quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Alex Pina X Jadiel Fioravante - A origem de Iavé descende de deuses pagãos?


§1 - Cada debatedor tem direto a no máximo 3 postagens (de 4096 caracteres cada uma) por participação - QUE DEVERÃO SER UTILIZADAS DA MELHOR FORMA POSSÍVEL POR CADA UM DOS DEBATEDORES.    


§2 - Os debatedores DEVERÃO fazer 4 participações intercaladas por duelo:considerações iniciais, réplica, tréplica e considerações finais.    


§3 - O prazo regulamentar entre as participações dos debatedores é de 3 dias. Todo adversário tem o direito de estender o prazo de seu oponente. Após o prazo, será declarada vitória por W.O. para o duelista remanescente.        


§4 -  Após o duelo, o vencedor será escolhido através de votações em enquete. 

2 comentários:

  1. Considerações Iniciais

    Daremos início a mais um debate. Essa é a primeira vez que debato com o Alex e ele, por conseguinte, é a primeira vez que debate. Espero que sinceramente que este seja uma fonte de conhecimento para ambos, já que é um assunto extremamente técnico e que foge das áreas que tenho contato, pelo menos para mim, não lido com filologia e arqueologia no dia a dia e tenho lido pouco a respeito nesses dias.

    O tema é muito interessante e está bem delimitado já no seu título. Não vou propor sobre a origem do monoteísmo, ou politeísmo, ou sobre passagens bíblicas, mesmo que necessite de sua análise para entender o debate, a questão central é saber, no mínimo se possível, se o Deus dos hebreus, Iavé ou Jeová (tradução aceita por alguns) foi inventado em algum momento da história.

    Bom, caberá a mim a defesa do ponto de vista de que é impossível dizer atualmente que Iavé é uma deidade criada pela imaginação humana. Se é impossível, não quer dizer que não foi, apenas que atualmente não se tem material arqueológico, lingüístico ou documental para corroborar com tal afirmação. Não tenho a intenção de provar que Iavé é o único Deus, ou que sempre existiu independe da imaginação do ser humano em criar deuses para sua adoração. Nem tenho como fazê-lo. Assim como não temos provas para afirmar categoricamente que Iavé fora uma divindade inventada e posteriormente incorporada pelos hebreus, também não temos provas factuais de que Iavé sempre existiu. Não cairei na falácia de que a ausência de evidência é prova da existência.

    Gostaria que os caros leitores tivessem em mente que a ciência precisa ser interpretada. O método científico depende de interpretação dos seus resultados, isso fica claro quando lemos artigos de revisão, ou refutação decorrente do avanço científico, seja ele em modernas técnicas ou aparecimento de “fato novo”. Portanto, a interpretação é um elemento importante que pertence a teoria ou a explicação. E quanto menos evidência tivermos ou quanto menor o rigor do método, mais essa interpretação esta sujeita a subjetividade do cientista.

    As ciências ditas humanas tem adotado na interpretação das pesquisas uma visão evolucionista dos processos. Esse evolucionismo se aplica na interpretação de vários fenômenos, como o social, cultural e o religioso. O paradigma da interpretação evolucionista tem tomado força desde que se percebeu que fenômenos humanos sofrem transformação no tempo e assim com as espécies de Darwin, não foram sempre como são vemos hoje. A cultura, a sociedade e também a religião. Porém, essa visão não é unânime nas ciências humanas, apenas a mais popular.

    Focando no aspecto religioso e na Ciência da Religião e na Teologia, os pesquisadores adeptos do paradigma evolucionista tendem a traçar uma linha entre os humanos primitivos e as sociedades modernas. Geralmente, traça-se uma linha em que os povos mais primitivos cultuavam elementos da natureza, como sol, relâmpagos, chuva, por sua dependência e medo em relação a esses fenômenos, animismo e somente muito tempo depois começam as personificações de divindades. E que o politeísmo sempre esteve presente evoluindo para o monoteísmo, como uma forma de culto mais complexa.

    É dentro desse paradigma que a ciência da religião e a teologia, alguns acadêmicos dessas áreas, tomam a interpretação de que Iavé não se originou com os hebreus, como mostra passagens bíblicas, mas era um dos deuses pertencentes ao panteão de outras tribos da Palestina. A “evolução” do deus hebreu teve início com o contato desse povo com elementos religiosos de outros povos. Porém, faltam elementos para essa afirmação e não passa de suposição dentro do paradigma evolucionista da religião.

    ResponderExcluir
  2. CONSIDERAÇÕES INICIAIS- PARTE II

    Deixarei para meu adversário apresentar os argumentos que corroboram para essa tese, enquanto apresentarei algumas informações importantes.

    Tinha tido logo no início de que este debate seria mais algo técnico devido a informações de linguagem e evidências arqueológicas. Então quero dizer que não se espantem quando citar a bíblia como fonte histórica porque a bíblia é um documento historiográfico aceito pelos estudiosos dessas áreas, é a maior fonte documental sobre o povo hebreu, cultura, religião, tradição, enfim.

    A própria arqueologia se divide em linhas de pesquisa, assim como outras ciências em determinados assuntos, quando se trata da história de Israel. Uma linha arqueológica de pesquisa, chamada de “minimalista” só aceita a narrativa bíblica quando surgir evidência externa que a confirme e outra chamada de “maximalista” aceita a narrativa bíblica até que se apresente prova que a desacredite. Na verdade esses são os extremos, na maioria dos casos os estudiosos estão posicionados como num espectro. Podem ser minimalistas para alguns períodos (como dos patriarcas) e maximalistas em outros (como o da Monarquia Unida).

    Segundo o livro Gênesis do Antigo testamento, Taré, juntamente com sua família, abandonou a cidade de Ur, na Mesopotâmia, e desceu em direção ao sul, pelas margens do Eufrates. Taré era membro de uma tribo semita, grupo étnico descendente de Sem (filho do lendário Noé, do Dilúvio). Hoje, os semitas compreendem dois importantes povos: os Hebreus (judeus) e os árabes. Com a morte de Taré, a liderança dessa tribo nômade ficou com Abraão, que, segundo a tradição, recebeu inspirações divinas para ir com seu povo até Canaã (região da Palestina), a Terra prometida. A família de Abraão adorava outras deuses e ele não conhecia ainda Iavé. A cidade de Ur era politeísta e Iavé só entra em cena no momento em que chama Abraão para sair de sua terra rumo a Canaã, a terra prometida. Enfim, é o momento em que Iavé se revela para formar uma nação. Daí nasce o povo hebreu.

    É claro que esta “revelação” é descartada pelos estudiosos e não serei idiota de querer provar que realmente foi assim que “surgiu” o deus dos hebreus. Simplesmente por uma revelação da divindade única em determinado tempo no meio de uma terra politeísta.

    O fato é que Abraão é reconhecido pelas três grandes religiões monoteístas como o patriarca. Então, ou ele criou Iavé dentro de uma linha evolucionista que emergiu dentro da cultura politeísta de Ur dos caldeus, visto que seu pai era politeísta (Terá ou Taré) ou esse relato da saída de Abraão já monoteísta está errado.

    Um dado importante que parece que Abraão já conhecia Iavé, como se este fosse uma divindade já existe bem antiga das demais do ambiente dos caldeus, visto que ele atendeu a convocação de sair de sua terra e abandonar seu pai e seus bens. Lembrando que Abraão era descendente de Noé, que pelo relato bíblico conhecia Iavé, ou seja, uma deidade já formada e não em formação com querem os adeptos do paradigma evolucionista.

    Assim encerro minhas considerações iniciais.




    ResponderExcluir