terça-feira, 11 de setembro de 2012

Rodrigo Gondin X Raysom Delgado - O conteúdo é mais importante que a aparência?


§1 - Cada debatedor tem direto a no máximo 3 postagens (de 4096 caracteres cada uma) por participação - QUE DEVERÃO SER UTILIZADAS DA MELHOR FORMA POSSÍVEL POR CADA UM DOS DEBATEDORES.    


§2 - Os debatedores DEVERÃO fazer 4 participações intercaladas por duelo:considerações iniciais, réplica, tréplica e considerações finais.    


§3 - O prazo regulamentar entre as participações dos debatedores é de 3 dias. Todo adversário tem o direito de estender o prazo de seu oponente. Após o prazo, será declarada vitória por W.O. para o duelista remanescente.        


§4 -  Após o duelo, o vencedor será escolhido através de votações em enquete. 

6 comentários:

  1. Boa tarde amigos e leitores da Duelos Retóricos, é uma honra participar de um debate organizado por esta casa, aliás este é o meu primeiro debate em locais do tipo, pois não tenho tradição de participação em debates.
    Bom, eu e o meu adversário escolhemos um tema atual e polêmico, acredito que muitos de vocês irão se identificar com os tópicos que serão abordados no decorrer do debate.
    A aparência de certa forma pode ser um fator importante na vida de uma pessoa, seja ela na carreira profissional, relacionamentos etc...
    Antes de dar prosseguimento as considerações do meu adversário, precisamos definir o seguinte:
    A que tipo de Aparência estamos nos referindo?
    Pois temos dois pontos a serem observados: A beleza física e a Boa Aparência, este último faz referência a maneira como você se veste, se comporta, fala etc...

    Para o publicitário e designer gráfico, Peterson Ruiz,

    “A insatisfação muitas vezes está ligada à imagem, fazendo com que a pessoa tenha baixa auto-estima e refletindo em seu desempenho social, afetivo e profissional. Acredito que alguns perdem uma vaga de emprego ou o próprio emprego por não dar atenção a própria imagem”, diz Ruiz. Mas alerta: “Não basta ser mais bonita ou mais bonito. A aparência pode ser um item de desempate, dependendo da organização ou do ramo de negócios. ”

    Já vi amigas(as) reclamando do mercado de trabalho por não conseguir oportunidades em empresas, apesar de terem uma boa qualificação. Chegavam a argumentar que o entrevistador estava mais atento a peitos e bunda do que na formação do profissional.

    Mas será que isso é válido?

    Creio eu que não, conforme a opinião que citei acima, muitas vezes o seu estado emocional transparece na sua aparência física(Digo Aparência e não beleza), o nervosismo, auto-estima baixa, problemas pessoais são fatores que muitas vezes afetam o seu comportamento, a linguagem corporal, verbal e a maneira como o entrevistador lhe julgará quanto ao mérito da vaga na qual você está concorrendo.

    Para Silvana Bianchini, consultora de imagem e sócia da Dresscoach International Consultoria de Imagem, "na avaliação do profissional são distinguidas suas maneiras, postura, cortesia e aparência. No mercado de trabalho, entre dois candidatos com igual capacitação técnica, tem maior chance aquele com melhor aparência e trato agradável. Os profissionais que têm estes itens bem elaborados desenvolvem uma a auto-confiança e reforçam sua atitude."

    Então, a partir do momento em que você alia essa boa aparência(Linguagem corporal, maneira de se vestir, capacidade de comunicação, atitude e confiança) mais a qualificação profissional, você terá maiores chances de sucesso.

    Por outro lado temos a questão da função que será exercida pelo futuro funcionário. Em atividades onde a beleza física é necessária como: Stand de venda de automóveis, Industria da moda, Atendimento ao público etc... se a pessoa for desprovida de beleza física as suas chances diminuem, mas isso não quer dizer que ela não possa atuar nessas funções. Podemos citar como exemplo o caso de Bill Porter, norte-americano que sofre de paralisia cerebral e se tornou um fenômeno de vendas de porta em porta nos anos 80.

    Então, essa foi a minha pequena introdução...

    Obrigado! :)

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  2. Um prazer estar novamente participando desse grupo que tanto agrega conteúdo a todos nós: amantes do conhecimento. Também agradeço ao meu adversário, pela oportunidade de debater um assunto tão interessante. Prometo fazer o possível para trazer pensamentos novos sobre o tema proposto.

    Bom, gostei da forma com que meu oponente começou nossa conversa: tentando esclarecer os termos de nosso tema. Ele colocou dois significados para a palavra aparência, que me pareceram bastante superficiais, tendo em vista o rumo que pretendo levar o nosso debate. De acordo com ele, esse termo só estaria relacionado com uma boa aparência física ou um agradável jeito de se portar em ambientes de trabalho. Eu gostaria de ir além, e propor um significado mais simplista, mas que abrange melhor e de forma correta, as variáveis contidas nesse termo.

    O que é aparência? A forma com a qual você se mostra. Que pode te prejudicar, ou te engrandecer perante a sociedade. Que pode prejudicar os outros, ou ajudá-los.

    Outro ponto interessante no discurso de meu adversário foi o fato dele não explicar o termo “conteúdo”, assim como tentou fazer com o primeiro citado aqui. Baseado na grotesca indiferença com que meu oponente tratou a pobre palavra, será que já estamos vendo a maior importância que a “aparência” tem diante do “rival”? (rsrs) Não farei como ele, e vou dar o devido valor ao coitado termo, explicando qual definição seria a mais adequada para utilizarmos.

    O que é conteúdo? É aquilo que está dentro (está contido) em algo. Que pode ou não, ser prejudicial. E principalmente, que pode ou não, ser exteriorizado.

    Também senti falta da tão importante definição do termo “importância”. Pretendo buscar nesse debate, o que é mais relevante e o que mais faz diferença na vida das pessoas. Com isso, a pergunta não é: “o que é importância?”. Mas sim: “o que é importante?”. Na primeira, estaríamos tratando essa palavra de forma mais etimológica - assim como o fiz anteriormente -, e que nesse caso em específico, não seria interessante, pois esse termo exige algo mais direto, para que tenhamos respostas mais absolutas e menos relativas. Entendido isso, vamos à resposta:

    O que é importante? O importante é tudo aquilo que te dá possibilidades, sejam elas ruins ou boas. Se algo não te possibilita nada, então não é relevante. Eu gostaria que todos percebessem que eu não estou querendo saber o que é mais certo, ou mais errado. A pergunta do debate diz respeito tão somente à relevância. Então, baseado nisso, podemos concluir que, tanto um, como o outro, são importantes, pois ambos te darão possibilidades.
    Gostaria de encerrar minhas considerações iniciais perguntando para meu oponente, baseado nos conceitos aqui esclarecidos, por qual motivo, o conteúdo seria mais importante na vida das pessoas, do que a aparência?

    “A aparência das virtudes é muito mais sedutora do que as próprias virtudes, e quem se vangloria de as possuir tem grande vantagem sobre quem realmente as possui.”
    Madame de Riccoboni

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  3. Réplica

    Agradeço ao meu oponente por levantados alguns pontos da minha consideração inicial.
    Eu quis detalhar um pouco mais a minha visão de aparência porém acabei sendo um pouco superficial nos meus conceitos, mas estamos aqui pra isso não? Aprender rs. Então na minha introdutória eu dividi essa questão em dois: aparência física e beleza física.

    No entanto a nossa discussão aqui irá girar em torno da aparência.

    Com relação à aparência e comportamento, eu usei a analogia com ambientes de trabalho apenas como exemplo, mas a mesma pode ser utilizada em diversas situações.

    Segundo o Rodrigo a sua definição de aparência é:

    A forma com a qual você se mostra. Que pode te prejudicar, ou te engrandecer perante a sociedade. Que pode prejudicar os outros, ou ajudá-los.

    No meu conceito eu me referi mais ou menos a isso, a forma com a qual você se mostra. No entanto se você tiver um bom conteúdo e saber transmiti-lo você poderá alcançar um determinado sucesso naquilo que almeja, neste ponto temos diversos exemplos de pessoas que souberam digamos mostrar-se para a sociedade e utilizar isso a seu favor. Podemos citar: Martin Luther King, Mahatma Gandhi e Adolf Hitler.
    Eles souberam se utilizar da sua boa aparência (conjunto formado por: linguagem corporal, verbal, empatia) somado ao conteúdo que tinha para influenciar pessoas.

    “Outro ponto que meu oponente citou foi o conteúdo. Para ele o conteúdo é tudo aquilo que está dentro (contido) em algo.“

    Concordo com o ponto de vista do mesmo, porém cabe a você exteriorizar isso ou não. Aliás, dificilmente você poderá esconder algo de alguém, quando falamos de conteúdo, não nos referimos apenas a conteúdo, didático, experiências etc... Mas também aos sentimentos, e é exatamente esses sentimentos que podem ser o fator prejudicial na sua “aparência”.
    Segundo KARIN FROMM:

    "O modo como nos movimentamos, nos deslocamos no espaço e como desempenhamos nossas tarefas rotineiras diz muito a respeito da nossa atitude mental e disposição na vida."

    Aliás a frase final que você colocou nas suas considerações deixa um claro isso:

    “A aparência das virtudes é muito mais sedutora do que as próprias virtudes e quem se vangloria de as possuir tem grande vantagem sobre quem realmente as possui.”.

    Se você tem uma boa virtude e sabe fazer isso transparecer da maneira certa, já possui uma grande vantagem, porém não adianta você transparecer ter algo que você não tem.
    Você pode ter um grande conhecimento didático em engenharia, ser mestre na área, mas se não souber como transmitir o sentimento de segurança, confiança sobre as suas qualidades, a pessoa já entrará com desvantagem em alguma entrevista de emprego.
    O mesmo ocorre quando você é apenas uma pessoa que aparenta ter grandes virtudes, mas na hora de utilizá-las não consegue, pois a mesma não as possui, podendo consequentemente prejudicar a sua vida profissional, familiar e afetiva. Então concluímos que só aparentar ser não é o suficiente, o conteúdo faz uma grande diferença.

    Acredito que neste ponto nós iremos concordar, a aparência é importante desde que aliado a um bom conteúdo.

    (só para deixar claro aos leitores, aparência, não beleza rsrs)


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  4. Em minhas considerações iniciais, optei por esclarecer todos os termos aqui debatidos, para que não houvesse mudança no foco da conversa. Em minha réplica, pretendo rebater alguns pensamentos deixados na resposta do Raysom.

    Todos sabem que os dois - tanto aparência, como o conteúdo - são importantes em nossa vida. E que, obviamente, a pessoa que consegue aliar um ao outro, terá maior vantagem sobre aquele que não consegue. Acho que isso não tem o que ser discutido e todos concordam. O ponto a ser levantado é: na ausência de um dos dois, qual será mais relevante? Meu oponente defende que sempre o conteúdo se sobressai perante o que você demonstra, e para defender essa opinião, ele colocou alguns argumentos que corroboram – ou pelo menos tentam corroborar - sua afirmativa.

    Raysom diz que dificilmente nós escondemos o que verdadeiramente “somos”, que os nossos sentimentos são, em sua maioria, exteriorizados. Acho que não existe nenhum tipo de pesquisa ou estatística que mostre isso, acho que não tem como ser quantificado, mas o que sei é que existem sim, muitas pessoas que não repassam o que sentem. Isso é comum, e acontece com frequência. No grupo mesmo, foi aberto um tópico sobre suicídio, e tivemos o relato de um membro que afirmou ter tentado contra a própria vida por não conseguir exprimir o que sentia. Fatos assim não são difíceis de encontrar, pessoas que outrora pareciam conviver de forma normal, mas que por dentro se sentiam destroçadas, causando assim o desentendimento de amigos e familiares perante o ato do ente querido; enfim, a falta de expressão sentimental é bem trivial, diferente do que foi mostrado pelo Raysom.

    Podemos também falar da capacidade de mentir (conscientemente), que possuímos inerente a nós. Existem pessoas que conseguem sim, transmitir reações contrárias ao que realmente sentem, e isso não é nada raro, muito pelo contrário. Os psicopatas podem ser um exemplo dessas pessoas que conseguem parecer algo, que por dentro não são. E disfarçam isso muito bem, até conseguirem o que querem. Nesse caso em específico dos psicopatas, o fato deles mentirem sobre sua verdadeira “identidade”, é de fundamental importância para se conseguir o objetivo.

    Raysom também disse: “se você tem uma boa virtude e sabe fazer isso transparecer da maneira certa, já possui uma grande vantagem, porém não adianta você transparecer ter algo que você não tem.”.

    A análise feita sobre a citação que postei no final de minha consideração foi errada. A frase diz que quem se vangloria de possuí-las (as virtudes), terá vantagem sobre quem realmente as possui; ou seja, não importa se você tem ou não, o que importa é se saberá demonstrar. É como eu disse antes, obviamente quem consegue aliar a virtude à demonstração da mesma, terá vantagem sobre aquele que só possui a virtude. A pergunta é quem faz mais relevância: ter e não demonstrar, ou saber demonstrar algo que necessariamente não precisa ter?

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  5. Primeiramente quero pedir desculpas aos leitores pela demora. Estive resolvendo algumas coisas da vida pessoal, enfim, estou aqui para dar continuidade a este belo debate.

    Então, conforme havia dito nos comentários anteriores, eu defendo a ideia de que na ausência de uma boa aparência o seu conteúdo é o mais importante, desde que você saiba como expressa-lo.
    De fato, não trouxe nenhuma pesquisa científica para justificar a minha argumentação de que nossos sentimentos são exteriorizados. Porém, pergunte a qualquer psicólogo sobre a relação dos sentimentos e linguagem corporal, tenho certeza que 80% deles irão confirmar o que eu disse.
    Quando digo saber que o seu corpo diz o que você está sentido, não me refiro a você expressar isso de forma consciente. O seu “eu” interno, a sua condição emocional simplesmente é transmitida de forma inconsciente através da sua linguagem corporal.
    Seguindo nesta mesma linha de argumentação o meu adversário citou um tópico criado no grupo Duelos Retóricos sobre suicídio, na qual um membro tentou tirar a própria vida por não conseguir expressar o que sentia.
    Bem, neste ponto estamos falando do lado consciente do rapaz, ele sabia o que sentia mas não sabia expressa-lo, porém a frustração de não poder expressa-lo, gerou um outro sentimento inconsciente de tristeza, que posteriormente é expressado de maneira inconsciente através de sua linguagem corporal.
    Para estudiosos de linguagem corporal, não é difícil detectar o tipo de sentimento que uma pessoal está tendo no momento, tanto que existem inúmeras técnicas para saber se uma pessoa está mentindo ou não. Porém se uma pessoa tem conhecimento de que a linguagem corporal em si tem uma influência na maneira como as pessoas lhe percebem, elas buscarão mascarar isso.
    As pessoas que sofrem do chamado Transtorno de Personalidade Dissocial(Psicopatas, sociopatas etc..) são um caso a parte, estes são desprovidos da capacidade se sentir empatia por outros seres vivos, então usar isso como argumento não deveria ser válido ;)

    Voltando ao tema principal do debate. Você contrataria alguém com boa aparência mas com pouco conteúdo para um cargo de alta relevância na sua empresa? Certamente não, e a maioria dos empresários que conheço também não. Simplesmente, porque o conhecimento técnico de uma pessoa pode ser crucial em momentos de crise. Posso citar como exemplo a relutância da diretoria da Apple em por Steve Jobs como CEO Interino da empresa, pelo fato dele não seguir os estilo de se vestir da Apple(ele usava tênis, calças jeans, roupas casuais).
    Isso no âmbito profissional.
    Agora vamos falar dos relacionamentos.
    Na hora da conquista a aparência é um fator que lhe dá um certo diferencial. Porém isto não faz de você alguém que não terá capacidade de seduzir uma mulher, muito pelo contrário, se você tiver um bom conteúdo e saber utilizar isso, usando uma boa linguagem corporal você estará no mesmo nível de um Don Juan rsrsrs...

    Em um estudo realizado pelo Departamento de Psicologia do Williams College, em Massachussetts, e publicado na revista Psychological Science, Carin Perilloux que só o fato dos homens desprovidos de uma boa aparência crer que são mais atraentes do que o são na realidade, aliado ao conteúdo que os mesmos buscam cultivar(através de experiências com outras mulheres) aumenta a sua autoconfiança e os leva a ação.

    Quanto à frase, eu fiz uma interpretação própria da mesma. Assim como a bíblia pode ter diversas interpretações do ponto de vista de diversos pastores rsrsrs

    só respondendo
    A pergunta é quem faz mais relevância: ter e não demonstrar, ou saber demonstrar algo que necessariamente não precisa ter?

    Voltamos ao ponto que eu disse anteriormente, você pode ser desprovido de boa aparência, mas se tiver bom conteúdo e souber demonstrar isso, seu jogo está 90% ganho.
    Você pode até conseguir demonstrar ter algo que não tem, mas se cometer algum erro, ou isso for descoberto as conseqüências poderão ser desastrosas.

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  6. Também peço desculpas pela demora, mas aqui estou, para tentar ser mais claro possível, e tentar explicar e definir os argumentos que possuo a favor da importância de uma apresentação.

    Não sei se meu adversário entendeu os pontos que levantei até agora no debate, ou se ele está utilizando algum tipo de técnica retórica para tentar camuflar meus argumentos, desviando o foco e, com isso, não respondendo devidamente os pontos que foram colocados. Vejamos na seguinte frase de Raysom, a ilustração do que estou falando:
    “Então, conforme havia dito nos comentários anteriores, eu defendo a ideia de que na ausência de uma boa aparência o seu conteúdo é o mais importante, desde que você saiba como expressa-lo.”
    - O que podemos ver é que há uma grande contradição na colocação de meu oponente. No começo da conversa, tentei esclarecer os termos para que, justamente, não ocorresse esse tipo de coisa. Definimos o que seria aparência, que é “a forma com a qual você se mostra.”. E agora, ele novamente, coloca a importância do conteúdo aliado ao fato da sabedoria de se expressar, que nada mais é que apresentar, mostrar, exprimir. Ou seja, se você sabe se expressar, isso quer dizer que sabe se apresentar e que a aparência com a qual estamos tratando aqui, não está ausente; fazendo assim, a conclusão dele totalmente errada em relação ao que estamos discutindo.

    Depois, o tema tratado foi a expressão de nossos sentimentos, e que, de acordo com Raysom, são todos transmitidos – seja de forma consciente ou inconsciente – por meio de linguagem corporal. Esse assunto já daria outro debate, pois discordo de muitas dessas “técnicas” que são utilizadas para decifrar o sentimento/pensamento alheio, como por exemplo, o fato da pessoa não olhar nos olhos, sinal esse, ser um sintoma de mentira, de acordo com os estudiosos da área. O que pode ser simplesmente algo cultural, pois na América Latina, assim como dentre os chamados ‘afro-americanos’, ensina-se que quando castigados, ou sendo repreendidos por alguma autoridade, deve-se evitar olhar nos olhos dessa pessoa. É como se o corpo transmitisse um sinal de humildade. Este mito de aversão ao olhar persiste, e possui uma forte implicação tanto social quanto legal. Aldert Vrij descobriu, e outros o confirmaram, que pessoas que habitualmente mentem (e isso inclui aquelas típicas personalidades anti-sociais, histriônicas e maquiavélicas, psicopatas como já citados aqui) costumam manter mais fixamente uma olhar direto com o interlocutor. Por quê? Bem, eles simplesmente sabem que procuramos essa característica e querem se assegurar de que acreditamos nas suas mentiras. Uma pessoa que diz a verdade pode ‘vagar’ com seus olhos porque não há razão para convencer, apenas transmitir a verdade.
    Em 1985, Paul Ekman - em conjunto com outros pesquisadores - descobriu que a maioria de nós não tem mais de 50% de chance de detectar uma mentira. Raros são aqueles que conseguem suplantar este percentual. Esses sinais que normalmente são associados à mentira (massagem no pescoço, fechar olhos, subida no tom de voz, etc.) na verdade não passam de pacificadores, que nos ajudam a aliviar o stress. Estes comportamentos pacificadores são, na verdade, empregados tanto pelos culpados quando pelos inocentes no alívio do stress em uma entrevista, por exemplo. O trabalho de Ekman foi, por diversas vezes, replicado e se mantém axiomático: nós, seres humanos, não temos desenvolvida a habilidade para detectar mentiras.

    Mesmo que tudo isso fosse 100% comprovado eficaz, mesmo que esses ditos estudiosos conseguissem saber com exatidão nossos pensamentos e sentimentos através de linguagem corporal, isso não faria significância nenhuma, pois uma mínima parcela da sociedade saberia detectar e avaliar tais sinais.

    “Você contrataria alguém com boa aparência mas com pouco conteúdo para um cargo de alta relevância na sua empresa?”

    - Não contrataria. Assim como também não contrataria aquele que não sabe se expressar de forma adequada.

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