo Brasileiro. Assim sendo, mesmo usando a beleza da gramática num discurso cheio de citações de autores do mundo afora, ficará aquele "ar" de desconhecimento,que é a desgraça que atinge a maioria dos cientistas, cuja experiência baseia-se nos estudos, em especial do Google, pelo medo e receio de expor-se à contaminação ou a uma bala perdida.
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  20. Em sua última fala a senhora disse "...È inadmissível que exista algum tipo de tolerância para um delito que atinge a todos." Concordando, implícitamente, dos males a que a corrupção nos leva a todos. Logo, quero crer que também concorda com as minhas palavras iniciais que deu causa a essa observação, onde, informava que a "cura" para esse problema, estava na disciplina pública, no exemplo.

    Ora, se no Japão, Inglaterra e etc..., grandes personalidades da política são condenados, cassados e presos por malversação do interesse público, porque, em nome de Deus, não podemos fazer o mesmo? Já tiramos um Presidente, já mostramos a força do povo nas ruas, já adquirimos a coragem de lutar pelos nossos interesses, então porque, Roberta, não podemos dizer que queremos um Brasil diferente?

    A resposta para os anseios do Brasil, está na força de cobrança de suas massas, está ai a Primavera Árabe que não me deixa mentir. Mas o governo do Brasil, diferente dos árabes, agiu rápido, identificou as lideranças, ofereceu não se sabe o que, muitos sumiram de cena, novos líderes surgiram, e a saga renasceu.

    Até quando vamos ter forças e cabeças como hidras, para renovarmos a esperança de que viveremos até um amanhã diferente? Eu estou por demais cansado, minhas esperanças se esgotam, e acho que não verei um Brasil orgulhoso, cujo Hino Nacional seja cantado por todo o povo, com a força e a esperança que seremos competitivos em todos quesitos, inclusive na moralidade.

    Eu agradeço a sua participação e a excelência de seus argumentos que trouxeram luz as trevas da ignorância de muitos, entre os quais eu me identifico, espero que o futuro se debruce sobre nossos anseios do presente e reconheça a medida exata de todas essas nossas ocupaçoes.

    Muito Obrigado.
    Big John
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  21. Chegamos ao fim de mais um proveitoso “embate” onde se é notório que há entre nos dois, uma afinidade de ideais, onde creio que nossas diferenças se pontuem mais na esfera de ação e reação em relação aos problemas apresentados. Como bem lembrou meu adversário, sou uma educadora, e como tal, defendo a máxima de Henry Peter "A educação faz com que as pessoas sejam fáceis de guiar, mas difíceis de arrastar; fáceis de governar, mas impossíveis de escravizar." Por essa razão, não posso concordar em omitir-se frente ao problema, ou acreditar que o futuro, este, feito hoje, já está condenado.


    A participação política é em minha opinião, superestimada. Acredita-se que ela se dá em um determinado momento da vida, mas o fato que cada (nossa) ação é política, que trata, especialmente, da convivência entre os diferentes. Por essa razão, aspectos como justiça, igualdade e liberdade são pouco compreendidos, porque pouco é entendido a motivação de cada pessoa, e é exatamente por isso que a idéia da corrupção, impunidade e desmando é tão arraigada em nossa história. Compreende-se, nesse ponto defender (justificar) status quo e simplesmente não posso aceitar isso.


    Não existe NENHUMA geração perdida.


    Não é o dinheiro ou posição social que fará alguém mais ou menos honesto. Se é honesto ou não, sem essa de meio termo. O poder não corrompe ninguém, apenas revela as reais intenções.


    E afirmo, categoricamente que qualquer indivíduo, que leve a sério seu cargo, seja ele, medidor de água, guarda de trânsito, médico, professor ou político poderá sim, ser colocado a prova, porém, se ele for honesto, por maior que seja a pressão entre seus pares, ele se negará a ir contra a sua consciência. Há corruptos em toda parte, mas há também os incorruptíveis. Tenho fé inabalável no homem, já que é ele, matéria-prima de meu ofício.
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  22. Mas não sou ingênua a ponto de afirmar que não há entre meu grupo de trabalho, amigos e familiares pessoas desonestas, especialmente se listarmos todas as ‘pequenas’ contravenções, como furar fila, comprar atestados, subornar o guarda, fazer gato, sonegar impostos... Sei que a corrupção é um assunto grave, mas não a ponto de afirmar que ela faz parte de nosso DNA, penso que defender essa ideia seria justificar um futuro deslize, e aqui nesse ponto percebo que, de nos dois, é você o pessimista, pois perdeu totalmente a fé nas pessoas, o que é, na minha visão, algo profundamente triste, porque significa que perdeu, também a fé em si próprio.


    Paulo Freire é uma das mentes que me inspiram, e é evidente que conheço sua fama de incompreendido em solo nacional, o que, num outro momento, poderemos debater sobre o homem que fez sim, diferença.



    “...Mas o governo do Brasil, diferente dos árabes, agiu rápido, identificou as lideranças, ofereceu não se sabe o que, muitos sumiram de cena, novos líderes surgiram, e a saga renasceu...”

    Está completamente equivocado: o governo brasileiro agiu exatamente igual, a diferença está na reação do povo, porque, diferentemente do que no Brasil, lá há mais do que dois lados de uma questão, e entre eles, há um número alarmante de extremistas.


    Comparar o Brasil com países como Inglaterra, Japão poderia ser um erro se considerarmos a história de colonização e povoamento, mas como acredito numa cultura global, é lógico que desejo que nosso país seja igual naquilo que é positivo. Por isso creio que a mudança no Brasil não está, necessariamente, na força das massas, como é observado em países árabes, até porque, lá a coisa não anda tão bem assim... A mudança se dará dentro de cada casa, motivado e propagado com exemplos positivos. A solução está na sociedade civil, e é, em minha opinião, silenciosa e espantosamente, eficaz.


    Agradeço a oportunidade de mais esse novo encontro.

    Até uma próxima,

    R.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Roger X Chico - HEAVY METAL E O CHOQUE CULTURAL.

Roger X Chico - HEAVY METAL E O CHOQUE CULTURAL.


§1 - Cada debatedor tem direto a no máximo 3 postagens (de 4096 caracteres cada uma) por participação - QUE DEVERÃO SER UTILIZADAS DA MELHOR FORMA POSSÍVEL POR CADA UM DOS DEBATEDORES.    


  §2 - Os debatedores DEVERÃO fazer 4 participações intercaladas por duelo:considerações iniciais, réplica, tréplica e considerações finais.    


   §3 - O prazo regulamentar entre as participações dos debatedores é de 7 dias. Todo adversário tem o direito de estender o prazo de seu oponente. Após o prazo, será declarada vitória por W.O. para o duelista remanescente.        


  §4 -  Após o duelo, o vencedor será escolhido através de votações em enquete. 

14 comentários:

  1. Ok. Vamos lá...

    Primeiramente eu gostaria de dizer que amo o Heavy Metal e que as músicas deste gênero transformaram minha vida. Ouço e vivo isso diariamente.

    Pois bem...

    1 – O surgimento.

    Tudo começou oficialmente em 1970, na ocasião do lançamento do primeiro álbum da banda Black Sabbath, o homônimo "Black Sabbath". Antes disso havia o rock, o pop rock, de bandas como Beattles e Rolling Stones, o rock louco de Chuck Berry, Elvis, etc. O Sabbath trouxe para o mundo uma nova concepção de música, um som mais profundo, pesado, e que tinha uma áurea completamente mística. Os críticos da época, como Lester Bangs, acreditavam que os anos 70 eram a morte do rock 'n roll. E eles estavam certos. Era o fim para um recomeço triunfal e repaginado.

    É inegável que o Black Sabbath tenha emprestado muitas influências de seus antecessores do rock e do blues, mas ainda assim eles transformaram a música de tal modo que soava como algo completamente novo. Apesar de o próprio Black Sabbath existir antes de 1970, ainda que com outro nome, podemos considerar esta data como o início oficial em face do lançamento oficial do álbum. Foi, aliás, o nome da música que deu nome à banda, e não o contrário.

    Quase que ao mesmo tempo, mas com estilo e visual bastante diferenciados, surgem bandas como Deep Purple e Led Zeppelin. O som era diferente, claro. Led Zeppelin ainda tinha mais vícios de desempenho como os rockeiros dos anos 60, Jimmy Page era um guitarrista de blues. O Deep Purple tinha letras rockeiras que falavam sobre carros e aventuras em auto-estradas. E sendo assim, apesar de tudo, não considero que Led Zeppelin e Deep Purple tivessem de fato o novo espírito Heavy Metal.

    Mas o ponto crucial em toda esta questão é o choque cultural. O novo gênero musical causava euforia em um bando de malucos ingleses, mas por outro lado trazia preocupações moralistas por parte da sociedade reacionária. Já havia sido difícil aceitarem o rock e toda a sexualidade expressa por Elvis e M. Jagger, mas agora as músicas falavam em magia, mística, demônios, loucura e insanidade, tais como Paranoid, Into the void, Hand of Doom, e inclusive a faixa Black Sabbath, que tinha uma sonoridade semelhante à de um ritual iniciático em algum tipo de seita.

    Era isso mesmo. O Heavy Metal surgiu como uma seita. No início era só o que havia. Os músicas lançavam os álbuns sem praticamente nenhum apoio da imprensa ou do poder público, e não havia internet nem as revistas especializadas como as que temos hoje. Então, cabia aos fãs procurarem onde podiam para encontrar as músicas e as datas dos shows. Na Europa, começaram a surgir algumas revistas de garagem, que produziam em tiragens pequenas, e daí então se iniciou uma fase que tornaria o heavy metal uma potência de fato.

    As revistas faziam publicações de cartas, e os ouvintes e leitores começaram a trocar discos e fitas cassete com pessoas de outros estados ou mesmo de outros países. A revista Kerrang! Foi uma das pioneiras neste meio, publicava imagens em preto e branco de Rich Blackmoore, Tony Iommy, Jimmy Page, entre outros ícones da música. E isso tudo era visto com muito preconceito pela população, embora fosse um preconceito não muito explícito, é claro. Ainda não era comparável ao que aconteceria na década de 80 nos USA.
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  2. 2 – A transformação.

    Podemos concluir a partir do que foi dito que o Black Sabbath teve uma influência em toda a estrutura musical e até mesmo social daquela época. O mundo começou a se libertar de muitos tabus a partir disso, e se não fosse por isso provavelmente viveríamos em um planeta bem diferente hoje em dia. Muitos podem pensar que é um exagero atribuir tamanha importância à música, e alguns dirão que a política transforma muito mais. É verdade que as decisões políticas, as guerras, as doenças e os avanços tecnológicos influenciam a sociedade de modo muito mais direto. Mas, a música, desde sempre, teve sua parcela de responsabilidade em diversas situações. Dizem que a música clássica de compositores como Beethoven, Bach, Mozart, entre outros, também era muitas vezes uma revolta contra o sistema, uma forma de crítica, uma provocação ou mesmo uma confrontação ao sistema. Se isso é verdade ou não, não posso dizer, pois música clássica não é bem a minha especialidade. Cabe a quem entende mais me desmentir sobre isso, se for o caso.

    Quanto ao Black Sabbath, em minha opinião, além de ter transformado a sociedade, diria que a banda, sobretudo por seu guitarrista Tony Iommy, foi responsável por lapidar a estrutura da própria música. Tony era um exímio compositor, capaz de fazer riffs e solos usando as mesmas notas em sequências e ritmos diferentes, fazendo com que a música soasse de diversas formas. E vale lembrar que ele foi pioneiro em seu estilo e posteriormente foi imitado por tantos e tantos músicos que até hoje o admiram. Ele mudou a forma de compor. Introduziu um conceito diferente de peso e versatilidade. É bem verdade que ele teve boas influências dos anos 60, mas, se analisarmos estruturalmente, não há nada em Tony Iommy que possa ser comparado ao que se fazia antes dele.

    E bem, como meu caro Chico Sofista deve ter notado, só mencionei o Black Sabbath em quase toda minha introdução. Mas, não se assuste. Sei que heavy metal é muito mais que isso, quero apenas com esta introdução conduzir o debate para uma zona apropriada, deixando os leitores cientes de minha clara opinião. Caso seja de seu interesse me confrontar e provar que estou errado quanto a isso, sabe que será um prazer! 

    E para deleite de nossos leitores, deixo algumas músicas e vídeos. Espero que gostem!

    http://www.youtube.com/watch?v=59SdjZuhekk

    http://www.youtube.com/watch?v=LRt3PIDER94

    http://www.youtube.com/watch?v=gbxfe7DMxVo

    http://www.youtube.com/watch?v=ugxFcmZXDyc
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  3. O termo “Heavy Metal” impregnou em nossa cultura de tal maneira que fica muito difícil definir de forma genérica seus significados sem desmerecer a imensa riqueza cultural presente por trás das criações artísticas envolvendo o gênero. O mesmo se pode dizer quando alguém se propõe a discutir sua marcante influência na cultura e nas transformações sociais da nossa civilização nos últimos 40 anos. A utilização mais antiga do termo em uma música que consigo me lembrar está na famosíssima “Born to be Wild” [1], a única música que realmente fez sucesso da banda Steppenwolf. A música tem uma energia bastante dinâmica e remete nossa imaginação à emoção que seguir pela estrada com uma Harley Davidson, ouvindo um som empolgante e pesado como um trovão “Heavy Metal Thunder”. Tanto é que a música foi tema do filme do grande clássico do cinema de contra cultura “Easy Rider”, traduzido no Brasil como “Sem Destino”.

    As bandas mais importantes para a formação do Heavy Metal como conhecemos hoje são aquelas que é considerada como a santíssima trindade do Heavy Metal dos anos 70, Black Sabbath, Deep Purple e Led Zeppelin. Mas nenhuma das três começou sua carreira considerando a si própria como banda de “Heavy Metal”. Usavam os rótulos mais distintos e estranhos, numa época em que os jornalistas ainda estavam tentando entender todas as inovações que foram surgindo e agrupar bandas de acordo com sonoridade e influências musicais pregressas. Inicialmente, o termo aparecia principalmente de forma principalmente pejorativa, para descrever o barulho feito por pedaços de metal pesado se chocando, de forma a desmerecer o trabalho dos músicos, que estavam conquistando um público em proporções jamais imaginadas por nenhum outro fenômeno artístico/cultural já realizado pelos seres humanos. Uma música que é considerada um marco criativo no que se refere a músicas pesadas é a polêmica Helter Skelter [2] dos Beatles, que teria sido a música de fundo na cabeça de Charles Manson enquanto ele fazia suas atrocidades.

    No Brasil toda música que era considerada um pouco mais agressiva era rotulada pela grande mídia como “Rock Pauleira” e o público mais tarde rotulado como “Metaleiro”, apesar de grande parte preferir ser chamado de “Headbanger” (para aquele que balança o pescoço) ou simplesmente de “banger” ao se referir ao principal movimento executado por fãs de Heavy Metal em geral, o ato de agitar a cabeça para cima e para baixo ou de um lado e para o outro, de acordo com o ritmo da música. Como a música produzida por este gênero normalmente não é feita para se “dançar”, pelo menos não da forma convencional de se “dançar”, “bangear” acabou se tornando a principal atividade física executada pelo fã de Heavy Metal, apesar do movimento também ser executado por fãs de outros estilos musicais. Em alguns shows de bandas de Metal também pode se ver as famosas “rodas”, que são mais frequentes em shows de Hardcore, onde as pessoas fazem movimentos de chutes e socos no ar ou em algum ocasional colega que esteja no caminho. Em proporções extremas fazem a chamada “muralha da morte”, que é um evento extremamente interessante de se observar e ocasionalmente, participar. Além desses fatores, uma análise bem superficial do fenômeno nos mostra que a maioria daqueles que são considerados fãs de Metal gostam de usar roupas escuras, com os símbolos mais diversos (desde lindas paisagens medievais até as mais insanas cenas de violência), tatuagens, piercings e é claro, fazendo sempre o sinal dos chifres “horns up” com os dedos. Este sinal é utilizado das mais diversas maneiras em rituais místicos, desde para jogar maldições como para se defender delas. Também já foi associado ao satanismo, mas no Heavy Metal surgiu de uma forma mais genérica.
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  4. O primeiro registro que se tem notícia de alguém fazendo este gesto foi feito pelo Gene Simmons, baixista do Kiss, em um show nos anos 70. Entretanto, ele seria realmente popularizado por aquele que eu considero o maior vocalista de todos os tempos, Ronnie James Dio, logo quando entrou no lugar do Ozzy no Black Sabbath, na turnê do Heaven or Hell [3]. Mas o Heavy Metal é muito mais do que um estilo de moda comportamental e para roupas, e há muito mais para se apreciar na cultura relacionada ao Heavy Metal do que fazer chifres com os dedos, fazer rodas ou stage divings. Você tem razão ao dizer que banda que mais influenciou as bandas de Heavy Metal como conhecemos hoje foi o Black Sabbath. Os temas sombrios explorados em suas músicas, aliados a riffs que impregnam na cabeça foram importantíssimas influências ao mais diversos estilos de metal, principalmente o Doom, Stoner, Thrash, Death e Black.

    O Led Zeppelin influenciou mais as bandas de Hard Rock, que bombaram nos anos 80 e tinham vários elementos de Heavy Metal em suas músicas. Nos Estados Unidos a principal preocupação das primeiras bandas de Hard/Heavy foi com a performance teatral, tendo como principais exemplos o Kiss e o Alice Cooper. Por outro lado, o Deep Purple era a banda que tinha os músicos mais refinados das três e influenciou fortemente os estilos mais técnicos que surgiram na Europa nos anos 80, como o Metal Melódico, com extremos de virtuosimo como Yingwie Malmsteen e Symphony X. A existência destes petardos musicais só seria possível por que o Deep Purple teria inventado o Speed Metal quando compuseram a “Highway Star” [4], mais um divisor de águas para a história da música.

    A Inglaterra apresentou para o mundo o Heavy Metal nos anos 70, criando uma geração de jovens influenciados pelas mensagens líricas das letras dessas bandas. Essas mensagens sempre foram bastante marcadas pelo inconformismo que também é marca registrada de outros estilos como o Punk. Mas além do inconformismo e a crítica social, as letras faziam constante apologia ao uso de drogas e críticas duras (ou escárnio) à religião. Se vinte anos depois o Planet Hemp ainda estava sendo censurado no Brasil, imagine a reação do mundo ao ouvir os riffs escravizadores da “Sweet Leaf”[5] do Black Sabbath e sua letra que fazia clara apologia ao uso da maconha. Ou da capa do Heaven or Hell, que mostra um grupo de anjos fumando e jogando carteado.

    Mas alguns fatores foram extremamente importantes para que fosse possível o aparecimento do Heavy Metal. Uma das alusões mais fantasiosas refere-se ao aparecimento do intervalo de Trítono na música. Este intervalo é uma das mais complexas dissonâncias possíveis da música ocidental e causa uma sensação de movimento e por isso é muito explorado quando se quer gerar momentos de “tensão” na música. Estes intervalos já foram proibidos pela igreja, pela desculpa de que esta “tensão” na música a afastaria de sua sacralidade, sendo referida como “Diabolus in Music”, que depois foi o título de um dos álbuns mais fracos da banda Slayer. Para quem gosta de acreditar em mitologias, faz todo sentido achar que o Diabo influenciou pessoalmente os músicos a utilizarem este movimento, como aparece na 5ª Sinfonia de Beethoven [6] ou nos conflitos das composições Backianas. Mas a história mais famosa é a do violinista Paganini, que teria vendido sua alma ao diabo em troca do virtuosismo para tocar o Violino. O mesmo acordo que teria sido feito por Robert Johnson, um dos maiores nomes da história do Blues. Estas mitologias até já foram exploradas no cinema nos filmes “Tenacious D – The Pick of Destiny” e o clássico dos clássicos “A encruzilhada”, com a clássica cena do duelo de guitarras com Steve Vai [7]. Mas por trás destes símbolos, reconhecemos alguns fatores que tiveram uma imensa repercussão em nossa cultura.
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  5. De fato o Blues, assim como Jazz e o Rock ‘n Roll foram importantes influências fusionadas naquilo que seria conhecido depois por Heavy Metal, mas talvez nada disso teria ocorrido se não fossem uma série de importantíssimos eventos que ocorreram no fim dos anos 50 e 60. Primeiro foi o surgimento da guitarra e do baixo elétricos, o que mudou profundamente a sonoridade das bandas. Depois, eu não poderia deixar de citar os experimentos com timbre feitos por sua majestade, Jimmy Hendrix, que criou uma nova forma de se ouvir a guitarra, o que iria influenciar Eric Clapton a criar riffs como o da “Sunshine of your Love” [8], do Cream, principal música a influenciar Tony Iommi na composição das faixas de seu primeiro CD. Um ouvinte atento percebe muito bem isso em NIB [9].

    Depois, na Inglaterra mesmo, começariam a acontecer alguns experimentos de Heavy Metal com Punk, deixando o andamento das músicas mais acelerados e os vocais mais vicerais, dando origem ao famoso “New Wave of British Heavy Metal”, representado inicialmente principalmente pelo Iron Maiden. Algumas bandas já usavam vocal mais agressivo, mas nada como o incopiável timbre do Lemmy Kilmster do Motörhead. Nos EUA este estilo iria influenciar grandemente o pessoal do Metallica e depois também Megadeth, formada por um ex-guitarrista do Metallica, o antológico Dave Mustaine. Outras bandas iriam inovar bastante no estilo como o Venom e o Slayer. No Brasil, estas bandas iriam influenciar uma das bandas de Metal mais influentes dos anos 90, o Sepultura, que foi um dos criadores do New Metal, que impregnou na cultura do começo dos anos 2000, fazendo músicas com afinações mais graves, o que mais tarde foi feito misturado a elementos e Rap e Hippy Hop.

    Eu fui um dos que não apreciou esta mistura, não gostei nem um pouco dos primeiros álbuns do Soulfly e nem das bandas influenciadas por este estilo, com excessão talvez de algumas músicas do Slipknot. Mas eu não podia imaginar o que viria depois: O movimento Emocore, a mais recente onda que se difundiu imensamente em nossa cultura, dando origens a aberrações, como estas bandas destes moleques no Brasil que fazem músicas com letras tão bregas como as que são chamadas de “Sertanejo universitário”, mas pior, blasfemando contra Ramones, ou quando não, com alguns elementos de Heavy Metal. Mesmo assim, nunca vivemos em um mundo onde é possível conhecer tantas vertentes e tendências diferentes dos mais variados estilos musicais. E já faz algum tempo que a indústria fonográfica, como a conhecemos, está com os dias contados.

    Com estas reflexões iniciais, passo à palavra ao Roger, para que possamos nos aprofundar mais neste tema.

    [1] “Born to be Wild” – Versão do Slayer
    http://www.youtube.com/watch?v=P5zxUT-bVeg
    [2] “Helter Skelter” – Beatles
    http://www.youtube.com/watch?v=ueBUFUWSXHs
    [3] “Heaven and Hell” – Dio and Black Sabbath
    http://www.youtube.com/watch?v=4EL67mjv1nM
    [4]“Highway Star” – Deep Purple
    http://www.youtube.com/watch?v=jh0iihjANPc
    [5] “Sweet Leaf” – Black Sabbath
    http://www.youtube.com/watch?v=hoMNG8FYpwQ
    [6] “Quinta sinfonia de Beethoven”
    http://www.youtube.com/watch?v=_4IRMYuE1hI
    [7] “A encruzilhada” – Duelo.
    http://www.youtube.com/watch?v=-_icctfc9Kw
    [8] “Sunshine of your Love” do Cream,
    http://www.youtube.com/watch?v=Cqh54rSzheg
    [9] NIB
    http://www.youtube.com/watch?v=y--23ECYxxE
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  6. 1 – Análise Geral

    Primeiramente, quero te parabenizar, cara. Sua introdução foi ligeiramente superior à minha, foi cirúrgica e realmente deu direção ao nosso debate. Concordo em muitas coisas com você, discordo de outras, e a partir da réplica pretendo esclarecer mais meus pontos de vista.

    Acredito que o grande choque cultural começou nos anos 70, como já disse antes. De fato as músicas que falavam em libertinagem, drogas, magia e mística eram uma afronta a diversos valores morais estabelecidos. Mas nessa época a coisa ainda não ia tão longe devido ao fato de o Heavy Metal ser um movimento underground, algo que ficava de certo modo longe dos olhos da maioria. Então aconteceu que as bandas dos anos 70, tais como Black Sabbath, Deep Purple, Judas Priest, etc., começaram a dividir espaço na Europa com o movimento punk. Bandas grotescas como o Sex Pistols, cujo “baixista” não sabia sequer tocar direito o instrumento, começaram a surgir com músicas de baixíssimo nível técnico e poucas qualidades artísticas. O movimento punk tinha como regra o “Faça você mesmo”, pensamento que deu origem a gravadoras de fundo de quintal, que começaram a produzir álbuns de bandas locais e torna-los públicos. Mais tarde o próprio Metallica, nos USA, viria a fazer o mesmo.

    Desta forma, é de se considerar que o movimento punk, cuja vida foi curta, serviu de impulso para a cena do Heavy Metal que ainda era muito tímida. Foi o movimento punk que ajudou o Heavy Metal a florescer, ainda que acidentalmente, é claro. E então veio a Nova Onda do Heavy Metal Britânico, o NWOBHM, citado por você na introdução. O NWOBHM veio justamente com bandas como Iron Maiden e Judas Priest, também com Motorhead, entre outras, que trouxeram mais uma vez uma nova roupagem à uma música já pesada, que agora, por influência do punk, tocava mais rápido e com mais agressividade. A Nova Onda pegou os elementos de peso deixados pela imensa influência de Black Sabbath, emprestaram um pouco da agressividade punk rock, começaram a tocar mais rápido e com vocais mais potentes, dando ênfase em músicas que deixaram um pouco de lado o misticismo e as drogas para tratar de assuntos mais políticos. Neste caso a exceção foi o Motorhead, cujo vocalista e baixista Lemmy simplesmente fazia músicas que retratavam sua vida libertina. Não que antes disso não houvessem letras politizadas dentro do Heavy Metal, pois a própria War Pigs, Iron Man, etc., eram justamente uma crítica às guerras e às forças armadas, mas este não era naquela época o foco principal.

    Depois que Ozzy Osbourne saiu do Black Sabbath, a banda deu uma desacelerada. Mas voltou à toda com o novo vocalista, Dio, que você também mencionou. No fundo, penso que esta transição foi extremamente positiva. Dio deu nova cara e nova voz ao Black Sabbath, trazendo um vocal rasgado, mais agressivo do que o de Ozzy. Mas o próprio Ozzy, que então morava nos USA, passou a seguir carreira solo, onde conseguiu compor outros grandes sucessos que tinham bastante diferenciação com as músicas de sua antiga banda. Em seu projeto solo, Ozzy trouxe à tona músicos excepcionais que fizeram mais sucesso do que já haviam feito em suas vidas. Isso aconteceu com Randy Rhoads, o grande guitarrista que veio a falecer pouco tempo depois; o mesmo ocorreu com meu ídolo, Zakk Wylde, o cuspidor, rei dos harmônicos. Ele também trouxe à tona o baixista Rudy Sarzo, do Quiet Riot, entre tantos outros músicos exemplares. Daí eu digo que, dos anos 80 em diante Ozzy passa a se tornar o ícone mais importante dentro do heavy metal.
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  7. Iron Maiden era também uma banda inovadora, que passou por muitas provas. Pulando a performance a meu ver detestável de Paul D’iano nos vocais, a partir da era Bruce Dickinson a Dama de Ferro se tornou talvez a banda de maior importância no cenário da época, e que resiste até os dias de hoje, ainda compondo e fazendo shows com a mesma qualidade daquela época. Para mim, Iron Maiden é a maior prova de resistência, estabilidade e poder musical que uma banda pode ter. Resistem ao tempo, à idade, às críticas, e a tudo o mais. Bruce Dickinson ainda canta como naquela época, Steve Harris ainda toca como antes, ainda compõe como antes, e a banda em si é um exemplo de interação com o público, além da ótima performance nos shows. Tanto é que o grupo comprou um avião, que é dirigido pelo vocalista, para poder fazer shows com a mesma qualidade técnica em qualquer lugar do mundo. Isso se chama respeito ao público, e para mim, qualquer headbanger que fale mal de Iron Maiden nem é digno de meu respeito.


    2 – O verdadeiro choque cultural.

    Apesar de tudo isso, o grande choque cultural ainda estava por vir. E ele não ocorreu na terra da Rainha, e sim nos USA. Na década de 80, devido à influência da NWOBHM e de bandas mais pesadas que surgiram nos USA, como o Metallica, o Anthrax, etc., começou a nascer um novo movimento, nas proximidades de Hollywood, que foi chamado de Glam Metal, o que hoje conhecemos por “Hard Rock oitentista”.

    O Glam consistia em bandas com pouco talento musical que se produziam fisicamente para causar impacto visual. Homens com cabelos bagunçados, geralmente louros, maquiagem, roupas coladas, às vezes até sujas e um comportamento ligeiramente afeminado. Foi neste momento que alguns valores sociais até então muito bem estabelecidos começaram a se inverter. As músicas eram menos pesadas, os vocais eram levemente roucos, mais gritados e agudos. Motley Crue, Skid Row, Twisted Sisters, Bon Jovi, Guns n’ Roses, entre outras bandas não tão famosas nem tão talentosas.

    Não é que o movimento glam fosse algo desprezível como o punk rock inglês, mas era um produto completamente comercial. Foi nesta época que surgiu a MTV. E a MTV passou a entrar porta adentro na casa das famílias norte-americanas, com músicas clichês, românticas, clipes produzidos como se fossem pequenos filmes. Até mesmo Ozzy Osbourne aderiu aos cabelos esmigalhados e louros, por uma questão comercial, embora combinassem perfeitamente com sua mente insana comendo um morcego no palco durante um show.

    O glam metal (hard rock) tratava de músicas que falavam, novamente, em sexo, drogas, diversão e carros. Porém, havia uma áurea de apelo sexual muito maior do que em qualquer outra época. Realmente, um teatro digno de Los Angeles. Nesta época, os valores se inverteram entre homens e mulheres. Homens usavam roupas afeminadas, maquiagem, ficavam nos bares bebendo e esperando mulheres que viessem pagar suas bebidas e lhes convidar para um quarto de motel. As garotas jogavam roupas íntimas no palco durante as apresentações do Motley Crue e do Guns. Dee Snider, do Twisted Sisters, fazia clipes vestido como uma dona de casa mal arrumada, como na inesquecível “We’re not gonna take it”. E foi este choque tão grande que obrigou as autoridades estadunidenses a tomarem atitudes de repressão e censura. Então, surgiu no Congresso Nacional um movimento chamado PMRC, ‘parents music resource center’, sob a alegação de que o movimento Heavy Metal iria desestabilizar a mente dos adolescentes. O PMRC era liderado por Tiper Gore, esposa do Senador (na época) Al Gore.
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  8. O PMRC fez todo o possível para censurar discos e músicas de diversas bandas. O Twisted Sisters era um dos alvos principais. Dee Snider chegou a participar de uma sessão na Câmara, onde confrontou Tiper Gore de forma aberta e direta. Mas os outros integrantes do movimento Glam Metal estavam mais preocupados em beber e transar, portanto, Snider acabou ficando sozinho nesta luta. E apesar de todos os esforços do PMRC, eles não conseguiram muita coisa. Até chegaram a censurar alguns clipes e músicas, além de colocarem avisos em discos considerados “não-saudáveis” aos adolescentes, como modo de alertar os pais na hora da compra. Uma espécie de censura indireta, que fez com que grandes redes de supermercado evitassem pegar discos “marcados”. O efeito, porém, foi inverso ao desejado. A propaganda “negativa” feita pelo governo acabou trazendo ainda mais adeptos à loucura heavy metal e glam.

    Correndo por fora, poucas foram as bandas que se mantiveram firmes em seus princípios, sem se render a Hollywood, e elas foram Metallica, Megadeth e Anthax, principalmente. Dave Mustaine, do Megadeth, foi um dos poucos com coragem para fazer críticas abertas ao movimento. E em comparação a Tony Iommy, ele foi o rei dos riffs na década de 80, compondo músicas com velocidade e técnica incomparáveis, tais como Holy Wars, Take no Prisoners, entre outras. Além disso, ele também cantava, assim como James Hetfield, do Metallica, o que exigia uma enorme coordenação motora.

    Enfim, para a história e verdadeira consolidação do Heavy Metal no mundo, o glam metal foi o movimento mais importante e radical. E o declínio viria em seguida, na década de 90, quando muitas bandas se venderam a interesses comerciais, outras simplesmente acabaram, e tantas outras apenas pioraram consideravelmente. Mas, deixarei para que você aborde na sua réplica o que causou a ascensão do Heavy Metal e como explicar seu declínio tão abrupto. Acredito que saberá fazê-lo.

    Deixo a você a palavra, meu caro. E abaixo seguem algumas das músicas supracitadas.

    Iron Man (OzzyOsbourne - 1982)
    http://www.youtube.com/watch?v=e0PrzNpUmuo

    The Number of the Beast (IronMaiden - Clipe)
    http://www.youtube.com/watch?v=jsmcDLDw9iw

    Stranger in a Strange Land (IronMaiden - Melhor música)
    http://www.youtube.com/watch?v=ry42FHfz67A

    Girls, girls, girls (MotleyCrue - Clipe)
    http://www.youtube.com/watch?v=sMLy6B9teEw

    Welcome to the Jangle (GunsNRoses - 1991)
    http://www.youtube.com/watch?v=DsmevZCy8CM

    Quase Famosos (Filme sobre heavy metal sobre a década de 1970)
    http://www.youtube.com/watch?v=02uzNxjFAb4

    Rockstar (Filme sobre o glam metal, referente à década de 1980)
    http://www.youtube.com/watch?v=vEG4dMGjOOQ
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  9. Você começou sua introdução dizendo que amava Heavy Metal e que as músicas deste gênero transformaram sua vida. Para muitos, isso pode parecer exagero. Como é que gostar de um estilo musical pode transformar a vida de uma pessoa? Como estamos discutindo o efeito do Heavy Metal na cultura, acho que a melhor forma de exemplificar isso é falar a respeito de como o Heavy Metal pode mudar a percepção de universo de um indivíduo. A partir de então, fica muito mais fácil compreender seu apelo e por que este estilo pode ter uma implicação cultural tão significativa sendo ao mesmo tempo tão amado e também tão odiado. Para isso, nesta réplica, ao contrário da minha introdução, onde foquei na história do Heavy Metal e em seus diferentes sub-estilos, falarei mais a respeito de como tudo isto me foi apresentado e como isto mudou radicalmente minha vida, tornando-me a pessoa que sou hoje. Ao fazer isso, estarei falando também sobre a história do Heavy Metal, não de uma forma cronológica de como ocorreram os eventos, mas de como tive acesso a eles. Como muita coisa que vou dizer é opinião pessoal minha, pode ser que a gente discorde de uma coisa ou outra. Mas vai ser a comparação destas semelhanças e diferenças que vai fortalecer a análise global de tudo o que discutirmos.

    Eu sempre gostei muito de música. Lembro-me de, já na época da pré-escola ser viciado em ficar batucando nas coisas e de tirar coisas de ouvido em um teclado de brinquedo. Mas o gosto musical de meus pais sempre foi bastante diferente do meu. Minha mãe passava o dia ouvindo músicas de igreja, música caipira ou música sertaneja brega romântica com letra de corno, na linha dessas duplas detestáveis que começaram a bombar na mídia dos anos 80. E eu odiava tudo aquilo. Já meu pai escutava umas coisas muito melhores, mas nada muito sofisticado. Foi fuçando em seus discos que descobri umas coisas que achei muito legais em minha infância, começando com músicas do Beatles e Elvis Presley. Minhas mais antigas lembranças musicais são de Twist and Shout dos Beatles [10] e Blue Suede Shoes do Elvis [11]. Ele também tinha um violão, mas só conhecia os acordes básicos. Me ensinou a tocar umas músicas simples e me colocou pra fazer aulas de violão clássico, que eu comecei me dando muito bem. Tocava umas peças de música clássica, mas fui tão idiota que deixei de praticar por que ficava irritado com as amolações da molecada que enchia o saco por causa de minhas unhas compridas, ideais para tocar violão clássico. Abandonei o violão e passei a dedicar meu tempo com outras coisas que se tornaram vícios em minha infância, como vídeo games e revistas em quadrinhos. Desta época, eu me lembro de ter ficado fascinado pelas músicas do jogo Rock ‘n Roll Racing, do Super Nintendo, que tocava o instrumental das músicas Ace of Spades do Motörhead [12], Paranoid do Black Sabbath [13] Born to be wild e Highway Star do Deep Purple (já mencionadas).

    Quando eu já era pré-adolescente, a MTV começou a passar clipes de umas bandas que começaram a chamar a atenção dos meus amigos e vizinhos mais próximos que tinham mais ou menos a mesma idade que eu. No começo não dei muita bola, até que um dos meus melhores amigos de infância se tornou completamente viciado em Hard Rock. Começou a me emprestar uns discos do Bon Jovi, do Guns e do Skid Row, que foram as primeiras bandas que comecei a gostar. Algumas músicas destas bandas me fascinaram muito como Dry Contry do Bon Jovi [14], Civil War do Guns ‘n Roses [15] e Youth Gone Wild do Skid Row [16]. As letras desses sons também eram sensacionais e me ajudavam a desenvolver meu inglês, que ainda estava engatinhando. Mas este meu amigo conhecia muito mais coisas, tinha o quarto recheado de posters de bandas como Poison, Montley Crue, Cinderella, Twisted Sister, Quiet Riot, Aerosmith, etc... Apesar de hoje eu gostar muito mais de músicas mais pesadas, estas bandas foram importantíssimas para a transição do que eu viria a gostar depois...
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  10. Mas eu ainda achava ridículo o visual dessas bandas e tinha que ficar pescando as músicas que gostava, pois odiava baladinhas românticas e baladinhas água com açúcar, que eram frequentemente executadas por essas bandas. O que mais me impressionava, entretanto, era o aparente paradoxo causado pelo fato dos caras dessas bandas adquirirem um visual que parecia tão afeminado e ao mesmo tempo serem talvez os maiores comedores que já existiram na face da Terra. Mas definitivamente não foi o visual que me chamou a atenção. Nunca me vesti como nenhum destes caras, apesar de, depois de velho, me divertir pra caramba em festivais de Hard Rock, principalmente o Hard ‘n Heavy de Sampa, que fazia concursos de Misses de mulheres maravilhosas, cada uma representando uma banda de Hard Rock.

    Nesta época, tive contato com a satíssima trindade do metal dos anos 70 e de cara, tornaram-se minhas bandas favoritas. Eu emprestava os discos de meus amigos e gravava por cima das fitas K7 de meus pais, pois não tinha um puto pra comprar discos, que ainda eram de vinil. Meus primeiros álbuns foram o Machine Head do Deep Purple, Paranoid do Black Sabbath e Led Zepelin IV, que me apresentou Stairway to Heaven e me trouxe de volta para o mundo da música, sendo a primeira música que eu tirei quando voltei a tocar, lá pelos meus 13 anos de idade.

    Mas o que definitivamente mudou a minha vida e me fez abandonar o vídeo game e as revistas em quadrinhos foi escutar pela primeira vez a música Die Young, do Black Sabbath, com o Dio no vocal [17]. Eu me lembro de ter ficado o dia inteirinho escutando a mesma música repetidas vezes, sem parar, eu sabia que tinha algo mágico ali que não tinha como explicar, como se houvesse uma conexão que eu jamais poderia me livrar dela. Imediatamente, deixei de lado quase tudo o que eu ouvia de Hard Rock e comecei a ouvir incessantemente Heavy Metal tradicional. Foi quando eu conheci aquela que é até hoje a minha banda favorita: A donzela de Ferro, Iron Maiden. Eles possuíam a mesma energia do Sabbath da fase do Dio, com o mesmo primor técnico, mas com uma discografia imbatível que me fez guardar todo o dinheiro que eu recebia para comprar os discos dos caras. A única coisa que me irrita no Iron Maiden é o fato deles negligenciarem muitas músicas fabulosas que eles compõe em estúdio para continuar tocando sempre os mesmos clássicos ao vivo. Já me encheu o saco escutar escutar “The number of the beast” em absolutamente todas as turnês dos caras. Apesar de ser um puta som, sempre me irritou o fato deles nunca tocarem ao vivo músicas que eu sou fascinado como “Still Life” [18] ou “Judas be my guide” [19], mas eu acho que este é um defeito que todo fã fanático sempre irá colocar.

    A partir de então, passei a pesquisar as mais diferentes bandas de heavy metal que podia. Escutei também outros estilos e até gostava de alguma coisa de outros estilos mais sujos e simples como o Hardcore, em especial o Pennywise e Misfits, com o qual fiz meus primeiros experimentos musicais em bandas com amigos (a simplicidade de execução das músicas ajudava bastante, rs). Quando eu melhorei tecnicamente e estava preparado para tocar em bandas de Metal, entrei em uma banda que tocava cover de várias bandas de metal, principalmente Judas Priest e Savatage. Foi nesta época que eu fui apresentado a um som mais pesado com vocal mais irado. Lembro-me muito bem a primeira vez que ouvi Arise [20] do Sepultura e me impressionei muito em saber que o Brasil também podia dar origens a grandes bandas de metal. Depois disso, comecei a tocar músicas até mais pesadas, principalmente Death Metal Sueco que se tornou um dos meus estilos favoritos durante muito tempo. Toquei com um monte de gente e até já perdi as contas de quantas bandas eu participei. Hoje em dia, o estilo que eu mais gosto de tocar ao vivo é da linha da Pleasure of Molestation do Hypocrisy [21], que é uma das minhas bandas favoritas até hoje.
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  11. O fato é que o contato com essa riqueza artística e também com as letras dessas bandas teve um impacto tremendo em minha forma de ver o mundo. Minha família era intensamente religiosa e eu havia lido e relido a Bíblia algumas vezes e frequentemente conversava a respeito do assunto com os pastores das igrejas deles. Até que um dia um desses pastores vem até minha casa para conversar comigo e minha família. Quando meus pais disseram pra ele que eu não fazia outra coisa da vida a não ser ouvir discos de bandas de metal, ele disse que eu deveria parar imediatamente com isso. Que estas bandas causavam profunda alteração química no cérebro das pessoas, fazendo-as cometer as mais insanas loucuras, como comer morcego (baseado na história do Ozzy que fez isso em um show, por engano). E que definitivamente isso afastava de Deus. Na cabeça dele, eu deveria me tornar pastor, por que achava que eu tinha o “dom” para isto. Lembro-me que fiquei muito revoltado, achei tudo aquilo um absurdo, afinal de contas eu tinha discernimento para não me influenciar por ninguém. Mas eu não podia estar mais enganado. De fato, estas influências começam quase que imperceptíveis, mas com o tempo despertam alguns questionamentos que eu nem sabia que tinha dúvidas e isso, indubitavelmente, interferiram em minha forma de ver o mundo.

    Um ouvinte atento não deixa passar despercebida a mensagem de músicas como “Master of Puppets” do Metallica [22]. Eu acabei desandando de vez e comecei a curtir as maiores blasfêmias musicais possíveis, representados principalmentes pelo Black Metal. Eu ouvi esta palavra pela primeira vez em uma música homônima do Venom [23]. Mas ela teria um efeito bem mais poderoso nas mãos do Wagner Lamounier, atualmente um economista professor da UFMG, mas que já foi o primeiro vocalista do Sepultura e líder do Sarcófago [24]. Estes brasileiros iriam influenciar uma galerinha muito louca lá na Noruega que passaria a queimar igrejas. Além disso, tinham umas rixas pessoais entre eles mesmos para disputar quem era a banda mais underground e mais Satânica de todas, levando ao assassinato do guitarrista Øystein Aarseth ("Euronymous") pelo Varg Vikernes da banda rival Burzum. Os caras eram tão doidos que não tinham pudor algum em colocar foto do cara morto na capa do próximo CD da banda, gerando uma intensa polêmica em cima do estilo.

    Mas muita gente escuta essas músicas e não acontece absolutamente nada com elas. Exatamente por isso, eu acho que este é um evento que não depende apenas da música em si, mas também da pessoa que está ouvindo. Eu acredito que você nasce para gostar de metal ou não. Apenas descobre isso ao longo de sua vida. Concorda? Espero pela resposta em sua tréplica. Até mais!

    [10] Twist and Shout dos Beatles – Versão Death Metal
    http://www.youtube.com/watch?v=t5kqe3ku2c8
    [11] Blue Suede Shoes do Elvis – Versão do Motörhead
    http://www.youtube.com/watch?v=F8rWAaaMmC8
    [12] Compressorhead Ace of Spades - Lemmy Edition
    http://www.youtube.com/watch?v=lPekcID4MF4
    [13] Paranoid do Black Sabbath, na versão do Megadeth
    http://www.youtube.com/watch?v=7_7E9YETMHs
    [14] Bon Jovi – Dry Country:
    http://www.youtube.com/watch?v=udF_Je44S0Y
    [15] Guns ‘n Roses – Civil War
    http://www.youtube.com/watch?v=0vIW937S2kA
    [16] Skid Row – Youth gone wild
    http://www.youtube.com/watch?v=os5DKk6BRNQ
    [17] Black Sabbath – Die Young
    http://www.youtube.com/watch?v=DKsyknS95aM
    [18] Iron Maiden - Still Life (em uma de suas raras apresentações ao vivo).
    http://www.youtube.com/watch?v=OgeC1LIIpYs
    [19] Iron Maiden - Judas be my guide
    http://www.youtube.com/watch?v=J7lJPsYp1To
    [20] Arise – Sepultura
    http://www.youtube.com/watch?v=6BOHpjIZyx0
    [21] Hypocrisy - Pleasure of Molestation
    http://www.youtube.com/watch?v=2u9IwqFg7NE
    [22] Metallica – Master of Puppets
    http://www.youtube.com/watch?v=4xIWEvQLhJI
    [23] Venom – Black Metal
    http://www.youtube.com/watch?v=oYtVb48fvY0
    [24] Sarcófago – Screeches from the Silence
    http://www.youtube.com/watch?v=g74UP8mwFMs
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  12. Apesar de fazer uma abordagem mais técnica e cronológica, de fato eu tinha a intenção de apresentar questões mais pessoais sobre meu envolvimento com o Heavy Metal. Como você fez isso na réplica, minha tréplica ficará mais fácil de direcionar.

    1 - Análise Geral

    Como já abordei antes, houve uma evolução no Heavy Metal, na qual o surgimento na década de 70 foi sobrecarregado na década seguinte, quando surgiram novos movimentos e novas direções dentro do estilo heavy metal de viver.

    Para mim, a banda que representa perfeitamente este progresso e que veio a resultar na decadência do gênero na década de 90 foi o Metallica. Durante toda a década de 80 foram poucas as boas bandas que resistiram ao poder do glam, foram poucos que não cederam seus princípios em lugar de ganhar um bom dinheiro em Los Angeles, fazendo aquilo que era apenas apelo comercial.

    O Glam Metal teve algumas bandas que se sobressaíram, como o Guns 'n Roses, o Bon Jovi, Motley Crue, etc. Mas, em geral, eram bandas instáveis onde o ego falava mais alto. O Guns 'n Roses não conseguiu se manter, pois tudo o que faziam era muito superficial, além de terem uma péssima interação com o público. No fim da década de 80 o glam metal começou a perder espaço para os avanços feitos pelo thrash metal estadunidense. Bandas como Anthrax, Megadeth, Slayer, Testament, e é claro, o Metallica.

    O Metallica foi a mais forte na época. Recebeu platina por causa do lançamento de "...And Justice for All". Lançaram um clipe com a música "One", que é considerado pelos fãs e críticos um dos maiores clássicos do rock/metal. Mas até o Metallica precisava se adaptar. Enquanto Iron Maiden, Black Sabbath, Ozzy, Judas Priest e as demais bandas que começaram no início de 80 ou final de 70 estavam se tornando dinossauros no meio heavy metal, o Metallica ainda tinha jovialidade e um notável amadurecimento. "And Justice for All" superou e muito seus albuns anteriores. As letras estavam mais inteligentes, as melodias mais elaboradas. Mas, ainda faltava algo para ser lapdado.

    Foi então, em 1991, que surgiu o "Black Album". Neste album houve uma modificação mais nítida. A banda deixou de lado os exageros melódicos e a agressividade extrapolada. Passaram a fazer músias lentas, como Nothing Else Matters, onde havia só violões e um vocal mais suave. "The Unforgiven", uma balada lenta e marcante com boa letra. Também tiveram a inteligência de substituir velocidade por peso. Lars passou a tocar com mais força, porém, mais devagar. Isso causava a impressão de que a banda havia se tornado mais pesada, embora as músicas fossem tecnicamente mais fáceis de se tocar. E foi com este album que o Metallica conseguiu galgar o maior espaço, tornando-se membro do grande circuito da mídia. Agora não eram mais underground, eram pop rockstar, eram queridos pelo público em geral. Suas músicas tocavam na MTV, as famílias norte-americanas - incluindo pessoas que não gostava do gênero - passaram a ouvir a banda.

    A popularidade cresceu. Black Album virou TOP 1 na parada Billboard, algo até então inimaginável para qualquer headbanger. Com isso, o Metallica superou seus antecessores e seus contemporâneos. A banda forçou a grande mídia a virar os holofotes para um mundo até então ignorado pela maioria; agora era impossível fingir que nada estava acontecendo.
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  13. É bem verdade que a grande mídia sempre quis esconder e eliminar o heavy metal. Isto por que as músicas do gênero incentivam os jovens a se questionar, a se revoltar, ou a simplesmente se divertirem por conta própria sem seguir tendências comuns que sustentam a máquina da imprensa. Pelo menos naquela época o heavy metal era uma grande ameaça ao sistema de entretenimento. Mas, ainda assim, tiveram que se curvar ao Metallica e consequentemente a outras bandas do gênero.

    Dave Mustaine, ex-metallica, agora no Megadeth, também passou a ter certa influência política. Ele até participou e conseguiu a aprovação da lei do voto. Com o album "Countdown to extinction", o Megadeth ficou logo atrás do Metallica, na segunda posição da Billboard. O album fazia críticas políticas, falava de ambientalismo, política e outras coisas. Mustaine sempre foi inteligente e talentoso; muito mais do que James Hetfield e Lars, só que não teve tanta sorte...

    2 - O resultado:

    No início da década de 90 houve um estouro. Foi o auge que o Heavy Metal alcançou. Os shows do Metallica eram sempre lotados, inclusive no Madison Square Garden, em Nova York. Ainda existiam grandes bandas, mas a maioria eram mais antigas. O Iron Maiden continuava fazendo shows e lançando albuns, até conseguiram se adaptar ao novo mundo com o album "Fear of the dark", quando mudaram sutilmente os estilo das músicas e também o visual. O Motorhead, uma das poucas bandas de atitude sincera, não precisou fazer nada. Apenas continuaram sendo eles mesmos. E os estadunidenses prosseguiam a todo vapor. Slayer lançou Reign in Blood e South of Heavens, dois albuns de sucesso. Na mesma época o Pantera, que já existia desde 1981, teve a entrada de Phil Anselmo nos vocais. A banda passou por uma transição, largando de vez o visual agora fora de moda do Glam Metal e assumindo uma postura mais firme e simples; as músicas faziam misturas do rap com o thrashmetal e o hardcore. Em 1990 lançaram o "Cowboys From Hell", uma obra prima.

    Porém, em face do Metallica, todas estas bandas eram secundárias. Ainda que algumas fossem muito melhores. O que acontece é que o Metallica era popular e, portanto, tinha que segurar a bandeira, o estandarte daquele gênero para aquela geração, do mesmo modo que o Black Sabbath fez na década de 70, do mesmo modo que Iron Maiden fez na década de 80. Só que isso não aconteceu. Após o lançamento do Black Album, houve uma queda significativa na qualidade e na identidade das músicas.

    Os albuns Load e Reload, lançados pouco tempo depois do Black Album, traziam músicas totalmente diferentes e fora do contexto com o qual os fãs eram acostumados. De certo modo, podemos dizer que o Metallica cagou em cima do público uma porção de músicas sem feeling e sem expressividade, o que até então era a marca da banda. Isso fez com que o público heavy metal, até então representado pelo Metallica, sofresse um abandono. A partir de então se inicia a morte do Heavy Metal.
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  14. 3 - A morte:

    Pessoalmente, posso afirmar que gosto do Metallica tanto quanto o odeio. É inegável a importância que a banda teve na história do gênero. É inegável que eles foram mais longe do que os outros. Mas, devido a isto, e devido ao fato de não terem dado prosseguimento, eles serviram para destruir o mundo undergroud e sujar o nome do Metal diante do grande circuito.

    A partir de meados da década de 90, o público heavy metal fica sem representante. É claro que haviam dezenas de bandas boas que ainda tocavam e lançavam albuns. É claro que ainda havia boa música, mas eram bandas mais velhas. E não há nada mais triste para mim, por exemplo, do que ser obrigado a ouvir as mesmas músicas que meu pai ouvia só por que não surgiu nada melhor do que aquilo depois.

    É deprimente ter que escutar as mesmas coisas antigas sempre por que simplesmente não há nada de novo que nos surpreenda. É difícil dizer que me surpreendo com o novo album do Ozzy, por que apesar de ser um bom album, ele já tem mais de 60 anos, não é um representante para as novas gerações. É triste dizer que minha banda preferida tem membros que poderiam ser meus avós - o Iron Maiden. O que acontece com quem nasceu na década de 80 e depois é exatamente isso. Por este motivo o heavy metal está morto, o que ainda existe é apenas a vanguarda, músicos talentosos como o Iron Maiden, o Megadeth, o Motorhead, que ainda fazem shows, lançam albuns, mas que não têm nada a ver com este novo mundo que aqui está.

    Às vezes me pergunto onde estão escondidos os talentosos e revoltosos que deveriam estar por aí fazendo shows e lançando CDs e DVDs com shows para a garotada de 15 a 20 anos! É difícil pensar que Ozzy Osbourne pode morrer de velhice a qualquer momento, ou que amanhã pode aparecer uma notícia no jornal dizendo que Lemmy morreu de tuberculose devido a sua elevada idade e hábitos não-saudáveis. Quando os ídolos morrem jovens, eles vivem para sempre. Mas quando morrem velhos, é como se já morressem mortos. Steve Harris pode acordar qualquer dia e dizer que vai se aposentar; Mustaine já não toca nem canta como antes, a bebida detonou sua voz e o acidente de esqui levou seus talento com as mãos.

    Então, Chico, você percebe o quanto é triste termos que lidar com isso? Não há nenhuma banda realmente expressiva de heavy metal que tenha surgido depois de 1995! O Sepultura não é mais o mesmo sem Igor e Max Cavallera. Jeff Hanneman morreu alguns dias atrás, deixando o Slayer sem aquele que era o espíito da banda, dos solos de guitarra. Tom Araya é um pai de família, mais velho do que meu pai.

    Não sei se você concorda comigo, mas acredito, infelizmente, que o Heavy Metal já esteja morto, ainda com alguns suspiros de pós-morte. Mas, em breve, talvez em um máximo de dez anos, não tenhamos mais nada...

    Encerro esta tréplica com profundo pesar.
    E em homenagem às mais recentes perdas do Heavy Metal, ficam os sons abaixo.

    Slayer (Seasons in the abyss)
    http://www.youtube.com/watch?v=rvuO2EvCTAE

    Jeff Hanneman Tribute:
    http://www.youtube.com/watch?v=kFlW58Kty7g

    Homenagem feita a Hanneman, por membros de outras bandas.
    http://www.youtube.com/watch?v=VZtl7ErFk3s

    Homenagem a Dio (1942 - 2010)
    http://www.youtube.com/watch?v=owpNZ03C1mQ