sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Octávio Henrique X Alex Cruz - Olavo de Carvalho


21 comentários:

  1. Boa noite aos meus leitores da Duelos Retóricos e ao meu grande colega Alex Cruz, com quem terei a honra de bater um bom papo.

    Bom, hoje abordarei um tema com o qual muitos de vocês já estão familiarizados e outros nem tanto. Como Chico Sofista e Alonso já fizeram em um debate na Duelos Retóricos, quero discutir hoje sobre a filosofia do senhor Olavo de Carvalho, mais conhecido entre seus simpatizantes por seu estilo sem papas na língua e por seus oponentes intelectuais por ter sido um astrólogo até mais ou menos o início dos anos 80.

    Como sabem, abandonei, já há algum tempo, as ideologias que antes tinha, que eram o esquerdismo e o Marxismo, e passei a analisar caso a caso, como nos recomenda o ilustre filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. Foi justamente quando comecei a ler os textos daqueles a que me opunha ideologicamente antes (no caso Olavo, Pondé e outros) sem os olhos da ideologia que percebi tanto que a vida com ideologias é uma merda quanto que eu tinha mesmo desperdiçado muito tempo com essas birrinhas, pois fiquei cego a um lado que tem sim, ao contrário do que lhes dirão os marxistas, boas ideias.

    Mas, enfim, não vim aqui para discutir sobre ideologias, pois já o fiz ad nauseam em dois debates com o ilustre Chicão. Quero que esta discussão gire em torno de algumas questões, que são:

    A- Afinal, seria Olavo de Carvalho um filósofo de fato?
    B- O fato de ele ter sido astrólogo o faz sem autoridade para falar sobre assuntos científicos ou de cunho filosófico?
    C- Em que parte de suas premissas Olavo comete os erros que todos os seus críticos existem em nunca apontar diretamente?
    D- Qual(is) é(são) o(s) exagero(s) dos quais Olavo é acusado afinal?

    Bom, deixo apenas isso por enquanto e passo a palavra ao grande Alex. É contigo, Alex
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  2. Octávio Henrique X Alex Cruz - Olavo de Carvalho

    Considerações Iniciais


    Meu amigo e colega Octávio Henrique, finalmente temos a chance de trocar ideias neste espaço. Vejo que ideologicamente você está um pouco distinto da última vez em que o li, e me parece que esta mudança foi para melhor, pelo que lhe deixo meus parabéns. Como você sabe, tenho muito a dizer e pouco tempo disponível, então vamos direto ao assunto.

    Durante muito tempo fui ouvinte assíduo do True Outspeak, o programa de rádio online do professor Olavo de Carvalho. Também tive o prazer (sim, foi um prazer!) de devorar vários de seus artigos e ainda hoje leio os que ele publica no Diário do Comércio. Também folheei algumas apostilas dos seus seminários de filosofia, todas primorosamente redigidas, embora alguns de seus raciocínios tenham-me parecido um tanto duvidosos. A profundidade e a justeza de seu pensamento não deixaram de me causar admiração ainda que com ele tenha eu vários pontos de divergência. Por mais que eu incorpore algo que o eminente professor inapelavelmente condena, o ateísmo, sempre lhe serei grato, entre outras coisas, pelas referências de autores que me deu e por aprofundar em mim algo que eu praticava sem muita ênfase: ler com atenção redobrada o que escreve aquele que pensa o contrário de mim. Esta simples e valiosa lição ponho-a em prática ainda hoje inclusive com o próprio Olavo.

    Vamos às suas perguntas:


    – “A- Afinal, seria Olavo de Carvalho um filósofo de fato?” –
    Enfadonha questão semântica! Isso, meu caro, depende do que você entende por filósofo. Pode ser estritamente alguém que elaborou um sistema filosófico completo (assim excluiríamos gente do porte de Nietzsche), ou alguém que meramente se dedica a este campo do conhecimento (o que confere o título a sujeitos como Marilena Chauí), ou ainda qualquer sujeito pensativo que raciocine sobre o mundo com alguma dose de autoria (o que engloba pessoas como você e eu). Escolha a definição que lhe apraz. Eu prefiro vê-lo como filósofo sim.


    – “B- O fato de ele ter sido astrólogo o faz sem autoridade para falar sobre assuntos científicos ou de cunho filosófico?” –
    O fato de Beethoven ter escrito a deplorável “Vitória de Wellington”, Op.91, o faz sem autoridade para falar de música? O fato de Gandhi ter brigado com um coleguinha na escola o faz sem autoridade para falar de paz? O fato de eu (sem querer me comparar aos anteriores!) um dia ter crido em deus me faz sem autoridade para falar de ateísmo? Todos comentem erros. Das várias críticas cretinas que fazem ao Olavo de Carvalho esta é a campeã!


    – “C- Em que parte de suas premissas Olavo comete os erros que todos os seus críticos existem em nunca apontar diretamente?” –
    Aqui você vai ter que ser mais específico. Tenho um exemplo de uma contestação que ele fez ao método do “cogito”, de Descartes, para provar a existência do algo. Mas seria muito longo e tedioso tratar disso aqui. Entretanto penso que não será preciso, pois responderei sua próxima pergunta com alguns exemplos que envolvem ao mesmo tempo premissas e exageros de Olavo que, no meu entender, são seu ponto fraco. Vamos lá.


    – “D- Qual(is) é(são) o(s) exagero(s) dos quais Olavo é acusado afinal?” –
    Antes de tudo, registro o meu “disclaimer”: Quem conhece algo sobre Olavo de Carvalho sabe que estamos falando de um defensor do conservadorismo, da religião cristã, do capitalismo e daquilo que hoje normalmente se entende por “direita”. Evidentemente que nada disso faz com que ele esteja de antemão equivocado, embora ele mesmo pense o oposto do liberal, ateu, comunista e esquerdista. Bem ao contrário de muitos de seus detratores incondicionais, digo sem nenhuma ressalva que o professor Olavo de Carvalho é um homem de inegável erudição! 
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  3. Pois bem, a erudição do professor passa alegremente pela filosofia, pela história, pela antropologia, pela religião, pelo direito e (não tenha dúvidas!) pela retórica e pela argumentação. Será então por mero efeito retórico que ele comete os exageros que veremos a seguir? Será que ele, por instruído que seja, deixou-se levar pela mesma intensidade de comprometimento ideológico que tanto critica em seus rivais? Será que o aguerrido combate com seus inúmeros rivais não o encastelou e o infectou com a praga da cegueira ideológica? Deixo os exemplos a seguir para que reflitamos sobre o caso:

    Exemplo 1:
    Muitos hão de se lembrar de um polêmico discurso do apresentado José Luiz Datena, da rede Bandeirantes, sobre os ateus, que, segundo ele, seriam “os caras do mal” e responsáveis pela guerra, peste e fome do mundo atual. Trata-se do velho, do clássico, do prosaico erro de vincular a existência da ética e da moral à crença em divindades. Aí vai o vídeo:
    http://www.youtube.com/watch?v=JzA1yALX-LY

    Então o professor Olavo de Carvalho resolveu comentar o caso em seu programa True Outspeak. Veja o que ele diz a seguir:
    http://www.youtube.com/watch?v=pPEGIPJEopQ

    Começamos com um pequeno apelo à autoridade: não é porque eu encontro algo na página do grande professor R. J. Rummel que isso se torna verdade de imediato. A seguir, temos a mentira propriamente dita. Nas palavras do Olavo: “... os movimentos ateísticos, em duas ou três décadas, mataram mais gente do que todas as guerras de religião haviam matado em todo o orbe terrestre desde o início dos tempos. O ateísmo militante surge como ideologia assassina sim!” Ainda há mais raciocínios duvidosos no restante do vídeo, mas quero me deter neste porque esse tipo de afirmação é recorrente no discurso do Olavo. Qual é o erro aqui? É que o professor Olavo de Carvalho sempre põe ateísmo e ideologia político-econômica no mesmo saco, como se as duas andassem sempre juntas. Assim, os crimes de Stalin contra os fieis da Igreja Ortodoxa Russa podem ser atribuídos não apenas ao comunismo, o que é discutível, mas também ao ateísmo, o que é um completo absurdo. Para os comunistas bolcheviques, o ateísmo é adotado como apêndice ideológico, afinal “a religião é o ópio do povo”. Ainda hoje vemos muitos desses ateus meia-boca nas universidades. Não dedicaram dez minutos de seu tempo à reflexão sobre a ideia de deus, mas se declaram ateus por obediência aos preceitos ideológicos da turminha. Tão logo abandonam a utopia comunista, correm para a igreja arrependidos. O ateísmo genuíno é autônomo, é independente de qualquer concepção política e econômica da sociedade, e o professor Olavo, sinto dizer, não perde uma oportunidade de cometer o equívoco deplorável de jogar em uns, a culpa que é de outros. Que pesaria você de alguém que atribuísse os crimes de Mussolini ao Catolicismo?


    Exemplo 2:
    Este é mais recente. Foi o último artigo que o professor Olavo publicou no Diário do Comércio, não faz vinte dias. Aí vai o link:
    http://www.dcomercio.com.br/index.php/opiniao/sub-menu-opiniao/102846-abc-da-desinformacao

    Leu?
    Pois leia de novo... Leu? Ok.
    Este é o tipo de teoria da conspiração de que tanto gosta nosso amigo Raoni Latalista. Será que você reparou que ele está atribuindo o conflito entre Japão e Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial à influência sobre Roosevelt de um “alto funcionário do Tesouro”, provavelmente contratado pela União Soviética para “criar artificialmente um conflito” entre os dois países? E o que leva Olavo a afirmar isso? Quais são suas fontes? Resposta: o último livro que ele leu e que o artigo se destina a comentar. É como se o restante da humanidade (historiadores inclusive) compusesse a classe dos “desinformados” que não tem acesso à “verdade” que só o grupo de alinhados com o pensamento representado pelo professor Olavo tem. Será que não há um pouco de exagero nessas declarações? Será que seu empenho no combate à esquerda não lhe afetou um pouco o senso crítico de modo a, por vezes, impedi-lo de filtrar as informações às quis dá crédito imediato? Pense um pouco nisso.

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  4. Que me perdoe o estimado professor Olavo, mas todos cometem erros graves quando se distanciam do saudável ceticismo pelo qual tanto prezo!

    Saudações do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz
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  5. Olá, grande Alex. Agradeço-lhe pelos elogios feitos e espero demonstrar neste debate que não falo da boca para fora quando me digo um "sem-ideologia".

    Mas, enfim, vamos aos trabalhos. Pelo visto, não teremos grandes discordâncias neste debate, a não ser em um ou outro ponto. Pouquíssima gente discute, por exemplo, que as habilidades retóricas e argumentativas do Olavo são de fato ímpares, pelo menos quando comparadas às dos outros "intelectuais" conhecidos brasileiros, como Emir Sader e Vladimir Safatle. De um ponto de vista estritamente linguístico, Olavo de Carvalho, pelo menos em seus artigos, também pode ser considerado extremamente habilidoso, pois, ao contrário dos intelectuais já citados, pouquíssimas vezes comete erros de redação. Seus artigos até podem ser meio exagerados ou partir de premissas que consideramos "erradas", mas a honestidade intelectual nos manda reconhecer que, ao se tratar de língua e retórica, o homem, pelo menos na imprensa atual, é quase imbatível.

    Porém, não vim aqui para tecer elogios ao Olavo, mas sim para defendê-lo. De fato, como bem disse o Alex, Olavo é vítima de acusações que beiram o ridículo, especialmente depois de se ter lido um pouco das ideias do filósofo. Sim, já respondi à minha primeira pergunta, amigos leitores. De fato, considero, assim como o Alex, que Olavo é filósofo, e o faço em todas as três definições mais básicas de "filósofo": como alguém que pensa sobre o mundo (afinal, se não pensasse, não escreveria artigos nem daria cursos sobre Filosofia), como alguém que se dedica à filosofia (e o faz muito melhor que muitos "doutores" por aí) e como alguém que criou um sistema filosófico complexo. Meus amigos céticos ao Olavo poderiam pensar: "Uai,tá loco? Onde há complexidade naquilo?"

    De fato, quando vemos a proximidade do nível de linguagem do Olavo com o nível das pessoas comuns, tendemos a pensar, por uma outra espécie de "preconceito linguístico", o contra a linguagem coloquial ser usada em Filosofia e Literatura, que Olavo nunca poderia criar algo complexo. Porém, quando lemos sobre seu conceito de "paralaxe cognitiva" (1) e sobre suas duras críticas às mais diversas correntes de pensamento, percebemos que não se trata de um "velho vagabundo e mendigo que mora nos EUA e que é sustentado por doações", mas sim de um verdadeiro filósofo que sabe se aproveitar da linguagem para transmitir conceitos complexos e conscientizar, a seu modo, as pessoas das cagadas que elas talvez façam sem perceber (entre elas, a de aderir ao Marxismo, rs). Portanto, vemos que o que Olavo conquistou, seja em dinheiro ou em admiradores, é mais que merecido.
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  6. Ainda assim, as críticas não se restringem apenas ao fato de Olavo não ter um diploma que o prove filósofo (como se isso provasse intelectualidade, mas, enfim, né...). O filósofo de Campinas também é duramente criticado e injustamente desmerecido por já ter sido astrólogo. Inclusive, uma das acusações mais recorrentes contra Olavo é que, além de ter sido astrólogo, ele teria vergonha desse passado.

    A essas acusações, tenho basicamente duas respostas: Primeiro, à primeira acusação, se fôssemos jogar no lixo o trabalho de qualquer um que já foi astrólogo, ou que retirou ideias de astrólogos, teríamos que jogar no lixo a nossa própria ciência, pois ela mesma foi criada por um apreciador de Astrologia (Galileu) e também tem, em alguns campos, algumas observações herdadas dos grandes astrólogos gregos. Assim sendo, "acusar" Olavo de "ex-astrólogo" só pode ser tolice ou puro desconhecimento da história da humanidade em si.

    Inclusive, é com base nisso que Olavo, em uma entrevista sua para um jornal recifense em junho de 2000 (2), finalmente acerta os ponteiros com a Astrologia, demonstrando também uma preocupação com o futuro dessa área de conhecimento, que passou a ser um objeto de lucro para charlatães e deixou de ser o que de fato é, ou seja, um instrumento histórico de investigação da Antiguidade Clássica. Com isso, também desfaz-se a segunda acusação, a de que Olavo teria "vergonha do passado".

    Bom, como bem disse Alex, é fato que as duas últimas perguntas estão intimamente ligadas, afinal, no caso de Olavo, não há como falar em erros sem falar em exageros. Peço desculpas aos leitores, assumo meu erro e vou em frente mesmo assim.

    Basicamente, como citou o Alex, Olavo é quase sempre criticado pelo seu posicionamento ao defender José Luiz Datena na questão do ateísmo como uma ideologia cruel e assassina. No caso, não acho que tenha sido um exagero de Olavo, mas sim um simples mal entendido, afinal, como eu já discuti exaustivamente em um post meu no meu blog pessoal sobre o Ateísmo (3), o problema não está em ser ateu, mas sim em ser antiteísta. O problema aí é que o que Olavo chama de Ateísmo eu chamaria justamente de Antiteísmo, pois as motivações comunistas (inclusive recomendadas pelo semi-sociológo e pseudo-guru auto-ajuda Karl Marx em "O Manifesto Comunista") não vem de fato do ateísmo, mas sim do antiteísmo explícito dessa ideologia.

    Eu diria, então, que o erro de Olavo, no caso, foi o de pronunciar-se sobre o assunto no momento errado e de não medir as palavras que usava. De fato, vou concordar com o Alex aqui, pois estes, e também uma extrema presunção de parecer o dono da verdade e tornar os outros meros ignorantes, são os erros e os exageros do Olavo. Não podemos negar que sua filosofia, em muitos pontos, é difícil de ser batida ou refutada. Mas, isso não lhe dá o direito de achar-se maior que outras áreas do conhecimento. Um exemplo foram os comentários de Olavo a respeito do "preconceito linguístico" em seu artigo "Gramática e Preconceito" (4), no qual o que fez foi simplesmente desmerecer o trabalho do cientista da linguagem Marcos Bagno e de outros sem sequer refutar dignamente o conceito que quis debater.
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  7. Ainda assim, é inegável a importância da existência em si de pessoas como Olavo. Para explicar isso melhor do que eu o faria, deixo o depoimento de um crítico literário, Rodrigo Gurgel, um de seus alunos, em uma entrevista para a Folha de São Paulo em junho de 2012 (5):

    " O Olavo tem um seminário de filosofia on-line do qual sou aluno, e sou admirador do trabalho que ele faz, seja como filósofo, seja como polemista. É uma pena que nós não tenhamos mais pessoas com a coragem que o Olavo tem, de falar as coisas com absoluta franqueza, e dar a sua opinião.

    Não estou discutindo se ela é a certa ou a errada. Mas expressar a sua opinião de maneira clara e, como se diz no jargão, pôr a cara para bater. As críticas que fazem em relação ao Olavo se baseiam muito mais na figura dele como polemista.

    Se as pessoas parassem e fossem efetivamente ler as obras do Olavo, de critica cultural, obras filosóficas, começariam a formar não digo uma ideia diferente, mas perceberiam que as coisas que o Olavo fala são fundamentadas.

    Não é um louco que sai por aí atirando de maneira irresponsável. Ainda que, como polemista, seja essa a impressão que ele pode passar. Isso se deve também à hegemonia do marxismo. A hegemonia de esquerda foi lentamente construída."

    Bom, concluo minha réplica e passo a palavra ao Alex.

    Referências:

    (1)http://www.youtube.com/watch?v=EjaTyPbVxog
    (2)http://www.olavodecarvalho.org/textos/astrologia.htm
    (3)http://www.adtantumargumentandum.blogspot.com.br/2012/12/de-frente-com-o-ateu-ateismo-x-teismo-x.html
    (4)http://www.olavodecarvalho.org/textos/gramatica.htm
    (5)http://www.olavodecarvalho.org/textos/rodrigurgelentrevista2012.html
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  8. Octávio Henrique X Alex Cruz - Olavo de Carvalho

    RÉPLICA

    Vou começar citando o Octávio:

    -- “No caso, não acho que tenha sido um exagero de Olavo, mas sim um simples mal entendido, afinal (...) o problema não está em ser ateu, mas sim em ser antiteísta. O problema aí é que o que Olavo chama de Ateísmo eu chamaria justamente de Antiteísmo, pois as motivações comunistas (...) não vem de fato do ateísmo, mas sim do antiteísmo explícito dessa ideologia.” --


    É extraordinário como mudar uma palavra no discurso de alguém pode fazer uma diferença notável. De fato, se trocarmos a palavra “ateísmo” por “antiteísmo”, o discurso do professor Olavo de Carvalho deixa de ser um completo absurdo e passa a soar um pouco melhor nos ouvidos dos desavisados. Porém, para mim, de nada adianta dizer que foi tudo um “mal entendido” e que ele deveria dizer “antiteísmo” e não “ateísmo”. Foi curioso notar que o mesmo autor que mereceu um caloroso elogio por sua perícia com o manejo da linguagem (o que é verdade), agora está sendo escusado de um erro justamente por causa de uma paupérrima escolha de palavras! Este tipo de equívoco seria aceitável em amadores, não nele; ainda mais se nos lembrarmos das inúmeras retaliações que ele ainda hoje faz aos seus críticos justamente por causa do desconhecimento que eles têm dos termos que utilizam. Um homem com sua bagagem de leitura tem uma noção precisa do significado das palavras que emprega. E ainda vale lembrar que o discurso que vincula os crimes de regimes totalitários comunistas ao ateísmo não ocorreu uma ou duas vezes em Olavo de Carvalho, mas é recorrente. Por isso não acho que essa questão se resuma a um simples “mal entendido”. Como eu disse, não sei se é mera estratégia retórica ou sintoma de cegueira ideológica. Seja como for, é uma premissa falsa. Com isso penso ter respondido a pergunta sobre os erros que “todos os seus críticos insistem em não apontar diretamente”.
    Pelo menos agora não são “todos”, hein?

    Não são “todos” não apenas por minha causa, mas também pelo próprio Octávio, que, além de concordar comigo em partes, também citou outro equívoco de Olavo de Carvalho, desta vez com relação às variantes linguísticas. Não culpo muito o Olavo por isso, pois a Linguística com “L” maiúsculo nunca foi objeto de seus estudos, até onde eu sei. Assim, a crítica que ele fez à aceitação das variantes linguísticas foi produto de mera desinformação sobre o assunto, coisa corriqueira, perdoável e bem diferente da matéria de que tratamos no parágrafo anterior ou da que trataremos no próximo.

    Não vi na réplica do meu colega Octávio nenhuma referência direta ao artigo que postei sobre a guerra entre Japão e Estados Unidos. Julgo que isso seja importante pois é um exemplo claro dos exageros do Olavo e das famosas “teorias da conspiração” de quem está encastelado e julga ver inimigos em todo lugar. Quem lê Olavo sabe que não há uma única ação de qualquer partido mais à esquerda, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil, seja onde for, que ele não julgue como parte de uma conspiração minuciosamente urdida pelo que ele chama de “os revolucionários” para implantar o caos no mundo. Exemplos disso não faltam! Se querem mais um, aqui vai:
    http://www.dcomercio.com.br/index.php/opiniao/sub-menu-opiniao/102171-pensando-como-os-revolucionarios
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  9. Até a metade, tudo parece correr bem, mas, a partir daí, começam os delírios persecutórios a ponto de atribuir a Barack Obama e a “os revolucionários” o objetivo de levar milícias antiamericanas ao poder no Oriente Médio. O que me resta é fazer a mesma pergunta que fiz em vão ao Raoni: onde estão “os revolucionários”? Que entidade invisível é essa que manipula o mundo silenciosamente e que só os alinhados com o pensamento do professor Olavo podem ver? Por que Olavo, um homem que descobriu os planos de pessoas TÃO poderosas, capazes de induzir guerras entre nações e em vias de dominar o mundo, ainda não está devidamente silenciado, morto no fundo do oceano? Se não me engano, quem está nessa situação é Osama Bin Laden, não é? É tudo muito confuso! Há várias perguntas sem resposta e muita gente disposta a dar crédito a coisas incríveis. Temos gente extremamente capacitada debilitada pela cegueira ideológica de esquerda e, na pessoa do professor Olavo de Carvalho, talvez estejamos diante de um exemplo similar, mas orientado à direita.
    Quanto a mim, estou cada vez mais convencido de que “in medio stat virtus.”


    Saudações do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz
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  10. Bom, vamos à tréplica.

    Primeiro, como bem disse o Alex, de fato, uma palavra pode mudar drasticamente todo um discurso. Isso se dá por uma série de razões, entre elas uma razão estudada pela Linguística, que é a de dois signos não terem nunca o mesmo valor. Mas, enfim, isso é conversa para um papo só sobre Linguística, o que não é o caso.

    Enfim, o detalhe é que, ao contrário do que meu amigo pontuou, eu admiti que o Olavo comete alguns erros de linguagem, mas disse que são muito raros, o que, como o Alex mesmo admitiu, é fato. Inclusive, sendo bem sincero, esse negócio do ateísmo foi, na questão de uso da linguagem, o único grande erro que vi Olavo cometer.

    Também discordo do Alex quando fala sobre Olavo não poder errar. O detalhe é que pedir isso seria o mesmo que demandar perfeição de alguém que, talvez exatamente por não ser um utópico comunista, não acredita na existência de perfeições. Além disso, uma coisa é fazer como Safatle (6) e escrever todo um artigo cheio dos mais bizarros erros de linguagem. Outra é, puramente por retórica, intencionalmente usar uma palavra em lugar de outra.

    Sim, acredito que o "erro" de Olavo foi premeditado. O problema é que, ao contrário do Alex, muitos de seus críticos preferem tentar calar-lhe a boca com ofensas pessoais ao invés de mostrar qual o erro da premissa adotada. Por mais que me digam sempre que "Olavo não sabe trocar ideia!" e que "Olavo só ofende!", não é entrando no jogo dele que se desfazem os enganos, sejam eles intencionais ou não. Dizendo no popular, nesse caso temos que combater fogo com água, e não com fogo. Assim, mesmo que Olavo não admita a derrota (o que também considero um erro seu), o seu oponente intelectual já o terá vencido de qualquer jeito.

    Bom, espero ter deixado esse ponto claro. Vamos agora ao Conspiracionismo.

    Antes de tudo, acho que o Alex vai concordar comigo que acreditar em conspirações de esquerda em um país onde (sim, o "onde" aqui está adequado, rs) a Academia é predominantemente e declaradamente de esquerda e em que temos governantes que se dizem de esquerda não é nenhum grande absurdo, especialmente quando se conhece e se acredita em Marxismo Cultural, como é o caso de Olavo. Assim, antes de condenarmos um conspiracionista, e especialmente um conspiracionista com fontes, devemos provar-lhe que ele está viajando na maionese. Ou seja, se não cremos que há uma "conspiração marxista cultural mundial", não devemos fazer de Olavo e seus alunos um bando de loucos, mas sim mostrar-lhes que não é o caso.

    Porém, o que acontece é que, em algumas situações, as movimentações dos governos e das militâncias de minorias, para os mais conservadores, soam sim como conspiracionismo. Afinal, Alex, uma coisa é lutar pela laicidade do Estado, outra é querer calar completamente as instituições religiosas, como é o intuito quase declarado de associações como a ATEA. Convenhamos, quando vemos atitudes desse calibre, fica difícil também discordar do filósofo na questão.
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  11. Ainda assim, restam duas perguntas a serem feitas, e elas foram perfeitamente escritas pelo amigo Alex. A primeira é: Afinal, se há mesmo essa conspiração, por que só Olavo e seus seguidores a conhecem?

    A isso, respondo com uma citação do próprio Olavo em um de seus vídeos: Porque quanto menos se sabe, menos se percebe que se sabe. Alguns diriam que isso é a alienação que tanto condeno. O detalhe é que aí vira questão semântica, pois não chamo isso de "alienação", mas sim de "comodismo", de querer conhecer só o que as fontes em que você sempre confiou falam. Também é por isso que Olavo ganha meu respeito: porque ele manda à merda as fontes em que confia o senso comum de esquerdistas e até de direitistas e traz uma nova visão de direita, uma visão mais polêmica, para o debate. Olavo tem, como bem disse o seu aluno Gurgel e como dizem outras personalidades, um papel essencial na democracia moderna: o de ser um contraponto à mediocridade que vem tomando conta dos mais diversos meios. E ele exerce esse papel com maestria, convenhamos.

    Posso também relacionar parte da primeira resposta com a segunda pergunta, que é: Se Olavo enxergou e denuncia constantemente essas conspirações, por que então não acabou morto?

    Para isso, a resposta é bem simples. Olavo não pode ser morto, como foi Osama, porque não é inimigo público, porque está apenas exercendo seu direito democrático de discorrer sobre práticas políticas em sua filosofia e especialmente porque matar um homem como Olavo seria um grande erro estratégico. Vou dar um exemplo: suponhamos que eu acuse hoje, na Duelos Retóricos, o Alex de ser um serial killer que mora perto da minha casa. Além de se defender das acusações (o que esses governos não fazem, ou fazem com blogueiros medíocres), qualquer um que tenha a mínima noção de estratégia sabe que não se pode matar o acusador, pois isso seria o mesmo que lhe dar a razão. O detalhe é que, em um mundo democrático, a lógica maquiaveliana, expressa em "O Príncipe", de isolar mas não matar seus opositores é a que funciona. Matar um homem como Olavo seria dar razão às suas acusações, ou pelo menos seria o que o senso comum imaginaria. E, convenhamos, Maquiavel também é muito esperto em avisar que não se deve ter o povo como inimigo a não ser em raríssimas circunstâncias de exceção.

    Bom, essa era toda a minha resposta ao Alex. Aguardo sua tréplica e rumemos às Considerações Finais.

    Referência:

    (6)http://peublogg.blogspot.com.br/2012/12/escreve-como-pensa-analise-002-vladimir.html
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  12. Octávio Henrique X Alex Cruz - Olavo de Carvalho

    TRÉPLICA

    Voltarei ao meu velho e querido sistema de citação e refutação. Mãos à obra:

    –- “Também discordo do Alex quando fala sobre Olavo não poder errar. O detalhe é que pedir isso seria o mesmo que demandar perfeição de alguém que, talvez exatamente por não ser um utópico comunista, não acredita na existência de perfeições.” –-

    E onde foi que eu disse que Olavo não pode errar? Pelo contrário, disse eu, desde minha primeira postagem, que todos cometemos erros. Com relação ao “erro” vocabular de Olavo, o que eu falei é que este tipo de deslize recorrente não é aceitável em alguém como ele, que tem tão precisas noções do valor semântico dos termos que emprega e que, portanto, tudo aponta para um “equívoco” proposital e exaustivamente repetido. Aqui meu nobre colega parece concordar comigo, conforme demonstra na frase: – “Sim, acredito que o ‘erro’ de Olavo foi premeditado.” – A dúvida remanescente é se estamos diante de uma estratégia retórica ou de um caso de cegueira ideológica. Espero que isso tenha ficado claro para meu prezado colega e para os leitores.


    –- “Assim, antes de condenarmos um conspiracionista, e especialmente um conspiracionista com fontes, devemos provar-lhe que ele está viajando na maionese. Ou seja, se não cremos que há uma ‘conspiração marxista cultural mundial’, não devemos fazer de Olavo e seus alunos um bando de loucos, mas sim mostrar-lhes que não é o caso.” –-

    Bem, meu caro Octávio, eu não chamo Olavo e seus alunos de loucos e tampouco é meu dever mostrar-lhes coisa alguma. Não sou EU quem tem que provar que o conspiracionista está errado e sim ELE que tem que provar que as coisas incríveis que diz estão certas. Afinal ninguém deve pressupor a veracidade de qualquer dessas teorias da conspiração que vivem aparecendo na internet, nem é dever do restante da humanidade dedicar-se a desbaratá-las para “provar” que estão erradas. Vamos nos lembrar de que o professor Olavo está denunciando a existência de uma conspiração mundial minuciosamente planejada e coordenada por uma entidade genérica que ele chama de “os revolucionários”. Vamos nos lembrar de que ele está acusando centenas de pessoas públicas, como Barack Obama, de serem agentes conspiratórios ativos dessa organização que planeja dominar o mundo. Vamos nos lembrar de que ele está atribuindo ao governo dos EUA, que ainda hoje gasta bilhões no combate ao terrorismo, o objetivo de levar ao poder milícias fundamentalistas islâmicas antiamericanas para destruir o seu próprio país. Parece um filme do Austin Powers, caramba! E quais são suas fontes? Os livros que ele leu? Um congresso de militantes comunistas decadentes e saudosos da Guerra Fria? Os trabalhos de um ou outro pseudointelectual de esquerda que idolatra Gramsci? Veja a enorme desproporção entre a bombástica trama que ele denuncia e as raquíticas “evidências” que ele apresenta. Não é difícil perceber isso, não é? Mas o que realmente me impressionou na sua tréplica foi o que vem a seguir.
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  13. – “Afinal, se há mesmo essa conspiração, por que só Olavo e seus seguidores a conhecem? A isso, respondo com uma citação do próprio Olavo em um de seus vídeos: Porque quanto menos se sabe, menos se percebe que se sabe.” –

    Lula, Dilma Rousseff e José Dirceu trabalham ativamente para levar Aécio Neves à presidência em 2014. Isso é fato. O Mensalão foi denunciado por agentes petistas que planejam minar a credibilidade do próprio partido em benefício dos tucanos. Ora, Roberto Civita e Reinaldo Azevedo, ambos petistas infiltrados na imprensa nacional, receberam ordens diretas de José Dirceu para reunir provas e apresentá-las ao Ministério Público. Enquanto o julgamento corria no Supremo Tribunal Federal, os ministros Ricardo Lewandowski e José Antonio Dias Toffoli foram os únicos que perceberam a trama e por isso votaram pela absolvição de Dirceu. Mas Dirceu e Genoino atingiram seus objetivos de serem condenados e agora aguardam impacientemente a hora de serem presos. Enquanto isso, começam a surgir na imprensa denúncias contra Lula feitas por agentes petistas, de acordo com o plano traçado pela cúpula do partido. Paralelamente, a eleição de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo foi apenas uma estratégia destinada a encobrir os planos do partido e, ao mesmo tempo, favorecer o PSDB. Eles planejam um fiasco na Copa de 2014 para que os tucanos sejam gloriosamente reconduzidos à Presidência da República e à Prefeitura de São Paulo. Frequentemente perguntam-me por que as pessoas não percebem aquilo que me parece tão evidente. E respondo-lhes que é porque eu sou TÃO mais inteligente e informado do que elas, que o respeitável público sequer percebe que não sabe da verdade óbvia! Então se você não percebe o que eu lhe aponto, é porque você não é inteligente o suficiente para isso.

    Sério, Octávio? Você engoliu a citação do Olavo, gostou e agora está tentando oferecê-la a mim? Sério mesmo? Em nome de nosso coleguismo e pelo fato de eu nunca ter tido desavenças com você, abstenho-me de empregar os adjetivos que me vieram à mente quando li isso, o que, para o lado bestial do meu espírito, constituiu um sacrifício em nome da estima que lhe tenho. Tudo o que eu queria agora é que em seu lugar estivesse um Big John, um Marcelo Feitosa ou um João Cirilo para que eu alegremente me banhasse em seu sangue quente e saboreasse o sal de suas lágrimas...

    Bem, desculpe a piadinha, ok? Para finalizar, deixo-lhe um conto canônico da literatura ocidental cuja lembrança me ocorreu quase de imediato: A Roupa Nova do Rei, de Hans Christian Andersen.
    http://www.alfredo-braga.pro.br/contos/oreiestanu.html
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  14. – “Olavo não pode ser morto, como foi Osama, porque não é inimigo público, porque está apenas exercendo seu direito democrático de discorrer sobre práticas políticas em sua filosofia e especialmente porque matar um homem como Olavo seria um grande erro estratégico.” –

    Não pode ser morto?! Ora essa! Nada mais fácil para quem está acostumado a manipular governos, a provocar guerras artificiais, a erguer e destruir impérios do que provocar um acidente de carro, simular um assalto, causar um “erro médico” durante um check-up de rotina. Sem essa de “não pode ser morto”, ok? Aliás, segundo os planos da entidade “os revolucionários”, Bin Laden é que não deveria ser morto, afinal ambos estão do mesmo lado, não é? Só falta agora virem me dizer que Bin Laden está vivo, ou que o mataram só para enganar o resto do mundo, ou que Bin Laden era apenas um ator contratado para dar um rosto ao “inimigo” e que eu é que tenho que provar que todas essas hipóteses estão erradas!

    Repito: está faltando ceticismo, meu amigo! Vamos organizar nosso pensamento, vamos questionar fontes duvidosas, vamos repelir argumentos de autoridade, vamos definir a quem cabe provar o que. Vamos, em suma, ser mais criteriosos e menos crédulos! Se você saiu de um extremo, de que lhe adianta cair em outro?

    “Um ceticismo prudente é o primeiro atributo de um bom crítico.”
    James Lowell

    Saudações do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz
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  15. Bom, vamos ao fim do debate. Primeiro, devo dizer que achei primorosa a tréplica do grande Alex, mas, ao mesmo tempo, nossas discordâncias só aumentaram. Ainda assim, continuo encarando isso como um papo engrandecedor.

    Enfim, vou direto ao ponto. Primeiro, farei um mea culpa, pois, de fato, como o Alex bem disse, eu acabei interpretando-o erroneamente naquela questão do erro. Pensei que ele tivesse falado uma coisa, mas ele explicou o que quis dizer (e que estava bem na cara, convenhamos, rs). Enfim, peço desculpas ao Alex por tê-lo interpretado mal. Ainda assim, gostaria de pedir ao Alex que me mostrasse os artigos em que achou esse erro "recorrente" do Olavo, pois eu mesmo só o vi uma vez, e só naquele famoso vídeo já citado por nós dois.

    Sobre o propósito desse erro, eu mesmo, como já disse, acredito sim que foi cometido para fins retóricos. Só que o detalhe é que eu duvido, no caso, de "cegueira ideológica" não porque eu acredite que há uma "conspiração mundial de esquerda" (aliás, mesmo quando marxista, achava essa história de Marxismo Cultural nojenta, pois é a forma mais cretina de desvio do Marxismo original), mas sim porque o nosso ambiente acadêmico em si também não ajuda a desfazer essas conspirações. Outro dia, vi na faculdade uma programação de um seminário de estudos sobre Marx e Engels, e uma das palestras era justamente sobre ateísmo como humanismo teórico, ou seja, como IDEOLOGIA. A esse fato, podemos adicionar a completa falta de liberdade de pensamento dentro das universidades, e isso presumo que Alex, em seus tempos de universitário, também tenha sentido. Aliás, Alex, Chico, Roberta e todos os outros membros que fizeram Humanas sabem bem disso: contrariar as ideias do CA ou do DA é muito perigoso, e dizer qualquer coisa sobre suas pífias mobilizações é mais perigoso ainda.

    Assim, não é difícil imaginar, considerando todo esse cenário, porque as teorias de Olavo são bem aceitas por aqueles que querem fugir da Universidade. Aliás, a não ser por raríssimas exceções, eu diria até que NÃO FUGIR da linha de pensamento da Universidade em que se está deveria ser, no mínimo, crime de lesa-inteligência.

    Mas, enfim, quis apenas jogar esse desabafo para que Alex e outros entendam que o meu ceticismo não está direcionado ao Olavo não porque eu concordo com ele em muitos pontos, mas sim porque, nos dias atuais, é mais útil ser cético aos "jênios" que habitam CAs e DAs. Perto desses, o conspiracionismo de Olavo e sua "credulidade no conservadorismo" não são nada.

    Aliás, voltando ao conspiracionismo, são justamente essas ações de debiloides da esquerda que dão "fontes" ao Olavo. Além de já ter seus autores da direita sobre os quais constantemente fala, Olavo, com seus alunos, ganha também depoimentos sobre a verdadeira imersão no mundo da fantasia esquerdopata e do caos ideológico em que estão várias universidades Brasil afora.

    Bom, sobre a citação do Olavo, uso-a porque é exatamente o que percebo entre alguns de meus pares. Enquanto uns, a minoria, são de fato geniais, outros simplesmente se entregam a qualquer coisa que lhes cheira ao falso Marxismo a que estão habituados, mesmo que não tenha coerência lógica com a realidade que nos cerca.

    Entendem? É por isso que digo que conspiracionismo deve ser refutado: porque, além de fontes que mantém a coerência em seus argumentos, a nossa miserável esquerda dá vazão para essas conspirações. Inclusive, vou concordar com o Olavo também quando ele diz que o Obama representa a esquerda americana, pois, dentro da ótica americana, Obama adotou medidas de esquerda e vem apoiando manifestações feitas por grupos que não tem como ser chamados, sob o olhar da política moderna, de outra coisa a não ser de "esquerda" (e uma esquerda bem canalha).
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  16. O detalhe, Alex, é que as evidências a favor de Olavo, se formos raciocinar seriamente, brotam de todos os lados. Assim sendo, ou refutamos essas evidências, mostrando que não é nada disso, ou teremos de ver cada vez mais olavettes por aí.

    Enfim, sobre poder ser morto, sim, acidentes podem ser manipulados, só que temos que lembrar que a morte de uma figura como ele em um "acidente" também atrairá suspeitas. Afinal, pensemos no nosso Regime Militar, soa estranha até hoje a forma como JK morreu, sabe, naquele "acidente de carro"? Vê como "acidentes" também são complicados?

    Bom, espero que não tenha soado muito prolixo e repetitivo dessa vez ao Alex e aos leitores, despeço-me por aqui e passo a palavra ao amigo, que, espero, tenha entendido meu ponto de vista. Também espero ter defendido Olavo das acusações mais bizarras que o mesmo sofre constantemente, o que só saberei ao ver as atitudes futuras dos que nos leem diante dessa polêmica e ilustre figura filosófica brasileira.

    Enfim, até mais, Alex e leitores.
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  17. Octávio Henrique X Alex Cruz - Olavo de Carvalho

    CONSIDERAÇÕES FINAIS


    No final deste debate, meu caro Octávio, fico feliz que tenhamos esclarecido os naturais problemas de interpretação que são corriqueiros em qualquer debate.

    Você me pede para apresentar mais artigos em que Olavo reincide no erro de que estamos tratando. Bem, ele costuma sugerir ou verbalizar explicitamente uma união entre ateísmo, marxismo e imoralidade em textos dedicados a outros assuntos, o que dificulta um pouco uma pesquisa mais substancial. Mas, para lhe dar uma resposta, a muito custo lembrei-me de um texto de Olavo dedicado a combater a independência entre moralidade e credo religioso. Aqui vai:
    http://www.olavodecarvalho.org/semana/070303dce.html


    No que diz respeito à atmosfera esquerdista das universidades brasileiras, concordo com você, Octávio. São incontáveis os estudantes sem ideias próprias e à procura ídolos e parâmetros diferentes dos que servem ao seu papai e à sua mamãe. Para se enturmarem, aderem cegamente a ideologias contrárias ao modelo econômico vigente; no nosso caso, o Capitalismo. O mesmo ocorria na antiga Alemanha Oriental e no leste europeu na época da Guerra Fria, com a diferença de que o ímpeto de mudança do jovem estudante o orientava para o capitalismo, uma vez que o modelo que vingava na época era o socialista. Mas o que eu vejo é que tudo isso é natural e que está recrudescendo à medida que o acesso à informação vai sendo facilitado. Peço licença para me autocitar com este trecho de um debate que tive com o Raoni:

    “Se você defendesse o livre mercado em um curso da área de humanas na década de 80 ou 90, você viraria um pária social na universidade, poderia até sofrer trotes violentos. Hoje a visão que teriam de você não seria exatamente a melhor possível, mas nem de longe se assemelharia à daquelas décadas. A que isso se deve? Ao acesso à informação. Agora ideias esquerdistas já são questionáveis e discutíveis entre alunos de História e Ciências Sociais, ao passo que, há dez ou vinte anos, eram uma quase unanimidade que seria um sacrilégio contestar. (...) É por este, entre outros motivos, que não vejo o aumento da liberdade de informação como uma arma ideológica que está sendo usada para aprofundar radicalismos e para provocar dissensões, muito pelo contrário: está induzindo as pessoas a terem uma visão mais ampla das correntes ideológicas e contribuindo para a emergência de uma postura moderada.”

    Em todo caso, Octávio, entender por que existe gente que acredita na conspiração propagandeada pelo Olavo de Carvalho nada diz sobre sua veracidade. Uma coisa é constatar a natural orientação esquerdista e liberal de muitos universitários de um país capitalista, outra bem diferente a afirmar que tudo faz parte de um plano obscuro de “os revolucionários” marxistas. É novamente a história da roupa nova do rei que só os inteligentes podem ver.
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  18. No mais, onde estão as tais “evidências a favor de Olavo” que “brotam de todos os lados”? O que eu vejo é que ele é perito em pegar fatos e lhes atribuir explicações sob medida de modo a justificá-los na perspectiva da ideia conspiratória em que ele acredita. Assim, por exemplo, o fato de as potências acidentais terem ajudado os rebeldes líbios a derrubar o regime autoritário de Muammar Kadafi e de os radicais islâmicos da Irmandade Muçulmana terem assumido o governo logo a seguir implica que a Irmandade Muçulmana e os governos ocidentais estão no mesmo time? Claro que não. Voltando à teoria conspiratória do PT e do PSDB que apresentei na minha tréplica: se a copa de 2014 for mesmo um fiasco, será que eu poderia tranquilamente apontar isso como “evidência” da minha ideia absurda de que o PT quer Aécio Neves na Presidência da República? Vamos mais além: será que eu poderia cobrar de você refutações a essa “evidência” e pretender que minha ideia conspiratória seja tida como válida até prova em contrário? Perceba também que não importa o que você me apresente como refutação, eu sempre poderei encontrar uma explicação mirabolante para invalidar seu argumento e obrigá-lo a novamente refutar meus absurdos num trabalho se Sísifo.

    Portanto, meu caro, creio que fica patente que não se pode inverter o ônus da prova. Se Olavo e seus seguidores querem mesmo demonstrar a veracidade do que dizem, devem fornecer dados muito mais consistentes do que os que divulgam e devem também responder aquelas perguntinhas básicas de que já falamos: Onde estão “os revolucionários”? Que entidade invisível é essa que manipula o mundo silenciosamente e que só os alinhados com o pensamento do professor Olavo podem ver? Por que Olavo ainda não está morto?

    Sobre esta última pergunta, meu caro, acho que nem há muito o que discutir. Conspiracionistas sempre verão inimigos onde não há coisa alguma. Então pouco importa qual venha a ser a “causa mortis” do nobre professor, seja morte natural, seja um acidente legítimo, seja um forjado. Todo médico legista será igualmente suspeito de ser um agente disfarçado. Se não faz diferença, ele já devia ter sido eliminado há muito tempo pelo tal leviatã marxista, uma vez que há décadas anda divulgando sua existência e atrapalhando seus planos de dominação global.

    Parece que já estou ouvindo alguém dizer: – “Mas espere! ‘Os revolucionários’ deixam o Olavo viver justamente para parecer que eles não existem, para fazer gente como o Alex Cruz desconfiar do Olavo!” – Como você pode ver, meu amigo Octávio Henrique, o conspiracionismo é uma mentira que se retroalimenta até assumir os contornos de uma fé cega e surda, imune à verdade e à lógica mais explícitas! E como combatê-lo? A esta altura acho que não preciso repetir.

    Obrigado a todos que acompanharam este debate e especialmente ao Octávio por ter sido um adversário honesto e por promover uma excelente discussão!


    Saudações do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz

21 comentários:

  1. Boa noite aos meus leitores da Duelos Retóricos e ao meu grande colega Alex Cruz, com quem terei a honra de bater um bom papo.

    Bom, hoje abordarei um tema com o qual muitos de vocês já estão familiarizados e outros nem tanto. Como Chico Sofista e Alonso já fizeram em um debate na Duelos Retóricos, quero discutir hoje sobre a filosofia do senhor Olavo de Carvalho, mais conhecido entre seus simpatizantes por seu estilo sem papas na língua e por seus oponentes intelectuais por ter sido um astrólogo até mais ou menos o início dos anos 80.

    Como sabem, abandonei, já há algum tempo, as ideologias que antes tinha, que eram o esquerdismo e o Marxismo, e passei a analisar caso a caso, como nos recomenda o ilustre filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. Foi justamente quando comecei a ler os textos daqueles a que me opunha ideologicamente antes (no caso Olavo, Pondé e outros) sem os olhos da ideologia que percebi tanto que a vida com ideologias é uma merda quanto que eu tinha mesmo desperdiçado muito tempo com essas birrinhas, pois fiquei cego a um lado que tem sim, ao contrário do que lhes dirão os marxistas, boas ideias.

    Mas, enfim, não vim aqui para discutir sobre ideologias, pois já o fiz ad nauseam em dois debates com o ilustre Chicão. Quero que esta discussão gire em torno de algumas questões, que são:

    A- Afinal, seria Olavo de Carvalho um filósofo de fato?
    B- O fato de ele ter sido astrólogo o faz sem autoridade para falar sobre assuntos científicos ou de cunho filosófico?
    C- Em que parte de suas premissas Olavo comete os erros que todos os seus críticos existem em nunca apontar diretamente?
    D- Qual(is) é(são) o(s) exagero(s) dos quais Olavo é acusado afinal?

    Bom, deixo apenas isso por enquanto e passo a palavra ao grande Alex. É contigo, Alex

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  2. Octávio Henrique X Alex Cruz - Olavo de Carvalho

    Considerações Iniciais


    Meu amigo e colega Octávio Henrique, finalmente temos a chance de trocar ideias neste espaço. Vejo que ideologicamente você está um pouco distinto da última vez em que o li, e me parece que esta mudança foi para melhor, pelo que lhe deixo meus parabéns. Como você sabe, tenho muito a dizer e pouco tempo disponível, então vamos direto ao assunto.

    Durante muito tempo fui ouvinte assíduo do True Outspeak, o programa de rádio online do professor Olavo de Carvalho. Também tive o prazer (sim, foi um prazer!) de devorar vários de seus artigos e ainda hoje leio os que ele publica no Diário do Comércio. Também folheei algumas apostilas dos seus seminários de filosofia, todas primorosamente redigidas, embora alguns de seus raciocínios tenham-me parecido um tanto duvidosos. A profundidade e a justeza de seu pensamento não deixaram de me causar admiração ainda que com ele tenha eu vários pontos de divergência. Por mais que eu incorpore algo que o eminente professor inapelavelmente condena, o ateísmo, sempre lhe serei grato, entre outras coisas, pelas referências de autores que me deu e por aprofundar em mim algo que eu praticava sem muita ênfase: ler com atenção redobrada o que escreve aquele que pensa o contrário de mim. Esta simples e valiosa lição ponho-a em prática ainda hoje inclusive com o próprio Olavo.

    Vamos às suas perguntas:


    – “A- Afinal, seria Olavo de Carvalho um filósofo de fato?” –
    Enfadonha questão semântica! Isso, meu caro, depende do que você entende por filósofo. Pode ser estritamente alguém que elaborou um sistema filosófico completo (assim excluiríamos gente do porte de Nietzsche), ou alguém que meramente se dedica a este campo do conhecimento (o que confere o título a sujeitos como Marilena Chauí), ou ainda qualquer sujeito pensativo que raciocine sobre o mundo com alguma dose de autoria (o que engloba pessoas como você e eu). Escolha a definição que lhe apraz. Eu prefiro vê-lo como filósofo sim.


    – “B- O fato de ele ter sido astrólogo o faz sem autoridade para falar sobre assuntos científicos ou de cunho filosófico?” –
    O fato de Beethoven ter escrito a deplorável “Vitória de Wellington”, Op.91, o faz sem autoridade para falar de música? O fato de Gandhi ter brigado com um coleguinha na escola o faz sem autoridade para falar de paz? O fato de eu (sem querer me comparar aos anteriores!) um dia ter crido em deus me faz sem autoridade para falar de ateísmo? Todos comentem erros. Das várias críticas cretinas que fazem ao Olavo de Carvalho esta é a campeã!


    – “C- Em que parte de suas premissas Olavo comete os erros que todos os seus críticos existem em nunca apontar diretamente?” –
    Aqui você vai ter que ser mais específico. Tenho um exemplo de uma contestação que ele fez ao método do “cogito”, de Descartes, para provar a existência do algo. Mas seria muito longo e tedioso tratar disso aqui. Entretanto penso que não será preciso, pois responderei sua próxima pergunta com alguns exemplos que envolvem ao mesmo tempo premissas e exageros de Olavo que, no meu entender, são seu ponto fraco. Vamos lá.


    – “D- Qual(is) é(são) o(s) exagero(s) dos quais Olavo é acusado afinal?” –
    Antes de tudo, registro o meu “disclaimer”: Quem conhece algo sobre Olavo de Carvalho sabe que estamos falando de um defensor do conservadorismo, da religião cristã, do capitalismo e daquilo que hoje normalmente se entende por “direita”. Evidentemente que nada disso faz com que ele esteja de antemão equivocado, embora ele mesmo pense o oposto do liberal, ateu, comunista e esquerdista. Bem ao contrário de muitos de seus detratores incondicionais, digo sem nenhuma ressalva que o professor Olavo de Carvalho é um homem de inegável erudição!

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  3. Pois bem, a erudição do professor passa alegremente pela filosofia, pela história, pela antropologia, pela religião, pelo direito e (não tenha dúvidas!) pela retórica e pela argumentação. Será então por mero efeito retórico que ele comete os exageros que veremos a seguir? Será que ele, por instruído que seja, deixou-se levar pela mesma intensidade de comprometimento ideológico que tanto critica em seus rivais? Será que o aguerrido combate com seus inúmeros rivais não o encastelou e o infectou com a praga da cegueira ideológica? Deixo os exemplos a seguir para que reflitamos sobre o caso:

    Exemplo 1:
    Muitos hão de se lembrar de um polêmico discurso do apresentado José Luiz Datena, da rede Bandeirantes, sobre os ateus, que, segundo ele, seriam “os caras do mal” e responsáveis pela guerra, peste e fome do mundo atual. Trata-se do velho, do clássico, do prosaico erro de vincular a existência da ética e da moral à crença em divindades. Aí vai o vídeo:
    http://www.youtube.com/watch?v=JzA1yALX-LY

    Então o professor Olavo de Carvalho resolveu comentar o caso em seu programa True Outspeak. Veja o que ele diz a seguir:
    http://www.youtube.com/watch?v=pPEGIPJEopQ

    Começamos com um pequeno apelo à autoridade: não é porque eu encontro algo na página do grande professor R. J. Rummel que isso se torna verdade de imediato. A seguir, temos a mentira propriamente dita. Nas palavras do Olavo: “... os movimentos ateísticos, em duas ou três décadas, mataram mais gente do que todas as guerras de religião haviam matado em todo o orbe terrestre desde o início dos tempos. O ateísmo militante surge como ideologia assassina sim!” Ainda há mais raciocínios duvidosos no restante do vídeo, mas quero me deter neste porque esse tipo de afirmação é recorrente no discurso do Olavo. Qual é o erro aqui? É que o professor Olavo de Carvalho sempre põe ateísmo e ideologia político-econômica no mesmo saco, como se as duas andassem sempre juntas. Assim, os crimes de Stalin contra os fieis da Igreja Ortodoxa Russa podem ser atribuídos não apenas ao comunismo, o que é discutível, mas também ao ateísmo, o que é um completo absurdo. Para os comunistas bolcheviques, o ateísmo é adotado como apêndice ideológico, afinal “a religião é o ópio do povo”. Ainda hoje vemos muitos desses ateus meia-boca nas universidades. Não dedicaram dez minutos de seu tempo à reflexão sobre a ideia de deus, mas se declaram ateus por obediência aos preceitos ideológicos da turminha. Tão logo abandonam a utopia comunista, correm para a igreja arrependidos. O ateísmo genuíno é autônomo, é independente de qualquer concepção política e econômica da sociedade, e o professor Olavo, sinto dizer, não perde uma oportunidade de cometer o equívoco deplorável de jogar em uns, a culpa que é de outros. Que pesaria você de alguém que atribuísse os crimes de Mussolini ao Catolicismo?


    Exemplo 2:
    Este é mais recente. Foi o último artigo que o professor Olavo publicou no Diário do Comércio, não faz vinte dias. Aí vai o link:
    http://www.dcomercio.com.br/index.php/opiniao/sub-menu-opiniao/102846-abc-da-desinformacao

    Leu?
    Pois leia de novo... Leu? Ok.
    Este é o tipo de teoria da conspiração de que tanto gosta nosso amigo Raoni Latalista. Será que você reparou que ele está atribuindo o conflito entre Japão e Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial à influência sobre Roosevelt de um “alto funcionário do Tesouro”, provavelmente contratado pela União Soviética para “criar artificialmente um conflito” entre os dois países? E o que leva Olavo a afirmar isso? Quais são suas fontes? Resposta: o último livro que ele leu e que o artigo se destina a comentar. É como se o restante da humanidade (historiadores inclusive) compusesse a classe dos “desinformados” que não tem acesso à “verdade” que só o grupo de alinhados com o pensamento representado pelo professor Olavo tem. Será que não há um pouco de exagero nessas declarações? Será que seu empenho no combate à esquerda não lhe afetou um pouco o senso crítico de modo a, por vezes, impedi-lo de filtrar as informações às quis dá crédito imediato? Pense um pouco nisso.


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  4. Que me perdoe o estimado professor Olavo, mas todos cometem erros graves quando se distanciam do saudável ceticismo pelo qual tanto prezo!

    Saudações do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz

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  5. Olá, grande Alex. Agradeço-lhe pelos elogios feitos e espero demonstrar neste debate que não falo da boca para fora quando me digo um "sem-ideologia".

    Mas, enfim, vamos aos trabalhos. Pelo visto, não teremos grandes discordâncias neste debate, a não ser em um ou outro ponto. Pouquíssima gente discute, por exemplo, que as habilidades retóricas e argumentativas do Olavo são de fato ímpares, pelo menos quando comparadas às dos outros "intelectuais" conhecidos brasileiros, como Emir Sader e Vladimir Safatle. De um ponto de vista estritamente linguístico, Olavo de Carvalho, pelo menos em seus artigos, também pode ser considerado extremamente habilidoso, pois, ao contrário dos intelectuais já citados, pouquíssimas vezes comete erros de redação. Seus artigos até podem ser meio exagerados ou partir de premissas que consideramos "erradas", mas a honestidade intelectual nos manda reconhecer que, ao se tratar de língua e retórica, o homem, pelo menos na imprensa atual, é quase imbatível.

    Porém, não vim aqui para tecer elogios ao Olavo, mas sim para defendê-lo. De fato, como bem disse o Alex, Olavo é vítima de acusações que beiram o ridículo, especialmente depois de se ter lido um pouco das ideias do filósofo. Sim, já respondi à minha primeira pergunta, amigos leitores. De fato, considero, assim como o Alex, que Olavo é filósofo, e o faço em todas as três definições mais básicas de "filósofo": como alguém que pensa sobre o mundo (afinal, se não pensasse, não escreveria artigos nem daria cursos sobre Filosofia), como alguém que se dedica à filosofia (e o faz muito melhor que muitos "doutores" por aí) e como alguém que criou um sistema filosófico complexo. Meus amigos céticos ao Olavo poderiam pensar: "Uai,tá loco? Onde há complexidade naquilo?"

    De fato, quando vemos a proximidade do nível de linguagem do Olavo com o nível das pessoas comuns, tendemos a pensar, por uma outra espécie de "preconceito linguístico", o contra a linguagem coloquial ser usada em Filosofia e Literatura, que Olavo nunca poderia criar algo complexo. Porém, quando lemos sobre seu conceito de "paralaxe cognitiva" (1) e sobre suas duras críticas às mais diversas correntes de pensamento, percebemos que não se trata de um "velho vagabundo e mendigo que mora nos EUA e que é sustentado por doações", mas sim de um verdadeiro filósofo que sabe se aproveitar da linguagem para transmitir conceitos complexos e conscientizar, a seu modo, as pessoas das cagadas que elas talvez façam sem perceber (entre elas, a de aderir ao Marxismo, rs). Portanto, vemos que o que Olavo conquistou, seja em dinheiro ou em admiradores, é mais que merecido.

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  6. Ainda assim, as críticas não se restringem apenas ao fato de Olavo não ter um diploma que o prove filósofo (como se isso provasse intelectualidade, mas, enfim, né...). O filósofo de Campinas também é duramente criticado e injustamente desmerecido por já ter sido astrólogo. Inclusive, uma das acusações mais recorrentes contra Olavo é que, além de ter sido astrólogo, ele teria vergonha desse passado.

    A essas acusações, tenho basicamente duas respostas: Primeiro, à primeira acusação, se fôssemos jogar no lixo o trabalho de qualquer um que já foi astrólogo, ou que retirou ideias de astrólogos, teríamos que jogar no lixo a nossa própria ciência, pois ela mesma foi criada por um apreciador de Astrologia (Galileu) e também tem, em alguns campos, algumas observações herdadas dos grandes astrólogos gregos. Assim sendo, "acusar" Olavo de "ex-astrólogo" só pode ser tolice ou puro desconhecimento da história da humanidade em si.

    Inclusive, é com base nisso que Olavo, em uma entrevista sua para um jornal recifense em junho de 2000 (2), finalmente acerta os ponteiros com a Astrologia, demonstrando também uma preocupação com o futuro dessa área de conhecimento, que passou a ser um objeto de lucro para charlatães e deixou de ser o que de fato é, ou seja, um instrumento histórico de investigação da Antiguidade Clássica. Com isso, também desfaz-se a segunda acusação, a de que Olavo teria "vergonha do passado".

    Bom, como bem disse Alex, é fato que as duas últimas perguntas estão intimamente ligadas, afinal, no caso de Olavo, não há como falar em erros sem falar em exageros. Peço desculpas aos leitores, assumo meu erro e vou em frente mesmo assim.

    Basicamente, como citou o Alex, Olavo é quase sempre criticado pelo seu posicionamento ao defender José Luiz Datena na questão do ateísmo como uma ideologia cruel e assassina. No caso, não acho que tenha sido um exagero de Olavo, mas sim um simples mal entendido, afinal, como eu já discuti exaustivamente em um post meu no meu blog pessoal sobre o Ateísmo (3), o problema não está em ser ateu, mas sim em ser antiteísta. O problema aí é que o que Olavo chama de Ateísmo eu chamaria justamente de Antiteísmo, pois as motivações comunistas (inclusive recomendadas pelo semi-sociológo e pseudo-guru auto-ajuda Karl Marx em "O Manifesto Comunista") não vem de fato do ateísmo, mas sim do antiteísmo explícito dessa ideologia.

    Eu diria, então, que o erro de Olavo, no caso, foi o de pronunciar-se sobre o assunto no momento errado e de não medir as palavras que usava. De fato, vou concordar com o Alex aqui, pois estes, e também uma extrema presunção de parecer o dono da verdade e tornar os outros meros ignorantes, são os erros e os exageros do Olavo. Não podemos negar que sua filosofia, em muitos pontos, é difícil de ser batida ou refutada. Mas, isso não lhe dá o direito de achar-se maior que outras áreas do conhecimento. Um exemplo foram os comentários de Olavo a respeito do "preconceito linguístico" em seu artigo "Gramática e Preconceito" (4), no qual o que fez foi simplesmente desmerecer o trabalho do cientista da linguagem Marcos Bagno e de outros sem sequer refutar dignamente o conceito que quis debater.

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  7. Ainda assim, é inegável a importância da existência em si de pessoas como Olavo. Para explicar isso melhor do que eu o faria, deixo o depoimento de um crítico literário, Rodrigo Gurgel, um de seus alunos, em uma entrevista para a Folha de São Paulo em junho de 2012 (5):

    " O Olavo tem um seminário de filosofia on-line do qual sou aluno, e sou admirador do trabalho que ele faz, seja como filósofo, seja como polemista. É uma pena que nós não tenhamos mais pessoas com a coragem que o Olavo tem, de falar as coisas com absoluta franqueza, e dar a sua opinião.

    Não estou discutindo se ela é a certa ou a errada. Mas expressar a sua opinião de maneira clara e, como se diz no jargão, pôr a cara para bater. As críticas que fazem em relação ao Olavo se baseiam muito mais na figura dele como polemista.

    Se as pessoas parassem e fossem efetivamente ler as obras do Olavo, de critica cultural, obras filosóficas, começariam a formar não digo uma ideia diferente, mas perceberiam que as coisas que o Olavo fala são fundamentadas.

    Não é um louco que sai por aí atirando de maneira irresponsável. Ainda que, como polemista, seja essa a impressão que ele pode passar. Isso se deve também à hegemonia do marxismo. A hegemonia de esquerda foi lentamente construída."

    Bom, concluo minha réplica e passo a palavra ao Alex.

    Referências:

    (1)http://www.youtube.com/watch?v=EjaTyPbVxog
    (2)http://www.olavodecarvalho.org/textos/astrologia.htm
    (3)http://www.adtantumargumentandum.blogspot.com.br/2012/12/de-frente-com-o-ateu-ateismo-x-teismo-x.html
    (4)http://www.olavodecarvalho.org/textos/gramatica.htm
    (5)http://www.olavodecarvalho.org/textos/rodrigurgelentrevista2012.html

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  8. Octávio Henrique X Alex Cruz - Olavo de Carvalho

    RÉPLICA

    Vou começar citando o Octávio:

    -- “No caso, não acho que tenha sido um exagero de Olavo, mas sim um simples mal entendido, afinal (...) o problema não está em ser ateu, mas sim em ser antiteísta. O problema aí é que o que Olavo chama de Ateísmo eu chamaria justamente de Antiteísmo, pois as motivações comunistas (...) não vem de fato do ateísmo, mas sim do antiteísmo explícito dessa ideologia.” --


    É extraordinário como mudar uma palavra no discurso de alguém pode fazer uma diferença notável. De fato, se trocarmos a palavra “ateísmo” por “antiteísmo”, o discurso do professor Olavo de Carvalho deixa de ser um completo absurdo e passa a soar um pouco melhor nos ouvidos dos desavisados. Porém, para mim, de nada adianta dizer que foi tudo um “mal entendido” e que ele deveria dizer “antiteísmo” e não “ateísmo”. Foi curioso notar que o mesmo autor que mereceu um caloroso elogio por sua perícia com o manejo da linguagem (o que é verdade), agora está sendo escusado de um erro justamente por causa de uma paupérrima escolha de palavras! Este tipo de equívoco seria aceitável em amadores, não nele; ainda mais se nos lembrarmos das inúmeras retaliações que ele ainda hoje faz aos seus críticos justamente por causa do desconhecimento que eles têm dos termos que utilizam. Um homem com sua bagagem de leitura tem uma noção precisa do significado das palavras que emprega. E ainda vale lembrar que o discurso que vincula os crimes de regimes totalitários comunistas ao ateísmo não ocorreu uma ou duas vezes em Olavo de Carvalho, mas é recorrente. Por isso não acho que essa questão se resuma a um simples “mal entendido”. Como eu disse, não sei se é mera estratégia retórica ou sintoma de cegueira ideológica. Seja como for, é uma premissa falsa. Com isso penso ter respondido a pergunta sobre os erros que “todos os seus críticos insistem em não apontar diretamente”.
    Pelo menos agora não são “todos”, hein?

    Não são “todos” não apenas por minha causa, mas também pelo próprio Octávio, que, além de concordar comigo em partes, também citou outro equívoco de Olavo de Carvalho, desta vez com relação às variantes linguísticas. Não culpo muito o Olavo por isso, pois a Linguística com “L” maiúsculo nunca foi objeto de seus estudos, até onde eu sei. Assim, a crítica que ele fez à aceitação das variantes linguísticas foi produto de mera desinformação sobre o assunto, coisa corriqueira, perdoável e bem diferente da matéria de que tratamos no parágrafo anterior ou da que trataremos no próximo.

    Não vi na réplica do meu colega Octávio nenhuma referência direta ao artigo que postei sobre a guerra entre Japão e Estados Unidos. Julgo que isso seja importante pois é um exemplo claro dos exageros do Olavo e das famosas “teorias da conspiração” de quem está encastelado e julga ver inimigos em todo lugar. Quem lê Olavo sabe que não há uma única ação de qualquer partido mais à esquerda, seja nos Estados Unidos, seja no Brasil, seja onde for, que ele não julgue como parte de uma conspiração minuciosamente urdida pelo que ele chama de “os revolucionários” para implantar o caos no mundo. Exemplos disso não faltam! Se querem mais um, aqui vai:
    http://www.dcomercio.com.br/index.php/opiniao/sub-menu-opiniao/102171-pensando-como-os-revolucionarios

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  9. Até a metade, tudo parece correr bem, mas, a partir daí, começam os delírios persecutórios a ponto de atribuir a Barack Obama e a “os revolucionários” o objetivo de levar milícias antiamericanas ao poder no Oriente Médio. O que me resta é fazer a mesma pergunta que fiz em vão ao Raoni: onde estão “os revolucionários”? Que entidade invisível é essa que manipula o mundo silenciosamente e que só os alinhados com o pensamento do professor Olavo podem ver? Por que Olavo, um homem que descobriu os planos de pessoas TÃO poderosas, capazes de induzir guerras entre nações e em vias de dominar o mundo, ainda não está devidamente silenciado, morto no fundo do oceano? Se não me engano, quem está nessa situação é Osama Bin Laden, não é? É tudo muito confuso! Há várias perguntas sem resposta e muita gente disposta a dar crédito a coisas incríveis. Temos gente extremamente capacitada debilitada pela cegueira ideológica de esquerda e, na pessoa do professor Olavo de Carvalho, talvez estejamos diante de um exemplo similar, mas orientado à direita.
    Quanto a mim, estou cada vez mais convencido de que “in medio stat virtus.”


    Saudações do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz

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  10. Bom, vamos à tréplica.

    Primeiro, como bem disse o Alex, de fato, uma palavra pode mudar drasticamente todo um discurso. Isso se dá por uma série de razões, entre elas uma razão estudada pela Linguística, que é a de dois signos não terem nunca o mesmo valor. Mas, enfim, isso é conversa para um papo só sobre Linguística, o que não é o caso.

    Enfim, o detalhe é que, ao contrário do que meu amigo pontuou, eu admiti que o Olavo comete alguns erros de linguagem, mas disse que são muito raros, o que, como o Alex mesmo admitiu, é fato. Inclusive, sendo bem sincero, esse negócio do ateísmo foi, na questão de uso da linguagem, o único grande erro que vi Olavo cometer.

    Também discordo do Alex quando fala sobre Olavo não poder errar. O detalhe é que pedir isso seria o mesmo que demandar perfeição de alguém que, talvez exatamente por não ser um utópico comunista, não acredita na existência de perfeições. Além disso, uma coisa é fazer como Safatle (6) e escrever todo um artigo cheio dos mais bizarros erros de linguagem. Outra é, puramente por retórica, intencionalmente usar uma palavra em lugar de outra.

    Sim, acredito que o "erro" de Olavo foi premeditado. O problema é que, ao contrário do Alex, muitos de seus críticos preferem tentar calar-lhe a boca com ofensas pessoais ao invés de mostrar qual o erro da premissa adotada. Por mais que me digam sempre que "Olavo não sabe trocar ideia!" e que "Olavo só ofende!", não é entrando no jogo dele que se desfazem os enganos, sejam eles intencionais ou não. Dizendo no popular, nesse caso temos que combater fogo com água, e não com fogo. Assim, mesmo que Olavo não admita a derrota (o que também considero um erro seu), o seu oponente intelectual já o terá vencido de qualquer jeito.

    Bom, espero ter deixado esse ponto claro. Vamos agora ao Conspiracionismo.

    Antes de tudo, acho que o Alex vai concordar comigo que acreditar em conspirações de esquerda em um país onde (sim, o "onde" aqui está adequado, rs) a Academia é predominantemente e declaradamente de esquerda e em que temos governantes que se dizem de esquerda não é nenhum grande absurdo, especialmente quando se conhece e se acredita em Marxismo Cultural, como é o caso de Olavo. Assim, antes de condenarmos um conspiracionista, e especialmente um conspiracionista com fontes, devemos provar-lhe que ele está viajando na maionese. Ou seja, se não cremos que há uma "conspiração marxista cultural mundial", não devemos fazer de Olavo e seus alunos um bando de loucos, mas sim mostrar-lhes que não é o caso.

    Porém, o que acontece é que, em algumas situações, as movimentações dos governos e das militâncias de minorias, para os mais conservadores, soam sim como conspiracionismo. Afinal, Alex, uma coisa é lutar pela laicidade do Estado, outra é querer calar completamente as instituições religiosas, como é o intuito quase declarado de associações como a ATEA. Convenhamos, quando vemos atitudes desse calibre, fica difícil também discordar do filósofo na questão.

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  11. Ainda assim, restam duas perguntas a serem feitas, e elas foram perfeitamente escritas pelo amigo Alex. A primeira é: Afinal, se há mesmo essa conspiração, por que só Olavo e seus seguidores a conhecem?

    A isso, respondo com uma citação do próprio Olavo em um de seus vídeos: Porque quanto menos se sabe, menos se percebe que se sabe. Alguns diriam que isso é a alienação que tanto condeno. O detalhe é que aí vira questão semântica, pois não chamo isso de "alienação", mas sim de "comodismo", de querer conhecer só o que as fontes em que você sempre confiou falam. Também é por isso que Olavo ganha meu respeito: porque ele manda à merda as fontes em que confia o senso comum de esquerdistas e até de direitistas e traz uma nova visão de direita, uma visão mais polêmica, para o debate. Olavo tem, como bem disse o seu aluno Gurgel e como dizem outras personalidades, um papel essencial na democracia moderna: o de ser um contraponto à mediocridade que vem tomando conta dos mais diversos meios. E ele exerce esse papel com maestria, convenhamos.

    Posso também relacionar parte da primeira resposta com a segunda pergunta, que é: Se Olavo enxergou e denuncia constantemente essas conspirações, por que então não acabou morto?

    Para isso, a resposta é bem simples. Olavo não pode ser morto, como foi Osama, porque não é inimigo público, porque está apenas exercendo seu direito democrático de discorrer sobre práticas políticas em sua filosofia e especialmente porque matar um homem como Olavo seria um grande erro estratégico. Vou dar um exemplo: suponhamos que eu acuse hoje, na Duelos Retóricos, o Alex de ser um serial killer que mora perto da minha casa. Além de se defender das acusações (o que esses governos não fazem, ou fazem com blogueiros medíocres), qualquer um que tenha a mínima noção de estratégia sabe que não se pode matar o acusador, pois isso seria o mesmo que lhe dar a razão. O detalhe é que, em um mundo democrático, a lógica maquiaveliana, expressa em "O Príncipe", de isolar mas não matar seus opositores é a que funciona. Matar um homem como Olavo seria dar razão às suas acusações, ou pelo menos seria o que o senso comum imaginaria. E, convenhamos, Maquiavel também é muito esperto em avisar que não se deve ter o povo como inimigo a não ser em raríssimas circunstâncias de exceção.

    Bom, essa era toda a minha resposta ao Alex. Aguardo sua tréplica e rumemos às Considerações Finais.

    Referência:

    (6)http://peublogg.blogspot.com.br/2012/12/escreve-como-pensa-analise-002-vladimir.html

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  12. Octávio Henrique X Alex Cruz - Olavo de Carvalho

    TRÉPLICA

    Voltarei ao meu velho e querido sistema de citação e refutação. Mãos à obra:

    –- “Também discordo do Alex quando fala sobre Olavo não poder errar. O detalhe é que pedir isso seria o mesmo que demandar perfeição de alguém que, talvez exatamente por não ser um utópico comunista, não acredita na existência de perfeições.” –-

    E onde foi que eu disse que Olavo não pode errar? Pelo contrário, disse eu, desde minha primeira postagem, que todos cometemos erros. Com relação ao “erro” vocabular de Olavo, o que eu falei é que este tipo de deslize recorrente não é aceitável em alguém como ele, que tem tão precisas noções do valor semântico dos termos que emprega e que, portanto, tudo aponta para um “equívoco” proposital e exaustivamente repetido. Aqui meu nobre colega parece concordar comigo, conforme demonstra na frase: – “Sim, acredito que o ‘erro’ de Olavo foi premeditado.” – A dúvida remanescente é se estamos diante de uma estratégia retórica ou de um caso de cegueira ideológica. Espero que isso tenha ficado claro para meu prezado colega e para os leitores.


    –- “Assim, antes de condenarmos um conspiracionista, e especialmente um conspiracionista com fontes, devemos provar-lhe que ele está viajando na maionese. Ou seja, se não cremos que há uma ‘conspiração marxista cultural mundial’, não devemos fazer de Olavo e seus alunos um bando de loucos, mas sim mostrar-lhes que não é o caso.” –-

    Bem, meu caro Octávio, eu não chamo Olavo e seus alunos de loucos e tampouco é meu dever mostrar-lhes coisa alguma. Não sou EU quem tem que provar que o conspiracionista está errado e sim ELE que tem que provar que as coisas incríveis que diz estão certas. Afinal ninguém deve pressupor a veracidade de qualquer dessas teorias da conspiração que vivem aparecendo na internet, nem é dever do restante da humanidade dedicar-se a desbaratá-las para “provar” que estão erradas. Vamos nos lembrar de que o professor Olavo está denunciando a existência de uma conspiração mundial minuciosamente planejada e coordenada por uma entidade genérica que ele chama de “os revolucionários”. Vamos nos lembrar de que ele está acusando centenas de pessoas públicas, como Barack Obama, de serem agentes conspiratórios ativos dessa organização que planeja dominar o mundo. Vamos nos lembrar de que ele está atribuindo ao governo dos EUA, que ainda hoje gasta bilhões no combate ao terrorismo, o objetivo de levar ao poder milícias fundamentalistas islâmicas antiamericanas para destruir o seu próprio país. Parece um filme do Austin Powers, caramba! E quais são suas fontes? Os livros que ele leu? Um congresso de militantes comunistas decadentes e saudosos da Guerra Fria? Os trabalhos de um ou outro pseudointelectual de esquerda que idolatra Gramsci? Veja a enorme desproporção entre a bombástica trama que ele denuncia e as raquíticas “evidências” que ele apresenta. Não é difícil perceber isso, não é? Mas o que realmente me impressionou na sua tréplica foi o que vem a seguir.

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  13. – “Afinal, se há mesmo essa conspiração, por que só Olavo e seus seguidores a conhecem? A isso, respondo com uma citação do próprio Olavo em um de seus vídeos: Porque quanto menos se sabe, menos se percebe que se sabe.” –

    Lula, Dilma Rousseff e José Dirceu trabalham ativamente para levar Aécio Neves à presidência em 2014. Isso é fato. O Mensalão foi denunciado por agentes petistas que planejam minar a credibilidade do próprio partido em benefício dos tucanos. Ora, Roberto Civita e Reinaldo Azevedo, ambos petistas infiltrados na imprensa nacional, receberam ordens diretas de José Dirceu para reunir provas e apresentá-las ao Ministério Público. Enquanto o julgamento corria no Supremo Tribunal Federal, os ministros Ricardo Lewandowski e José Antonio Dias Toffoli foram os únicos que perceberam a trama e por isso votaram pela absolvição de Dirceu. Mas Dirceu e Genoino atingiram seus objetivos de serem condenados e agora aguardam impacientemente a hora de serem presos. Enquanto isso, começam a surgir na imprensa denúncias contra Lula feitas por agentes petistas, de acordo com o plano traçado pela cúpula do partido. Paralelamente, a eleição de Fernando Haddad para a prefeitura de São Paulo foi apenas uma estratégia destinada a encobrir os planos do partido e, ao mesmo tempo, favorecer o PSDB. Eles planejam um fiasco na Copa de 2014 para que os tucanos sejam gloriosamente reconduzidos à Presidência da República e à Prefeitura de São Paulo. Frequentemente perguntam-me por que as pessoas não percebem aquilo que me parece tão evidente. E respondo-lhes que é porque eu sou TÃO mais inteligente e informado do que elas, que o respeitável público sequer percebe que não sabe da verdade óbvia! Então se você não percebe o que eu lhe aponto, é porque você não é inteligente o suficiente para isso.

    Sério, Octávio? Você engoliu a citação do Olavo, gostou e agora está tentando oferecê-la a mim? Sério mesmo? Em nome de nosso coleguismo e pelo fato de eu nunca ter tido desavenças com você, abstenho-me de empregar os adjetivos que me vieram à mente quando li isso, o que, para o lado bestial do meu espírito, constituiu um sacrifício em nome da estima que lhe tenho. Tudo o que eu queria agora é que em seu lugar estivesse um Big John, um Marcelo Feitosa ou um João Cirilo para que eu alegremente me banhasse em seu sangue quente e saboreasse o sal de suas lágrimas...

    Bem, desculpe a piadinha, ok? Para finalizar, deixo-lhe um conto canônico da literatura ocidental cuja lembrança me ocorreu quase de imediato: A Roupa Nova do Rei, de Hans Christian Andersen.
    http://www.alfredo-braga.pro.br/contos/oreiestanu.html

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  14. – “Olavo não pode ser morto, como foi Osama, porque não é inimigo público, porque está apenas exercendo seu direito democrático de discorrer sobre práticas políticas em sua filosofia e especialmente porque matar um homem como Olavo seria um grande erro estratégico.” –

    Não pode ser morto?! Ora essa! Nada mais fácil para quem está acostumado a manipular governos, a provocar guerras artificiais, a erguer e destruir impérios do que provocar um acidente de carro, simular um assalto, causar um “erro médico” durante um check-up de rotina. Sem essa de “não pode ser morto”, ok? Aliás, segundo os planos da entidade “os revolucionários”, Bin Laden é que não deveria ser morto, afinal ambos estão do mesmo lado, não é? Só falta agora virem me dizer que Bin Laden está vivo, ou que o mataram só para enganar o resto do mundo, ou que Bin Laden era apenas um ator contratado para dar um rosto ao “inimigo” e que eu é que tenho que provar que todas essas hipóteses estão erradas!

    Repito: está faltando ceticismo, meu amigo! Vamos organizar nosso pensamento, vamos questionar fontes duvidosas, vamos repelir argumentos de autoridade, vamos definir a quem cabe provar o que. Vamos, em suma, ser mais criteriosos e menos crédulos! Se você saiu de um extremo, de que lhe adianta cair em outro?

    “Um ceticismo prudente é o primeiro atributo de um bom crítico.”
    James Lowell

    Saudações do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz

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  15. Bom, vamos ao fim do debate. Primeiro, devo dizer que achei primorosa a tréplica do grande Alex, mas, ao mesmo tempo, nossas discordâncias só aumentaram. Ainda assim, continuo encarando isso como um papo engrandecedor.

    Enfim, vou direto ao ponto. Primeiro, farei um mea culpa, pois, de fato, como o Alex bem disse, eu acabei interpretando-o erroneamente naquela questão do erro. Pensei que ele tivesse falado uma coisa, mas ele explicou o que quis dizer (e que estava bem na cara, convenhamos, rs). Enfim, peço desculpas ao Alex por tê-lo interpretado mal. Ainda assim, gostaria de pedir ao Alex que me mostrasse os artigos em que achou esse erro "recorrente" do Olavo, pois eu mesmo só o vi uma vez, e só naquele famoso vídeo já citado por nós dois.

    Sobre o propósito desse erro, eu mesmo, como já disse, acredito sim que foi cometido para fins retóricos. Só que o detalhe é que eu duvido, no caso, de "cegueira ideológica" não porque eu acredite que há uma "conspiração mundial de esquerda" (aliás, mesmo quando marxista, achava essa história de Marxismo Cultural nojenta, pois é a forma mais cretina de desvio do Marxismo original), mas sim porque o nosso ambiente acadêmico em si também não ajuda a desfazer essas conspirações. Outro dia, vi na faculdade uma programação de um seminário de estudos sobre Marx e Engels, e uma das palestras era justamente sobre ateísmo como humanismo teórico, ou seja, como IDEOLOGIA. A esse fato, podemos adicionar a completa falta de liberdade de pensamento dentro das universidades, e isso presumo que Alex, em seus tempos de universitário, também tenha sentido. Aliás, Alex, Chico, Roberta e todos os outros membros que fizeram Humanas sabem bem disso: contrariar as ideias do CA ou do DA é muito perigoso, e dizer qualquer coisa sobre suas pífias mobilizações é mais perigoso ainda.

    Assim, não é difícil imaginar, considerando todo esse cenário, porque as teorias de Olavo são bem aceitas por aqueles que querem fugir da Universidade. Aliás, a não ser por raríssimas exceções, eu diria até que NÃO FUGIR da linha de pensamento da Universidade em que se está deveria ser, no mínimo, crime de lesa-inteligência.

    Mas, enfim, quis apenas jogar esse desabafo para que Alex e outros entendam que o meu ceticismo não está direcionado ao Olavo não porque eu concordo com ele em muitos pontos, mas sim porque, nos dias atuais, é mais útil ser cético aos "jênios" que habitam CAs e DAs. Perto desses, o conspiracionismo de Olavo e sua "credulidade no conservadorismo" não são nada.

    Aliás, voltando ao conspiracionismo, são justamente essas ações de debiloides da esquerda que dão "fontes" ao Olavo. Além de já ter seus autores da direita sobre os quais constantemente fala, Olavo, com seus alunos, ganha também depoimentos sobre a verdadeira imersão no mundo da fantasia esquerdopata e do caos ideológico em que estão várias universidades Brasil afora.

    Bom, sobre a citação do Olavo, uso-a porque é exatamente o que percebo entre alguns de meus pares. Enquanto uns, a minoria, são de fato geniais, outros simplesmente se entregam a qualquer coisa que lhes cheira ao falso Marxismo a que estão habituados, mesmo que não tenha coerência lógica com a realidade que nos cerca.

    Entendem? É por isso que digo que conspiracionismo deve ser refutado: porque, além de fontes que mantém a coerência em seus argumentos, a nossa miserável esquerda dá vazão para essas conspirações. Inclusive, vou concordar com o Olavo também quando ele diz que o Obama representa a esquerda americana, pois, dentro da ótica americana, Obama adotou medidas de esquerda e vem apoiando manifestações feitas por grupos que não tem como ser chamados, sob o olhar da política moderna, de outra coisa a não ser de "esquerda" (e uma esquerda bem canalha).

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  16. O detalhe, Alex, é que as evidências a favor de Olavo, se formos raciocinar seriamente, brotam de todos os lados. Assim sendo, ou refutamos essas evidências, mostrando que não é nada disso, ou teremos de ver cada vez mais olavettes por aí.

    Enfim, sobre poder ser morto, sim, acidentes podem ser manipulados, só que temos que lembrar que a morte de uma figura como ele em um "acidente" também atrairá suspeitas. Afinal, pensemos no nosso Regime Militar, soa estranha até hoje a forma como JK morreu, sabe, naquele "acidente de carro"? Vê como "acidentes" também são complicados?

    Bom, espero que não tenha soado muito prolixo e repetitivo dessa vez ao Alex e aos leitores, despeço-me por aqui e passo a palavra ao amigo, que, espero, tenha entendido meu ponto de vista. Também espero ter defendido Olavo das acusações mais bizarras que o mesmo sofre constantemente, o que só saberei ao ver as atitudes futuras dos que nos leem diante dessa polêmica e ilustre figura filosófica brasileira.

    Enfim, até mais, Alex e leitores.

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  17. Octávio Henrique X Alex Cruz - Olavo de Carvalho

    CONSIDERAÇÕES FINAIS


    No final deste debate, meu caro Octávio, fico feliz que tenhamos esclarecido os naturais problemas de interpretação que são corriqueiros em qualquer debate.

    Você me pede para apresentar mais artigos em que Olavo reincide no erro de que estamos tratando. Bem, ele costuma sugerir ou verbalizar explicitamente uma união entre ateísmo, marxismo e imoralidade em textos dedicados a outros assuntos, o que dificulta um pouco uma pesquisa mais substancial. Mas, para lhe dar uma resposta, a muito custo lembrei-me de um texto de Olavo dedicado a combater a independência entre moralidade e credo religioso. Aqui vai:
    http://www.olavodecarvalho.org/semana/070303dce.html


    No que diz respeito à atmosfera esquerdista das universidades brasileiras, concordo com você, Octávio. São incontáveis os estudantes sem ideias próprias e à procura ídolos e parâmetros diferentes dos que servem ao seu papai e à sua mamãe. Para se enturmarem, aderem cegamente a ideologias contrárias ao modelo econômico vigente; no nosso caso, o Capitalismo. O mesmo ocorria na antiga Alemanha Oriental e no leste europeu na época da Guerra Fria, com a diferença de que o ímpeto de mudança do jovem estudante o orientava para o capitalismo, uma vez que o modelo que vingava na época era o socialista. Mas o que eu vejo é que tudo isso é natural e que está recrudescendo à medida que o acesso à informação vai sendo facilitado. Peço licença para me autocitar com este trecho de um debate que tive com o Raoni:

    “Se você defendesse o livre mercado em um curso da área de humanas na década de 80 ou 90, você viraria um pária social na universidade, poderia até sofrer trotes violentos. Hoje a visão que teriam de você não seria exatamente a melhor possível, mas nem de longe se assemelharia à daquelas décadas. A que isso se deve? Ao acesso à informação. Agora ideias esquerdistas já são questionáveis e discutíveis entre alunos de História e Ciências Sociais, ao passo que, há dez ou vinte anos, eram uma quase unanimidade que seria um sacrilégio contestar. (...) É por este, entre outros motivos, que não vejo o aumento da liberdade de informação como uma arma ideológica que está sendo usada para aprofundar radicalismos e para provocar dissensões, muito pelo contrário: está induzindo as pessoas a terem uma visão mais ampla das correntes ideológicas e contribuindo para a emergência de uma postura moderada.”

    Em todo caso, Octávio, entender por que existe gente que acredita na conspiração propagandeada pelo Olavo de Carvalho nada diz sobre sua veracidade. Uma coisa é constatar a natural orientação esquerdista e liberal de muitos universitários de um país capitalista, outra bem diferente a afirmar que tudo faz parte de um plano obscuro de “os revolucionários” marxistas. É novamente a história da roupa nova do rei que só os inteligentes podem ver.

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  18. No mais, onde estão as tais “evidências a favor de Olavo” que “brotam de todos os lados”? O que eu vejo é que ele é perito em pegar fatos e lhes atribuir explicações sob medida de modo a justificá-los na perspectiva da ideia conspiratória em que ele acredita. Assim, por exemplo, o fato de as potências acidentais terem ajudado os rebeldes líbios a derrubar o regime autoritário de Muammar Kadafi e de os radicais islâmicos da Irmandade Muçulmana terem assumido o governo logo a seguir implica que a Irmandade Muçulmana e os governos ocidentais estão no mesmo time? Claro que não. Voltando à teoria conspiratória do PT e do PSDB que apresentei na minha tréplica: se a copa de 2014 for mesmo um fiasco, será que eu poderia tranquilamente apontar isso como “evidência” da minha ideia absurda de que o PT quer Aécio Neves na Presidência da República? Vamos mais além: será que eu poderia cobrar de você refutações a essa “evidência” e pretender que minha ideia conspiratória seja tida como válida até prova em contrário? Perceba também que não importa o que você me apresente como refutação, eu sempre poderei encontrar uma explicação mirabolante para invalidar seu argumento e obrigá-lo a novamente refutar meus absurdos num trabalho se Sísifo.

    Portanto, meu caro, creio que fica patente que não se pode inverter o ônus da prova. Se Olavo e seus seguidores querem mesmo demonstrar a veracidade do que dizem, devem fornecer dados muito mais consistentes do que os que divulgam e devem também responder aquelas perguntinhas básicas de que já falamos: Onde estão “os revolucionários”? Que entidade invisível é essa que manipula o mundo silenciosamente e que só os alinhados com o pensamento do professor Olavo podem ver? Por que Olavo ainda não está morto?

    Sobre esta última pergunta, meu caro, acho que nem há muito o que discutir. Conspiracionistas sempre verão inimigos onde não há coisa alguma. Então pouco importa qual venha a ser a “causa mortis” do nobre professor, seja morte natural, seja um acidente legítimo, seja um forjado. Todo médico legista será igualmente suspeito de ser um agente disfarçado. Se não faz diferença, ele já devia ter sido eliminado há muito tempo pelo tal leviatã marxista, uma vez que há décadas anda divulgando sua existência e atrapalhando seus planos de dominação global.

    Parece que já estou ouvindo alguém dizer: – “Mas espere! ‘Os revolucionários’ deixam o Olavo viver justamente para parecer que eles não existem, para fazer gente como o Alex Cruz desconfiar do Olavo!” – Como você pode ver, meu amigo Octávio Henrique, o conspiracionismo é uma mentira que se retroalimenta até assumir os contornos de uma fé cega e surda, imune à verdade e à lógica mais explícitas! E como combatê-lo? A esta altura acho que não preciso repetir.

    Obrigado a todos que acompanharam este debate e especialmente ao Octávio por ter sido um adversário honesto e por promover uma excelente discussão!


    Saudações do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz

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  19. Ambos foram muito bem neste debate e é notável a evolução do Octávio Henrique, principalmente na capacidade de conhecer ideias novas como na de respeitar o adversário. O Alex Cruz, como sempre, foi muito organizado e ia direto ao assunto, o que tornou a discussão muito mais dinâmica e fez com que ficassem bem claros seus pontos que permaneceram de pé até o fim do debate: Olavo de Carvalho, intencionalmente, faz generalizações grosseiras colocando ateus e anti-teístas em um mesmo balaio, afirmando ainda com convicção que tudo isso não passa de uma conspiração Marxista que objetiva destruir a sociedade.

    É a mesma paranoia que fez com que a ditadura militar fosse implantada no Brasil e é a mesma conversa fiada que você ainda escuta dos saudosistas, que sentem falta de sentir medo de um inimigo real em um conflito que quase levou à aniquilação da humanidade. Na falta de comunistas de verdade, hoje os inimigos são os Gays, os Ateus e o Abortistas. E o Octávio, neo-ateu anti-teísta Marxista Nietzscheano abandonou todas as suas ideologias e encontrou coerência no discurso de quem? Advinha?

    Se o Alex não tivesse sido tão cirúrgico em suas colocações, talvez eu precisasse explicar melhor. Como até o Octávio acabou concordando com esta desonestidade daquele que resolveu defender e ainda por cima apontou mais outras situações que mostravam a mesma coisa a respeito desta figura, não ficou difícil de perceber que a tarefa dele tinha ficado realmente muito difícil.

    PS: Astrologia não o estudo da antiguidade, como você disse. Astrologia é a pseudo-ciência que afirma, categoricamente, que é capaz de encontrar ordem no posicionamento das estrelas e saber como é que isso pode afetar coisas particulares da sua vida, dependendo da época do ano em que você nasceu. SE o Olavo de Carvalho realmente tivesse se envergonhado de seu passado como Astrólogo, isso contaria como ponto positivo para ele. Mas como você bem mostrou em seu debate, isso não é verdade, o que conta ainda mais negativamente para o pseudo-intelectual em questão.

    Parabéns aos debatedores!

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  20. Acompanhar os debates do Alex é sempre um aprendizado: é muito linear, objetivo... A clareza em expor sua opinião fez desse debate mais uma troca de informações do que propriamente um duelo. Demonstrou superioridade retórica, por isso tem o meu voto. Por mais absurdo que possa parecer, tenho a impressão que teria o mesmo resultado se tivesse a ingrata missão de defender o enfadonho personagem. Evidentemente tal afirmação não tem obrigação de ser provar verdadeira, o que quero deixar claro que enfim assimilei o conceito “sofista”, e claro, já consigo com naturalidade, reconhecê-los. (Palmas para a esperta da noite! :p)

    Octávio saiu-se muito bem em expor suas dúvidas, pareceu que seu objetivo era apresentar aos leitores o dito cujo e por isso acho que foi bem sucedido em sua primeira parte, só acho que deveria resumir aquilo que já havia sido discutido no duelo sobre o mesmo tema: é uma forma de valorizar nosso histórico, apresentar outros pontos de vista, e o mais importante, renascer uma discussão... (Particularmente não gosto de conversas iniciadas do zero, acho inclusive que esse é o principal problema desse grupo: investe-se um tempo considerável do seu dia, mas, após o término das votações, o assunto encontram morada no limbo, ou seja, um desperdício! ) Mas, mostrou-se interessado além de interagir com educação e inteligência, é excelente perceber que o guri cresceu, e por isso, parabenizo. Porém, qdo diz ser adepto de alguém ‘sem-ideologia’, meu sensor de absurdos soou.

    Voltando a sensação da leitura do debate: meio que me senti numa espécie de RPG, nas brincadeiras trocadas que eram reconhecidas e melhor interpretadas nos antigos no grupo, gostei de me sentir parte de alguma coisa. Como já havia mencionado, ler esse debate seria complicado, uma vez que tenho por esse senhor enorme resistência: como filósofo tem para mim a mesma importância de um astrólogo. Apesar de ter pouca ( ou nenhuma) estima ao Olavo, gostei do que li, e aqui finalizo afirmando que os dois debatedores estão de parabéns, pois, tiraram leite de pedra.

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  21. Não sei se juntar endereços, vídeos ou outro tipo de referência, torna uma argumentação "mais" convincente por si, sei que utilizar-se de tais referencias para reforçar a dita argumentação, é considerado uma falácia, e falácia é, em última instância, a ausência de argumentos.

    Sou fã do Olavo, já disse e repito que trata-se do melhor filósofo da era moderna que produzimos, se Alex Luthor esteve, de fato, sendo sofista ao defende-lo, o fez com uma propriedade marcante. Vi emoção nessa defesa, logo, imagino que não estava exercendo o sofisma.

    Afirmo que Alex Luthor é aluno de Olavo e por não conseguir disfarçar essa condição recebe o meu voto.

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