sexta-feira, 4 de julho de 2014

Alex Luthor vs. Conde Loppeux - Liberdades e Direitos das Minorias

  1. Liberdades e Direitos das Minorias




    CONSIDERAÇÕES INICIAIS


    Saudações aos leitores do blog e a Sua Graça, o Conde Loppeux de la Villanueva.

    Neste debate pretendo defender duas afirmações básicas acerca do aumento das liberdades individuais e da conquista de direitos de indivíduos pertencentes a algumas das chamadas “minorias”. A primeira é a de que esse fenômeno que vem ocorrendo especialmente nas democracias ocidentais é o resultado de um processo natural, e não o produto de uma estratégia de manipulação mental coletiva. A segunda é a de que, em vez de ser socialmente danoso em sua essência, este processo é uma desejável conquista civilizatória.


    1) 1ª tese: que o processo é natural, não induzido.

    Os indivíduos que vivem em estados democráticos de direito são livres para perseguir a própria felicidade em consonância com a lei e têm garantidas várias liberdades fundamentais para a própria existência de uma democracia, entre as quais estão a liberdade de reunião, de informação e de expressão. De meados do século XX até hoje, o mundo experimenta um processo de aprofundamento dessas liberdades como nunca se viu em toda história, pois a difusão dos meios de comunicação de massa, a facilitação do acesso à cultura, o aumento nos níveis de escolaridade das populações combinados com o acesso à internet ampliaram enormemente essas liberdades num processo que ainda está em andamento, mas cujas consequências já se fazem notar.

    Nessa perspectiva, as pessoas encontram muito mais facilmente outras que compartilham a mesma situação ou os mesmos interesses que elas. Gosta de Literatura? Poderá conversar com outros literatos sobre o romance de Balzac que acabou de ler. Aprecia Música Erudita? Encontrará outros ouvintes dedicados e não precisará comentar sobre os quartetos de cordas de Beethoven com o seu amigo funkeiro. Gosta de debater? Poderá ingressar num grupo de debates e parar de chatear seu vizinho avesso à dialética. Enfim, tudo isso é consequência natural da liberdade de reunião, de informação e de expressão.

    Da mesma forma, muitos indivíduos que compõem grupos sociais minoritários encontraram um terreno propício para reunir-se e dizer o que pensam, não apenas entre si, mas também para todos os outros segmentos sociais que não integram essa minoria. Nós vemos isso acontecer o tempo inteiro em blogs, vlogs e grupos de redes sociais. Negros querem o fim do racismo, mulheres querem o fim do machismo, homossexuais querem o fim da homofobia e todos eles podem, através da internet, por exemplo, expor, individualmente ou em grupo, seus pontos de vista para toda a sociedade. Em suma, se uma minoria socialmente estigmatizada tem a possibilidade de reunir-se e a liberdade de expressar seu desejo por reconhecimento e respeito, ela o fará de forma absolutamente natural, sem a necessidade de qualquer incentivo além do impulso natural para buscar a própria felicidade. Quando essas reivindicações não entram em conflito com o direito alheio, a sociedade tende a aceitá-la e o resultado desse processo pode ser traduzido em uma única palavra: tolerância.

    Portanto, longe de ser uma conspiração ou uma estratégia de manipulação global, este processo de transformação cultural ocorre naturalmente em qualquer sociedade cujos indivíduos sejam livres para pensar, para se reunir e para manifestar seu pensamento, especialmente se nela houver um meio tão eficiente e democrático para a transmissão de informações como a internet. Além disso, depõe contra a ideia de conspiração o fato de que, para haver estratégia, é preciso haver um estrategista, para haver manipulação, é preciso haver um manipulador. Aqui cabe a Sua Graça, o Conde, a tarefa de revelar-nos a identidade deste suposto manipulador social, uma vez que sua presença, conforme vimos, não é de modo algum autoevidente ou necessária. 
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  2. 2) Interlúdio: o pensamento conservador, a zona de conforto e a reação.

    A emergência de uma sociedade mais tolerante encontra uma forte e cada vez mais organizada resistência em indivíduos e grupos conservadores. Cabe aqui refletirmos brevemente sobre o pensamento conservador, suas motivações e seus receios. Caso eu não contemple algum aspecto importante sobre essa questão, o Conde poderá chamar atenção para o fato omitido.

    Em qualquer sociedade, indivíduos conservadores são aqueles que exaltam a segurança e a solidez da autoridade constituída, dos usos e costumes consagrados e das tradições e da moral de longa data estabelecidas; de modo que, segundo eles, uma organização social só encontra uma desejável estabilidade quando fundada nesses elementos. Conservadores começam a se sentir fora de sua zona de conforto quando pressões sociais entram a questionar e a alterar os costumes, as visões de mundo e, por consequência, o status social vigente. Ao deparar-se com o novo, com o diferente, a tendência natural de quem está acostumado com o caminho único e “normal” é o repúdio ao caminho alternativo. Assim, muitos heterossexuais repudiam os homossexuais, muitos homens repudiam a liberdade sexual feminina e muitos religiosos repudiam os ateus, porque, afinal de contas, “que bizarros são esses comportamentos e essas formas de ver o mundo”!

    Ora, é evidente que incluir-se em um sistema de pensamento majoritário é muito mais confortável que pensar contra a maré consuetudinária, de modo que a perspectiva de ver seus valores e visão de mundo relegados à condição minoritária não é nem um pouco agradável. Quando pressões e reivindicações sociais decorrentes das liberdades de informação, reunião e expressão começam a se fazer notar e a ganhar terreno sobre a moral e os costumes estabelecidos, os conservadores se incomodam, organizam-se e reagem exercitando eles próprios a sua trinca de liberdades. Sua Graça, o Conde, por exemplo, é uma figura reconhecida em páginas virtuais e grupos que reúnem pessoas orientadas por ideais conservadores, que trocam ideias entre si e procuram fazer-se ouvidas pela sociedade.


    3) 2ª tese: que o processo é benfazejo

    No meu entender, a reflexão honesta sobre os caminhos que outras pessoas escolheram ou se viram obrigadas a dar às suas vidas, caso não impliquem dano ao direito alheio, como no caso dos pedófilos, pode levar até mesmo o indivíduo conservador a deixar de ver a sua postura como a única aceitável ou como a “certa”. Quando esta percepção ocorre em larga escala, temos uma sociedade que se tornou mais globalizada, mais plural, mais tolerante e menos preconceituosa, o que certamente é um fator de maximização do bem comum. Se minhas convicções e meu comportamento não trazem dano a ninguém, que direito terá outra pessoa de me impor aquilo que ela considera certo, seja ela maioria ou minoria? Nenhum! Isso, caro Conde é apenas tolerância: resultado direto da minha e da sua liberdade.

    Muitos conservadores, porém, argumentam que se está abrindo caminho para uma completa degenerescência moral da sociedade, pois, uma vez que algo que era considerado bom e justo perde esse status, nada impedirá que todas as condutas humanas possam, pelo mesmo processo, ser reconhecidas como válidas, inclusive assassinatos, estupros ou pedofilia. Errado. O aumento das liberdades individuais encontra um limite natural na liberdade e nos direitos alheios. Se, por um lado, alguém ganha uma liberdade, por outro, perde a opção de negá-la coercitivamente a outrem.

    Outro argumento de alguns conservadores (e este é ridículo sob todos os pontos de vista!) é o de que, em uma sociedade mais tolerante, eles, os conservadores, perderiam o “direito” de discriminar e coagir as pessoas que eles, pelos seus critérios morais, consideram “erradas”. Assim, o conservador (coitado!) teme a repressão estatal porque perderia o “direito” de coagir um funcionário que ele descobriu ser homossexual, perderia o “direito” de constranger moralmente uma mulher na rua por ela estar utilizando a abominação têxtil de uma minissaia.
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  3. Este tipo de argumento falha miseravelmente quando pressupõe ser um “direito” a conduta que, por motivos de convicção pessoal, tende a suprimir outro direito.

    Uma versão mais branda deste argumento, assevera que, ainda que o estado não interfira, os conservadores perderiam a chancela social majoritária para propagar seu discurso repressor, atraindo assim uma visão cada vez mais negativa sobre seus preconceitos arraigados. Ora, isso equivale a dizer: “a situação atual não pode mudar porque, se mudar, muita gente vai criticar meus pontos de vista!”. Imagine-se como está hoje a situação daqueles injustiçados membros da Ku Klux Klan que têm medo de defender em público suas convicções racistas. Será mesmo que este é um bom argumento a favor da manutenção do racismo?

    Assim, caros leitores, o argumento de que o processo que estamos discutindo resultará em uma catástrofe civilizacional simplesmente não tem razão de ser e, se tem, cabe ao conde demonstrar isso, seja contestando meus argumentos seja apresentado outros novos para que eu possa contestá-los.


    4) A “ultima ratio” dos conservadores.

    Em todos os debates que já tive sobre essa questão, uma coisa me pareceu bastante evidente: por mais vejam ser esfarelados todos os seus argumentos, muitos conservadores se recusam a mudar de ideia. Por quê?

    Resposta: dogmatismo religioso. A pilastra fundamental do pensamento conservador não é de origem racional e sim dogmática. Qualquer sujeito que tenha um mínimo de experiência em debates sabe muito bem a situação até certo ponto ridícula a que estão sujeitos quanto alegam razões de convicção, especialmente religiosa, para defender seus pontos de vista. É por isso que debatedores experientes, o Conde inclusive, esforçam-se para manter suas convicções religiosas fora dos debates sobre esse assunto. Eles, porém, acreditam dogmaticamente que a moral judaico-cristã é perfeita, universal, eterna e imutável, de modo que qualquer processo social que contrarie esses parâmetros será, para eles, algo intrinsecamente maléfico, sem perguntas a serem feitas nem razões a serem dadas, afinal de contas: “foi Deus quem disse!”.

    A maioria dos conservadores resistirá até o último instante para não trazer para o debate razões que, por sua própria natureza, não são susceptíveis a debate. Essa conduta não é por si só desonesta, mas já tive a infelicidade de ver conservadores acuados agarrando-se de forma flagrantemente irracional e contraditória a argumentos derrubados quando a única saída honesta que lhes restava era abandonar o debate admitindo que nenhum argumento racional os faria abdicar de suas convicções.

    Não que este seja o caso de Sua Graça, o Conde, mas confesso que tenho muita dificuldade em manter a polidez quando discuto com este tipo de debatedor, cujo sistema de pensamento e a conduta desonesta, no meu entender, prestam um enorme desserviço à humanidade em nome da manutenção dos seus misticismos e preconceitos. Para mim isso traduz um egoísmo medonho! Não apenas egoísmo, mas também uma moleza e um comodismo execráveis. Sempre querem forçar a manutenção do seu conforto idiossincrático e, para isso, combatem o novo e muito do que a inventividade humana pode criar para melhorar a curta e miserável vida que temos por aqui.

    Como já afirmei diversas vezes: opor-se à moral judaico-cristã no que se refere ao machismo ou à homofobia, por exemplo, não implica negá-la também em seus ensinamentos sobre altruísmo e honestidade. Hoje, para um número crescente de pessoas, aquilo que na Bíblia é apenas preconceito está perdendo o título de parâmetro de moralidade e as pessoas estão sendo julgadas mais pela sua ética e civilidade do que pelo decote de suas roupas ou pelo seu número de parceiros sexuais.
    Esse fenômeno não só “parece” nobre.
    Ele É nobre!


    Passo a palavra a Sua Graça, o Conde e despeço-me com os...

    cumprimentos do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz.
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    Respostas


    1. Mandarei minha resposta terça feira. Abraços do
      Conde
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    2. Saudações ao meu adversário debatedor Alex Luthor e Tb aos leitores de “debates retóricos”.
      Quando eu li o argumento do meu caro Alex, a respeito da “expansão das liberdades” no chamado “direito das minorias”, observo que pertence muito mais a uma retórica abstrata do que uma realidade.
      Vamos partir das seguintes premissas do Sr. Alex para defender a ideia de que as “liberdades” se expandiram na democracia ou que a reivindicação das minorias é um “processo natural” da sociedade democrática. Vamos dissertar sobre os seguintes tópicos abordados pelo Alex:
      Premissa falsa n 1: O processo de reivindicação das minorias é algo natural e não um processo conduzido.

      Segundo a opinião do Sr. Alex, a reivindicação dos movimentos negros, indigenistas, homossexuais ou feministas não são articulações induzidas visando um fim de ameaça à democracia, mas tão somente um processo natural das liberdades democráticas. Ouso discordar dele completamente. Primeiro, a agenda politicamente correta é sim uma articulação coletiva, que envolve ONGs, entidades socialistas revolucionárias e um verdadeiro projeto de engenharia social que, na prática, pretende destruir a democracia. O Sr. Alex fala de uma pretensa “liberdade” a partir dessas manifestações. Mas ele despreza o fato de que esses grupos, suas formas de organização e seus projetos são francamente totalitários, visando censurar ideias, opiniões ou pensamentos contrários aos seus projetos políticos. Não vamos longe: quem financia ou apoia, tanto política como economicamente, esse grupos? Movimentos revolucionários e anti-democráticos de esquerda, cuja agenda é pura engenharia social.
      Acrescento que tais projetos não são espontâneos. Eles são produtos de uma gigantesca engenharia social, trabalhada por ideólogos, políticos, grandes magnatas, com projetos políticos e culturais bem claros de destruição de nossa civilização e já atuam na sociedade ocidental há pelo menos um século. Digo um século, porque as raízes da tragédia são bem mais profundas.
      Qualquer pessoa relativamente estudada sabe que o movimento esquerdista mundial abandonou o conceito da luta de classes para a guerra cultural. De onde surgem essas ideias? Da elite marxista dos anos 20 do século passado, quando se indagavam porque o marxismo, a despeito das premissas de Marx, não se concretizava. Naturalmente que não questionaram a essência errada do marxismo. Porém, os marxistas encontraram a raiz do problema: a cultura, o imaginário, as tradições filosóficas, culturais, religiosas e morais do mundo ocidental, como um empecilho poderoso contra o socialismo.

      Para se impor o socialismo, não basta apenas a tomada do poder puro e simples. É preciso também remodelar comportamentos, valores, expressões do imaginário e da cultura, no sentido de levar a sociedade ao totalitarismo.
      A ideologia de Antonio Gramsci, de Lukacs, como também da Escola de Frankfurt oferecem uma nova estratégia de tomada do poder pelos socialistas: transformar não apenas um Estado em socialista, mas também a cultura em socialista, explorando e forjando todos os tipos de conflitos possíveis, para enfraquecer essa sociedade e dominá-la. Naturalmente que eles não fizeram isso sozinho. A União Soviética já trabalhava com a subversão cultural desde os anos 30, quando conseguiu dominar uma boa parte das academias, centros culturais e fontes da opinião pública ocidental já na época de Stálin. E a Sociedade Fabiana, junto com os sociais-democratas europeus e americanos, aderira alegremente a ideia. Destrua a cultura tradicional instituída, destrua a inteligência do ocidente, destrua o legado judaico-cristão e Greco-romano e se abrirá um vazio cultural para os socialistas. 
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    3. O mais surpreendente dessa verdadeira ação cultural devastadora é que ela tem apoio de grandes capitalistas do ocidente. E a pergunta é? Por que fundação Ford, Rockefeller, Macarthur e Georges Soros financiam a subversão cultural? Justamente porque os grandes capitalistas querem participar do butim, junto com os socialistas. Ora, se as chamadas “reivindicações das minorias” são financiadas por tanta gente poderosa, que envolve magnatas ricos e regimes totalitários, obviamente que o alardeado “direito das minorias” não é espontâneo. Ele é fabricado para fins totalmente alheios ao direito das tais minorias alardeadas.
      Premissa falsa n. 2: a reivindicação dos direitos das minorias é a expansão das liberdades democráticas.
      Alex Luthor alardeia ingenuamente de que os chamados “direitos das minorias” reflete uma expansão das liberdades civis na democracia. O que ele ignora é que o cumprimento desses tais “direito” significa também uma expansão brutal do Estado sobre a vida privada, gerando mecanismos de controle social mais perversos sobre a cultura, o imaginário e as relações humanas.
      A grande maioria dos movimentos de minorias, longe de expressarem defesa de direitos, quer na verdade, destruir as instituições sociais vigentes e expandir a burocracia.
      Toma-se por exemplo, o movimento homossexual. Os homossexuais militantes não se contentam em apenas viver sua sexualidade sem serem incomodados. Eles querem remodelar opiniões, condutas sexuais e até mesmo alterar o direito de família. A expansão dos “direitos dos gays” vem acompanhada de uma burocratização assustadora da linguagem, da liberdade de ideias e até mesmo da religião. Não são os movimentos homossexuais que querem colocar na cadeia qualquer pessoa que questione seus projetos espúrios ou faça julgamentos morais sobre sua sexualidade? Não é o movimento gay que ataca o Cristianismo e a família tradicional, querendo, na prática, destruir a família? A pergunta que não quer calar é: por que os movimentos esquerdistas apoiam os homossexuais nas democracias ocidentais? Porque eles sabem muito bem que é um caminho poderoso para destruir o direito de família, subverter a moral sexual e criminalizar o sentimento da maioria da população a respeito desses tipos de conduta.
      Vejamos. A família é uma instituição orgânica, que se identifica por uma natureza específica que a distingue de qualquer outra forma de relação, ou seja, relação biológica e de parentesco. E mesmo nas chamadas “famílias adotivas”, elas nada mais que imitam as famílias naturais. A ideologia gay, como a ideologia de gênero, quer nos convencer de que a família é uma instituição construída culturalmente e que as relações de comportamento sexual são também normas impostas pela sociedade. Partindo dessa lógica, o que impede do Estado alienar os pais da educação de seus filhos, se a família é mero capricho social? Onde estará o direito das crianças e dos pais, quando se relativiza o conceito familiar que garante a segurança de educar seus filhos? A prática de alienar os pais dos filhos já foi aplicada na União Soviética dos anos 20, quando alguns ideólogos comunistas queriam que a educação familiar fosse repassada ao Estado. Ora, a destruição do universo familiar natural é, basicamente, sua estatização lenta e gradual, justamente porque se dilui o universo familiar em relações completamente inconsistentes. Na prática, o Estado, ao relativizar o conceito de família, estabelece para a sociedade o que pode ser reconhecido como “família”. Pior, aliena da figura do pai e da mãe o papel de educador das crianças. Qualquer cidadão desajustado, promiscuo, pode se declarar “família”. Basta propor seus critérios arbitrários. A suruba, o puteiro, uma relação de dois homens, duas mulheres, um gato e um cachorro podem ser elevados a conceitos de “família”. Basta uma reivindicação histérica bem subvencionada por ONGs poderosas e influentes para se modificar uma estrutura que já existe há milênios! 
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    4. O movimento feminista vai no mesmo caminho. Toda a política pró-aborto, tão alardeada pelo movimento feminista, nada mais é do que a velha e monstruosa eugenia racial disfarçada de “direito”. Ora,o que as ONGs feministas propõem às mulheres? Que elas sejam estéreis, que a família é uma prisão, que o homem é um ser opressor e machista, que os filhos são um estorvo. Vemos aqui outra política de destruição do universo familiar.
      É pior. Falei aqui de eugenia. A política de controle de natalidade e de aborto nasceu com a crença de que a sociedade deveria se livrar dos inaptos. Quem é o pai da criança? Na verdade uma mãe. Ou melhor, uma madrasta. Ela se chamava Margareth Sanger e criou o que é hoje a maior instituição abortista do mundo, a Planned Parenthood. Qual a ideologia de Sanger? Ela pregava abertamente a eliminação dos fracos e dos racialmente inferiores. Dizia que os asilos e instituições de caridade deveriam sumir, porque eram um desperdício da raça. Não foi por acaso que esta senhora, com o apoio da Fundação Rockefeller, foi uma entusiasta do regime nazista e pregava abertamente o controle de natalidade. Controle de natalidade esse, naturalmente, para os fracos, para os pobres, para os desvalidos. Os lindos arianos, naturalmente, é que deveriam procriar em massa.
      Antigamente, as ideias eugênicas tinham um repudio de uma sociedade ainda cristianizada e onde os valores de família eram poderosos. Mas os eugenistas e os engenheiros sociais de hoje não precisam mais forçar leis ou políticas de esterilização em massa, como na época de Sanger, com seu jargão racista e nazista. Basta in0cular uma ideologia de “direitos reprodutivos” para que as mulheres neguem sua própria descendência ou matem seus filhos. Não é estranho que o movimento feminista pregue a promiscuidade sexual, o rebaixamento moral da mulher e mesmo sua incapacidade de formar laços afetivos de família, e ainda dizer que tudo isso é um “direito”?
      E por que o aborto foi elevado a “direito”? Naturalmente que é pra relativizar um direito maior, que é o de viver. Os movimentos revolucionários e esquerdistas não veem as pessoas como portadoras de “direitos”, mas sim como células, como engrenagens ou peões de um grande sistema de controles sociais. A alardeada alegação do “direito” é um subterfúgio retórico sem expressão na realidade.
      Podemos acrescentar outros movimentos de “minorias”, como índios e negros. O mesmo movimento negro que reivindica “direitos” ou “dividas históricas” é também aquele que cria uma legislação racista contra brancos. Vou mais além: num país mestiço como o Brasil, claro está que a tentativa de promover uma fictícia “negritude” implica a destruição lenta e gradual da identidade nacional e a criação de conflitos inexistentes em nossa sociedade. A política indigenista, com o apoio da ONU e de ONGs poderosas como o CIMI (Conselho Indigenista Missionário Mundial) que é financiada pela Fundação Ford, já expulsaram milhares de brasileiros de suas terras (Raposa Serra do Sol, norte de Roraima, como também o sul do Mato Grosso), com o alardeado “direito indígena” à terra, ignorando a soberania nacional e os direitos alheios. Vou mais além: toda a ideologia da negritude, como do indigenismo, é fraudulenta, sem qualquer vínculo com a sociedade brasileira, bandeiras criadas em laboratórios universitários de ativistas radicais que têm espaço a rodo na mídia, nos centros de formação cultural, nas escolas e até no governo. Claro, com muito dinheiro público ou dinheiro de fundações estrangeiras.
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    5. Premissas falsa n.3: os conservadores temem o processo, porque é uma zona de conforto e uma mera resistência à mudança.
      Alex aqui usa o velho estereótipo esquerdista pra rotular os conservadores.Para eles, os conservadores não querem aceitar o “processo natural” da tolerância, da diversidade, das mudanças acarretadas pelo sistema democrático. Vemos aqui duas conclusões falsas. Ser conservador não é ser refratário à mudança.É simplesmente aceitar a mudança quando seus pressupostos são válidos. E os conservadores autênticos não são apegos a um passado tradicional. Na verdade, a idolatria da cronologia é um grande pecado hegeliano e marxista, ou até progressista, mas não de um conservador autentico. Um conservador não é um ideólogo, ele trabalha com questões práticas e da razão. Ele sabe que existem valores, instituições e princípios, que embora possam modificar na aparência, preservam seu caráter essencial. A honestidade pública, a família, a religião, a perspectiva transcendente e espiritual dada pela religião, os conceitos da justiça e da lei natural, são elementos permanentes no homem e, portanto, imutáveis. E ainda bem. Os direitos se resguardam justamente quando eles têm substância, não quando são reivindicações espúrias, cujas intenções são destruir o próprio direito.
      Alex alardeia outro mito: a da “sociedade democrática tolerante”. Será? Quando o movimento negro cria leis racistas e uma visão estereotipada da Europa e dos brancos, somos uma sociedade “tolerante”? Quando os movimentos gays querem confinar cristãos nas igrejas ou mesmo na cadeia, enquanto impõem suas agendas homossexuais nas escolas, na imprensa, na mídia e na cultura, falamos de alguma cultura “tolerante” aqui? E as feministas radicais, que dizem que os homens são supérfluos, que a família deve ser destruída,são tolerantes? Ou será que o Sr. Alex vive num mundinho paralelo de Alice no País das Maravilhas?
      Claro, Alex condena a “discriminação” conservadora! Que bonitinho! Ele se esquece de que a humanidade é, naturalmente, discriminadora. Quando detestamos um ladrão, um canalha estuprador ou um assassino, estamos discriminando alguém pela sua conduta. Quando alguém rejeita a homossexualidade, tal como rejeitaria a pedofilia, a zoofilia e outras práticas sexuais consideradas imorais, há um critério de discriminação. O problema não é discriminar e sim se a discriminação é injusta ou desproporcional. Naturalmente que ninguém colocará gays na cadeia. Mas tampouco uma pessoa que rejeite a conduta homossexual deve ser presa por isso. Está na liberdade sexual aceitar ou rejeitar uma conduta. Mas os “tolerantes” homossexuais militantes querem tirar esse direito de nós, das famílias e até das crianças! Claro, não compartilhar dos gostos sodomíticos de um certo povo é clara manifestação de “homofobia”. 
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    6. Conclusões
      A palavra “direito” implica um vínculo que liga a pessoa e dá o direito a ela de exigi-la. Nada do que é reivindicado nos chamados “direitos das minorais” é autenticamente um direito. Vemos aqui um abuso retórico que confere dividendos políticos valiosos a esses grupos esquerdistas revolucionários. Contudo, é tudo fake.
      Primeiramente, quando um negro reivindica uma “dívida histórica” contra outro indivíduo, pelo simples crime de ter a pele branca, onde estará aí o vínculo que criminaliza o homem branco? É a raça? Quando este mesmo negro reivindica cotas raciais ou outros privilégios espúrios, qual o argumento lógico para que ele seja tratado diferentemente em relação a outros tipos étnicos? Podemos abarcar privilégios,ao menos, de duas formas. Ou quando uma criatura é incapaz, ocasião em que é protegida legalmente. Ou então quando há uma reivindicação injusta. No primeiro caso, é reconhecer a inferioridade racial dos negros. No segundo caso, é patifaria e trapaça em forma de bom mocismo.
      Segundo ponto. E os chamados movimentos homossexuais, quando reivindicam o “direito de família”? Qual é o embasamento biológico, moral, ético e institucional para que uma dupla sexualmente incapaz de gerar filhos por uma incompatibilidade física, e cuja prática sexual não serve de modelo pra família, já que é sua destruição, pode reivindicar o “direito” a uma instituição que nasce naturalmente da propensão de se gerar filhos. Reiteremos, propensão, pois nem todo casal gera filhos, embora tenha a potencialidade de tê-los. Os homossexuais, nem em potência, pode ter filhos, se relacionarem com indivíduos do mesmo sexo. Lembremos que a família não é mero contrato, não é mero capricho, mas uma instituição também moral, que implica a formação dos valores de uma comunidade inteira. Os movimentos esquerdistas têm um projeto bem claro ao destruir o modelo familiar tradicional: alienar o papel dos pais biológicos sobre os filhos e diluir a família como força moral na sociedade.
      E o feminismo? Criminalizar o macho, criar leis contra cantadas nas ruas ou dar o poder absoluto da mulher sobre os filhos, no caso do aborto, são formas eficazes de desestruturação familiar. Percebam um seguinte detalhe:o movimento revolucionário tem uma dialética. Não basta apenas jogar proletários contra burgueses. Através da cultura politicamente correta, é preciso jogar todos contra todos:brancos contra negros, índios contra brancos, mulheres contra homens, heterossexuais contra homossexuais, filhos contra pais, enfim, para semear a confusão,a destruição, a corrosão e o caos. E o que se reivindica em torno disso? Mais Estado, mais burocracia, mais conselhos tutelares, mais delegacias da mulher, mais doutrinação massiva dos engenheiros sociais nas escolas, universidades e na grande mídia e um brutal crescimento do poder político.
      Ora, a democracia, longe de garantir direitos, é um sistema que pode, como nenhum outro, expandir o poder do Estado. Milhões de reivindicações infantis, espúrias,tolas, inconsequentes, manietadas por ONGs bilionárias e socialistas ávidos pelo poder, viabilizam uma enorme burocracia pra atender a demanda do cidadãos infantilizados pela ideologia dos “direitos”. Alex Luthor, com o devido respeito a ele, deve sair um pouco da bolha politicamente correta que fecha seus olhos. A democracia está destruindo a liberdade. Ou melhor, está destruindo a si mesma, porque está minando suas bases morais e institucionais que garantem a liberdade civil e humana.
      Eu poderia acrescentar mais coisas sobre este assunto. Mas já escrevi em meu blog. Podem procurar.





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  4. Liberdades e Direitos das Minorias

    RÉPLICA


    Saudações aos leitores.
    Para contestar minhas "premissas", o Conde afirma que estamos diante de uma articulação de “entidades revolucionárias” que têm um projeto “francamente totalitário” para realizar um processo de “engenharia social que, na prática, pretende destruir a democracia”. A razão que ele apresenta para isso é o apoio e o financiamento que esses grupos minoritários recebem de “movimentos revolucionários e anti-democráticos de esquerda”, “regimes totalitários” e “magnatas ricos”. Também faz interessantes alusões históricas e cita vários exemplos para fundamentar a existência do nefasto processo do qual ele quer nos prevenir. Minha tarefa agora é contestá-lo ponto por ponto. Antes, porém, uma pequena questão terminológica: não estou colocando “premissas” aqui, e sim “teses”, que precisam ser defendidas. Premissas são pressupostas e não apresentei minhas colocações centrais dessa maneira. Dito isso, começarei por responder a algumas perguntas, depois algumas considerações importantes e ao final descobriremos se minhas teses resistiram à investida do Conde. Ao trabalho!


    1) Porque a esquerda apoia as minorias?
    Ao que parece, basta que alguém receba o apoio de esquerdistas para que o Conde lhe atribua os mesmo objetivos de uma agenda marxista. Eu, entretanto, não vejo nexo causal aqui. Fábricas de cosméticos apoiam a libertação sexual feminina porque veem uma possibilidade de expansão de mercado. Isso transforma as feministas em vendedoras da Natura? Não. A Natura quer vender cosméticos e as feministas querem modificar percepção social sobre sua sexualidade. O PT, por exemplo, apoia as reivindicações de minorias porque busca eleitores e essas minorias não encontram representação política em partidos de direita. Isso faz com que integrantes de minorias tenham os mesmo interesses e aspirações do PT? Não. Petistas querem votos e minorias querem seus direitos. Se esses interesses se cruzam em algum aspecto, tanto melhor para ambos. É muito estranho que o Conde não enxergue que é perfeitamente natural que esquerdistas apoiem reivindicações de minorias, afinal cada minoria não é suficientemente numerosa para fundar um partido expressivo e nem pode contar com o apoio de agremiações orientadas à direita. São, portanto, uma fatia do eleitorado desprovida de representação política. Prato cheio para partidos que querem mais eleitores e não têm tantos vínculos com o conservadorismo. Assim, onde o Conde vê uma mancomunação secreta e destrutiva está apenas a ordem natural das coisas. O apoio político da esquerda é bom para as minorias e talvez seja o único que elas podem conseguir, mas será isso necessário para que elas ajam em busca de seus objetivos?


    2) O apoio esquerdista é necessário?
    Pense comigo: se você gosta de ir à igreja do seu bairro e tem esse direito, será necessário haver um padre manipulador para que você queira exercê-lo? Não, porque você gosta de ir até lá, com ou sem manipulação. Da mesma forma, se um grupo de pessoas busca por respeito e vive em um estado que lhe garante liberdade de reunião, informação e expressão, de que mais ele precisa para utilizar essas liberdades na busca pelo respeito de que se julga merecedor? De nada, pois o respeito conquistado já é, em si mesmo, um benefício para o grupo. Se uma minoria divulga sua mensagem de modo a ser socialmente aceita, o seu objetivo e o benefício decorrente de seus esforços já estão aí explícitos: ser socialmente aceita. Homossexuais, por exemplo, não se conformariam em ser segregados em uma sociedade homofóbica e agiriam espontaneamente contra a segregação, independente de haver ou não haver um manipulador comunista escondido atrás do armário (ou dentro dele!). Da mesma forma, em sociedades livres, negros não precisam ser manipulados para agir contra o racismo e mulheres não precisam ser manipuladas para agir contra o machismo, afinal trata-se de agir em causa própria, coisa para a qual o egoísmo humano nunca precisou de incentivo algum.
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  5. Da mesma forma, muitos conservadores estão se sentindo relegados à condição de minoria estigmatizada e já começaram a utilizar suas liberdades para se fazerem ouvidos pela sociedade.Se o Conde apregoa que um manipulador é necessário para induzir a busca por reconhecimento social, como fica a situação do próprio Conde? Ele está sendo manipulado por quem? Olavo de Carvalho? Assim, julgo ter demonstrado que a presença de um manipulador é pelo menos desnecessária para que as minorias lutem por seus direitos, ou seja, o processo ocorreria de forma natural sem o suposto conspirador. Se assim não for, cabe ao Conde contestar o que eu disse acima.


    3) Quem são os apoiadores do conspirador?
    Já retiramos as minorias da lista de réus no tribunal do Conde. Mas demonstrar que o manipulador marxista é desnecessário não significa postular que ele não exista ou ainda que não tenha a força subversiva que o Conde lhe atribui, afinal os objetivos das minorias podem, em alguma medida, ser vantajosos para o tal manipulador. Mas antes de investigarmos quem é o bicho de sete cabeças propriamente dito, vamos refletir sobre aqueles que o Conde afirma serem seus apoiadores, a saber, “movimentos anti-democráticos de esquerda”, “regimes totalitários” e “magnatas ricos do ocidente”.

    Não há nada de estranho em que algum movimento de esquerda, democrático ou não, busque atingir um sonho cor-de-rosa socialista, afinal esta é sua finalidade declarada. Também já vimos que o apoio eventualmente concedido a minorias é uma associação perfeitamente natural entre os que buscam apoio popular e as que querem representação política. Mas e quanto aos “regimes totalitários”? O Conde não citou exemplos, mas imagino que ele esteja se referindo a estados socialistas e não à Síria ou ao Irã, pois nunca tive notícia de regimes islâmicos financiando feministas. Fiquemos então com totalitários de esquerda. De imediato nos vêm à mente Cuba, Venezuela e Coréia do Norte. Um caso interessante e do qual todos hão de se lembrar é o dos dólares cubanos que financiaram criminosamente campanhas eleitorais do PT. A questão é descobrir por que Cuba fez isso. Ora, o PT tem uma simpatia histórica pelos desmandos ideológicos do regime cubano. Assim, Cuba ajudou o PT, o partido venceu as eleições e, à frente do Governo Federal, compensou os companheiros insulares com polpudos investimentos do DNDES no porto de Mariel, por exemplo. Este tipo de acordo espúrio não é nada de diferente do que o PT faz com os demais financiadores de suas campanhas: uma mão lava (ou suja) a outra. Mas Sua Graça, o Conde, é dado a conspirações espetaculosas e pretende pôr Cuba, o PT e as minorias num mesmo saco e atribuir-lhes um plano de conquista mundial que só se vê em filmes do Austin Powers. Onde o Conde vê uma gigantesca conspiração, eu, ingênuo que sou, vejo a pura e simples safadeza dos acordos políticos nacionais. No mais, os regimes totalitários de esquerda que temos hoje nem conseguem alimentar sua própria população! Cuba sobrevive com apoio de democracias ideologicamente simpáticas, como o Brasil, e de dinheiro enviado por fugitivos a parentes que não tiveram a mesma sorte. Para não matar metade da sua população de fome, a Coréia do Norte tem que recorrer a patéticas ameaças militares à vizinha do Sul e ao Japão... forma orgulhosa de barganhar por um uma migalha de ajuda humanitária na forma de comida em conserva. A Venezuela está com a indústria petrolífera em frangalhos e piorando, seus supermercados estão vazios pelo cerceamento da atividade econômica e tem um governo cuja política internacional considera uma de suas prioridades conseguir ajuda de outros países para importar de papel higiênico... papel... higiênico!!! Mas vem o Conde com um ar muito sério e preocupado dizer que são esses palhaços que vão dominar o mundo. Não sei quanto aos demais, mas isso me parece comicamente duvidoso. 
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  6. Mas a lista de réus ainda não acabou. Falta analisarmos o papel dos “grandes capitalistas do ocidente”. Segundo o Conde, algumas das pessoas que mais enriqueceram com o Capitalismo estão conspirando para destruí-lo junto com toda a sociedade ocidental, na esperança de, nas palavras do Conde, “participar do butim”, junto com uma corriola de socialistas maltrapilhos que há de um dia dominar o mundo! (e eu sou o ingênuo aqui, ok?) Raras vezes tive a oportunidade de pôr meus olhos em uma alegação tão extraordinária! E onde estão as evidências extraordinárias que a suportam? George Soros e as fundações Ford e MacArthur, entre várias outras atividades, concedem bolsas de estudo para universitários, têm programas de construção de moradias, patrocinam projetos artísticos, realizam missões médicas em países africanos, apoiam projetos de educação, preservação ambiental e saneamento em países do terceiro mundo e, sim, financiam vários movimentos que buscam o reconhecimento dos direitos de minorias. Mas será que isso é uma primorosa evidência para dar suporte à incrível acusação que faz o Conde? Não creio. E mais: os magnatas querem “participar do butim” que vai acontecer... quando mesmo? Não se sabe. Mas arrisco dizer que eu, o Conde, os todos os leitores, as crianças que nunca viram o Brasil ganhar uma copa, além de todos os magnatas que comandam as grandes empresas e fundações já estarão mortos... bem mortos, com o perdão da redundância. No final, ficamos com duas hipóteses para que o leitor julgue qual é a mais fundamentada. A do Conde diz que pessoas como George Soros querem destruir o capitalismo que as enriqueceu e abrir caminho para uma revolução que jamais verão. E a hipótese defendida pelo ingênuo que está digitando este texto é a de que eles investem em projetos de caridade em suas empresas porque notam uma crescente simpatia social pelos movimentos minoritários e os apoiam para conquistar prestígio social e a preferência do mercado consumidor. Acredito que a esta altura já podemos inferir qual é a lógica que forjou os elos da conspiração que se comenta no condado: se você apoia minorias, então é manipulado por marxistas ou é você mesmo um dos conspiradores. Faz sentido? Longe disso! Nas mãos de um cético criterioso, tais mirabolâncias conspiratórias têm seus pescoços cortados pela Navalha de Ockham e morrem de hemorragia aos pés do sujeito que as proferiu.


    4) Quem é o conspirador?
    Tendo deixado a conspiração órfã da participação das minorias e tendo-a despojado de seus apoiadores, é chegada a hora de batermos na porta do diabo em pessoa. Mas quem é, afinal, esse esquivo manipulador? Até aqui o Conde nos forneceu algumas pistas: sabemos que são marxistas e que buscam destruir a civilização ocidental através do processo de guerra cultural. Investiguemos a guerra cultural, portanto.

    Primeiro é preciso deixar claro que, sim, há vários teóricos e filósofos marxistas que discorreram sobre esse tema de forma explícita, coisa que qualquer um pode constatar. O que eu percebo, porém, é que o Conde superestima a pertinência, o alcance e até mesmo a aplicabilidade desses métodos, a começar pelo de Gramsci. Este comunista italiano viu-se na desagradável situação de ser um propagandista do marxismo em um regime fascista e acabou, como era de se esperar, metido numa prisão onde escreveu a maior parte de sua obra. Suas ideias consistem, basicamente, em estratégias para difundir discretamente ideais marxistas na cultura popular de uma sociedade capitalista com um regime de viés autoritário, tal como o da Itália de Mussolini, pois em tal ambiente político, declarar-se comunista resultava em prisão. Tendo isso em mente, muito do que Gramsci disse não tem aplicação imediata numa sociedade livre e democrática em que qualquer um pode declarar-se comunista e difundir suas ideias sem receio de sofrer perseguições estatais.
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  7. Alem disso, a hegemonia cultural que a “classe trabalhadora” deveria conquistar sobre a burguesia, em nada subverte a lógica de mercado e nem dá a tal classe o domínio dos meios de produção, ponto central dos sonhos marxistas. É apenas o apêndice cultural do movimento.

    O próximo da lista é Lukacs, que pretende difundir a ideia de “consciência de classe” entre os proletários, assim como ele julgava haver entre os burgueses. Para demonstrar a completa falha dessa difusão que o Conde tanto teme, basta olharmos para uma ocasião em que ela deveria ocorrer. Consideremos a crescente indisposição da “classe trabalhadora” recém ingressa na classe média brasileira quanto ao PT, embora ela tenha recebido alguma ajuda petista para melhorar de vida. Será que eles mantiveram sua “consciência de classe”, como alardeia a filosofastra Marilena Chaui? Negativo. Famílias que entraram na classe média-baixa não se identificam mais com os anseios que tinham quando eram pobres. Elas não olham para trás, miram o horizonte onde estão os mais ricos e querem melhorar de vida ainda mais, porém agora não se encaixam mais no perfil dos recebedores de Bolsa Família e já têm renda suficiente para começar a pagar imposto de renda, IPTU, IPVA etc. Sem mesada governamental e acossada pela carga tributária, os ex-pobres da “classe trabalhadora” já começam a mostrar ojeriza ao PT, como se pode ver claramente nas pesquisas de intenção de voto. E aí? Onde está a tão perigosa “consciência de classe” nesta equação? Respondo: está na imaginação assustada de conspiracionistas que fazem mal uso de sua capacidade de duvidar.

    Agora vejamos a Escola de Frankfurt. Qual foi a constatação feita por seus membros e que orientou seus esforços subsequentes? Foi a de que o marxismo não seria capaz de prosperar diante do desenvolvimento das sociedades capitalistas do século XX. Marx presumia que o proletariado fosse permanecer sob as condições massacrantes nas quais vivia no século XIX, e não previu a geração de riqueza proporcionada pelo Capitalismo nem a conquista de direitos sociais, que melhoraria muito as condições de vida nas democracias do ocidente, de modo que o mais humilde trabalhador fabril da Alemanha atual vive em condições muito melhores que as de seu congênere da época de Marx. Diante disso, a reação da Escola de Frankfurt é a seguinte: é preciso convencer as massas de que elas estão sendo exploradas, pois elas não percebem isso, já que situação delas tende a melhorar com o Capitalismo. Patético! Eu francamente não sei o que há (ou o que puseram) na cabeça dos habitantes do condado que os faz ver uma grande ameaça onde eu vejo claramente os últimos esforços, senão uma admissão involuntária de derrota, de uma teoria sociopolítica em franca decadência.

    Assim, caríssimos leitores, o suposto conspirador marxista já perdeu todo apoio que o preocupado Conde lhe atribuiu e já teve suas “perigosas” ideias postas em seu devido lugar. Mas o curioso é que se quisermos bater na porta de tão poderoso manipulador perceberemos que não há ninguém em casa. Ao reler o discurso alarmista de Sua Graça, não identificamos uma única pessoa a quem possamos apontar o dedo e dizer: aí está um manipular marxista! Se assim não for, é simples resolver o problema: basta o nobre Conde indicar algum manipulador vivo, alguém que incite minorias conformadas com a opressão, alguém que vá “dividir o butim” com George Soros etc. etc. Assim poderemos constatar se o manipulador apontado tem mesmo tanto poder quanto se alardeia nos domínios do condado.


    5) Os extremismos libertários nos levarão à catástrofe?
    Precisamos responder a essa pergunta para aplainarmos o terreno no qual os exemplos do Conde serão analisados. Qualquer um que esteja disposto a discutir honestamente há de concordar com o Conde quando ele afirma que estão sim ocorrendo extremismos por parte das minorias. Inclusive algumas reivindicações cretinas estão obtendo aderência social suficiente para serem chanceladas pelo Estado. Mas a questão aqui é: esses extremismos são permanentes e têm tão grande poder destruidor?
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  8. Minha resposta é negativa e aqui vão minhas razões. Quando uma minoria quer promover uma mudança social em seu benefício, é natural que ocorra um período de transição que vai desde o momento em que as ideias centrais defendidas começam a ganhar apoio social, passa pelo choque com a reação contrária, até pouco depois de serem implementadas e aceitas pela maioria. É justamente neste interregno que florescem os radicalismos, tanto dos que querem a mudança quanto dos que a repudiam. Há conflito de visões de mundo, surgem ideologias de superioridade, nascem as reivindicações que levam a ideia central a extremos, mas, com o tempo, a situação se estabiliza, os radicalismos se diluem, predominam as posições moderadas e depois, com novos direitos adquiridos, a sociedade volta ao estado de homeostase. Anos depois, a maioria das pessoas se espanta ao pensar em como era terrível a época em que não havia os novos direitos.

    A história está repleta de exemplos disso. Foi assim com as greves que visavam a consolidação dos primeiros direitos trabalhistas na Inglaterra na década de 1830. O mesmo se repetiu com o movimento Cartista, que visava obter direitos políticos iguais para todos os homens ingleses. No século XX também houve conflito e resistência na conquista do sufrágio feminino na maioria dos países ocidentais. No contexto da luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos, fundou-se o Black Panther Party, que em várias ocasiões pregava uma espécie de “nacionalismo negro”. Radicalismos e conflitos entre os polos opostos também foram vistos nos movimentos pelo fim do regime de Apartheid na África do Sul. Hoje, entretanto, todos esses radicalismos se desgastaram e nem é mais objeto de disputa se as mulheres devem ou não ter direitos políticos ou se deve ou não haver direitos trabalhistas, por exemplo. Os extremos foram polidos e o produto disso foi uma sociedade mais inclusiva em que predominam as posturas moderadas. Mas a postura em voga no condado de la Villanueva de moderada não tem coisa alguma! Há alarmismo, há previsões apocalípticas... um verdadeiro malthusianismo social que, conforme vimos e exemplificamos fartamente, não tem nenhuma razão de ser. Se o extremismo de alguns movimentos libertários é condenável, o extremismo conservador do Conde também o é. Quanto a mim, estou no meio deles, censurado por ambos e esperando tranquilamente que, conforme a história atesta, os nervosinhos encontrem a paz e a moderação exatamente onde eu já estou.


    6) Os excessos das minorias.
    Agora é hora de o Conde dar uma respirada, pois aqui teremos alguns pontos de concordância. Eu também creio e digo abertamente que certas reivindicações de grupos minoritários são ridículas. A primeira delas é o clamor para que se criem leis que penalizem os discursos religiosos ou aqueles que fizerem comentários racistas, machistas ou homofóbicos. Sou francamente favorável à tese de que cada um é livre para destruir a própria reputação como bem entender. Desde que não se faça incitações ao crime, o Estado não pode e nem deve agir como uma “polícia linguística” para perseguir aqueles que querem espalhar seus preconceitos pelo mundo. Para mim a única repressão aceitável para essas pessoas é a que vem de seus próprios semelhantes. Se algum beato conservador acha que homossexuais são criaturas abomináveis ou que a mulher deve obediência absoluta ao marido, tem o direito de dizer o que pensa abertamente, mas provavelmente será repudiado por uma sociedade que tem a mesma liberdade e que está se tornando cada vez mais cônscia de que esses preconceitos pertencem a uma época extinta. Também sou absolutamente contra as ideias de “dívida histórica” com negros e a política de cotas raciais, pois, como bem disse o Conde, trata-se de uma absurda chancela estatal para o tratamento diferenciado de pessoas por critério de cor. A concessão de milhares de hectares de terra para índios e quilombolas à revelia de outros ocupantes legítimos e da atividade econômica lá desenvolvida também reflete um exagero flagrante na minha concepção.
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  9. É preciso destacar, porém, que a postura moderada procura combater esses excessos e não todas as reivindicações das minorias. Como já vimos, o apoio aos excessos minoritários tem vida curta e é típico do período de transição que vivemos hoje. O Conde, entretanto, alardeia que eles vão se aprofundar e destruir a sociedade. Eu tenho vários exemplos históricos a meu favor e o Conde o que apresentou até aqui? Uma previsão alarmista e um conspiracionismo sem evidências satisfatórias. Façam as contas.


    7) Os excessos do Conde
    Vamos começar pela velha ladainha de “destruição da família”. Creio que o catastrofismo social tão popular no pensamento conservador é o que torna tão difícil para essa gente compreender que não se trata de retirar direitos de uma franca e incontestável maioria, e sim de concedê-los a uma parcela ínfima da população que ainda não os conquistou. O medo do Conde é o de que conceder o status jurídico de uma família tradicional a uma união de homossexuais vai nos levar a um futuro em que qualquer um poderá conseguir o mesmo. Será que o Conde realmente acredita num futuro em que um alcoólatra desempregado que mora com um gato perneta num barraco destelhado vai ter todo direito de adotar uma criança e ser reconhecido juridicamente como família? Ou o Conde começa a ser mais realista e cuidadoso com suas palavras ou não haverá como levar a sério suas previsões, pois já está sendo um sacrifício para mim não fazer piadas aqui. A coisa fica ainda mais estranha quando, paradoxalmente, o Conde critica o surgimento de mais conselhos tutelares quando é justamente um conselho ou órgão desse tipo que vai avaliar que famílias oferecem um ambiente saudável para a adoção de uma criança. Mas, para o Conde, só o fato de os adotantes serem homossexuais já não é “saudável” e eles não poderiam assumir a guarda de uma criança de dez anos que vive em um orfanato, por exemplo. Com dez anos, ela já é considerada “velha demais” pela maioria dos casais que querem adotar. Provavelmente ficará no orfanato até os dezoito, quando será enxotada para a rua para viver por sua conta e risco sem nunca ter tido, veja só, uma família! Não seria muito melhor se um casal de homossexuais, que nem por serem homossexuais deixaram de ter seus instintos parentais, a adotasse oito anos antes? Não para o Conde. Infelizmente a impressão que me fica é a que o Conde parece estar mais interessado na manutenção do confortável padrão familiar judaico-cristão do que propriamente no bem estar de crianças órfãs. E este é bem o caso de muitos conservadores que põem os parâmetros sociais nos quais se sentem seguros à frente do bem estar de outros indivíduos. E se eu estiver equivocado, basta que o Conde nos diga: no exemplo que apresentei, ele deixaria o casal homossexual adotar a criança ou a manteria no orfanato?

    Outro grande equívoco difundido pelo condado está expresso no seguinte trecho: —“Ora,o que as ONGs feministas propõem às mulheres? Que elas sejam estéreis, que a família é uma prisão, que o homem é um ser opressor e machista, que os filhos são um estorvo.”— Ou isso é uma aberta tentativa de exagerar para causar impacto, ou é puro descuido com as palavras. Primeiro que ninguém prega que as mulheres sejam estéreis, e sim que possam planejar e escolher em que momento da vida querem engravidar. Segundo que o se chama de “família prisão” não se aplica de modo algum a todas as famílias e sim àquelas com que o Conde provavelmente se identifica: em que o homem reina absoluto e a mulher tem pouca ou nenhuma voz para decidir seu futuro como mãe e como profissional. É apenas neste tipo de família em que o homem tem um papel opressor sobre a mulher, pois lhe nega o status de ser tão racional, tão consciente e tão responsável por suas decisões quanto ele. Terceiro que a ideia do “estorvo” dos filhos não é absoluta e sim relativa. É inegável que engravidar tem bastante influência na vida profissional e social de uma mulher, de modo que um filho pode ser visto como um “estorvo” neste sentido determinado, o que de modo algum implica em desamor ou negligência materna.
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  10. E é justamente o direito da mulher de decidir pelo momento em que quer engravidar que vai minimizar a impressão de “estorvo” filial. O estranho é que muitos conservadores são contra a impressão de “estorvo” filial, mas também são contra a liberdade reprodutiva da mulher! Ou seja, a solução perfeita é a mulher se conformar com o “papel que a natureza lhe deu”. A natureza? Vejamos a seguir.


    8) A “ultima ratio”.
    A maior parte da história da humanidade tem sido uma luta encarniçada com os fenômenos naturais que determinavam se haveria ou não comida, abrigo, em suma: boas condições de sobrevivência. O progresso científico e técnico das sociedades, especialmente depois da Revolução Industrial, limitou bastante a luta braçal com as forças naturais, que durante milênios moldaram a organização social de nossa espécie. Assim, fatores que davam suporte a toda uma distribuição de papeis e deveres sociais já não estão mais presentes hoje. Entretanto o paradigma social consolidado em nossas mentes muda muito mais lentamente do que o progresso científico e técnico, de modo que muitas instituições sociais e regras de conduta milenarmente aceitas por questões de ordem prática ainda estão presentes hoje, embora tenham perdido a razão de existirem em uma sociedade radicalmente diferente daquela em que surgiram e funcionaram. Nesta situação, cabe indagar o que é realmente natural: a manutenção de parâmetros anacrônicos ou o surgimento de outros parâmetros sociais que correspondam aos desafios e às condições encontradas hoje? É evidente que o surgimento de novos parâmetros é tanto natural quanto racional, pois é da natureza não apenas do homem, mas da própria vida adaptar-se às condições encontradas. E, no entanto, o Conde estufa o peito para dizer: “Um conservador não é um ideólogo, ele trabalha com questões práticas e da razão.” É mesmo?

    Percebo apenas dois motivos restantes para que se mantenham as mesmas regras e modelos sociais apesar de sua evidente defasagem: o medo de uma mudança que levará a um resultado desconhecido e o dogmatismo religioso. Nenhum deles é um bom argumento. A insistência em reafirmar a submissão feminina, a mania de fazer julgamentos e dar palpites sobre a vida sexual alheia não encontram nenhum amparo racional. Tanto a ideia de inferioridade feminina quanto boa parte dos princípios da moral judaico-cristã surgiram e eram coerentes em uma sociedade com leis fluidas, com um estado totalitário e instável, tradicionalmente paternalista, constantemente sujeita a guerras, de economia agrária e com o poder político de origem militar. Neste contexto social, é evidente que a força física tem um papel importantíssimo e que as mulheres têm um papel bem menos relevante que o dos homens. Mas eu pergunto: é o caso de hoje? Um código social que serviu numa época como essa tem muito de inadequado numa civilização moderna. O Conde, porém, acredita ferrenhamente que os valores dessa época, desde que refletidos no texto bíblico, tornam-se objetivamente corretos, universalmente válidos, perfeitos e imutáveis. Onde está a racionalidade disso? É este dogmatismo puro e simples que faz o Conde confundir liberdade sexual feminina com “promiscuidade e rebaixamento moral”. A moral judaico-cristã inclui uma série de preconceitos e reprovações de condutas que, na verdade, nada dizem sobre a dignidade de uma pessoa, mas refletem as necessidades sociais de uma época de há muito terminada. Pode-se demonstrar isso com uma pergunta muito simples: o que determina minha estatura moral é o número de pessoas com quem eu transo numa noite ou meu respeito pela liberdade e pelos outros direitos dos meus semelhantes? Deixo a pergunta para o Conde responder e justificar sua resposta.
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  11. 9) Conclusão.
    Eu havia me proposto a defender duas teses aqui: a de que a luta das minorias em busca de seus direitos é natural e a de que se trata de um processo socialmente desejável. Ao final da minha réplica, creio haver demonstrado que ambas permanecem solidamente de pé. Caso eu tenha interpretado erroneamente o texto de meu oponente ou não tenha abordado algum aspecto que ele julgue importante, peço a ele que chame atenção para o fato. Ressalto que comecei e terminarei este debate disposto a mudar radicalmente de opinião, tornar-me um conservador e correr para a igreja assim que me forem apresentados argumentos válidos e evidências suficientes. Só não espero uma postura semelhante da parte do Conde, pois o dogmatismo é imune à razão mais cristalina, o que não causará dificuldades para o debate, desde que o Conde admita quando apenas o lhe restar o dogma como sustento de suas convicções.

    Assim sendo, passo-lhe a palavra e despeço-me com os...

    cumprimentos do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz.
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    1. Não tenho a menor surpresa em observar que o Sr. Alex Luthor apela a inúmeros embustes para negar um elemento essencial: a realidade. É um vício comum, tanto dos liberais, como dos socialistas, adequar a realidade em torno de premissas ideais, ao invés de formar essas premissas a partir da dinâmica da própria realidade. Quando a realidade não agrada, o relativismo é a solução velhaca. Claro, no âmbito do relativismo, é possível adequar qualquer solução hipotética e subjetivista. Os libertários são essencialmente inofensivos à onda da esquerda. Vejamos:
      FALÁCIA N. 1
      Alex Luthor apela a um reducionismo da realidade ao começar sua réplica com as seguintes palavras:

      “Ao que parece, basta que alguém receba o apoio de esquerdistas para que o Conde lhe atribua os mesmo objetivos de uma agenda marxista. Eu, entretanto, não vejo nexo causal aqui. Fábricas de cosméticos apoiam a libertação sexual feminina porque veem uma possibilidade de expansão de mercado. Isso transforma as feministas em vendedoras da Natura? Não. A Natura quer vender cosméticos e as feministas querem modificar percepção social sobre sua sexualidade. O PT, por exemplo, apoia as reivindicações de minorias porque busca eleitores e essas minorias não encontram representação política em partidos de direita. Isso faz com que integrantes de minorias tenham os mesmo interesses e aspirações do PT? Não. Petistas querem votos e minorias querem seus direitos. Se esses interesses se cruzam em algum aspecto, tanto melhor para ambos.”


      Achar que o PT apóia as reivindicações das minorias pra apenas ganhar voto é simplesmente ignorar a natureza revolucionária e subversiva do Partido dos Trabalhadores, cujas intenções de poder vão além do mero expediente democrático das eleições. Como já expus aqui, a própria “reivindicação das minorias” não é um “processo natural” ou “espontâneo”, mas produto de uma articulação bem estruturada de engenharia social, com a intenção deliberada de desestabilizar a sociedade civil e expandir a burocracia estatal. Essa articulação envolve toda uma ideologia de dominação e inversão completa da vida civil e política, além da lenta e gradual destruição da democracia e das liberdades civis. Se os idiotas úteis das minorias se sentem beneficiados com tal projeto, o fato é que as ambições de quem os financiam ou lideram é bem maior. Ora, uma classe política pode prometer pão e circo para uma população pobre, com ambições muito mais desmedidas do que aqueles que se contentam com farelos.

      Não sei de onde o Sr. Luthor extraiu a idéia de que financiar liberação sexual das mulheres as levariam a comprar perfumes. Contudo, o mero fato de uma empresa financiar algo que é ruim, só para fins de lucro, já implicaria uma condenação moral severa a essas ações.

      Aliás, o próprio conceito de “minoria” é algo fabricado ideologicamente. Até então, ser mulher, negro, indígena ou homossexual não dava direitos especiais a estes grupos. Pelo contrário, reivindica-se o que simplesmente já existe. As mulheres já conseguiram uma boa parte do mercado de trabalho e os salários estão equiparados em muitas profissões. Os negros, indígenas e homossexuais vivem sob as mesmas leis aplicadas a heteros, com todos os direitos civis e políticos reconhecidos. Por que agora, do nada, estes grupos criminalizam parte da sociedade pelo suposto “prejuízo” aos seus direitos?

      Mas será mesmo que esse apelo político das esquerdas em favor das minorias seja realmente bom para elas? 
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    2. Eis a bobagem de Alex Luthor:

      “Assim, onde o Conde vê uma mancomunação secreta e destrutiva está apenas a ordem natural das coisas. O apoio político da esquerda é bom para as minorias e talvez seja o único que elas podem conseguir, mas será isso necessário para que elas ajam em busca de seus objetivos?”
      Primeiramente, não há mancomunação secreta alguma em afirmar que os movimentos de minorias são financiados por ongs, grupos políticos e entidades ideológicas extremamente influentes e poderosas. Quanto à “ordem natural das coisas”, será mesmo natural que as “minorias” tão alegadas por estes movimentos não se sintam nem um pouco representadas? Com certeza a maioria das mulheres é contra o aborto ou simplesmente detesta a “Marcha das vadias”. A maioria quer casar e ter filhos. Ama seus namorados e maridos.
      A fraude não termina por aí. É comum o movimento feminista declarar que haja um milhão de abortos no Brasil. O problema é que esses dados também são forjados. Nos Eua foi a mesma coisa. Alegava-se um numero exorbitante de abortos e era necessário legaliza-lo. Desde à sua liberalização, em 1973, nos Eua já se praticaram cerca de 40 milhões de abortos no país. Um verdadeiro matadouro de crianças. Ou seja, o feminismo esquerdista transforma as mulheres em assassinas de seus próprios filhos.
      O feminismo enragès pregado pelas esquerdas condiz com que as mulheres desejam? A resposta é não. Por acaso a maioria dos negros brasileiros se sente representada pelo movimento negro? A resposta também é não. A maioria dos negros brasileiros é mestiça de brancos e índios. Tem algum parente, primo ou cônjuge de outra cor. Aliás, a maioria da população brasileira não tem a menor idéia do que seja uma raça. E, no entanto, o movimento negro instaura, seja por conchavos políticos, seja através de bilhões de dólares de ongs americanas, a ideologia da raça, a segregação e a discriminação racial contra uma população mestiça.
      Vou mais além. A maioria dos gays não se sente representada pelo movimento LGBT. E por quê? A maioria dos homossexuais não quer saber de política. Não quer hostilizar a família tradicional e a religião. Pelo contrário, eles também são ligados às suas famílias, possuem contato com as igrejas e seguem uma referência tradicional, ainda que suas vidas não sejam exemplos morais. Contudo, o que o movimento gay faz? Fabrica estatísticas maquiadas, impõe a ideologia gayzista nas escolas e universidades e quer, ainda, mandar pra cadeia quem discordar de suas políticas de intoxicação ideológica. Os movimentos homossexuais pregam que cerca de 300 homossexuais morrem por ano, no Brasil. O que eles ignoram é que se mata, no país, cerca de 60 mil pessoas por ano. Ademais, a maioria dos casos de mortes envolvendo homossexuais está relacionada ao submundo gay, à prostituição, a garotos de programa e à briga de amantes. São raríssimos os casos de assassinato envolvendo ódio a homossexuais. Na falta da tal “homofobia”, é preciso inventá-la, fabricá-la e até alimentá-la. 
      Excluir
    3. E o que as esquerdas pregam? Que a rejeição ao homossexualismo seja criminalizada. Que o Cristianismo seja banido da vida pública. Que padres e pastores que preguem julgamentos morais críticos do homossexualismo sejam presos. Alguém por acaso já viu algum indivíduo minimamente sensato sair da Igreja pra matar gays? Obviamente que não. E, no entanto, as esquerdas direcionam toda a culpa da criminalidade contra homossexuais aos cristãos. Elas querem tirar nossa liberdade sexual de rejeitar a conduta homossexual. Querem que a homossexualidade seja aceita compulsoriamente. E o Sr. Alex Luthor diz que a reivindicação das minorias seja sinônima de “liberdade” ou uma “ordem natural das coisas”? Que piada! Se o que ele entende por “ordem natural” seja um emaranhado de fraudes estatísticas, de propaganda massiva de desinformação e simplesmente a criminalização de grupos idôneos honestos e inocentes como os cristãos, eu digo que seu conceito moral é muito duvidoso, pra dizer o mínimo. Quando a democracia se torna palco desses expedientes fraudulentos, já é hora de se questionar se o nosso sistema político está realmente atingindo seus fins de acordo com o bem comum.

      FALÁCIA N.2

      Alex Luthor parece negar as influências danosas destes movimentos através de uma retórica hipotética da democracia e da liberdade e não seu dado real, que é a sua desestruturação. Vamos lá:

      “Da mesma forma, muitos conservadores estão se sentindo relegados à condição de minoria estigmatizada e já começaram a utilizar suas liberdades para se fazerem ouvidos pela sociedade. Se o Conde apregoa que um manipulador é necessário para induzir a busca por reconhecimento social, como fica a situação do próprio Conde? Ele está sendo manipulado por quem? Olavo de Carvalho? Assim, julgo ter demonstrado que a presença de um manipulador é pelo menos desnecessária para que as minorias lutem por seus direitos, ou seja, o processo ocorreria de forma natural sem o suposto conspirador. Se assim não for, cabe ao Conde contestar o que eu disse acima.”

      Primeiramente, há uma distinção óbvia entre expressar ou divulgar anseios realmente legítimos, representativos, baseados na integridade intelectual e moral do que se divulga, em comparação a determinados movimentos que usam da manipulação da opinião pública, da fraude, da intimidação psicológica, visando o caos, para destruir a democracia e as liberdades civis e políticas. Já expliquei na minha explanação anterior como esse processo funciona. E até agora, Alex Luthor insiste na tolice de achar que os movimentos de minorias nascem espontaneamente de árvores ou são realmente “populares”. Na prática, esses movimentos são gerenciados por oligarquias muito poderosas. Oligarquias políticas e econômicas que, sob o pretexto da defesa de grupos desfavorecidos, querem mais poder, mais Estado, mais burocracia, mais destruição da liberdade. Não é mera questão de conspirar. Essa conspiração, de fato, existe e é bem articulada. Partidos revolucionários como o PT, o PC do B e até o PSDB têm uma agenda pronta e acabada para aplicá-la, à revelia da sociedade, com o apoio de ongs bilionárias e entidades internacionais, como a ONU, dado um exemplo. Bastaria pesquisar os documentos e o que eles dizem e pregam. E já demonstrei aqui suas origens. O Luthor enrola, esperneia, distorce a realidade, mas não consegue refutar cada ponto meu. Vamos detonar mais sofismas?
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    4. FALÁCIA N.3
      Alex Luthor não consegue refutar minha explanação sobre o poder das fundações e sua influência, no que diz respeito aos chamados “movimentos de minorias”. Tampouco consegue refutar o fato óbvio de que as esquerdas, longe de serem populares, são oligarquias bem elitistas e bem financiadas pelas pessoas mais poderosas do planeta. Vamos lá:

      “Já retiramos as minorias da lista de réus no tribunal do Conde. Mas demonstrar que o manipulador marxista é desnecessário não significa postular que ele não exista ou ainda que não tenha a força subversiva que o Conde lhe atribui, afinal os objetivos das minorias podem, em alguma medida, ser vantajosos para o tal manipulador. Mas antes de investigarmos quem é o bicho de sete cabeças propriamente dito, vamos refletir sobre aqueles que o Conde afirma serem seus apoiadores, a saber, “movimentos anti-democráticos de esquerda”, “regimes totalitários” e “magnatas ricos do ocidente.
      Não há nada de estranho em que algum movimento de esquerda, democrático ou não, busque atingir um sonho cor-de-rosa socialista, afinal esta é sua finalidade declarada. Também já vimos que o apoio eventualmente concedido a minorias é uma associação perfeitamente natural entre os que buscam apoio popular e as que querem representação política. Mas e quanto aos “regimes totalitários”? O Conde não citou exemplos, mas imagino que ele esteja se referindo a estados socialistas e não à Síria ou ao Irã, pois nunca tive notícia de regimes islâmicos financiando feministas. Fiquemos então com totalitários de esquerda”.

      Até agora Alex Luthor não conseguiu tirar do meu tribunal a culpabilidade dos movimentos de minorias no processo de subversão do Estado democrático. O máximo que ele faz é usar um argumento sofístico engraçado, o da ignorância: eu não conheço os fatos, logo, eles não existem. Mas neste trecho, Luthor se contradiz e nega a premissa inicial de seu argumento: a de que a existência de ativistas das minorias é prova cabal da expansão das liberdades no processo democrático. Ora, se grupelhos de esquerda, que são inimigos das liberdades e da democracia, tornam-se mais poderosos por conta do uso de uma bandeira política, onde está aqui o ganho da liberdade como um todo? Como já foi demonstrado aqui, a consequência lógica da alardeada “expansão dos direitos” das minorias implica também a expansão de uma gigantesca burocracia estatal no intento de paparicá-las. Ora, isso é método socialista como qualquer outro e não me surpreenda que os socialistas queiram mais Estado, ou melhor dizendo, o sonho-cor-de-rosa! Resta o Sr. Luthor nos provar onde as liberdades realmente aumentaram com toda a agenda politicamente correta pregada pelas esquerdas. A resposta é simplesmente nula.
      Vamos agora aos Estados socialistas. O movimento socialista não dá a mínima para as minorias. Como prega uma ideologia coletivista, basta que tenham o poder absoluto pra dar cabo dos idiotas úteis que os apoiam. Isso é perfeitamente explicado pelo fato de que os socialistas são mestres em promessas vazias e cheques sem fundos pra todo mundo. No sistema democrático, se as minorias podem desestabilizar moralmente a democracia, melhor pra eles. No sistema totalitário, eles fuzilam as minorias. Isso nada mais é do que uma estratégia leninista clássica, maquiavélica, onde os grupelhos socialistas manipulam as circunstâncias, visando ter mais poder e controle social. 
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    5. Se o Sr. Luthor quer “provar” a expansão das liberdades, então por que será que o movimento gay criminaliza cristãos inocentes, enquanto silencia a respeito das execuções de gays nos países islâmicos, em particular, o Irã? A explicação é bem simples. Para os socialistas, as minorias são apenas peões de um jogo de conquista do poder. Pouco importa se os ativistas acham que vão conquistar alguma coisa. O que vai prevalecer são os interesses de quem os lidera. E esses interesses são bem ambiciosos, em matéria de poder. Eles querem o poder total.

      Ora, se os ativistas das minorias promovem regimes totalitários em nossa democracia, onde está a tal “liberdade”? Não está. Está apenas o caos.
      Mas Luthor teima em relativizar a realidade:

      “Mas Sua Graça, o Conde, é dado a conspirações espetaculosas e pretende pôr Cuba, o PT e as minorias num mesmo saco e atribuir-lhes um plano de conquista mundial que só se vê em filmes do Austin Powers. Onde o Conde vê uma gigantesca conspiração, eu, ingênuo que sou, vejo a pura e simples safadeza dos acordos políticos nacionais. No mais, os regimes totalitários de esquerda que temos hoje nem conseguem alimentar sua própria população!”

      Lamento, eu não sou dado a “conspirações espetaculosas”. Na verdade, essas conspirações espetaculosas existem. Se não estudarmos com afinco o problema, acharemos realmente que seja fantasia. Mas não é. Basta estudar. Ademais, desde quando alimentar ou não um povo prova a fraqueza de um governo? A China de Mao Tse Tung matou 30 milhões de pessoas de fome, mas já tinha um formidável exercito e bombas atômicas. A União Soviética de Stálin matou 20 milhões de pessoas, quase metade destas, de fome, e nem por isso deixou de se tornar uma potência militar. Vou mais longe. Que acordo político nacional ou internacional faz com que sustentemos uma ditadura falida como Cuba ou apoiemos a Venezuela famélica? A resposta é simplesmente ideológica. O projeto da esquerda mundial é a criação de um governo global, com uma cultura global politicamente correta e socialista. Isso é tão óbvio e tão elementar, que só alguém que desconheça e não estude nada sobre o assunto ainda ache isso irrelevante. Bastaria ler Marx.

      Aliás, a subversão ideológica nos países democráticos foi financiada massivamente pela União Soviética. Desde a expansão do consumo de drogas até a liberação sexual permissiva, todas essas políticas tiveram uma forcinha da ditadura soviética, com a colaboração alegre da esquerda cultural. E qual a intenção? Enfraquecer moralmente o ocidente, enquanto o Estado soviético implantava uma disciplina férrea e militarizada em seu povo. E isso não é teoria da conspiração. Há milhares de trabalhos sobre este assunto. Lenin já dizia abertamente que pra desmoralizar os inimigos, é preciso se infiltrar nas associações deles, desmoralizar seus líderes, perverter moralmente a sociedade pra miná-la. E os ativistas gays, feministas, negros, etc, estão comprometidos com essa finalidade. Libertários são aquilo que os comunistas chamariam de idiotas úteis. 
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    6. FALÁCIA N. 4
      Alex Luthor trata ingenuamente as fundações americanas como meras entidades filantrópicas e não como agentes de subversão ideológica:

      “Mas a lista de réus ainda não acabou. Falta analisarmos o papel dos “grandes capitalistas do ocidente”. Segundo o Conde, algumas das pessoas que mais enriqueceram com o Capitalismo estão conspirando para destruí-lo junto com toda a sociedade ocidental, na esperança de, nas palavras do Conde, “participar do butim”, junto com uma corriola de socialistas maltrapilhos que há de um dia dominar o mundo! (e eu sou o ingênuo aqui, ok?) Raras vezes tive a oportunidade de pôr meus olhos em uma alegação tão extraordinária! E onde estão as evidências extraordinárias que a suportam? George Soros e as fundações Ford e MacArthur, entre várias outras atividades, concedem bolsas de estudo para universitários, têm programas de construção de moradias, patrocinam projetos artísticos, realizam missões médicas em países africanos, apoiam projetos de educação, preservação ambiental e saneamento em países do terceiro mundo e, sim, financiam vários movimentos que buscam o reconhecimento dos direitos de minorias. Mas será que isso é uma primorosa evidência para dar suporte à incrível acusação que faz o Conde? Não creio”.

      Atualmente, o Congresso Nacional está num impasse. Há um tratado da ONU, de reconhecimento das “nações indígenas”, que se for aprovado, pode ameaçar a soberania nacional. Grandes extensões de terras serão simplesmente repassadas a estas tribos, à revelia dos cidadãos brasileiros. Por outro lado, milhares de brasileiros já foram expulsos de suas terras, por conta do movimento indigenista. O exemplo mais grotesco se chama Raposa Serra do Sol, no Estado de Roraima, onde milhares de arrozeiros foram expulsos de suas terras e onde a segunda maior plantação de arroz do Brasil foi simplesmente destruída. Quem arquitetou a articulação de expulsão dos arrozeiros? O CIMI, Conselho Indigenista Missionário, financiado pela Fundação Ford. Através de laudos fraudulentos sobre tribos indígenas inexistentes e com o apoio do governo federal, confiscaram-se as terras dos proprietários e empobreceram uma região outrora rica. O Sr. Alex Luthor acha que os índios são realmente representados por essas ongs? Na verdade, até os índios foram embora. Só ficaram lá os índios fabricados por ongs, que querem viver às custas do governo e do CIMI. O mesmo processo ocorre no sul do Mato Grosso. Milhares de brasileiros têm suas terras confiscadas e os índios fabricados pelas ongs controlam as terras, sob a batuta do CIMI. Alguém acha que os agentes da Fundação Ford fazem isso por caridade aos índios? Ou porque querem desestabilizar o país, criando reservas que podem ser desnacionalizadas? Lembremos que essas terras são ricas em minérios e terras aráveis.

      O Sr. Luthor também poderia me explicar por que a Fundação Rockefeller financiou o projeto de eugenia, tanto nos Eua, como na Europa, com a criação da leis racistas em vários estados norte-americanos? Será que ele me explica por que esta mesma fundação financiou todo o projeto de eugenia nazista? Ele também poderia me explicar o relatório do sexólogo charlatão Alfred Kinsey, que dentre outras pérolas, pregava a liberação até da pedofilia? E quem deu o dinheiro? Os Rockefellers.

      Mas não custa ir mais além. Vemos aquela palhaçada do FSM, onde esquerdistas contrapõem a conferência de Davos, dos grandes capitalistas do planeta. Mas a pergunta que não quer calar é: quem paga o FSM? Os mesmíssimos conferencistas de Davos! George Soros, Fundação Ford, Rockefeller, etc. Soros, inclusive, tem uma ong chamada ATTACC, que pregam a tributação de transações financeiras mundiais. E aí entra outro questionamento: quem cobrará um tributo internacional? Simples: um governo mundial! Se o Sr. Luthor acha que os capitalistas são caridosos financiando os socialistas, confesso, esse rapaz é de uma ingenuidade sem par. Contudo, a ingenuidade é linda nas crianças, mas feia para os adultos. 
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    7. FALÁCIA N. 5
      Vamos à última falácia:

      “Primeiro é preciso deixar claro que, sim, há vários teóricos e filósofos marxistas que discorreram sobre esse tema de forma explícita, coisa que qualquer um pode constatar. O que eu percebo, porém, é que o Conde superestima a pertinência, o alcance e até mesmo a aplicabilidade desses métodos, a começar pelo de Gramsci. Este comunista italiano viu-se na desagradável situação de ser um propagandista do marxismo em um regime fascista e acabou, como era de se esperar, metido numa prisão onde escreveu a maior parte de sua obra. Suas ideias consistem, basicamente, em estratégias para difundir discretamente ideais marxistas na cultura popular de uma sociedade capitalista com um regime de viés autoritário, tal como o da Itália de Mussolini, pois em tal ambiente político, declarar-se comunista resultava em prisão. Tendo isso em mente, muito do que Gramsci disse não tem aplicação imediata numa sociedade livre e democrática em que qualquer um pode declarar-se comunista e difundir suas ideias sem receio de sofrer perseguições estatais. “

      É aí que está. É justamente o contrário. Numa sociedade democrática, os totalitários têm plena liberdade de pregar suas idéias anti-democráticas, sob a proteção de nossas leis. Vou mais além. Eles não somente têm a liberdade de intoxicar ideologicamente nossa sociedade através da propaganda, da desinformação em massa e da organização de grupos preparados para destruir o sistema democrático. Ou seja, os totalitários aproveitam das liberdades democráticas para destruir a democracia e também as liberdades. Percebe-se aqui que o Sr. Luthor não entende nada de Gramsci ou de táticas de tomada do poder. Tudo o que ele faz é se prender ao consolo de uma retórica vazia.
      Mas já que Luthor diz que superestimo o poder da Escola de Frankfurt e de Antonio Gramsci, vamos aos fatos: quando as minorias pregam a luta de classes, de raças, de índios e negros contra brancos, de homossexuais contra heteros ou contra cristãos, de mulheres contra homens ou de pais contra filhos, Frankfurt está sendo aplicada literalmente, sob várias esferas de ações, no sentido de gerar o conflito e o caso. É a dialética revolucionária sendo espalhada sob vários setores da sociedade. Quando se vê a educação pública como um instrumento de doutrinação comunista descarada, quando se vê o controle quase absoluto da ideologia politicamente correta nos jornais, na TV e até nas novelas, sem contar universidades, centros culturais e até expressões do imaginário, isso é o que Gramsci, através da conquista de espaços, chamada “revolução passiva”, denominaria “hegemonia”.
      Não precisamos ir muito longe. Nos protestos de rua de 2013, a população indignada foi às ruas exigir o que? Exigir mais regalias, mais Estado, mais burocracia, mais paparico estatal, em suma, mais socialismo. Não é espantoso que o povo faça oposição ao governo, repetindo toda a propaganda ideológica governamental? Isso é a hegemonia ideológica esquerdista tão apregoada pelos gramscianos.
      Não deixa de ser engraçada a explanação de Luthor: o país está cultural e politicamente dominado pelos esquerdistas, a dita “oposição política” é quase toda esquerdista e a América Latina está toda controlada por eles, e o coitado acredita que vivenciamos um processo democrático “natural”. Deve ser “natural” o Foro de São Paulo ser onipresente num continente inteiro! Tadinho!
      Alex Luthor ainda é mais ingênuo em acreditar que a mudança do paradigma familiar não vai afetar a estrutura moral e ética da sociedade. Na prática, ele pensa como os socialistas. A família, para ele, é apenas uma convenção que pode ser modificada, conforme os caprichos políticos de grupos articulados. 
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    8. Ele entra em contradição nos seguintes termos:
      “O medo do Conde é o de que conceder o status jurídico de uma família tradicional a uma união de homossexuais vai nos levar a um futuro em que qualquer um poderá conseguir o mesmo. Será que o Conde realmente acredita num futuro em que um alcoólatra desempregado que mora com um gato perneta num barraco destelhado vai ter todo direito de adotar uma criança e ser reconhecido juridicamente como família?”
      Se o Sr. Luthor fosse menos palpiteiro e mais instruído sobre o assunto, o que não é o caso, saberia que hoje há vários tipos de grupos reivindicando “direitos de família”. Agora se inventou o “casamento poliafetivo”. Nos Estados Unidos, três mulheres reivindicaram ser uma “família”, com direito a adotar filhos. No Brasil, dois homens podem reivindicar serem pais, suprimindo a figura da mãe na filiação da criança. O que impede que um alcóolatra num barraco destelhado possa adotar crianças, se já existem casos bem piores? A destruição do padrão familiar vai gerar inúmeras arbitrariedades, já que quem dita o que é “família” para nós não é a realidade ou a natureza, mas a engenharia social dos ativistas e do Estado. Luthor vê a família apenas como um provedor econômico, e não como um símbolo moral, formador do indivíduo. Mas o que poderemos esperar de papeis promíscuos dos pais, modelos homossexuais de família ou mesmo a destruição da figura do pai e da mãe na formação das crianças?
      Não vou longe. A próxima bandeira do ativismo homossexual será a da pedofilia, a do sexo entre crianças e adultos. Creio que o Sr. Luthor vai rir com ceticismo. Paciência. Se ele ignora o básico do que significa “ideologia de gênero”, eu é que não vou explicar aqui, porque seria cansativo.
      Conclusões
      Até o dado momento, Luthor não refutou uma linha sequer dos meus pontos. Enrolou, distorceu, negou fatos e suas conclusões não chegaram a lugar algum. Da próxima vez, espero que ele apresente fatos e não premissas libertárias hipotéticas e inverossímeis.

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    9. No próximo post, vou refutar as bobagens de Luthor acerca do conservadorismo, que ele faz questão de rotular e estereotipar com clichês típicos da esquerda.
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  12. Liberdades e Direitos das Minorias

    TRÉPLICA


    Este debate ainda está na metade, mas parece que minha réplica foi letal. Tracei um raciocínio linear distribuído em 9 tópicos nos quais as alegações do Conde foram rebatidas uma a uma, com clareza e de forma sequencial de modo que, a cada ideia que ia sendo abatida, abria-se um caminho para que o Conde pudesse reagir e se manter vivo no debate. Fui preciso, lógico e honesto esperando ser retribuído na mesma moeda. Em vez disso fui ignorado em muitos pontos e em outros apenas encontrei reafirmações de ideias que contestei criteriosamente. Pouca reação e muito papo furado. Parece-me que já terminaram os argumentos do Conde e começaram as contorções de um orgulho agonizante. O que vem a seguir é uma demonstração cabal disso.


    1) Porque a esquerda apoia as minorias?
    Fato: partidos de esquerda apoiam minorias. Eu estabeleci uma relação clara entre partidos que buscam apoio popular e minorias que buscam representação política, de modo a demonstrar que a associação entre ambos é perfeitamente natural. Diante disso, que faz o Conde? Reafirma sua teoria de que essa aliança é parte de um plano de dominação marxista. Estamos num impasse em que de um lado há uma explicação natural e de outro há uma alegação espalhafatosa. A primeira hipótese é autossuficiente, a segunda necessita de sólidas evidências. Se o Conde as forneceu ou não é matéria para os próximos tópicos, mas antes de passarmos para eles convém apontar uma mudança notável em seu discurso. Nas Considerações Iniciais ele diz: —“A grande maioria dos movimentos de minorias, longe de expressarem defesa de direitos, quer na verdade, destruir as instituições sociais vigentes e expandir a burocracia.”— Mas em sua Réplica a coisa muda de figura: —“Se os idiotas úteis das minorias se sentem beneficiados com tal projeto, o fato é que as ambições de quem os financiam ou lideram é bem maior.”— Assim, as minorias perderam o papel de conspirador ativo e passaram a ser idiotas úteis vítimas da conspiração. Mudança radical! Ou o Conde não se expressou muito bem em uma dessas frases ou não está lá muito seguro do que diz.


    2) O apoio esquerdista é necessário?
    Outro impasse entre o evidente e o mirabolante. Minha explicação é cristalina e autossuficiente: se um ente deseja um objeto e pode consegui-lo, não é necessário que ele seja manipulado para agir. Não é difícil de entender isso, mas o Conde insiste no contrário! Então teremos que facilitar ainda mais a explicação até que ele compreenda: Ponha um homem com sede na frente de um copo d’água. O que acontece? Quem acertar ganha o Prêmio Nobel. Por mais evidente que a questão nos pareça, o Conde mantém que é preciso que alguém manipule o sujeito para que ele sacie a própria sede. Como um segundo argumento, enquadrei o Conde em seu próprio raciocínio ao questioná-lo sobre quem manipula a minoria conservadora. Sua resposta é um primor de discurso autorreferenciado. Segundo ele, os conservadores são uma exceção que age sem precisar de manipulador e o motivo é que (vejam só) seus anseios são “realmente legítimos, representativos, baseados na integridade intelectual e moral do que se divulga”. Isso segundo os critérios... dele mesmo! Ora, as minorias também têm uma opinião de perfeita justiça e legitimidade daquilo que buscam. Por esta ótica de conservador caolho, o argumento fica assim reduzido: “minha reivindicação é legítima porque eu acho que ela é legítima!” Essa autorreferenciação primária me leva a perguntar: não seria muito mais honesto se o Conde me concedesse a razão aqui e admitisse que o apoio da esquerda às minorias é pelo menos desnecessário para que elas busquem pelos direitos de que se julgam merecedoras? Este não é sequer um ponto central na minha argumentação. Mas parece que o Conde sofre do mal dos debatedores orgulhosos, que acham que estarão perdendo se admitirem um equívoco banal. Não percebem que a teimosia não vai cobri-los de razão e sim de ridículo. Então, paciência!
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  13. 3) Quem são os apoiadores do conspirador?
    Novamente estamos reduzidos a escolher entre uma hipótese natural e observável e outra espalhafatosa e carente de evidências sérias. O primeiro apoiador sobre o qual refletimos foram os regimes totalitários de esquerda. Citei o exemplo do apoio de Cuba ao PT, no qual verificamos uma natural troca de favores entre simpatizantes ideológicos. Como resposta, não obtive nenhuma evidência, mas apenas uma reafirmação da conspiração. Também apontei o fracasso e a decadência visível dos regimes de viés marxista que sobraram no mundo. A essa constatação clara o Conde reagiu tentando atribuir força aos regimes falidos de Cuba, Venezuela e Coreia do Norte. Seu argumento é que as grandes fomes que atingiram a União Soviética e a China não as impediram de se tornarem potências militares. Pois é... Então vejamos o que aconteceu com elas.

    A União Soviética direcionava uma parcela exorbitante de seu PIB para a indústria bélica e para o gigantesco aparato de defesa, mas não tinha uma economia de livre mercado capaz de transferir a avançada tecnologia militar para a área civil. Isso comprometeu a produtividade de sua economia e colocou o grande império vermelho numa situação em que precisava gastar cada vez mais para competir militarmente com os rivais ocidentais enquanto a geração de riqueza de sua economia planificada avançava a paço de tartaruga. O resultado dessa equação é bem conhecido. Com o fim da União Soviética, o primeiro PIB contabilizado da Rússia, em 1992, foi de US$ 85,6 bilhões. Alguém arrisca qual foi o do Brasil no mesmo ano? Nada menos que US$ 390,6 bilhões, quatro vezes e meia maior (fonte: FMI). Hoje temos uma Rússia autoritária sob a mão férrea de Vladimir Putin, mas com uma economia capitalista, integrada e dependente do comércio internacional e cujo PIB é quase o mesmo que o do Brasil. E quanto à China? Depois da morte de Mao, Deng Xiaoping fez amplas reformas na economia e instituiu as famosas zonas econômicas especiais, em que os preceitos marxistas de economia foram mandados para a p.q.p. em prol de um pragmático e lucrativo mercado capitalista. O resultado é que a China nunca foi tão poderosa política, militar e economicamente quanto é hoje e está a caminho de se tornar a maior economia do mundo, superando os próprios EUA. Atualmente não há nada que o Partido Comunista Chinês mais aprecie do que o bom e velho livre mercado capitalista. E, no entanto, vemos o Sr. Conde alegar que marxistas escondidos debaixo da cama vão acabar com isso e dominar o mundo à revelia de nações tão poderosas como essas. Mais ainda: parece-me que o Conde acha que a própria China vai contribuir para o processo, destruindo o sistema político e econômico responsável por um dos períodos mais brilhantes de sua história! Incrível, não?

    Sobre o apoio dos grandes capitalistas do ocidente, o Conde, não sei se por descuido ou mau-caratismo, me atribui o seguinte delírio: —“Se o Sr. Luthor acha que os capitalistas são caridosos financiando os socialistas, confesso, esse rapaz é de uma ingenuidade sem par.”— Nunca disse isso e, se disse, mostre onde. O que falei foi que grandes empresas “notam uma crescente simpatia social pelos movimentos minoritários e os apoiam para conquistar prestígio social e a preferência do mercado consumidor”, ou seja, elas querem mais clientes, mais mercado, mais dinheiro. É uma proposição natural, constatável e autossuficiente. Já o Conde nos propõe que os capitalistas mais ricos do mundo querem destruir a fonte de suas riquezas para favorecer uma suposta revolução marxista que eles nunca verão. É uma hipótese mirabolante, obscura e até agora paupérrima em evidências. Mas nem por isso devemos descartá-la. A postura correta é dar chance para meu oponente evidenciar o que diz, embora ele insista em desperdiçá-las com argumentos que obedecem à mesma lógica psicodélica que já denunciei: “se você apoia minorias, então é manipulado por marxistas ou é você mesmo um dos conspiradores”.
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  14. Assim, apoiar o Fórum Social Mundial não transforma ninguém em um conspirador que objetiva destruir a cultura ocidental. Não gosto de ficar repisando o óbvio, mas é a precariedade dos argumentos do Conde que me obriga a fazer isso. Diante do Fórum Econômico Mundial de Davos, o FSM é brincadeira de criança! O primeiro reúne as mais poderosas empresas do mundo, que buscam estratégias para aumentar a integração entre os mercados, facilitar as transações comerciais internacionais, promover o liberalismo econômico e o estado mínimo, que não intervém na economia, mas apenas a regula, evitando artificialismos no mercado. Já o FSM é uma associação nanica de ONGs e outras instituições predominantemente civis contrárias ao neoliberalismo que buscam uma alternativa mais social ao processo de aprofundamento da Globalização. Aliás, buscavam! Em suas duas últimas edições já nem se fala mais em “combater” a Globalização em si, mas apenas em fazer com que ela ocorra de forma mais “socialmente justa”, para usar um termo deles, com maior distribuição de renda. Em 2012, tive a oportunidade de encontrar em um sinal de trânsito, um grupinho de filiados ao PCO (Partido da Causa Operária – anacrônico até no nome!) arrecadando dinheiro para custear a passagem de um deles para o FSM em Porto Alegre! Um bando de maltrapilhos metidos em suas camisas do Che Guevara a pedir esmolas... Mas o Conde entra em pânico diante desta gente! Pior: ele acusa não apenas o FSM, mas também as grandes empresas do fórum “rival”, de Davos. Em sua paranoia, inimigos figadais trabalham juntos para conquistar um mundo que já seria deles só pelo fato de se unirem! Como dar crédito? Como levar a sério? Estou apenas pedindo por evidências, mas o Conde quer que nos fiemos em suas palavras, o que, sinto dizer, está bem longe de ser suficiente para mim.

    Não satisfeito com as dificuldades em evidenciar a culpa dos réus que já havia apresentado, o Conde achou que seria uma ótima ideia aumentar ainda mais sua lista de acusados. Além do PT, agora estão envolvidos na trama também o PSDB e até mesmo a ONU... a ONU! Meu oponente parece não ter a menor noção de como funciona esse organismo. Todo o seu corpo de funcionários da sede em Nova York e espalhado por suas inúmeras agências agem de acordo com as deliberações dos representantes diplomáticos de todos os países na Assembleia Geral, do Secretário Geral eleito por ela e do Conselho de Segurança, seu órgão máximo. A ONU é, talvez, a organização mais multifacetada do mundo. Como é possível que a ONU em si seja uma organização revolucionária sem que a maioria absoluta dos países representados na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança também o seja? Se assim fosse, o mundo já seria predominantemente revolucionário e marxista e toda conspiração do Conde cairia na mais inútil redundância. Sem evidências e nem coerência, a sanha acusatória do Conde está adquirindo ares de delírio. E o PSDB? Na hipótese difundida pelo condado, ele trabalha junto com o PT como parte de um plano para dominar o mundo. Pobre de mim que, na minha ingenuidade, nem suspeitava que as eleições aqui são apenas de fachada e que, na verdade, Lula, Dilma, Aécio e Fernando Henrique se reúnem no porão do Palácio do Planalto para conspirar e jogar baralho... A lista de acusados vai aumentando e o ridículo de toda ideia cresce na mesma proporção. Mas que sei eu? Meu ceticismo é ingênuo!


    4) Quem é o conspirador?
    Mais uma decepção. Fui claro e direto. Sobre Lukacs, vimos e exemplificamos que a ideia de “consciência de classe” falhou miseravelmente para despeito dos próprios ideólogos petistas, como Marilena Chaui. Qual foi a reação do Conde? Um silêncio constrangedor. O mesmo silêncio serviu de resposta às minhas considerações sobre a Escola de Frankfurt, um grupo de marxistas tão consciente da falha das previsões de Marx que apregoam que a “classe trabalhadora” tem que ser convencida de que está sendo explorada. O único ponto em que houve uma estrebuchada do Conde foi sobre Gramsci.
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  15. Vimos que a existência da liberdade de expressão numa democracia contradiz todo o contexto social totalitário e fascista no qual as ideias de Gamsci foram criadas para funcionar. Vimos também que a conquista da hegemonia cultural pela “classe trabalhadora” não garante a conquista dos meios de produção, ponto central do marxismo. Sem se aventurar a me contestar de frente, o desorientado Conde vem me dizer que eu não entendo nada de Gramsci e pretende que os protestos que o correram em junho de 2013 são um exemplo do sucesso das ideias desse autor. Parece-me que o Conde não se lembra muito bem do que aconteceu naquelas manifestações. Entre as principais reivindicações dos manifestantes estavam: menor tarifa no transporte público, ou seja, menos dinheiro para o estado e suas subsidiárias; fim da Copa das Confederações e rejeição à Copa do Mundo, ou seja, menos política circense do estado; e repúdio à PEC37, ou seja, manutenção do poder do Ministério Público de investigar os malfeitos dos governantes, entre várias outras francamente opostas aos desígnios estatais. Além disso, havia um clamor generalizado contra a corrupção em Brasília. Alguns oportunistas do PT que resolveram desfraldar suas bandeirinhas vermelhas em São Paulo e no Rio foram hostilizados e literalmente escorraçados pela multidão e tiveram suas bandeiras arrancadas e queimadas. Mas, segundo o Conde, tudo isso está nos planos do PSDB... e do PT também! E o mais engraçado é que, quando cobro evidências para suas alegações, Sua Graça, o Conde se sai com argumentos deste naipe: —“E isso não é teoria da conspiração. Há milhares de trabalhos sobre este assunto.”— E sobre Astrologia? Também! Incrível, não?


    5) Os extremismos libertários nos levarão à catástrofe?
    Outra lavada seguida de um silêncio constrangedor. Expliquei criteriosamente o processo de surgimento e decadência de radicalismos em situações de mudança cultural e reivindicações de minorias. Embasei o que disse com vários exemplos históricos para constatarmos que os radicalismos que vemos hoje não são nem permanentes nem apocalípticos. Acontece que neste debate, eu tenho todo cuidado e consideração pelo meu oponente, preocupando-me em não deixar suas ideias e seus exemplos sem contestação, enquanto que ele nem de longe age com hombridade. Repete-se “ad nauseam”, acusa-me de sei lá quantas sandices e ignora tudo que não lhe é conveniente. A mim resta evidenciar a situação e torcer para que ele reaja de alguma forma, pois prefiro muito mais ter o que rebater do que ficar dando pauladas num oponente que não se movimenta.


    6) Os excessos das minorias.
    Boa parte da Réplica do Conde foi um repetição redundante de pontos sobre os quais não há sequer divergências entre nós. Fui expresso: há reivindicações ridículas de minorias. Com exceção, talvez, de alguns ajustes na Lei Maria da Penha, feministas e negros, no meu entender, não têm mais nenhum direito a ser expresso em lei no Brasil. Podem, quando muito, organizar-se para modificar a percepção da sociedade quando a eles e combater o que sobrou de preconceito na mentalidade social. Concordei com o absurdo das cotas raciais, concordei com o absurdo econômico e legal das enormes concessões de terras a índios e quilombolas, concordei até mesmo com o absurdo das reivindicações que visam suprimir legalmente a liberdade do discurso religioso. Todavia demonstrei que historicamente tais radicalismos são efêmeros e tive o ponto central do meu argumento ignorado. Se o Conde apenas repete-se a si mesmo, deve ser porque ele pensa que este é o único expediente que lhe restou. Mas nem nisso ele acerta! Seria muito mais honesto se ele dissesse algo como: “Ok. Eu não havia pensado nisso. Não tenho o que contrapor ao seu argumento, mas vou estudar o assunto porque ainda não estou totalmente convencido.”


    7) Os excessos do Conde.
    A pauta aqui é a temida “destruição da família”. Comecemos por ver outra sandice que o Conde me atribui: —“A família, para ele, é apenas uma convenção que pode ser modificada, conforme os caprichos políticos de grupos articulados.”— Não mesmo.
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  16. No item 8 da minha Réplica, intitulado a “ultima ratio”, expliquei detalhadamente que tipo de fenômeno tem força suficiente para agregar permanentemente o apoio social necessário para se modificar uma instituição tão básica e fundamental quanto a família. Não se trata de mera articulação e reivindicação, como o pensamento rasteiro do Sr. Conde faz supor. É preciso haver todo um contexto social favorável ao crescimento e à aceitação dessas reivindicações. Tal contexto está presente com relação à aceitação de uma família homossexual, pois uma sociedade industrializada, livre e com acesso à informação tende a abandonar regras e preconceitos outrora florescentes e até certo ponto coerentes em sociedades primitivas, mas que hoje se tornaram verdadeiros cacoetes mentais de origem dogmática que nada têm a ver com moralidade. E por falar em moralidade, o trecho a seguir dá uma boa ideia do paradigma moral proposto pelo Conde: —“No Brasil, dois homens podem reivindicar serem pais, suprimindo a figura da mãe na filiação da criança. O que impede que um alcoólatra num barraco destelhado possa adotar crianças, se já existem casos bem piores?”— Ou seja, na visão do Conde, dois homossexuais vivendo em união estável e que têm seus instintos parentais como os de qualquer pessoa são “bem piores” candidatos à adoção de uma criança do que um alcoólatra num barraco destelhado. Por quê? Ele não disse. E duvido que diga, pois diante da minha réplica só lhe sobrou o dogmatismo para agarrar-se. Fiz-lhe, inclusive, um desafio bem claro em meu exemplo de uma criança de dez anos em um orfanato. Sua resposta? Nenhuma. Numa situação em que ele tem que escolher entre seus preconceitos bíblicos e o bem estar de uma criança, seu silêncio é perturbador. E é este mesmo cidadão que diz eu vejo a família “apenas como um provedor econômico, e não como um símbolo moral, formador do indivíduo.” Vá entender!

    O segundo ponto deste tópico foi a liberdade sexual feminina, assunto em que mais uma vez um raciocínio claro e sistemático foi rebatido com... nada! Mas o Conde, pelo menos, tenta estrebuchar questionando-me sobre a relação entre Alfred Kinsey e a Fundação Rockefeller. Então vamos contestá-lo mais uma vez. Kinsey é considerado o pai da Sexologia. Seus trabalhos acadêmicos foram objeto de muita polêmica na década de 1950 pelas conclusões a que chegou sobre a sexualidade humana. Após a publicação do seu célebre relatório, em 1948, surgiram várias histórias acerca do comportamento sexual do próprio Kinsey, inclusive alegações de que ele era conivente com a pedofilia, que praticava sexo grupal, etc. etc. Muitos dos dados do seu relatório foram refutados ou corrigidos posteriormente por outros acadêmicos, e por ele mesmo, que admitiu abertamente a possibilidade de suas estatísticas não serem tão criteriosas ou de terem se tornado obsoletas. E onde entra a Fundação Rockefeller aqui? Eu não tinha essa informação e fui pesquisar. Resultado: em 1935, quando ainda era um obscuro professor de entomologia e 13 anos antes da publicação de seu bombástico relatório e das polêmicas sobre suas preferências sexuais, ele recebeu recursos da Fundação Rockefeller para fazer suas pesquisas. A pergunta é: o que o Conde quer provar com isso? Sua lógica parece ser a seguinte: a Fundação Rockefeller patrocinou os estudos de um sujeito que, 13 anos depois, foi acusado de ser pedófilo; logo, a fundação patrocina a pedofilia. Mais: a Fundação Rockefeller defende abertamente a eugenia; logo, quem recebe patrocínios dela também defende a mesma ideia. Mais ainda: a Fundação Rockefeller patrocina algumas organizações feministas, que também recebem apoio de grupos de esquerda; logo, a esquerda e as feministas defendem a pedofilia e a eugenia. Francamente! O que eu posso fazer diante disso? Se as relações de causalidade que o sujeito estabelece são deste nível, não faltará muito para que ele me aponte como conspirador e veja minha participação neste debate como uma ação revolucionária subversiva... e talvez eu tenha acabado de dar-lhe essa ideia inglória! 
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  17. 8) A “ultima ratio”.
    Quem voltar à minha Réplica e reler o está dito neste tópico perceberá que ele é de longe o ponto mais importante e profundo deste debate. Não por acaso, o Conde o ignorou completamente pela segunda vez. Aqui tivemos oportunidade de chegar à origem oculta de todas as convicções e preconceitos de muitos conservadores, sem mistérios, sem eufemismos ou tergiversações. E mais uma vez, diante de seu silêncio, resta-me apenas evidenciar a situação e repetir o desafio que lhe fiz para provar seu dogmatismo irracional: “o que determina minha estatura moral é o número de pessoas com quem eu transo numa noite ou meu respeito pela liberdade e pelos outros direitos dos meus semelhantes? Deixo a pergunta para o Conde responder e justificar sua resposta.” A experiência me diz que não devo ficar muito otimista...


    9) Conclusão.
    Nem é preciso dizer que, depois da participação capenga de Sua Graça, minhas teses permanecem na mesma situação em que as deixamos ao final da Réplica. Volto a dizer que meu oponente tem toda liberdade de me chamar à atenção, caso eu o tenha interpretado mal ou não tenha contemplado algo que ele considere importante. Para finalizar, gostaria de citar uma última frase do Conde e depois fazer um apelo à sua honestidade, que (quero muito crer nisso!) é mais real que a conspiração que ele denuncia. Eis a frase: —“ O máximo que ele faz é usar um argumento sofístico engraçado, o da ignorância: eu não conheço os fatos, logo, eles não existem.”— Nada disso. Minha lógica sempre foi: “eu não conheço as evidências; logo, mostre-as!” E ainda estou aqui esperando e plenamente preparado para mudar de opinião. Quero chamar a atenção para o fato de que minha próxima participação será a última no debate e que o Conde apenas terá sua Tréplica para se aventurar a me contestar de frente e obter uma resposta minha. Será que ele consegue? Espero que sim, mas se ele não conseguir, que tenha pelo menos a honestidade de admitir que não possui as evidências necessárias para isso. É muito mais nobre terminar um debate honestamente derrotado do que sair daqui não apenas vencido, mas também desmoralizado.


    Passo-lhe a palavra e despeço-me com os...

    cumprimentos do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz.
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    Respostas


    1. Até o dado momento, o Sr. Luthor não conseguiu comprovar o raciocínio essencial de seu argumento: a de que os supostos “direitos das minorias” são evidências da expansão das liberdades no sistema democrático. Até aqui comprovei o contrário. A de que as reivindicações das minorias têm natureza revolucionária e subversiva, e cuja finalidade é atacar as instituições morais e as relações humanas, destruindo-as e causando o caos. Na pior das circunstâncias, as suas reivindicações almejam uma maior expansão do Estado sobre a vida social.

      É preciso esclarecer aqui um sofisma muito comum, repetido ad nauseam por ele. A tentativa de estereotipar a palavra “conservadorismo”. Neste aspecto, Luthor em nada difere de um esquerdista panfletário, já que não critica o que o conservadorismo político significa na prática, mas a caricatura que se faz dele. Vejamos:

      “A maior parte da história da humanidade tem sido uma luta encarniçada com os fenômenos naturais que determinavam se haveria ou não comida, abrigo, em suma: boas condições de sobrevivência. O progresso científico e técnico das sociedades, especialmente depois da Revolução Industrial, limitou bastante a luta braçal com as forças naturais, que durante milênios moldaram a organização social de nossa espécie. Assim, fatores que davam suporte a toda uma distribuição de papeis e deveres sociais já não estão mais presentes hoje. Entretanto o paradigma social consolidado em nossas mentes muda muito mais lentamente do que o progresso científico e técnico, de modo que muitas instituições sociais e regras de conduta milenarmente aceitas por questões de ordem prática ainda estão presentes hoje, embora tenham perdido a razão de existirem em uma sociedade radicalmente diferente daquela em que surgiram e funcionaram. Nesta situação, cabe indagar o que é realmente natural: a manutenção de parâmetros anacrônicos ou o surgimento de outros parâmetros sociais que correspondam aos desafios e às condições encontradas hoje? É evidente que o surgimento de novos parâmetros é tanto natural quanto racional, pois é da natureza não apenas do homem, mas da própria vida adaptar-se às condições encontradas.”

      Resta o Sr. Luthor nos provar se a vida privada, a família ou o papel dos pais são elementos “anacrônicos” de uma sociedade, já que toda a revolução cultural que ele defende e diz ser uma “ordem natural”, na prática, visa culturalmente destruir o sistema familiar e de propriedade privada? Há uma clara confusão clara entre meios e fins, entre acidentes e essências. Embora a sociedade tenha mudanças, existem alguns elementos éticos e valorativos que não mudam essencialmente. Quando um conservador fala de uma “família natural”, ele não o afirma embasado em “dogmas religiosos” ou em algum tipo de alarmismo, mas sim como um dado natural da sociedade humana em toda sua história. Ora, toda família, sem exceção, surge de uma consumação sexual e biológica entre homem e mulher. E isso é universal. Logo, essa instituição deve ser protegida como fator base para a sociedade, para a moral e a para a civilização. Mas tudo o que o Sr. Luthor nos brinda é um verdadeiro culto das mudanças, uma ideologia do “progresso”, como se elas fossem benéficas por si mesmas. Contudo, ele não explica por quais motivações e princípios são gerados estas mudanças. Como quase todo pensamento revolucionário moderno, cultua-se o processo e não os caminhos pelos quais eles nos levam. Pouco importa se o processo for destrutivo ou prometer uma linda e alada sociedade maravilhosa com milhões de mortes. 
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    2. O importante é que o “processo” seja reconhecido como um determinismo natural. Toda a base de nossa civilização e de nossas criações literárias, artísticas, intelectuais, filosóficas e morais está na conservação, no resguardos de valores que, a despeito das mudanças, são permanentes e transcendentes. É nisto que o conservador defende e vê com certa praticidade. Ele defende o que foi vivido, experimentado, provado, seja pela prática ou pela razão e não acha que isso deva ser apagado por qualquer experimento social idealista e irreal. O que o Sr. Luthor nos propõe com as mudanças revolucionárias? Que destruamos o que é consagrado para substitui-lo pelo que é duvidoso e rebaixado na essência.
      Por outro lado, a primeira frase me parece bem perigosa: “A maior parte da história da humanidade tem sido uma luta encarniçada com os fenômenos naturais que determinavam se haveria ou não comida, abrigo, em suma: boas condições de sobrevivência”. Essas categorias simplórias de explicar a história humana pode ter uma grande força retórica, mas na prática, não querem dizer muita coisa. Já dizia o provérbio bíblico “não só de pão vive o homem”. . . Se trocássemos a frase de Luthor pela de Marx, diríamos: “A história da sociedade é a história da luta de classes”. Ou quem sabe algum nazista, que diria ser a história “uma luta de raças”, etc. Obviamente que a história humana não se reduz apenas em comer ou enfrentar a intempéries da natureza. Isso é apenas um detalhe. Percebe-se aqui que a luta contra os fenômenos naturais acaba por se tornar um “princípio histórico”, nas palavras de Luthor. Nada mais falso. A relação do homem com os fenômenos climáticos ou da terra é apenas um detalhe, dentre tantos, da complexa perspectiva humana.
      A construção de uma civilização não se baseou nestes princípios. A “luta contra a natureza” passou longe na perspectiva do grego, do romano ou do cristão medieval. Os princípios que buscavam eram mais elevados do que isso. Claro que não eram insensíveis à impiedade das carestias e doenças. Porém viam que a “ordem natural das coisas” não se resumia por aí. Havia um fundamento metafísico bem maior.
      “ E, no entanto, o Conde estufa o peito para dizer: “Um conservador não é um ideólogo, ele trabalha com questões práticas e da razão.” É mesmo?
      Percebo apenas dois motivos restantes para que se mantenham as mesmas regras e modelos sociais apesar de sua evidente defasagem: o medo de uma mudança que levará a um resultado desconhecido e o dogmatismo religioso.”
      Aqui, Luthor apela a uma mentirinha bem idiota pra desfazer-se do conservadorismo, a de que há um “dogmatismo religioso” por detrás dos princípios conservadores. Até agora não apelei a nenhum argumento religioso para justificar preceitos básicos da nossa civilização. Contudo, alguém, por acaso, questionaria o valor dos Dez Mandamentos por serem dogmas? Não matarás, não roubarás, não desejarás a mulher do próximo, honrar pai e mãe, dentre tantos princípios, são fundamentos gerais de qualquer sociedade minimamente saudável. Por incrível que pareça, eles são imutáveis. Ou experimentemos muda-los através da revoluçãozinha cultural capenga do Sr. Luthor e teremos uma sociedade destruída.
      A pergunta que não quer calar é: por que mudar para um resultado desconhecido? O Sr. Luthor é tão leviano a ponto de achar que a sociedade deve sacrificar o certo pelo duvidoso? Isto porque o resultado não é nem um pouco desconhecido. A “mudança” que ele e as ditas “minorias” propõe são destrutivas, vão levar a sociedade à ruína. Isso é muito óbvio. O mero fato de alguém levar a um fim desconhecido, a um fim que nem mesmo se sabe para destruir tudo o que é conhecido, demonstra um nível de leviandade moral e intelectual fora do comum. É estúpido, para dizer o mínimo. 
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    3. O que define o conservador não é a mera preservação de um dogma e sim o resguardo de todo um legado histórico civilizacional, que vai da fé cristã à cultura filosófica greco-romana, que compete toda a Tradição ocidental e influencia em nossa realidade politica da atualidade, com todos os ataques que sofre. A fé cristã como base moral, ética e religiosa (e por que não estética e literária?) e a filosofia grega e o direito romano como instrumentos práticos de compreensão da realidade. Esse casamento intelectual entre civilizações, que gerou a sociedade ocidental, é o fundamento real e histórico do conservadorismo político e cultural. Por um claro ódio patológico ao Cristianismo, são comuns os libertários e os socialistas quererem dissociar a filosofia grega e o direito romano da cultura cristã, demonstrando seu completo desconhecimento histórico sobre essa ligação profunda. Essa dissociação não significa amor pela filosofia grega ou pelo direito romano, mas sua deterioração. Tentem dissociar a filosofia grega do Cristianismo, e ela perderá sua importância. Tentem dissociar o direito romano do Cristianismo e voltaremos ao paganismo político mais extremo, como a idolatria da religião civil do Estado ou mesmo do imperador como deus. Não é surpreendente perceber que a cultura política moderna se assemelha ao paganismo, no seu pior sentido do termo? Não é espantoso que a filosofia moderna, com seu viés desconstrucionista, queira mesmo destruir os conceitos elementares da filosofia grega tradicional, guardada com tanto afinco pelos cristãos medievais?
      Outra questão: por que ainda lemos a bíblia, Aristóteles, Platão, Agostinho ou Santo Tomás de Aquino? É simples: porque suas proposições literárias, filosóficas, políticas e metafísicas são perenes, são temas atuais. E está bem longe da caricatura estereotipada dos conservadores, na visão do Sr. Luthor.
      Não vou aqui explicar a perspectiva conservadora ibérica e no que ela se dissocia do conservadorismo britânico, por exemplo. Seria cansativo e fugiríamos do tema principal, que é a relação da expansão dos direitos das minorias com as liberdades civis, políticas e a própria democracia. Talvez se o Sr. Luthor quiser passar menos vexame aqui, que tal buscar a filosofia clássica ou mesmo conservadores como Edmund Burke ou Russell Kirk, para entender o básico do conservadorismo inglês? Ou então, Miguel Ayuso e o conservadorismo ibérico, para deixar de falar tolices?

      “Nenhum deles é um bom argumento. A insistência em reafirmar a submissão feminina, a mania de fazer julgamentos e dar palpites sobre a vida sexual alheia não encontram nenhum amparo racional. Tanto a ideia de inferioridade feminina quanto boa parte dos princípios da moral judaico-cristã surgiram e eram coerentes em uma sociedade com leis fluidas, com um estado totalitário e instável, tradicionalmente paternalista, constantemente sujeita a guerras, de economia agrária e com o poder político de origem militar.”

      Primeiramente, a moral judaico-cristã nunca pregou que a mulher fosse alguém inferior. Pelo contrário, o valor da mulher foi resgatado no ocidente, justamente pela cultura cristã, contra os abusos da cultura clássica da Antiguidade. Quando os católicos reverenciam a Virgem Santíssima como o maior símbolo de Santidade depois do Filho, se está elevando uma criatura feminina acima de todos os homens. O conceito da submissão feminina na sociedade humana como um todo tinha uma razão de ser bastante fundamentada. Se o homem cuidava da casa, pegava no arado ou ia pra guerra, nada mais lógico que a mulher, ao menos, cuidasse da casa. E isso era uma forma de poupá-la de certos infortúnios. A sociedade patriarcal criou todo o tipo de regalias para as mulheres, que vão de direitos de herança até a distinção legal no sentido de sua proteção. A maior participação da mulher no mercado de trabalho não muda substancialmente o fato de que uma família deve ser formada por homem e mulher. Ou que tal junção gere filhos. 
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    4. Ademais, de onde ele tirou a idéia absurda de que o passado vivia um Estado totalitário? Ao menos, o Sr. Luthor deveria se alfabetizar mais em noções de filosofia política. Totalitarismo é um conceito eminentemente moderno e não se aplicaria ao passado, onde o poder era completamente fragmentário com várias esferas de ação política. Resta ele nos explicar um “Estado totalitário instável”, já que ele é mestre nesses sofismas grotescos.

      Mas se o Sr. Luthor afirma que a moral judaico-cristã foi gerada no meio de guerras ou instabilidades políticas, o que ele nos propõe? A desintegração da família natural para ser substituída pelo Estado. Por mais que ele não queira admitir isso, essa é a conclusão lógica. A expansão do Estado moderno basicamente reduziu o poder do pai e das famílias no processo de formação das crianças. Ora, se a família tradicional é coisa do passado, que tal substituirmos por algo mais moderno, seja o ativismo social anti-família, seja o próprio Estado papai de todo mundo?

      E afinal o que são “guerras e instabilidades políticas”? Por acaso o século XX foi estável em matéria de sociedade política, com duas guerras mundiais, genocídios e campos de concentração?

      “Neste contexto social, é evidente que a força física tem um papel importantíssimo e que as mulheres têm um papel bem menos relevante que o dos homens. Mas eu pergunto: é o caso de hoje? Um código social que serviu numa época como essa tem muito de inadequado numa civilização moderna. O Conde, porém, acredita ferrenhamente que os valores dessa época, desde que refletidos no texto bíblico, tornam-se objetivamente corretos, universalmente válidos, perfeitos e imutáveis. Onde está a racionalidade disso?”

      Não matar, não roubar, não desejar a mulher do próximo são normas aplicáveis até hoje e não me conste que devam ser revogados. Aliás, aqui há uma confusão tendenciosa a respeito da interpretação dos textos bíblicos. Tanto autores como judeus e cristãos sabem distinguir essencialmente o que é perene nas leis bíblicas, como o que é apenas fundamento histórico de uma época. Naturalmente que nós, cristãos (e lembremos que sou católico), não vamos aplicar literalmente as proposições bíblicas, e sim o que serve de princípios gerais a todos os povos e nações. Não matar, não roubar, não desejar a mulher do próximo, defender o padrão familiar natural, honrar pai e mãe, reconhecer o universo espiritual do homem, dentre tantas prescrições, são normas que podem ser encontradas ou aplicáveis em qualquer cultura e sociedade e são universais. Não se pode falar o mesmo do “processo natural” do Sr. Luthor, que nos vende a idéia de que as mudanças revolucionárias em nossa sociedade são frutos espontâneos, quando percebemos a tremenda engenharia social e instrumentos cada vez mais artificiosos e sofisticados de manipulação do imaginário e opinião pública, a fim de destruir uma ordem social vigente.

      Recordo ainda que os códigos sociais “machistas”, longe de serem prejudiciais à mulher, são até benéficos. Se por acaso o Sr. Luthor tivesse sua casa ameaçada por um estuprador, quem ele acha que a mulher dele recorreria? À polícia? Ou ao macho da casa? Se é que, naturalmente, ele seja, de fato, um macho? Os códigos sociais não mudaram substancialmente. O homem sempre leva a pior.
      E eu pergunto ao Sr. Luthor: onde está a irracionalidade de se preservar os Dez Mandamentos? Será risível se ele responder o contrário! 
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    5. “É este dogmatismo puro e simples que faz o Conde confundir liberdade sexual feminina com “promiscuidade e rebaixamento moral”.”

      Não me conste que “liberdade feminina” seja reduzi-la à prostituição ou fazê-la pró-abortista. Liberdade sexual feminina não significa reduzi-la moralmente ao baixo meretrício, se a “Marcha das Vadias” signifique “liberdade” para o Sr. Luthor. A prostituta, objeto de vários homens, cujo fim sexual é ganhar dinheiro vendendo seu corpo, é algum sinal de “liberdade”? A resposta é não. É sua degradação. E por que o movimento feminista exalta a puta e ridiculariza a mulher de família que se casa com o marido e tem filhos? Simples: porque a função é destruir a família e o papel da mulher em ser mãe. Alienando pai e mãe do processo da reprodução humana, quem é que sobra pra controlar tudo? O papai Estado, naturalmente! Não é estranho que o feminismo se revolte contra uma das qualidades mais marcantes de uma mulher, que é de ter filhos?
      “A moral judaico-cristã inclui uma série de preconceitos e reprovações de condutas que, na verdade, nada dizem sobre a dignidade de uma pessoa, mas refletem as necessidades sociais de uma época de há muito terminada.”
      Nada mais falso. A moral judaico-cristã é tão coerente nos seus pressupostos, que eles são aplicáveis até hoje. É o sustentáculo perpétuo de nossa civilização. Ela defende com afinco a unidade da família, a referência moral correta para os filhos, um papel justo para homem e para a mulher, como também defende a limitação do poder estatal e de qualquer poder político. E por que essa moral judaico-cristã é tão duramente atacada? Porque os socialistas sabem que ela é a única resistência autentica contra os desmandos da engenharia social totalitária. Os socialistas querem destruir o direito à vida (vide aborto e eutanásia), querem destruir o papel dos pais sobre os filhos (vide casamento gay e ideologia de gênero) e querem, em torno disso, destruir o direito de propriedade, que é considerado parte da lei natural, na visão cristã. Ora, isso não é óbvio demais? Por que o Sr. Luthor insiste em lutar contra a realidade? Eu pergunto pra ele se fazer apologia da prostituição é algum sinal de dignidade da mulher? Ou a política de aborto, que joga milhões de nascituros na lata de lixo hospitalar?
      Os conservadores não são refratários às mudanças. Nenhum conservador em sã consciência é a contra a mulher trabalhar fora de casa. O que os conservadores questionam são as soluções utópicas e destrutivas das esquerdas e dos libertários, seja através de reivindicações espúrias das minorias, seja através da destruição de tradições e valores caros a uma civilização. Até para que haja mudanças sadias, é preciso ordem, princípios, regras de continuidade e bom senso. A mulher pode perfeitamente trabalhar em casa, seja para seu bem, seja pra ajudar seu marido. Mas isso não nega o compromisso de formar uma família, junto com seu homem. Pelo contrário, é pelo fato de ter uma família que seus ganhos serão mantidos. Eu pergunto aos arautos do “progresso”: quem garantirá os bens da mulher ou do homem quando morrerem? Os filhos, a família. Se não houver famílias para herdar, quem fica com tudo é o Estado.
      A ideologia que cultua a mudança pela mudança, sem qualquer propósito ou fim claro e benéfico para a sociedade, deve ser rejeitada de plano. Pior é quando por debaixo dessas “mudanças” há projetos utópicos e totalitários de destruição da sociedade tradicional, em favor de conceitos, normas ou práticas completamente irreais, que visam modificar a natureza humana. O totalitarismo moderno parte dos mesmos pressupostos do Sr. Luthor: a de que a sociedade é algo a ser remodelado pela força política ou por agendas e convenções sociais, sem qualquer perspectiva de princípios transcendentes e imutáveis que preservem o homem e seus direitos. Conforme à moda da agenda política, tudo pode ser mudado e destruído.
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    6. E aqui Luthor naufraga nas bobagens:

      “Pode-se demonstrar isso com uma pergunta muito simples: o que determina minha estatura moral é o número de pessoas com quem eu transo numa noite ou meu respeito pela liberdade e pelos outros direitos dos meus semelhantes?”

      O número de pessoas que você transa numa noite reflete seu estatuto moral, que é baixo e promiscuo. Quem é que vai confiar em você como marido, se você não tem continência sexual? Qual sociedade confiaria em si mesma, se todos trepam que nem cães no cio? Que família sobreviveria se todos tivessem relações sexuais como cães? A civilização é, acima de tudo, renúncia, disciplina, decoro ético. Respeitar o “direito” implica um bem vinculado a esse direito. Um cristão pode respeito seu “direito” de trepar com todo mundo. Mas não é obrigado a achar que você seja algum exemplo moral pra ensinar a famílias cristãs como devam educar suas crianças. Um homem fiel a sua mulher é mais exemplar do que outro que troca de mulher como troca de roupa. Se um indivíduo age como um cachorro, lamento, não é exemplo moral pra ninguém. Garanto, ser carente de princípios morais é muito pior do que “violar” supostos “direitos” inventados por agendinhas preparadas para destruir a civilização. Por que a base dos direitos está nos valores, não na carência deles.

      Não é interessante notar que o Sr. Luthor também é vítima da desinformação da revolução cultural marxista? Ele rotula os conservadores com os mesmos slogans odiosos das esquerdas. E nem percebe a falha retórica disso. A eficácia da revolução cultural marxista é justamente essa: pessoas ditas não-marxistas repetirem todo o imaginário marxista.

      Voltemos à nova tréplica do nosso sofismador. Ele já canta vitória sem provar nenhum enunciado prático, salvo, é claro, explorando a própria ignorância sobre o assunto como argumento. Luthor atira sofismas por todos os lados, sabendo que a resposta a cada sofisma seu daria laudas e mais laudas e quebraria o pacto de uma melhor economia de palavras no debate. Infelizmente, falar a verdade e desmistificar muitas mentiras exige mais palavras do que apenas jogar com a retórica de baixo nível.

      Vamos ao tópico a ser debatido: até o dado momento Luthor não provou que a reivindicação das minorias na democracia seja um fator de expansão de liberdades. Em nenhum momento ele refutou os dados que aleguei. Na pior das hipóteses, simplesmente relativizou o que desconhece e apelou à falácia da própria ignorância para desmerecer o assunto. Assim, até eu, papai!
      Percebe-se que o Sr. Luthor usa um raciocínio circular quando quer refutar o que não entende, o que simplesmente ignora e o que nunca estudou. Vamos lá.

      “Nas Considerações Iniciais ele diz: —“A grande maioria dos movimentos de minorias, longe de expressarem defesa de direitos, quer na verdade, destruir as instituições sociais vigentes e expandir a burocracia.”— Mas em sua Réplica a coisa muda de figura: —“Se os idiotas úteis das minorias se sentem beneficiados com tal projeto, o fato é que as ambições de quem os financiam ou lideram é bem maior.”— Assim, as minorias perderam o papel de conspirador ativo e passaram a ser idiotas úteis vítimas da conspiração. Mudança radical! Ou o Conde não se expressou muito bem em uma dessas frases ou não está lá muito seguro do que diz.”

      Penso que o Sr. Luthor deveria se alfabetizar primeiro, ao invés de fazer mancada e não saber interpretar textos. Primeiro, se os movimentos de minorias foram criados para fins totalmente contrários aos dos cidadãos representados, naturalmente que os idiotas úteis colaboram para esses fins alheios. Onde está a confusão aí? Nenhuma. A finalidade dos movimentos de minorias é a de subversão, no comando de seus idealizadores. E os idiotas úteis acabam fazendo o jogo de seus líderes, sem perceberem que concretizam objetivos totalmente diferentes do que são desejados. Não há confusão alguma, salvo na cabeça do Luthor, quando se depara com uma realidade que vai muito além de suas ladainhas bobas. 
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    7. O tal “raciocínio linear” tão alardeado por Luthor é apenas insistir numa mentira retórica aparentemente convincente: o discurso ideológico de liberdade na democracia. Talvez se o Sr. Luthor lesse um Tocqueville ou Bertrand de Jouvenel, saberia que a democracia, longe de preservar a liberdade, pode ser um dos mais completos regimes de tirania. Ora, não podemos desvendar um sistema apenas pelo discurso vendido, mas pela realidade que é vivenciada nele. Expus aqui as articulações que estão por detrás dos movimentos de minorias. Expus também aqui os articuladores, os grupos políticos, as ideologias, os métodos e os financiadores por detrás da “defesa dos oprimidos”. E o que Luthor faz? Nada, finge que não viu e se apega a uma ladainha panfletária, apelando aos leitores.

      Quanto à idéia de “manipulação”, tão repetida por Alex. O fato é: se um grupo usa de agendas políticas para instaurar uma burocracia onipresente ou uma ditadura ideológica, política e cultural sobre a sociedade, resta o Sr. Luthor, dito sofista e indigno, nos evidenciar onde estão as garantias dessas liberdades? Até agora nada. Redundâncias, enrolações, sofismas grosseiros.
      Vamos ainda esclarecer mais as distorções: o Sr. Luthor é um completo ignorante da história soviética e chinesa, e tudo o que ele faz é reduzir a história desses países ao seu economicismo libertário. Sim, a China, desde 1949, já era uma potência militar poderosa, capaz de ter uma completa hegemonia sobre o Sudeste Asiático e a Coréia do Norte, e cujos exércitos e poder geopolítico conseguiram transformar Vietnã, Camboja, Laos e a Coréia do Norte em ditaduras comunistas satélites de sua esfera política. Está ficando cada vez mais rica porque o capitalismo, sabe-se lá porque motivo, sempre quis sustentar o socialismo. Também pudera, qual empresário não gostaria de um governo onde os salários fossem baixos ou onde não houvesse greves e protestos políticos?

      Eis aqui uma outra questão: Luthor acha contraproducente que os grandes capitalistas queiram destruir o capitalismo. E nisto ele tem só parcialmente razão. Os grandes capitalistas não querem destruir o capitalismo, mas sim o livre mercado. As grandes aglomerações aliadas dos socialistas sonham com um capitalismo controlado só pra eles, sem concorrência, num regime de verdadeiro oligopólio. E essa política não ocorre, mesmo nas democracias? A aliança da burocracia estatal com os empresários amiguinhos do rei?

      Alex Luthor é cheio de axiomas vulgares e sem qualquer comprovação na realidade. Ele fala de uma dinâmica social que só existe na cabeça dele:

      “Outra lavada seguida de um silêncio constrangedor. Expliquei criteriosamente o processo de surgimento e decadência de radicalismos em situações de mudança cultural e reivindicações de minorias. Embasei o que disse com vários exemplos históricos para constatarmos que os radicalismos que vemos hoje não são nem permanentes nem apocalípticos”.

      Eu perguntaria ao Sr. Luthor qual “decadência” houve de radicalismos num Estado como o soviético, em 80 anos de história comunista? A Rússia teve mudanças estruturais bem violentas e a ditadura se estabilizou. Mas nunca sumiu o seu viés revolucionário, destrutivo e de subversão social. E eu insisto: qual “decadência” houve nos radicalismos totalitários do mundo nazista? O regime nazista só decaiu porque o mundo inteiro declarou guerra contra Hitler. Percebem como a premissa hipotética não se sustenta numa análise histórica mais profunda, não é mesmo? 
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    8. E Luthor relativiza o marxismo cultural nesta frase sem pé nem cabeça:
      “Vimos que a existência da liberdade de expressão numa democracia contradiz todo o contexto social totalitário e fascista no qual as ideias de Gamsci foram criadas para funcionar. Vimos também que a conquista da hegemonia cultural pela “classe trabalhadora” não garante a conquista dos meios de produção, ponto central do marxismo.”
      Só uma pessoa muito ignorante em Gramsci pode alegar que seus textos foram escritos apenas tendo em vista o fascismo como contexto. A visão gramsciana sobre como conquistar o poder na sociedade aplica-se a qualquer sistema que não seja socialista. Ou seja, não basta apenas a conquista do poder político. É preciso também conquistar o imaginário e o universo cultural. E isso se aplica ao mundo inteiro, não ao regime fascista na Itália. Luthor enrola, esperneia e demonstra desconhecimento de causa, pra variar. Chega a ser vergonhoso debater com uma pessoa cujo desconhecimento dos assuntos é assustador. Vou mais além: tudo o que ele posta sobre os assuntos é pura olhadela de google.
      Quando Luthor não conhece um assunto determinado, ele ainda se acha no direito de ignorar, mesmo que mostremos todos os fatos evidenciados:
      “Para finalizar, gostaria de citar uma última frase do Conde e depois fazer um apelo à sua honestidade, que (quero muito crer nisso!) é mais real que a conspiração que ele denuncia. Eis a frase: —“ O máximo que ele faz é usar um argumento sofístico engraçado, o da ignorância: eu não conheço os fatos, logo, eles não existem.”— Nada disso. Minha lógica sempre foi: “eu não conheço as evidências; logo, mostre-as!”
      Já citei nomes, entidades, práticas, ações políticas concretas, ideologia, etc. Luthor insiste em não aceitar os fatos. E ainda os relativiza mais ainda, afundando-se na sua própria ignorância:

      “Não satisfeito com as dificuldades em evidenciar a culpa dos réus que já havia apresentado, o Conde achou que seria uma ótima ideia aumentar ainda mais sua lista de acusados. Além do PT, agora estão envolvidos na trama também o PSDB e até mesmo a ONU... a ONU!”

      Bastaria o Sr. Luthor ser um pouco menos preguiçoso para ler o programa do PSDB. É o mesmo programa do PT, que é a mesma cartilha das agendas da ONU, que é o mesmo tipo de pensamento das fundações americanas esquerdistas. Será mera coincidência? Obviamente que não. Aliás, o Sr. Luthor tem uma visão da ONU que é típico de quem vê Rede Globo. Qualquer pessoa bem informada sabe (e não é o caso dele), que a ONU sofreu uma dura infiltração esquerdista já nos anos 60, em particular, quando a inteligência soviética corrompeu delegados, diplomatas e burocratas e transformou a entidade num escritório dos interesses soviéticos. Atualmente, toda a cartilha politicamente correta é imposta pelo ONU goela abaixou sobre vários países, com a colaboração bovina de partidos de esquerda. O Sr. Luthor vai dizer: a Sede da ONU é nos Eua! E daí? Agendas como cotas raciais, legalização do aborto, casamento homossexual e até mesmo “direito das crianças” (leia-se, direito das crianças de desobedecer aos pais e usar o Estado contra eles, tal como a “lei da palmada”), são muitas das grandes contribuições da ONU para o esquerdismo mundial.

      Mas será que o Sr. Luthor não sabe que o PT e o PSDB possuem as mesmas origens intelectuais? Ou ele acredita mesmo que haja oposição política no país? 
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    9. E o que Luthor vai responder? Pegará meia dúzia de informações no Wikipédia, sairá feliz dando a cartada da ignorância e ainda pedirá mais evidências! Olha que resposta linda:

      “E o mais engraçado é que, quando cobro evidências para suas alegações, Sua Graça, o Conde se sai com argumentos deste naipe: —“E isso não é teoria da conspiração. Há milhares de trabalhos sobre este assunto.”— E sobre Astrologia? Também! Incrível, não?”

      Em outras palavras, como alguém quer evidências de alguma coisa, se ignora a bibliografia sobre o assunto? Porém, já que ele tocou no assunto, bastaria ler obras como a do Monsenhor Juan Claudio Sanahura, “Poder Global e Religião Universal”, onde ele cataloga e comenta vários documentos da ONU e quais suas fundações patrocinadoras. Ele pode também começar a ler Jorge Scala, sobre a ideologia de gênero. Mas é claro, eu só cito fanáticos religiosos e teóricos da conspiração! Gente idônea mesmo é o da ONU, a instituição com maior número de pedófilos per capita do mundo! Conseguiram vencer até a maldita Igreja Católica!
      Eu não consegui conter o riso com essa frase:

      “Mais: a Fundação Rockefeller defende abertamente a eugenia; logo, quem recebe patrocínios dela também defende a mesma ideia. Mais ainda: a Fundação Rockefeller patrocina algumas organizações feministas, que também recebem apoio de grupos de esquerda; logo, a esquerda e as feministas defendem a pedofilia e a eugenia. Francamente! O que eu posso fazer diante disso? Se as relações de causalidade que o sujeito estabelece são deste nível, não faltará muito para que ele me aponte como conspirador e veja minha participação neste debate como uma ação revolucionária subversiva... e talvez eu tenha acabado de dar-lhe essa ideia inglória!”

      Se o Sr. Luthor não sabe o que é relação de causalidade lógica, tampouco ensinarei lógica a ele. Os Rockefellers financiaram algo mais do que a eugenia. Financiaram também a eugenia nazista. Quer dizer então que os nazistas seriam menos eugenistas do que os Rockefellers? Ou será mesmo que o Sr. Luthor acredita piamente que os Rockefellers não sabiam da natureza racista do regime de Hitler? E Margareth Sanger, a feminista pró-nazista que criou a Planned Parenthood, a maior organização pró-aborto do mundo? A relação também não conta? Se uma entidade rica como a fundação Rockefeller financia várias esferas de ação política tendo como meta um objetivo comum, como não afirmar que eles são similares? Claro, claro, claro, os Rockefellers mandaram dinheiro por mera coincidência. Eles eram anjinhos e como Lula, não sabiam de nada!

      Para terminar essa réplica
      Luthor resolveu atirar pra todos os lados. Não dá pra responder todas as questões explanadas por ele sem escrever um verdadeiro e cansativo tratado de destruição de sofismas. insistamos ao tópico inicial e que até agora meu rival não conseguiu provar: a reivindicação dos tais direitos das minorias é reflexo de uma maior liberdade civil na democracia? Como muitos vão observar, os fatos pelos quais postei não foram refutados. Só se refutam fatos com outros fatos. A mera retórica de ignorância ou do pedido de evidências sobre o assunto já denuncia a fraqueza do meu adversário. Longe de serem expansão de direitos, a agenda revolucionária do ativismo das minorias programa fazer uma verdadeira engenharia social, cujo fim é a expansão da burocracia estatal e o completo enfraquecimento institucional, ético e moral da sociedade civil e da família. Vou mais além: o fim último da agenda politicamente correta é a estatização da cultura, da linguagem, dos valores, da ética e até da família, ainda que sob a aparência de sistema democrático. Ainda esperarei ser refutado em cada ponto. Até agora, tudo o que meu rival fez foi buscar ajuda ao pai dos burros virtuais, o google. Livros ajudam também, viu, Sr. Luthor?


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    10. Só uma correção: no trecho "A mulher pode perfeitamente trabalhar em casa, seja para seu bem, seja pra ajudar seu marido. Mas isso não nega o compromisso de formar uma família, junto com seu homem." na verdade que dizer "trabalhar fora de casa". Erro de digitação. Sem mais
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  18. Liberdades e Direitos das Minorias

    CONSIDERAÇÕES FINAIS


    Ao longo desta discussão preocupei-me em contestar todos os argumentos do meu oponente com clareza. Todos mesmo. Além disso, sempre o convidei a se manifestar caso qualquer uma de suas ideias de pânico não tivesse recebido o respectivo calmante, quase sempre na forma de uma boa marretada de realidade comprovável. Aos poucos a razoabilidade foi se impondo, e o discurso alarmista e desorganizado do Sr. Conde foi sendo desmistificado na proporção de cinco disparates marretados para cada esboço de defesa. E não espero que ninguém apenas aceite minha palavra: o debate está aí para atestar isso. A discussão sobre as minhas teses passou por vários outros pontos que procurei evidenciar dando um título a cada um e rebatendo-os em sequência, método que o desajeitado Conde nunca respeitou, pois a clareza e a organização sempre são desvantajosas para quem mente. Repito que minha réplica foi fatal para o Conde. Depois dela, sua reação foi uma tumultuada verborragia omissa nas discordâncias e repetitiva nas concordâncias. Nas tréplicas, com seu discurso destrinchado, notando a situação difícil em que se meteu, o sujeito se desesperou e tentou ganhar a partida no grito, confiante na vã ilusão de que está debatendo com alguma criança que vai se impressionar com o “show”. Mas a mim ele não engana nem vou deixá-lo enganar ninguém. Como? Como sempre: desmontando todo o discurso do sujeito e apontando as inconsistências com a clareza que ele nunca teve. Acontece que, com o final do debate chegando, a aflição do rapaz fez com que ele se superasse em matéria de picaretagem. Por isso, antes de revisitar os tópicos que venho utilizando, terei que passar um bom tempo listando várias de suas imposturas. A elas, portanto.

    - “Argumentum ad nauseam”. A primeira é a repetição abusiva do que foi refutado. Num debate essa é a reação mais primitiva um mau debatedor em desespero de causa. Vamos contar quantas vezes isso aconteceu na Tréplica do Conde: uma (“Até o dado momento, o Sr. Luthor não conseguiu comprovar o raciocínio essencial de seu argumento...”), duas (“Como muitos vão observar, os fatos pelos quais postei não foram refutados.”), três (“Ele já canta vitória sem provar nenhum enunciado prático...”), quatro (“...até o dado momento Luthor não provou que a reivindicação das minorias na democracia seja um fator de expansão de liberdades.”), cinco (“Em nenhum momento ele refutou os dados que aleguei.”), seis (“Até aqui comprovei o contrário.”) e sete (“Insistamos ao tópico inicial e que até agora meu rival não conseguiu provar...”). Assim, quando o Sr. Conde tenta repetir uma ideia para transformá-la em verdade pela mágica argumentativa do enchimento de saco, fica configurada uma falácia “ad nauseam”. Mas evidenciar esse truque pedestre não é o bastante. É preciso corrigi-lo e mostrar o que as pessoas honestas devem fazer para transformar em verdade uma ideia que meu oponente limitado só consegue repetir. É esse processo que nos leva à segunda impostura do Conde.

    - Inversão do ônus da prova. Não há dúvida de que cabia a mim a responsabilidade de provar minhas teses. Então, em minha primeira participação no debate, cumpri meu papel explicando porque as reivindicações das minorias eram naturalmente decorrentes das liberdades democráticas. Está lá. É só ler. A responsabilidade de provar o contrário foi então passada para o Conde, que poderia tentar derrubar minha argumentação ou oferecer um contra-argumento. Ele optou pela segunda opção e apresentou sua incrível conspiração, passando, portanto, a responsabilidade para mim. Minha Réplica foi uma contestação detalhada da teoria conspiratória do Sr. Conde, e assim o ônus da prova voltou a cair sobre o meu oponente, que poderia defender sua conspiração ou atacar minha tese por outro meio. O que ele fez? Nenhum dos dois. A partir da minha Réplica o ônus da prova nunca mais saiu das mãos do pobre Conde. Não é à toa que digo esse debate acabou nas réplicas...
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  19. Daí para frente, suas omissões foram mostradas e todos os seus gaguejos defensivos foram esmagados. Mas agora, com sua conspiração reduzida ao ridículo, o sujeito achou que seria uma excelente ideia propagandear que o ônus da prova está comigo! Mas eu não vou deixar você escapar, amiguinho! Minhas teses estão demonstradas, e seu contra-argumento foi desacreditado por vários meios (ausência de provas, “non sequitur”, redução ao absurdo etc.). Não tente vir com imposturas, porque eu te desmascaro e só você tem a perder com isso.

    - A próxima falácia não tem um nome oficial. Acho que o Conde a inventou. Vou batizá-la de falácia da cara de pau absoluta (“argumentum ad absolutum lignum faciem”). O Conde a comete em duas ocasiões. Aqui: —“Não dá pra responder todas as questões explanadas por ele sem escrever um verdadeiro e cansativo tratado de destruição de sofismas.” E aqui: —“Luthor atira sofismas por todos os lados, sabendo que a resposta a cada sofisma seu daria laudas e mais laudas e quebraria o pacto de uma melhor economia de palavras no debate.” Primeiro que as regras do debate previam apenas três postagens por participação e o Conde não teve o menor pudor em feri-las para derramar sua verborragia conspiratória. Mas quando que ele leva uma surra e se vê obrigado a dar argumentos que não tem, alega que não vai mostrá-los porque está muito empenhado em não “quebrar o pacto”. Segundo que as questões explanadas por mim só estão neste debate para contestar as bobagens que o próprio Conde falou. Além disso, todos se recordam de que, nas réplicas, em vez de provar a culpa dos acusados que eu já havia absolvido, ele se omitiu e resolveu aumentar ainda mais a lista com a ONU e com o PSDB. Ou seja, ele encontra o espaço que quer para falar bobagens, mas para defendê-las de minhas investidas não tem nenhum. Terceiro que ele gasta várias postagens para me copiar, para cometer o “ad nauseam”, para repetir pontos de concordância explícita e para reafirmar argumentos derrubados, mas na hora de me enfrentar, alto lá! Está faltando espaço. É muita cara de pau! E o irônico é que, no final das contas, ele não tem espaço para fazer o tal tratado de destruição dos meus supostos sofismas enquanto eu estou aqui a elaborar um para destruir os dele... Adiante.

    - O último truque do show de mágica argumentativa do Sr. Conde consiste em desqualificar o adversário alegando que suas fontes são muito simples. Em vez de rebater meus argumentos, o infeliz resolveu dizer que o que sustento aqui é bobagem pesquisada no Google. Esse fácil subterfúgio de evasão é algo de que qualquer idiota pode lançar mão para se esquivar de oferecer uma resposta satisfatória. E, pensando bem, o que ele sabe sobre minhas fontes? O que sei eu sobre as dele? Nenhum de nós recorreu à opinião de um especialista aqui, e, pelo menos no meu caso, isso sequer era preciso, pois a maior parte dos argumentos que apresentei é imediatamente observável. No mais, também seria muito fácil para mim me esquivar de rebater as teorias do Conde e simplesmente dizer algo como: “esse cara é um retardado que tira loucuras conspiratórias de bloginhos reacionários!” Essa atitude pode ser qualquer coisa, menos honesta. Mas parece que, ao debater com o Sr. Conde, quem paga com honestidade e recebe o troco em charlatanice. Mas ainda não acabou, porque, para a mágica do Conde dar certo, não basta apenas desqualificar o oponente que ele não contestou e as fontes que ele não pediu, é preciso também passar para o público a ideia de que somente ele está bem embasado. Basta procurar ocasião parra se referir a quaisquer autores que tenham alguma ligação com o assunto do debate. E se a referência autoral for totalmente despropositada? Não há problema, porque o que importa é iludir o público! Então deparamos com a seguinte frase: —"Talvez se o Sr. Luthor lesse um Tocqueville ou Bertrand de Jouvenel, saberia que a democracia, longe de preservar a liberdade, pode ser um dos mais completos regimes de tirania."—
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  20. Ora essa, e quando foi que eu neguei isso? É claro que a democracia pode se transformar em tirania; o que eu estou contestando, porém, é que as reivindicações de grupos minoritários não são um degrau para isso. Então pergunto: o que Tocqueville veio fazer aqui? Veio servir de coelho na cartola, no show de Ilusionismo argumentativo do Conde.

    A lista de falácias ainda não acabou. Mas a partir deste ponto, é melhor continuar a evidenciá-las seguindo a ordem dos tópicos. O assunto avançou em alguns deles, especialmente o oitavo, mas a maioria continua exatamente como deixamos na Réplica. Vejamos a situação de cada um deles fazendo um saldo do debate e tomando cuidado para não tornar esse exercício repetitivo.

    1) Porque a esquerda apoia as minorias?
    Mantêm-se o impasse entre fenômeno observável e conspiração inevidente.
    Vide réplica e tréplica.

    2) O apoio esquerdista é necessário?
    Mantêm-se o impasse entre fenômeno observável e conspiração inevidente.
    Vide réplica e tréplica.


    3) Quem são os apoiadores do conspirador?
    Comecemos por evidenciar mais uma impostura fácil de dizer, mas difícil de provar. Aqui está ela: —“Expus aqui as articulações que estão por detrás dos movimentos de minorias. Expus também aqui os articuladores, os grupos políticos, as ideologias, os métodos e os financiadores por detrás da “defesa dos oprimidos”. E o que Luthor faz? Nada, finge que não viu e se apega a uma ladainha panfletária, apelando aos leitores.”— Não mesmo! Não houve um articulador, um grupo político, uma ideologia, um método ou um financiador exposto pelo Conde que tenha ficado sem receber minha atenção na forma de uma elucidação racional e constatável que depõe contra a ideia de conspiração. Ainda não entendo de que adianta negar aquilo que qualquer um pode ler e confirmar.

    Passemos agora ao que sobrou de resistência neste ponto. Primeiro quanto à questão dos regimes totalitários. Meu argumento foi o de que nenhum dos dois regimes que meu oponente citou, China e União Soviética, de que a Rússia é herdeira, mantêm uma postura marxista. Pelo contrário. Hoje ambas dependem do livre mercado e da propriedade privada dos meios de produção para se desenvolverem. Mas, como sempre, o Conde vem com uma pérola: —“o Sr. Luthor é um completo ignorante da história soviética e chinesa, e tudo o que ele faz é reduzir a história desses países ao seu economicismo libertário.”— O conde sabe muito bem que meu objetivo não foi o de narrar toda a história desses países, e sim o de demonstrar que sua conspiração contradiz os poderosos laços que eles criaram com a economia de livre mercado e com o comercio internacional e que não são, portanto, marxistas. Portanto alegar que reduzi a história desses países a um único elemento é uma desastrada tentativa de distração.

    A seguir vem a Fundação Rockefeller. Ou não! Porque o que o Conde fez foi dizer que ela apoiou os projetos de eugenia nazistas e organizações defensoras do aborto... Ok. E onde entra uma gigantesca conspiração marxista aqui? É a mesma lógica psicodélica: “se você defende o que eu não gosto, então você faz parte da conspiração ou foi enganado por ela”. Quanto à ONU, nem há muito que dizer. É uma questão de hierarquia. Suas ações são determinadas pelos delegados de cada país e não há como uma “infiltração esquerdista” mudar o que a organização faz ou deixa de fazer sem corromper os governos da maioria dos países e de todos os membros permanentes do Conselho de Segurança. Diante do óbvio, resta apenas desqualificar o oponente com algo como: —“o Sr. Luthor tem uma visão da ONU que é típico de quem vê Rede Globo.”— E no horizonte já podemos vislumbrar a Rede Globo será a próxima a ser acusada de fazer parte da conspiração... Desse jeito, somente ele, o Olavo de Carvalho e o Jair Bolsonaro sairão ilesos.
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  21. Os próximos conspiradores são o PSDB e o PT. Os mesmos tucanos e petistas que disputam aguerridamente uma eleição, que gastam milhões com publicidade e com blogueiros, que tentam manchar a imagem uns dos outros, que abrem CPIs uns contra os outros, que fazem denúncias ao Ministério Público e à Polícia Federal, que levam fofocas e informações comprometedoras à imprensa, que fazem de tudo para pôr uns aos outros na cadeia etc. etc. O que eles são: amigos ou inimigos? Mas segundo a lógica do Conde, quem sustenta que eles são inimigos é burro, pois não vê que a rivalidade é falsa, que ambos são marxistas, que conspiram juntos e têm o mesmo plano de conquista global. Qualquer cidadão minimamente consciente vai pedir por fortíssimas evidências de uma alegação tão incrível que contraria todos os dados observáveis. E bem nesta hora, Sua Graça, com um ar triunfante dirá que basta “ser um pouco menos preguiçoso para ler o programa do PSDB”. Ok. Então deve ser apenas por esporte ou para iludir ao respeitável público que tucanos e petistas gastam tanto dinheiro para massacrarem-se uns aos outros. Se Conde quisesse mesmo demonstrar alguma ligação mais profunda e utilitária entre partidos de esquerda e minorias, deveria se informar um pouco mais e pelo menos usar como argumento o Decreto 8234 que dá representatividade política oficial a movimentos minoritários. Confesso que fiquei esperando o debate inteiro para que o Conde o citasse, mas o sujeito é decepcionantemente mal informado. O que eu realmente não esperava é que no final eu iria ficar aqui dando dicas de bons argumentos para ele usar contra mim... Será que ele imagina o que eu diria para rebatê-lo? Ele que pesquise. Se não encontrar, quem sabe num futuro debate ele resolva abordar a questão, então eu rebaterei a o argumento que eu mesmo soprei na orelha dele. Será engraçado!


    4) Quem é o conspirador?
    A aplicabilidade das ideias conspiratórias já foi bastante explorada. O único ponto remanescente é a hegemonia cultural de Gramsci. Ainda que suas ideias sejam aplicadas em um regime democrático, seus efeitos práticos estão sendo superlativamente valorizados pelo meu oponente. O exemplo que ele deu sobre as manifestações de junho de 2013 foi contestado frontalmente e, para variar, o Conde não se atreveu a reagir. Quando aos demais autores, minhas outras participações no debate desmentiram os receios conspiratórios e tudo ficou por isso mesmo. Ao meu oponente, restou o expediente de chamar-me de ignorante.


    5) Os extremismos libertários nos levarão à catástrofe?
    Todos hão de se recordar da explicação sobre a tendência efêmera das posturas radicais quando uma minoria busca por direitos ou por uma mudança cultural numa sociedade. Está lá nas réplicas. Dei vários exemplos para constatá-la por indução e o Sr. Conde tentou apresentar contraexemplos aqui: —“Eu perguntaria ao Sr. Luthor qual “decadência” houve de radicalismos num Estado como o soviético, em 80 anos de história comunista?”— E aqui: —“E eu insisto: qual “decadência” houve nos radicalismos totalitários do mundo nazista?”— Mas os radicalismos dos regimes soviético e nazistas não são contraexemplos do fenômeno de que estamos tratando. Nem a ascensão do nazismo alemão nem a revolução comunista russa estiveram em uma situação em que uma minoria estigmatizada quer conseguir direitos iguais ou, se já os tiver, modificar a culturalmente a percepção social sobre ela. Os radicalismos que o Conde cita visavam a uma tomada do poder político e não foram nem de longe equivalentes aos exemplos que citei quanto às lutas por direitos trabalhistas e civis ou pelo sufrágio universal. Não são contraexemplos, pois violam as condições do fenômeno em pauta. Assim, continua historicamente demonstrada uma tendência que aponta para uma postura de conciliação entre os radicalismos de quem quer direitos demais e de quem não quer conceder direito nenhum. O engraçado é que, quando alguém reconhece e age segundo essa tendência, acaba enfurecendo tanto os libertários quanto os conservadores.
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  22. Mas quando a maioria dos integrantes dos dois grupos fizerem as pazes, estarão muito mais próximos do centro do que estavam dos polos. Talvez um pouco mais à direita, talvez um pouco mais à esquerda, mas sempre mais próximos do centro.


    6) Os excessos das minorias.
    Nada mais a acrescentar. Vide Réplica e Tréplica.

    7) Os excessos do Conde.
    Infelizmente o sujeito não abandonou nenhum deles. Trataremos disso no tópico seguinte, o único, aliás, em que houve reação.


    8) A “ultima ratio”.
    É muito papo furado dizer que rotulei os conservadores. Demonstrei que um conservador, pelo menos o ocidental, encontra todas as suas ideias morais e institucionais firmemente apoiadas na pilastra central do Cristianismo, o que é bem diferente de dizer que ser conservador é apenas isso. Meu raciocínio é que o sistema da moral judaico-cristã foi proposto para o seu tempo e reflete uma organização social coerente com sua época, em que o trabalho braçal predominava inconteste sobre o intelectual. Apontei para um problema que tem sua origem no dogmatismo daqueles que pregam que esse sistema moral é perfeito, objetivamente válido, universal e imutável, já que em sociedades pré-industriais, as diferenças biológicas entre homens e mulheres quanto à força física exerce papel fundamental na organização social e na definição do que pode ou não pode ser objeto de considerações e ordem moral. A ideia é que, mais de 200 anos após a revolução industrial, diante de um progresso técnico e científico de dimensões inauditas, vivemos em uma sociedade cujos meios de vida e a relação com o trabalho são radicalmente diferentes daqueles em que a suposta moral perfeita surgiu, de modo que muito do que é defendido nas escrituras não se aplica à nossa época. Minha distinção não é centrada na luta contra a natureza, mas nas diferenças entre um contexto em que a força motriz é o braço e outro em que o trabalho intelectual se sobrepõe. Depois do que aconteceu neste debate, não é novidade nenhuma que o Sr. Conde tente macaquear meu pensamento para responder a argumentos que eu não dei, atribuir-me ideias que eu não tenho e exagerar ou diminuir o que eu disse na medida em que isso lhe for conveniente. Aliás, quase toda sua reação neste ponto consistiu em levar a extremos absurdos a relativização cujo processo explicitei, como se apontar um anacronismo na moral judaico-cristã fosse equivalente a destruí-la por completo e pregar o seu oposto. Não sei o que se passa na cabeça de um cidadão que acha que vai se safar em um debate recorrendo a um truque tão primário! Então o que eu tenho que fazer aqui é mostrar onde isso aconteceu, destruir o que deve ser destruído e rebater o que deve ser rebatido.

    - Família. —“Resta o Sr. Luthor nos provar se a vida privada, a família ou o papel dos pais são elementos “anacrônicos” de uma sociedade...”— Essa idiotice me foi atribuída ao longo do debate inteiro e já a neguei três vezes. Uma na Réplica, outra na Tréplica e agora vai a terceira. Não se trata de destruir a família, não se trata de desconsiderar o papel dos pais. As mudanças propostas não têm esse objetivo e tampouco vão levar a esse resultado. Onde está o nexo causal entre dar a um casal de lésbicas o direito de adotar uma criança e destruir a família heterossexual e o papel dos pais? Não há relação entre o casal de homossexuais da casa vizinha realizar um casamento civil e adotar uma criança e o Conde perder o direito de criar e educar seus próprios filhos. Se alguém pode causar problemas aqui, é o próprio Conde que, limitado a seus preconceitos, não vai deixar seu filho brincar com o dos vizinhos, incutindo a homofobia desde cedo na cabeça da criança. E qual é o motivo? É que para ele existe algum socialista esperando nas sombras até que, por alguma mágica, o papel dos pais deixe de existir para que ele possa assumir a direção do estado e controlar tudo. E para dar uma pitada de comicidade a essa situação, o Conde cola em sua paranoia o rótulo de “conhecimento” e chama de burros e ignorantes aqueles que não compartilham do mesmo delírio.
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  23. - Mulher. —“E por que o movimento feminista exalta a puta e ridiculariza a mulher de família que se casa com o marido e tem filhos?”— Oh, grande panicista irracional, quem é que exalta “putas” e ridiculariza uma mulher meramente porque ela quer casar e ter filhos? Não se trata disso. Quem é ridicularizada é a mulher-Amélia, submissa ao marido, nula em sua sexualidade, que acha que satisfazer desejos sexuais, até mesmo sozinha, a transformará em “puta”, que não tem a última palavra sobre se vai ou não vai engravidar, que vive sobre a sombra constante do mito da Virgem Santa. E ainda assim, se ela for feliz nessa situação, não há quem proponha impedi-la de se meter nela. A voz que está se levantando nem mesmo é intrinsecamente contra as mulheres que querem esse tipo de vida, mas sim a favor das que querem uma equivalência não apenas legal, mas também moral aos homens quanto ao seu comportamento. A Marcha das Vadias tem esse nome por causa do objetivo manifesto de chocar a opinião conservadora e não porque exaltam a prostituição. O Conde faz uma dedução cretina a partir do título da manifestação e sai por aí a bater em espantalhos que só existem na cabeça dele. É o louco Don Quixote combatendo gigantes onde há apenas moinhos de vento. Um mundo que preza cada vez mais pelo que as pessoas têm entre as orelhas tende a deixar em segundo plano normas aplicáveis a um época em que a força motriz era o braço, situação na qual homens certamente levam vantagem. É justamente desta época que vêm os preconceitos do Sr. Conde. E o sujeito vem dizer que a Bíblia nunca inferiorizou a mulher alegando a reverência ao mito da virgem Maria! É o raciocínio de um crente tão comprometido com suas premissas dogmáticas, que não consegue pensar fora da caixa e perceber que aquilo que tem aspectos vantajosos em um contexto, pode ser ridículo e ofensivo em outro. O mito da “Virgem Santíssima” perpetrou por milênios um padrão de mulher casta, pura e submissa, como se ter um hímen fosse matéria a ser discutida no campo da moralidade. Ainda hoje a cerimônia do casamento católico reserva ao pai da noiva o papel de entregá-la nas mãos do marido, vestida de branco virginal para demonstrar publicamente que ela é casta, que tem um hímen, um atestado de pureza, como o lacre de uma embalagem de pizza entregue em domicílio. Com a ajuda dessa adoração católica, milhões de mulheres viram sua vida sexual varrida para debaixo do tapete, sem conhecer a sensação de um orgasmo na vida. Isso para não falar de todas que ao longo da história foram expulsas de casa por perder sua virgindade, tornarem-se “impuras” e envergonharem a família. Por causa desse mito, ainda hoje está no imaginário popular, e certamente no do Conde, que uma mulher que anda na rua com roupas decotadas deve ser objeto de reprovação, que ela quer ser usada sexualmente, que está pedindo para ser apalpada, etc. Afinal ela está fora do padrão de pureza e castidade da virgem Maria. Mas segundo o Conde, esse padrão exemplar da mulher cristã é objetivamente correto e universalmente válido e, quem o quiser quebrar com a justa razão de sua evidente defasagem e iniquidade, é considerado, burro, ou marxista, ou manipulador, ou sofismático.

    - Os Dez Mandamentos. —“Contudo, alguém, por acaso, questionaria o valor dos Dez Mandamentos por serem dogmas? Não matarás, não roubarás, não desejarás a mulher do próximo, honrar pai e mãe, dentre tantos princípios, são fundamentos gerais de qualquer sociedade minimamente saudável.”— Em minha primeira participação neste debate eu disse essas exatas palavras: “opor-se à moral judaico-cristã no que se refere ao machismo ou à homofobia, por exemplo, não implica negá-la também em seus ensinamentos sobre altruísmo e honestidade”. Está lá. O que o Conde quer vender é a grossa deturpação. Somos animais sociais e toda sociedade, desde a mais humilde colônia de cupins até a mais sofisticada civilização humana, tem suas regras mínimas de convivência. Ninguém está propondo que todas as regras podem ser abolidas.
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  24. A existência de regras é um imperativo para a vida em sociedade, mas é completamente independente de dogmatismo religioso. A questão aqui não é se entre os mandamentos existe alguma determinação indispensável para a vida em sociedade, mas sim que nos textos bíblicos existem muitas que certamente não o são, como o próprio mandamento de não dizer o nome de Deus em vão. O curioso é que hoje o Conde diz: —“Tanto autores como judeus e cristãos sabem distinguir essencialmente o que é perene nas leis bíblicas, como o que é apenas fundamento histórico de uma época. Naturalmente que nós, cristãos (e lembremos que sou católico), não vamos aplicar literalmente as proposições bíblicas, e sim o que serve de princípios gerais a todos os povos e nações.”— Que maravilha! E quem determina o que é universal? Autores cristãos e judeus? Ora, uma mensagem que supostamente tem uma origem divina foi relativizada por seres humanos utilizando-se de que critério? Será que o Conde é tão cara de pau que não admite a enorme influência do contexto social na determinação desse critério? É evidente que, diante da obsolescência de regras bíblicas e do conflito social resultante disso, a Bíblia é reinterpretada para que se assente à realidade contemporânea e para que uma religião organizada tenha pelo menos condições de sobreviver. Isso já aconteceu centenas de vezes. Histórias bíblicas tidas como literais, como o dilúvio, passaram a ser alegóricas, assim como passagens que claramente embasam condutas abusivas, como o infanticídio generalizado e a escravidão, hoje são vistas como pertencentes a apenas uma época determinada. Hoje, aliás, já há quem esteja trabalhando numa “interpretação” bíblica que aponte para vida em outros planetas de modo a se poder afirmar que a Bíblia “sempre apontou” essa possibilidade. O Conde não percebe que o fundamento bíblico que regula a conduta feminina e que ele defende neste debate será visto pelos seus netos como sendo pertencentes apenas à nossa época, pois surgirão outros exegetas, ocorrerão outros concílios, propor-se-ão outras interpretações.

    - O legado greco-romano. —“Tentem dissociar a filosofia grega do Cristianismo, e ela perderá sua importância. Tentem dissociar o direito romano do Cristianismo e voltaremos ao paganismo político mais extremo, como a idolatria da religião civil do Estado ou mesmo do imperador como deus.”— Talvez o Conde acredite que foi o Cristianismo que absorveu a tradição greco-romana e não o contrário. Talvez ele ignore que a noção ocidental de verdade descoberta se opõe a perspectiva oriental de verdade revelada. Talvez ele não saiba que a filosofia escolástica foi uma tentativa de conciliar a racionalidade aristotélica com o misticismo cristão para desfazer o conflito. Talvez ele tenha suas crendices em tão alta conta que ache que elas se tornaram indissociáveis da filosofia grega e do direito romano. Talvez ele ache que o valor histórico e literário da tradição cristã estará perdido em uma sociedade que cada vez mais se liberta de dogmas bíblicos. Talvez ele pense que, sem um Deus cristão, as pessoas procurarão por um deus postiço em vez de excluir uma divindade de suas vidas... Pois eu acho é que talvez ele precise pensar um pouco mais nas suas crenças antes de entrar em pânico.

    - Sexo. —“O número de pessoas que você transa numa noite reflete seu estatuto moral, que é baixo e promiscuo. Quem é que vai confiar em você como marido, se você não tem continência sexual? Qual sociedade confiaria em si mesma, se todos trepam que nem cães no cio?”— Mais do mesmo. Em vez de responder honestamente, leva a ideia a extremos e bate em um espantalho. Quem foi que falou em não ter continência sexual? Uma coisa é transar com mais de uma pessoa numa noite, o que não é em si mesmo imoral, outra bem diferente é se comportar como um cachorro louco que só pensa em sexo, o que certamente é problemático. E quem foi que falou em quebrar o pacto de fidelidade em uma relação monogâmica?
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  25. Essa ideia está na conta da deturpação do conde, e não nas minhas ideias. Meu argumento é que o fato de ter mais de um parceiro sexual não é em si mesmo imoral, como quer o Conde. Mas, incapaz de negar isso sem recorrer ao dogmatismo, a única saída é deturpar... de novo.

    - Conservadorismo. —“Os conservadores não são refratários às mudanças. Nenhum conservador em sã consciência é a contra a mulher trabalhar fora de casa.”— Pois é... Hoje, de fato isso é bastante incomum, mas antes não foi. O mesmo vale para o sufrágio feminino. Hoje não conheço ninguém que seja contra ele, mas o Conde não há de negar que quando a ideia foi proposta o discurso conservador fazia oposição a ela, afinal “política não é coisa de mulher”, afinal “o sufrágio feminino é antinatural”, afinal “a Bíblia não põe à mulher à frente dos negócios de uma casa e sim o marido”, afinal “dar o direito de voto às mulheres trará a ruína da sociedade”, afinal “essa mudança absurda não é um direito”. Já vimos o Conde fazer esse discurso aqui e daqui a 60 anos, os netos conservadores do conde podem entrar num debate com os meus netos moderados e dirão: “Nenhum conservador em sã consciência é contra o casamento homossexual”. Pois é... O mundo muda cada vez mais rápido e a postura conservadora, pelo menos quando arraigada em radicalismos dogmáticos, tende a ser atropelada pela história. Muito mais racional é adotar uma postura moderada, combater os excessos de ambas as partes e contribuir para a emergência da conciliação em vez de ficar propagando o medo de uma ameaça irreal.


    9) Conclusão.
    Meu objetivo era provar que as reivindicações de minorias são uma derivação natural das liberdades democráticas e que esse processo, em essência, é socialmente vantajoso. O Sr. Conde interpôs uma teoria conspiratória fatalista entre mim e a minha meta e, portanto, tive que derrubá-la. As teorias conspiratórias fatalistas têm sobre quem nelas acredita o mesmo efeito que do binômio cenoura e chicote tem sobre um jumento (não estou fazendo referências a ninguém). A sensação de haver descoberto uma ordenação oculta no mundo fala à nossa inteligência, seduz-nos com o prêmio intelectual da verdade insuspeita, conhecida por poucos perspicazes entre os quais temos a sorte de nos encontrar, dá-nos o papel de revelador da “verdade” aos demais. É a cenoura. O medo de um agente ladino que nos enganou por tanto tempo e ainda engana a muitos, a perspectiva de vê-lo ser bem sucedido na consecução de um fim nefasto para nós fala ao nosso instinto de autopreservação. É o chicote. Assim, a vontade de reagir a uma trama oculta contribui para que a história se espalhe e, à medida que vai se espalhando, suas mentiras vão sendo refinadas, seus buracos vão sendo tapados com exceções e subexplicações, seus conceitos podem até chegar a ganhar ares acadêmicos, de modo que, quanto mais a história se espalha mais difícil é descartá-la como falsa. Às vezes só mesmo o tempo chegará a provar a falsidade de uma história bem sucedida. Mas em qualquer etapa em que este processo se encontre, o trabalho de desmistificar teorias da conspiração passa pela constatação de seus absurdos e pela demonstração de que não há evidências suficientes que sustentem suas alegações. Foi isso que procurei fazer em todo debate, a despeito das imposturas do meu oponente. Deu trabalho, mas valeu a pena, pois nenhuma delas ficou sem a resposta merecida. Dei-lhe a opção de admitir que cometeu um equívoco e sair do debate de forma honesta, mas ele preferiu apostar todas fichas no espetáculo. Julgo que aqui ele teve exatamente o que mereceu. Nem mais, nem menos.

    Agradeço ao Conde Loppeux de la Villanueva pelo exercício argumentativo e pela referência bibliográfica de Juan Claudio Sanahura, que eu de fato não conhecia. E assim, julgando que minas teses permaneceram sólidas diante de toadas as suas investidas, passo-lhe a palavra e despeço-me com os...


    cumprimentos do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz.
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  26. Considerações finais
    Seria cansativo insistir num dado elementar da discussão. A de que meus argumentos, até o dado momento, não foram refutados. Não estou aqui cantando vitória sobre um debate. Não faz parte do meu estilo. A questão, porém, é deveras óbvia: as denúncias que fiz sobre as ligações e os objetivos nada elogiosos do ativismo das minorias, negros, feministas, homossexuais ou indigenas, dentre alguns exemplos, jamais foram negadas. Mostrei também aqui que não há relação entre expansão dos direitos das minorias e expansão das liberdades. Pelo contrário, a reivindicação das minorias contribuiu e muito para a expansão da burocracia estatal e maior controle governamental sobre a vida privada dos cidadãos. Esse é o verdadeiro objetivo desejado para quem lidera estes movimentos. Pouco importa se isso possa aparentemente "favorecer" as minorias. As aspirações reais, na prática, vão mais além e em longo prazo destruirão tanto a liberdade das minorias, como as liberdades civis e políticas em geral.
    Esses controles se manifestam de várias formas: através de discriminações raciais (as investidas do movimento negro e indigenista contra a população branca brasileira ou simplesmente não categorizada como "minoria") e em patrulhamentos sociais na linguagem, na forma de pensar, nos atos políticos, como o demonstram as tentativas dos movimentos LGBT e feministas de destruir a família, a liberdade de expressão ou a liberdade religiosa, em virulentos ataques ao cristianismo.
    Todavia, o que é esse controle, na prática? A estratégia marxista mundial implica a conquista de espaços, para instaurar a hegemonia cultural. Ou seja, os esquerdistas dominam a imprensa, os meios de comunicação, os formadores de opinião, infiltram-se na educação, nas universidades, nas escolas e mesmo em setores de entretenimento, como as novelas, enfim, em todo e qualquer elemento que fabrique o imaginário. Até as igrejas não são poupadas, vide os braços da Teologia da Libertação na Igreja Católica e a Missão Integral, no lado protestante. O Sr. Luthor acha mesmo que uma novela da Globo que pregue agenda gay massivamente, modelos familiares destrutivos e desajustados como exemplos não faz parte desse gigante trabalho de revolução cultural? Engenharia social é, acima de tudo, controle da sociedade. As pessoas são tratadas como cobaias de um grande experimento laboratorial.
    Luthor, de forma um tanto inocente, insiste piamente em afirmar que os "excessos" das minorias militantes são meros acidentes, são meras consequências das transformações dos costumes. Nada mais falso. A essência delas é levar aos extremos e causar o caos. Quando movimentos indigenistas invadem propriedades rurais e exigem identidades nacionais contrárias aos estados nacionais, quando o governo aplica leis racistas e discriminatórias dividindo negros contra brancos e mestiços ou quando os ativistas LGBT exigem leis para trancafiar cristãos ou pessoas contrárias às agendas homossexuais, não estamos falando de "excessos" ou atos isolados, mas de políticas meticulosamente preparadas para serem impostas goela abaixo sobre a sociedade.
    Nas palavras do nosso urso sábio do libertarianismo, o radicalismo das minorias é "momentâneo", é exceção. Tem certeza? Expulsar milhares de arrozeiros de suas terras e violar o direito de propriedade, em nome da causa indigenista ou quilombola, é apenas exceção? Querer cadeia para padres ou pastores e cercear a liberdade religiosa em nome da causa gay, é exceção? Marcha das Vadias, degradação do sexo feminino e relativização do direito à vida, através do aborto, são também exceções? Destruir o universo familiar natural dos pais e dos filhos é exceção? Ou são regras constantes do movimento revolucionário? Essas práticas afetam radicalmente a estrutura da sociedade e causam prejuízos graves à ordem pública e jurídica.Como o Sr. Luthor ignora ou finge ignorar essas questões, aí só resta negá-los previamente, ao invés de comprovar a inverossimilhança desses fatos.
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    1. Foi também demonstrado que, longe de serem grupos representativos, os ativismos esquerdistas das minorias são financiados por verdadeiras oligarquias financeiras e políticas, uma curiosa aliança entre a burocracia, a inteligentsia pró-socialista e grandes magnatas capitalistas, interagindo com a cartilha de outra grande burocracia, só que internacional, a ONU. Fundações como Ford, Rockefeller, Macarthur e outros, investem bilhões de dólares em programas que incentivam ideologias da "negritude", do "indigenismo", do "feminismo" e da apologia gay, influenciando universidades, grades curriculares, escolas, sistemas educacionais. Sem contar a apologia pró-aborto, no intento de relativizar a vida humana. Ao invés do Sr. Luthor exigir provas, deveria pesquisar e conhecer essas associações criminosas. Ou melhor, deveria, ao menos, pensar por que bilhões de dólares estão sendo investidos pra estimular extremismos ideológicos marxistas na cultura e nas relações sociais. Essas agendas políticas já foram desenhadas para chegar aos seus objetivos claros e cristalinos: a destruição da família e do cristianismo, o rebaixamento moral da sociedade e a completa estatização do pensamento e do imaginário cultural. Não sou eu quem afirmo isso. São eles. Basta pesquisar os seus ideólogos e suas estratégias. Gramsci, a Escola de Frankfurt, Derrida, Foucault e o desconstrucionismo estão sendo aplicados ipsis literis.
      Essa aliança de capitalistas e socialistas é bem mais antiga do que se imagina. Vê-se o caso da China, que nas palavras de Luthor, não é mais "marxista". A China continua sendo o mesmo regime draconiano de sempre. Fuzila opositores, controla a informação, tem o maoísmo como ideologia oficial e realiza praticamente tudo que um comunista faz quando está no poder. O Sr. Luthor acha que a China deixou de ser marxista só porque fez concessões ao livre mercado? Ora, qualquer burocrata socialista bem articulado sabe que o mercado não pode ser suprimido. Mesmo na União Soviética, onde a economia era estatizada, havia uma tolerância do Estado ao mercado negro. A diferença é que agora os socialistas podem permitir o mercado, com a condição de controlá-lo. Luthor parece ignorar que os direitos de propriedade na China comunista são condicionais. Em qualquer tempo, o Estado pode reivindicar a propriedade alheia. A diferença é que eles seguiram um método próximo do fascismo. O empresário não perde a posse da propriedade, mas a sua apropriação é uma concessão estatal. Mesmo com todos esses controles brutais, os capitalistas ocidentais investem alegremente naquele país.
      Mesmo no caso da Rússia, as aparências enganam. Quem governa o Estado russo? Os velhos comunistas de sempre. Vladmir Putin, o homem que é alardeado como "conservador", foi membro da KGB. A maior parte da economia russa está nas mãos da velha nomenclatura soviética, agora, elevada à ideologia eurasiana.
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    2. Vou mais além. A União Soviética não existiria se não houvesse investimento capitalista. Bastaria o Sr. Luthor ler a obra do historiador Antony Sutton, para perceber que a Rússia soviética foi financiada por capitalistas que não queriam greves, não queriam rebeliões e desejavam lucro fácil através do trabalho semi-escravo dos cidadãos soviéticos e de um Estado camarada. Atualmente os socialistas percebem que podem tolerar a posse privada e o mercado, contanto que estes trabalhem para o Estado ou não fujam do seu controle
      Percebe-se que o Sr. Luthor não conhece absolutamente nada sobre os regimes comunistas e dos atuais métodos da esquerda. Ele pensa no marxismo em termos clássicos, ignorando as novas estratégias de poder que foram criadas em um século. Em outras palavras, ele se prende a uma retórica falsa, ignorando as ações políticas deles. Por acaso mudou a ditadura de partido único na China? Não. A censura continua solta? Sim. O controle totalitário da sociedade existe? Sim. A mera tolerância a uma relativa liberdade de mercado pode perfeitamente conviver com todos os tipos de controles sociais. E o que ocorre em nossa democracia, substancialmente falando, não é muito diferente. A diferença é apenas de metodologia.
      Por falar em ONU, realmente o Sr. Luthor demonstra uma ingenuidade próxima da estupidez. Já expliquei aqui o quanto essa organização se tornou um instrumento nas mãos da esquerda mundial. Bastaria o Sr. Luthor comparar uma proposta administrativa como o PNDH-3, aqui no Brasil, e as cartas da ONU e perceberá que lá tem vários documentos inspirados por essa instituição. Vou mais além. A burocracia da ONU tem projetos globalistas, projetos de se criar uma nova ordem cultural, religiosa, ética e política mundial. Esses projetos estão sendo impostos goela abaixo sobre os países, sem quaisquer questionamentos da opinião pública. Ou melhor, a opinião pública trabalha pela causa. Desde a neurose ambientalista até a inteferência estatal na educação dos filhos, eis a nossa Grande Irmã Onusca. 
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    3. Por que o Cristianismo está sendo varrido do mapa do planeta? No mundo oriental, os países comunistas e islâmicos estão matando milhares de cristãos, aos olhos complacentes das democracias ocidentais. E nas democracias ocidentais, o Cristianismo é apagado da memória histórica da população, atacado, caluniado, desmerecido. Qual a razão? Os socialistas sabem que a religião cristã é a única força civilizacional capaz de destruir seus intentos. Vejamos.
      Luthor reduz o Cristianismo a uma mera caricatura ao observar apenas elementos secundários e sem importância, como o "machismo" e a "homofobia". Percebe-se o grau de contaminação ideológica marxista na sua retórica de espantalho. Sua visão é pobre e panfletária. Mas o Cristianismo é muito maior que isso. É uma identidade, uma cultura, um plano moral, ético, filosófico, religioso, institucional e também uma civilização. Todos os alicerces morais, que vão da caridade ao direito à vida, que vão da estrutura familiar natural aos conceitos de justiça e do direito como valores perenes e transcendentes, estão na pedra fundamental de Cristo. E aqui falei muito pouco sobre a grandeza da fé cristã. Contudo, os arautos das ideologias marxistas querem apagar isso. Querem destruir os conceitos da caridade e do direito à vida, para reduzir o homem à mera engrenagem de um sistema utópico. Querem destruir a família para atomizar os indivíduos aos caprichos do Estado. Querem destruir os conceitos transcendentes de justiça, moral e direito, para reduzir o direito numa mera vontade arbitrária do poder político. Ainda que o Sr. Luthor se rebaixe vulgarmente ao canto da sereia do relativismo moral, sexual ou familiar, os objetivos desses grupos e a realidade são claros e cristalinos. Relativizar o direito à vida é destruir o direito à vida como valor comum. Relativizar a estrutura familiar é destruir a ordem familiar e sua segurança jurídica e força moral. Todos os relativismos e desconstrucionismos marxistas só visam basicamente destruir. Não acrescentam nada.
      Luthor, de forma bovina, desmerece o Cristianismo a uma dimensão histórica meramente particular, num mundo de guerras ou onde a força bruta imperava sobre o intelecto. É como se vivêssemos num lindo mundo ideal, para afirmar uma asneira tão monumental como essa. Alguém pode dizer que vivemos num mundo de paz, depois de duas guerras mundiais e Auschwitz? É como se o passado fosse mau e a nossa realidade atual fosse moralmente superior.
      Falei da contaminação ideológica na ladainha do Sr. Luthor. Ele pode não ser marxista, mas a perspectiva marxista contamina de tal forma seu cérebro, que ele nem percebe, inconscientemente, o quanto está afetado por ela. Ele é capaz de falar de uma suposta moral objetiva e ao mesmo tempo afirmar que essa moral se modifica conforme se transforma a infra-estrutura material, afetando também a super-estrutura espiritual. Mais materialista histórico do que isso, impossível! 
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    4. Não me surpreendeu quando Luthor afirmou que o Cristianismo foi "absorvido" pela filosofia grega e pela cultura latina. Parece que o paganismo causa uma admiração nostálgica na modernidade secularizada, ainda que ninguém compreenda basicamente o que significava o universo cultural e psicológico do mundo clássico. Todavia, o que ocorreu foi o contrário. A cultura greco-latina foi completamente remodelada conforme o Cristianismo. Conceitos éticos tão básicos como o direito à vida, a caridade ou a visão transcendente do direito e da justiça acima do Estado, não existiam ou eram escassos na mentalidade greco-romana pagã. A prática de infanticídio, principalmente de crianças indesejáveis, era comum no mundo antigo. O pater familias romano ou o despotes grego tinham poder de vida e morte sobre a mulher e os filhos. Os menores poderiam sofrer abusos sexuais dos mais velhos, vide a pederastia, que hoje seria a pedofilia moderna. Em muitos casos, a mulher nem mesmo tinha direito de herança. Alguém encontrará mulheres no mundo antigo que tenham ocupado algum cargo político? Com exceção do Egito antigo, quase inexistente.
      O homem grego não via a liberdade como um princípio universal, mas como produto do status de uma cidade ou de um império. Nem mesmo na filosofia grega vamos encontrar a concepção da liberdade individual como fora da perspectiva da vida citadina do status do homem livre. O máximo que encontraremos são aproximações desse conceito. Aliás, a filosofia de Aristóteles e Platão era mal vista em sua época, porque quebrava o paradigma cosmológico da religião e do modo de viver grego. Não foi por acaso que a filosofia grega platônica e aristotélica se casou perfeitamente com o Cristianismo. Porque o pensamento destes filósofos se aproximava muito da cosmovisão cristã.
      Os escravos eram tratados como animais e não tinham direito de família. A promiscuidade sexual era incentivada entre eles, justamente para que não formassem laços familiares e cada escravo não descobrisse quem era seu pai. Não será coincidência de que a promiscuidade sexual seja incentivada, hoje, justamente para que os indivíduos não formem laços realmente autênticos de solidariedade e família? 
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    5. A religião revelada do Cristianismo, como produto da gloriosa justiça de Israel, muda radicalmente todas as relações do mundo antigo. As mulheres conquistam o direito de participação na família e todo um sistema de proteção jurídica é criado a favor delas. Elas herdam, podem gerenciar os bens da família, participam da educação das crianças, etc. Toda uma legislação de proteção de viúvas e meninas órfãs é criada. Se no mundo antigo é escassa qualquer menção Às mulheres, na Idade Média, o que mais se vê são santas, rainhas poderosas e até guerreiras. Aliás, o Império Romano se cristianizou por causa das mulheres. Elas foram um elemento poderoso na conversão de muitos pagãos.
      O infanticídio e a pedofilia foram proibidos e suas práticas foram criminalizadas. O poder do pai foi limitado ao bem estar da família. E foi a Igreja Católica quem instituiu o direito universal dos escravos de terem famílias e adquirirem propriedades. Mais ainda: a Igreja foi a primeira instituição do ocidente a questionar a validade moral da escravidão!
      Outra mudança substancial do Cristianismo é a relação do indivíduo com o poder. O mundo antigo não conseguia distinguir a autoridade política da autoridade religiosa. Daí a idolatria dos imperadores como deuses. Ou a obrigatoriedade de um culto cívico, de uma religião civil da pólis. Foi a concepção cristã que separa o poder temporal do poder espiritual em duas esferas, a da Igreja e a do poder político. E foi essa mesma igreja que resgatou o conceito da "consciência individual" no mundo ocidental. Alguém agora tem dúvidas do porquê dos movimentos revolucionários quererem destruir o Cristianismo? Será que o Sr. Luthor é tão estúpido a ponto de achar que apagando esses paradigmas morais, éticos, culturais, não se vai mudar radicalmente a forma como o ocidente encara a realidade? Mas a questão é: o que vão colocar no lugar? O marxismo cultural! Ser cristão, em suma, vai além de um certo "dogmatismo". . .
      Luthor tenta, a todo custo, negar os fatos ou simplesmente relativizá-los. Usa de falsas analogias, comparando-os com o processo do voto universal ou dos direitos trabalhistas. Diz que as exigências das minorias são frutos naturais da democracia ou de uma suposta "ordem natural" das coisas. Partindo dessa lógica rasteira, poderíamos dizer também que se grupos políticos, como os fascistas e comunistas, exigissem a extinção da democracia, também isso deveria ser um "processo natural", já que a democracia permite, inclusive, que se pregue sua própria destruição. Mas o que significa basicamente "ordem natural"? Se partirmos do pressuposto de que essas atividades políticas são alheias à maior parte da população e são feitas à revelia dela, tendo como objetivo a sua destruição, logo, não é um "processo natural", nem da sociedade no seu conjunto, nem da democracia. 
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    6. A democracia e a sociedade necessitam de princípios sólidos. Princípios de ordem, tanto política, como moral. É do "processo natural" de um poder que ele se auto-preserve, com todos os meios institucionais e éticos possíveis. As instituições democráticas se preservam porque não somente há uma ordem política, como também uma ordem moral preexistente e legitima perante os cidadãos. Da feita que há grupos que tentam destruir a democracia, mesmo se utilizando dos expedientes da democracia, não falamos aqui de um "processo natural", mas sim de uma subversão pura e simples, no intento de usurpar os poderes constituídos. Partindo de algo mais amplo que um sistema político, ou seja, a própria sociedade, com seus valores, cultura, instituições, etc, naturalmente que as práticas de engenharia social dos movimentos esquerdistas são bem mais ambiciosos do que meramente destruir a democracia. Eles querem algo mais além. Querem instituir uma nova ordem utópica com a completa destruição daquilo que vivenciamos. Nem que para isso a sociedade seja destruida. Todos os elementos de composição institucional da sociedade, como a família, os valores morais e éticos tradicionais, as regras de boa conduta, as associações civis independentes, embasadas em laços de solidariedade, como também de princípios históricos comuns, são elementos limitadores do poder estatal e da engenharia social. Semear a desordem, o conflito, a ruptura, em outras palavras, a "dialética revolucionária", faz parte da tentativa de destruição da velha ordem para instaurar a nova. E essa nova ordem será uma verdadeira tirania. Que podemos esperar dos socialistas senão esses objetivos? Não são conjecturas. São documentos, tratados ideológicos, projetos, técnicas, objetivos, financiamento massivo expressos visando a conquista totalitária da sociedade.
      Claro que as táticas dos movimentos revolucionários não se limitam a defender minorias. Há várias esferas de ação para o mesmo fim. Seja através do apoio ao terrorismo, do crime organizado, da criação de poderes paralelos à democracia, etc. Para um leigo ou para quem não tem conhecimento sobre o assunto, isso pode parecer assustador e até inverossímil. Mas lamentavelmente existe e está ocorrendo, neste momento, no Brasil. A reação inesperada de quem se depara com essas informações é até previsível. A pessoa se assusta e racionaliza negando o fato como impossível ou absurdo. Pode-se afirmar que este ceticismo, à primeira vista, seja saudável. Porém quando se teima a negar previamente os fatos, sem uma mínima consulta séria, o máximo que podemos afirmar é que há uma cegueira ou um posicionamento de avestruz, de enterrar a cabeça debaixo da terra. 
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    7. Entretanto, Alex Luthor é teimoso, ele exige o ônus da prova a mim. Não seria apropriado apresentar aqui fontes, links ou livros a respeito dessa trama, embora eu esteja aberto a isso e fontes confiáveis é que não faltam sobre o assunto. Contudo, seria presumível que Luthor conhecesse esses detalhes. Parece que no fundo não sabia deles até eu tocá-los. Como eu não sou refutado e sempre insisto no assunto, Luthor diz que repito uma cantilena ad nauseam, repetitiva, sobre o tema. Afinal, poderia ser diferente? Se os fatos estão entrelaçados nessas relações, por que diria outra coisa? Se o Sr. Luthor quiser dissociar a realidade em nome de uma retórica ideológica bonitinha nas palavras, mas alheia dos fatos, paciência. Isso é apenas alienação e nada mais.
      Alex reclama por não respondido todas as questões, pelo simples fato de já ter extrapolado o limite necessário para escrever as réplicas. Todavia, para se desmerecer um erro, é necessário mais palavras e mais observações factuais contra aquele argumento que se prende apenas a premissas irreais ou fantasiosas. Posso ter me excedido nos textos, justamente porque o tema é bastante complexo e vai muito além dos axiomas simplórios de Alex Luthor. Tentei ao máximo não ser mais amplo. Com relação à minha "verborragia conspiratória", até agora, nada. Alegar uma falsa conspiração se necessita provar essa alegação. Ora, o Sr. Alex pode bancar o idiota, porém, não chega a tanto a ponto de ignorar o radicalismo claro e óbvio das esquerdas, junto com seus movimentos feministas, gays, quilombolas, indigenistas, etc.
      Existe um detalhe mais marcante da subversão cultural marxista na atualidade: as transformações totalitárias devem parecer "espontâneas", "naturais". A idéia mesma do Sr. Luthor de "naturalizar" a prática dos movimentos revolucionários está na essência de suas táticas. As pessoas não devem perceber que estão sendo induzidas num processo gigantesco de manipulação coletiva. Daí a reação tola do meu adversário em reduzir todas essas correlações óbvias à "teoria da conspiração". Vou insistir: sim, o processo da revolução cultural marxista no ocidente é gigantesco, assustador e tem conexões internacionais poderosíssimas.
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    8. Minhas fontes são bastante simples. Nada do que eu disse é algo "conspiratório". Na verdade, é bem público. Que haja uma grande articulação das esquerdas em escala mundial, isso é um fato tão elementar, que só alguém que vive em Marte pode afirmar o contrário. Claro que essa articulação não é perfeita, não é tão sistemática. Há diferenças, há rivalidades internas entre as facções existentes e também formas de encarar as táticas. Contudo, há uma certa unidade de propositos. É curioso que eu me passe por charlatão e desonesto porque meu rival é um pobre ignorante nos temas, é leite com pêra. Minha ironia sobre seus conhecimentos de google foram embasados justamente no completo desconhecimento que Luthor apresenta sobre o que está sendo debatido.
      Para finalizar o debate, podemos chegar às seguintes conclusões básicas: as ações das minorias políticas, embora sejam favorecidas pelo regime de liberdades na democracia, não são provas da expansão de mais liberdades. Pelo contrário, são provas sim do quanto a democracia é frágil e pode ser facilmente destruída pelos seus próprios mecanismos internos. O sistema democrático não tem métodos eficazes para combater seus inimigos. Porque a democracia moderna se apresenta como meio e seus princípios são rarefeitos, inconsistentes, dependem das pressões políticas e do que se convencionou chamar "vontade popular". O que a sustenta, basicamente, é a tradição civilizacional cristã e conservadora, não-democrática, espiritual, transcendente, perene.

      Os inimigos da civlização ocidental sabem disso. Salvo, é claro, o Alex Luthor. . .

      Desde já, agradeço pela oportunidade de debater com o Alex. 

59 comentários:

  1. Liberdades e Direitos das Minorias




    CONSIDERAÇÕES INICIAIS


    Saudações aos leitores do blog e a Sua Graça, o Conde Loppeux de la Villanueva.

    Neste debate pretendo defender duas afirmações básicas acerca do aumento das liberdades individuais e da conquista de direitos de indivíduos pertencentes a algumas das chamadas “minorias”. A primeira é a de que esse fenômeno que vem ocorrendo especialmente nas democracias ocidentais é o resultado de um processo natural, e não o produto de uma estratégia de manipulação mental coletiva. A segunda é a de que, em vez de ser socialmente danoso em sua essência, este processo é uma desejável conquista civilizatória.


    1) 1ª tese: que o processo é natural, não induzido.

    Os indivíduos que vivem em estados democráticos de direito são livres para perseguir a própria felicidade em consonância com a lei e têm garantidas várias liberdades fundamentais para a própria existência de uma democracia, entre as quais estão a liberdade de reunião, de informação e de expressão. De meados do século XX até hoje, o mundo experimenta um processo de aprofundamento dessas liberdades como nunca se viu em toda história, pois a difusão dos meios de comunicação de massa, a facilitação do acesso à cultura, o aumento nos níveis de escolaridade das populações combinados com o acesso à internet ampliaram enormemente essas liberdades num processo que ainda está em andamento, mas cujas consequências já se fazem notar.

    Nessa perspectiva, as pessoas encontram muito mais facilmente outras que compartilham a mesma situação ou os mesmos interesses que elas. Gosta de Literatura? Poderá conversar com outros literatos sobre o romance de Balzac que acabou de ler. Aprecia Música Erudita? Encontrará outros ouvintes dedicados e não precisará comentar sobre os quartetos de cordas de Beethoven com o seu amigo funkeiro. Gosta de debater? Poderá ingressar num grupo de debates e parar de chatear seu vizinho avesso à dialética. Enfim, tudo isso é consequência natural da liberdade de reunião, de informação e de expressão.

    Da mesma forma, muitos indivíduos que compõem grupos sociais minoritários encontraram um terreno propício para reunir-se e dizer o que pensam, não apenas entre si, mas também para todos os outros segmentos sociais que não integram essa minoria. Nós vemos isso acontecer o tempo inteiro em blogs, vlogs e grupos de redes sociais. Negros querem o fim do racismo, mulheres querem o fim do machismo, homossexuais querem o fim da homofobia e todos eles podem, através da internet, por exemplo, expor, individualmente ou em grupo, seus pontos de vista para toda a sociedade. Em suma, se uma minoria socialmente estigmatizada tem a possibilidade de reunir-se e a liberdade de expressar seu desejo por reconhecimento e respeito, ela o fará de forma absolutamente natural, sem a necessidade de qualquer incentivo além do impulso natural para buscar a própria felicidade. Quando essas reivindicações não entram em conflito com o direito alheio, a sociedade tende a aceitá-la e o resultado desse processo pode ser traduzido em uma única palavra: tolerância.

    Portanto, longe de ser uma conspiração ou uma estratégia de manipulação global, este processo de transformação cultural ocorre naturalmente em qualquer sociedade cujos indivíduos sejam livres para pensar, para se reunir e para manifestar seu pensamento, especialmente se nela houver um meio tão eficiente e democrático para a transmissão de informações como a internet. Além disso, depõe contra a ideia de conspiração o fato de que, para haver estratégia, é preciso haver um estrategista, para haver manipulação, é preciso haver um manipulador. Aqui cabe a Sua Graça, o Conde, a tarefa de revelar-nos a identidade deste suposto manipulador social, uma vez que sua presença, conforme vimos, não é de modo algum autoevidente ou necessária.

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  2. 2) Interlúdio: o pensamento conservador, a zona de conforto e a reação.

    A emergência de uma sociedade mais tolerante encontra uma forte e cada vez mais organizada resistência em indivíduos e grupos conservadores. Cabe aqui refletirmos brevemente sobre o pensamento conservador, suas motivações e seus receios. Caso eu não contemple algum aspecto importante sobre essa questão, o Conde poderá chamar atenção para o fato omitido.

    Em qualquer sociedade, indivíduos conservadores são aqueles que exaltam a segurança e a solidez da autoridade constituída, dos usos e costumes consagrados e das tradições e da moral de longa data estabelecidas; de modo que, segundo eles, uma organização social só encontra uma desejável estabilidade quando fundada nesses elementos. Conservadores começam a se sentir fora de sua zona de conforto quando pressões sociais entram a questionar e a alterar os costumes, as visões de mundo e, por consequência, o status social vigente. Ao deparar-se com o novo, com o diferente, a tendência natural de quem está acostumado com o caminho único e “normal” é o repúdio ao caminho alternativo. Assim, muitos heterossexuais repudiam os homossexuais, muitos homens repudiam a liberdade sexual feminina e muitos religiosos repudiam os ateus, porque, afinal de contas, “que bizarros são esses comportamentos e essas formas de ver o mundo”!

    Ora, é evidente que incluir-se em um sistema de pensamento majoritário é muito mais confortável que pensar contra a maré consuetudinária, de modo que a perspectiva de ver seus valores e visão de mundo relegados à condição minoritária não é nem um pouco agradável. Quando pressões e reivindicações sociais decorrentes das liberdades de informação, reunião e expressão começam a se fazer notar e a ganhar terreno sobre a moral e os costumes estabelecidos, os conservadores se incomodam, organizam-se e reagem exercitando eles próprios a sua trinca de liberdades. Sua Graça, o Conde, por exemplo, é uma figura reconhecida em páginas virtuais e grupos que reúnem pessoas orientadas por ideais conservadores, que trocam ideias entre si e procuram fazer-se ouvidas pela sociedade.


    3) 2ª tese: que o processo é benfazejo

    No meu entender, a reflexão honesta sobre os caminhos que outras pessoas escolheram ou se viram obrigadas a dar às suas vidas, caso não impliquem dano ao direito alheio, como no caso dos pedófilos, pode levar até mesmo o indivíduo conservador a deixar de ver a sua postura como a única aceitável ou como a “certa”. Quando esta percepção ocorre em larga escala, temos uma sociedade que se tornou mais globalizada, mais plural, mais tolerante e menos preconceituosa, o que certamente é um fator de maximização do bem comum. Se minhas convicções e meu comportamento não trazem dano a ninguém, que direito terá outra pessoa de me impor aquilo que ela considera certo, seja ela maioria ou minoria? Nenhum! Isso, caro Conde é apenas tolerância: resultado direto da minha e da sua liberdade.

    Muitos conservadores, porém, argumentam que se está abrindo caminho para uma completa degenerescência moral da sociedade, pois, uma vez que algo que era considerado bom e justo perde esse status, nada impedirá que todas as condutas humanas possam, pelo mesmo processo, ser reconhecidas como válidas, inclusive assassinatos, estupros ou pedofilia. Errado. O aumento das liberdades individuais encontra um limite natural na liberdade e nos direitos alheios. Se, por um lado, alguém ganha uma liberdade, por outro, perde a opção de negá-la coercitivamente a outrem.

    Outro argumento de alguns conservadores (e este é ridículo sob todos os pontos de vista!) é o de que, em uma sociedade mais tolerante, eles, os conservadores, perderiam o “direito” de discriminar e coagir as pessoas que eles, pelos seus critérios morais, consideram “erradas”. Assim, o conservador (coitado!) teme a repressão estatal porque perderia o “direito” de coagir um funcionário que ele descobriu ser homossexual, perderia o “direito” de constranger moralmente uma mulher na rua por ela estar utilizando a abominação têxtil de uma minissaia.

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  3. Este tipo de argumento falha miseravelmente quando pressupõe ser um “direito” a conduta que, por motivos de convicção pessoal, tende a suprimir outro direito.

    Uma versão mais branda deste argumento, assevera que, ainda que o estado não interfira, os conservadores perderiam a chancela social majoritária para propagar seu discurso repressor, atraindo assim uma visão cada vez mais negativa sobre seus preconceitos arraigados. Ora, isso equivale a dizer: “a situação atual não pode mudar porque, se mudar, muita gente vai criticar meus pontos de vista!”. Imagine-se como está hoje a situação daqueles injustiçados membros da Ku Klux Klan que têm medo de defender em público suas convicções racistas. Será mesmo que este é um bom argumento a favor da manutenção do racismo?

    Assim, caros leitores, o argumento de que o processo que estamos discutindo resultará em uma catástrofe civilizacional simplesmente não tem razão de ser e, se tem, cabe ao conde demonstrar isso, seja contestando meus argumentos seja apresentado outros novos para que eu possa contestá-los.


    4) A “ultima ratio” dos conservadores.

    Em todos os debates que já tive sobre essa questão, uma coisa me pareceu bastante evidente: por mais vejam ser esfarelados todos os seus argumentos, muitos conservadores se recusam a mudar de ideia. Por quê?

    Resposta: dogmatismo religioso. A pilastra fundamental do pensamento conservador não é de origem racional e sim dogmática. Qualquer sujeito que tenha um mínimo de experiência em debates sabe muito bem a situação até certo ponto ridícula a que estão sujeitos quanto alegam razões de convicção, especialmente religiosa, para defender seus pontos de vista. É por isso que debatedores experientes, o Conde inclusive, esforçam-se para manter suas convicções religiosas fora dos debates sobre esse assunto. Eles, porém, acreditam dogmaticamente que a moral judaico-cristã é perfeita, universal, eterna e imutável, de modo que qualquer processo social que contrarie esses parâmetros será, para eles, algo intrinsecamente maléfico, sem perguntas a serem feitas nem razões a serem dadas, afinal de contas: “foi Deus quem disse!”.

    A maioria dos conservadores resistirá até o último instante para não trazer para o debate razões que, por sua própria natureza, não são susceptíveis a debate. Essa conduta não é por si só desonesta, mas já tive a infelicidade de ver conservadores acuados agarrando-se de forma flagrantemente irracional e contraditória a argumentos derrubados quando a única saída honesta que lhes restava era abandonar o debate admitindo que nenhum argumento racional os faria abdicar de suas convicções.

    Não que este seja o caso de Sua Graça, o Conde, mas confesso que tenho muita dificuldade em manter a polidez quando discuto com este tipo de debatedor, cujo sistema de pensamento e a conduta desonesta, no meu entender, prestam um enorme desserviço à humanidade em nome da manutenção dos seus misticismos e preconceitos. Para mim isso traduz um egoísmo medonho! Não apenas egoísmo, mas também uma moleza e um comodismo execráveis. Sempre querem forçar a manutenção do seu conforto idiossincrático e, para isso, combatem o novo e muito do que a inventividade humana pode criar para melhorar a curta e miserável vida que temos por aqui.

    Como já afirmei diversas vezes: opor-se à moral judaico-cristã no que se refere ao machismo ou à homofobia, por exemplo, não implica negá-la também em seus ensinamentos sobre altruísmo e honestidade. Hoje, para um número crescente de pessoas, aquilo que na Bíblia é apenas preconceito está perdendo o título de parâmetro de moralidade e as pessoas estão sendo julgadas mais pela sua ética e civilidade do que pelo decote de suas roupas ou pelo seu número de parceiros sexuais.
    Esse fenômeno não só “parece” nobre.
    Ele É nobre!


    Passo a palavra a Sua Graça, o Conde e despeço-me com os...

    cumprimentos do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz.

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    1. Mandarei minha resposta terça feira. Abraços do
      Conde

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    2. Saudações ao meu adversário debatedor Alex Luthor e Tb aos leitores de “debates retóricos”.
      Quando eu li o argumento do meu caro Alex, a respeito da “expansão das liberdades” no chamado “direito das minorias”, observo que pertence muito mais a uma retórica abstrata do que uma realidade.
      Vamos partir das seguintes premissas do Sr. Alex para defender a ideia de que as “liberdades” se expandiram na democracia ou que a reivindicação das minorias é um “processo natural” da sociedade democrática. Vamos dissertar sobre os seguintes tópicos abordados pelo Alex:
      Premissa falsa n 1: O processo de reivindicação das minorias é algo natural e não um processo conduzido.

      Segundo a opinião do Sr. Alex, a reivindicação dos movimentos negros, indigenistas, homossexuais ou feministas não são articulações induzidas visando um fim de ameaça à democracia, mas tão somente um processo natural das liberdades democráticas. Ouso discordar dele completamente. Primeiro, a agenda politicamente correta é sim uma articulação coletiva, que envolve ONGs, entidades socialistas revolucionárias e um verdadeiro projeto de engenharia social que, na prática, pretende destruir a democracia. O Sr. Alex fala de uma pretensa “liberdade” a partir dessas manifestações. Mas ele despreza o fato de que esses grupos, suas formas de organização e seus projetos são francamente totalitários, visando censurar ideias, opiniões ou pensamentos contrários aos seus projetos políticos. Não vamos longe: quem financia ou apoia, tanto política como economicamente, esse grupos? Movimentos revolucionários e anti-democráticos de esquerda, cuja agenda é pura engenharia social.
      Acrescento que tais projetos não são espontâneos. Eles são produtos de uma gigantesca engenharia social, trabalhada por ideólogos, políticos, grandes magnatas, com projetos políticos e culturais bem claros de destruição de nossa civilização e já atuam na sociedade ocidental há pelo menos um século. Digo um século, porque as raízes da tragédia são bem mais profundas.
      Qualquer pessoa relativamente estudada sabe que o movimento esquerdista mundial abandonou o conceito da luta de classes para a guerra cultural. De onde surgem essas ideias? Da elite marxista dos anos 20 do século passado, quando se indagavam porque o marxismo, a despeito das premissas de Marx, não se concretizava. Naturalmente que não questionaram a essência errada do marxismo. Porém, os marxistas encontraram a raiz do problema: a cultura, o imaginário, as tradições filosóficas, culturais, religiosas e morais do mundo ocidental, como um empecilho poderoso contra o socialismo.

      Para se impor o socialismo, não basta apenas a tomada do poder puro e simples. É preciso também remodelar comportamentos, valores, expressões do imaginário e da cultura, no sentido de levar a sociedade ao totalitarismo.
      A ideologia de Antonio Gramsci, de Lukacs, como também da Escola de Frankfurt oferecem uma nova estratégia de tomada do poder pelos socialistas: transformar não apenas um Estado em socialista, mas também a cultura em socialista, explorando e forjando todos os tipos de conflitos possíveis, para enfraquecer essa sociedade e dominá-la. Naturalmente que eles não fizeram isso sozinho. A União Soviética já trabalhava com a subversão cultural desde os anos 30, quando conseguiu dominar uma boa parte das academias, centros culturais e fontes da opinião pública ocidental já na época de Stálin. E a Sociedade Fabiana, junto com os sociais-democratas europeus e americanos, aderira alegremente a ideia. Destrua a cultura tradicional instituída, destrua a inteligência do ocidente, destrua o legado judaico-cristão e Greco-romano e se abrirá um vazio cultural para os socialistas.

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    3. O mais surpreendente dessa verdadeira ação cultural devastadora é que ela tem apoio de grandes capitalistas do ocidente. E a pergunta é? Por que fundação Ford, Rockefeller, Macarthur e Georges Soros financiam a subversão cultural? Justamente porque os grandes capitalistas querem participar do butim, junto com os socialistas. Ora, se as chamadas “reivindicações das minorias” são financiadas por tanta gente poderosa, que envolve magnatas ricos e regimes totalitários, obviamente que o alardeado “direito das minorias” não é espontâneo. Ele é fabricado para fins totalmente alheios ao direito das tais minorias alardeadas.
      Premissa falsa n. 2: a reivindicação dos direitos das minorias é a expansão das liberdades democráticas.
      Alex Luthor alardeia ingenuamente de que os chamados “direitos das minorias” reflete uma expansão das liberdades civis na democracia. O que ele ignora é que o cumprimento desses tais “direito” significa também uma expansão brutal do Estado sobre a vida privada, gerando mecanismos de controle social mais perversos sobre a cultura, o imaginário e as relações humanas.
      A grande maioria dos movimentos de minorias, longe de expressarem defesa de direitos, quer na verdade, destruir as instituições sociais vigentes e expandir a burocracia.
      Toma-se por exemplo, o movimento homossexual. Os homossexuais militantes não se contentam em apenas viver sua sexualidade sem serem incomodados. Eles querem remodelar opiniões, condutas sexuais e até mesmo alterar o direito de família. A expansão dos “direitos dos gays” vem acompanhada de uma burocratização assustadora da linguagem, da liberdade de ideias e até mesmo da religião. Não são os movimentos homossexuais que querem colocar na cadeia qualquer pessoa que questione seus projetos espúrios ou faça julgamentos morais sobre sua sexualidade? Não é o movimento gay que ataca o Cristianismo e a família tradicional, querendo, na prática, destruir a família? A pergunta que não quer calar é: por que os movimentos esquerdistas apoiam os homossexuais nas democracias ocidentais? Porque eles sabem muito bem que é um caminho poderoso para destruir o direito de família, subverter a moral sexual e criminalizar o sentimento da maioria da população a respeito desses tipos de conduta.
      Vejamos. A família é uma instituição orgânica, que se identifica por uma natureza específica que a distingue de qualquer outra forma de relação, ou seja, relação biológica e de parentesco. E mesmo nas chamadas “famílias adotivas”, elas nada mais que imitam as famílias naturais. A ideologia gay, como a ideologia de gênero, quer nos convencer de que a família é uma instituição construída culturalmente e que as relações de comportamento sexual são também normas impostas pela sociedade. Partindo dessa lógica, o que impede do Estado alienar os pais da educação de seus filhos, se a família é mero capricho social? Onde estará o direito das crianças e dos pais, quando se relativiza o conceito familiar que garante a segurança de educar seus filhos? A prática de alienar os pais dos filhos já foi aplicada na União Soviética dos anos 20, quando alguns ideólogos comunistas queriam que a educação familiar fosse repassada ao Estado. Ora, a destruição do universo familiar natural é, basicamente, sua estatização lenta e gradual, justamente porque se dilui o universo familiar em relações completamente inconsistentes. Na prática, o Estado, ao relativizar o conceito de família, estabelece para a sociedade o que pode ser reconhecido como “família”. Pior, aliena da figura do pai e da mãe o papel de educador das crianças. Qualquer cidadão desajustado, promiscuo, pode se declarar “família”. Basta propor seus critérios arbitrários. A suruba, o puteiro, uma relação de dois homens, duas mulheres, um gato e um cachorro podem ser elevados a conceitos de “família”. Basta uma reivindicação histérica bem subvencionada por ONGs poderosas e influentes para se modificar uma estrutura que já existe há milênios!

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    4. O movimento feminista vai no mesmo caminho. Toda a política pró-aborto, tão alardeada pelo movimento feminista, nada mais é do que a velha e monstruosa eugenia racial disfarçada de “direito”. Ora,o que as ONGs feministas propõem às mulheres? Que elas sejam estéreis, que a família é uma prisão, que o homem é um ser opressor e machista, que os filhos são um estorvo. Vemos aqui outra política de destruição do universo familiar.
      É pior. Falei aqui de eugenia. A política de controle de natalidade e de aborto nasceu com a crença de que a sociedade deveria se livrar dos inaptos. Quem é o pai da criança? Na verdade uma mãe. Ou melhor, uma madrasta. Ela se chamava Margareth Sanger e criou o que é hoje a maior instituição abortista do mundo, a Planned Parenthood. Qual a ideologia de Sanger? Ela pregava abertamente a eliminação dos fracos e dos racialmente inferiores. Dizia que os asilos e instituições de caridade deveriam sumir, porque eram um desperdício da raça. Não foi por acaso que esta senhora, com o apoio da Fundação Rockefeller, foi uma entusiasta do regime nazista e pregava abertamente o controle de natalidade. Controle de natalidade esse, naturalmente, para os fracos, para os pobres, para os desvalidos. Os lindos arianos, naturalmente, é que deveriam procriar em massa.
      Antigamente, as ideias eugênicas tinham um repudio de uma sociedade ainda cristianizada e onde os valores de família eram poderosos. Mas os eugenistas e os engenheiros sociais de hoje não precisam mais forçar leis ou políticas de esterilização em massa, como na época de Sanger, com seu jargão racista e nazista. Basta in0cular uma ideologia de “direitos reprodutivos” para que as mulheres neguem sua própria descendência ou matem seus filhos. Não é estranho que o movimento feminista pregue a promiscuidade sexual, o rebaixamento moral da mulher e mesmo sua incapacidade de formar laços afetivos de família, e ainda dizer que tudo isso é um “direito”?
      E por que o aborto foi elevado a “direito”? Naturalmente que é pra relativizar um direito maior, que é o de viver. Os movimentos revolucionários e esquerdistas não veem as pessoas como portadoras de “direitos”, mas sim como células, como engrenagens ou peões de um grande sistema de controles sociais. A alardeada alegação do “direito” é um subterfúgio retórico sem expressão na realidade.
      Podemos acrescentar outros movimentos de “minorias”, como índios e negros. O mesmo movimento negro que reivindica “direitos” ou “dividas históricas” é também aquele que cria uma legislação racista contra brancos. Vou mais além: num país mestiço como o Brasil, claro está que a tentativa de promover uma fictícia “negritude” implica a destruição lenta e gradual da identidade nacional e a criação de conflitos inexistentes em nossa sociedade. A política indigenista, com o apoio da ONU e de ONGs poderosas como o CIMI (Conselho Indigenista Missionário Mundial) que é financiada pela Fundação Ford, já expulsaram milhares de brasileiros de suas terras (Raposa Serra do Sol, norte de Roraima, como também o sul do Mato Grosso), com o alardeado “direito indígena” à terra, ignorando a soberania nacional e os direitos alheios. Vou mais além: toda a ideologia da negritude, como do indigenismo, é fraudulenta, sem qualquer vínculo com a sociedade brasileira, bandeiras criadas em laboratórios universitários de ativistas radicais que têm espaço a rodo na mídia, nos centros de formação cultural, nas escolas e até no governo. Claro, com muito dinheiro público ou dinheiro de fundações estrangeiras.

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    5. Premissas falsa n.3: os conservadores temem o processo, porque é uma zona de conforto e uma mera resistência à mudança.
      Alex aqui usa o velho estereótipo esquerdista pra rotular os conservadores.Para eles, os conservadores não querem aceitar o “processo natural” da tolerância, da diversidade, das mudanças acarretadas pelo sistema democrático. Vemos aqui duas conclusões falsas. Ser conservador não é ser refratário à mudança.É simplesmente aceitar a mudança quando seus pressupostos são válidos. E os conservadores autênticos não são apegos a um passado tradicional. Na verdade, a idolatria da cronologia é um grande pecado hegeliano e marxista, ou até progressista, mas não de um conservador autentico. Um conservador não é um ideólogo, ele trabalha com questões práticas e da razão. Ele sabe que existem valores, instituições e princípios, que embora possam modificar na aparência, preservam seu caráter essencial. A honestidade pública, a família, a religião, a perspectiva transcendente e espiritual dada pela religião, os conceitos da justiça e da lei natural, são elementos permanentes no homem e, portanto, imutáveis. E ainda bem. Os direitos se resguardam justamente quando eles têm substância, não quando são reivindicações espúrias, cujas intenções são destruir o próprio direito.
      Alex alardeia outro mito: a da “sociedade democrática tolerante”. Será? Quando o movimento negro cria leis racistas e uma visão estereotipada da Europa e dos brancos, somos uma sociedade “tolerante”? Quando os movimentos gays querem confinar cristãos nas igrejas ou mesmo na cadeia, enquanto impõem suas agendas homossexuais nas escolas, na imprensa, na mídia e na cultura, falamos de alguma cultura “tolerante” aqui? E as feministas radicais, que dizem que os homens são supérfluos, que a família deve ser destruída,são tolerantes? Ou será que o Sr. Alex vive num mundinho paralelo de Alice no País das Maravilhas?
      Claro, Alex condena a “discriminação” conservadora! Que bonitinho! Ele se esquece de que a humanidade é, naturalmente, discriminadora. Quando detestamos um ladrão, um canalha estuprador ou um assassino, estamos discriminando alguém pela sua conduta. Quando alguém rejeita a homossexualidade, tal como rejeitaria a pedofilia, a zoofilia e outras práticas sexuais consideradas imorais, há um critério de discriminação. O problema não é discriminar e sim se a discriminação é injusta ou desproporcional. Naturalmente que ninguém colocará gays na cadeia. Mas tampouco uma pessoa que rejeite a conduta homossexual deve ser presa por isso. Está na liberdade sexual aceitar ou rejeitar uma conduta. Mas os “tolerantes” homossexuais militantes querem tirar esse direito de nós, das famílias e até das crianças! Claro, não compartilhar dos gostos sodomíticos de um certo povo é clara manifestação de “homofobia”.

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    6. Conclusões
      A palavra “direito” implica um vínculo que liga a pessoa e dá o direito a ela de exigi-la. Nada do que é reivindicado nos chamados “direitos das minorais” é autenticamente um direito. Vemos aqui um abuso retórico que confere dividendos políticos valiosos a esses grupos esquerdistas revolucionários. Contudo, é tudo fake.
      Primeiramente, quando um negro reivindica uma “dívida histórica” contra outro indivíduo, pelo simples crime de ter a pele branca, onde estará aí o vínculo que criminaliza o homem branco? É a raça? Quando este mesmo negro reivindica cotas raciais ou outros privilégios espúrios, qual o argumento lógico para que ele seja tratado diferentemente em relação a outros tipos étnicos? Podemos abarcar privilégios,ao menos, de duas formas. Ou quando uma criatura é incapaz, ocasião em que é protegida legalmente. Ou então quando há uma reivindicação injusta. No primeiro caso, é reconhecer a inferioridade racial dos negros. No segundo caso, é patifaria e trapaça em forma de bom mocismo.
      Segundo ponto. E os chamados movimentos homossexuais, quando reivindicam o “direito de família”? Qual é o embasamento biológico, moral, ético e institucional para que uma dupla sexualmente incapaz de gerar filhos por uma incompatibilidade física, e cuja prática sexual não serve de modelo pra família, já que é sua destruição, pode reivindicar o “direito” a uma instituição que nasce naturalmente da propensão de se gerar filhos. Reiteremos, propensão, pois nem todo casal gera filhos, embora tenha a potencialidade de tê-los. Os homossexuais, nem em potência, pode ter filhos, se relacionarem com indivíduos do mesmo sexo. Lembremos que a família não é mero contrato, não é mero capricho, mas uma instituição também moral, que implica a formação dos valores de uma comunidade inteira. Os movimentos esquerdistas têm um projeto bem claro ao destruir o modelo familiar tradicional: alienar o papel dos pais biológicos sobre os filhos e diluir a família como força moral na sociedade.
      E o feminismo? Criminalizar o macho, criar leis contra cantadas nas ruas ou dar o poder absoluto da mulher sobre os filhos, no caso do aborto, são formas eficazes de desestruturação familiar. Percebam um seguinte detalhe:o movimento revolucionário tem uma dialética. Não basta apenas jogar proletários contra burgueses. Através da cultura politicamente correta, é preciso jogar todos contra todos:brancos contra negros, índios contra brancos, mulheres contra homens, heterossexuais contra homossexuais, filhos contra pais, enfim, para semear a confusão,a destruição, a corrosão e o caos. E o que se reivindica em torno disso? Mais Estado, mais burocracia, mais conselhos tutelares, mais delegacias da mulher, mais doutrinação massiva dos engenheiros sociais nas escolas, universidades e na grande mídia e um brutal crescimento do poder político.
      Ora, a democracia, longe de garantir direitos, é um sistema que pode, como nenhum outro, expandir o poder do Estado. Milhões de reivindicações infantis, espúrias,tolas, inconsequentes, manietadas por ONGs bilionárias e socialistas ávidos pelo poder, viabilizam uma enorme burocracia pra atender a demanda do cidadãos infantilizados pela ideologia dos “direitos”. Alex Luthor, com o devido respeito a ele, deve sair um pouco da bolha politicamente correta que fecha seus olhos. A democracia está destruindo a liberdade. Ou melhor, está destruindo a si mesma, porque está minando suas bases morais e institucionais que garantem a liberdade civil e humana.
      Eu poderia acrescentar mais coisas sobre este assunto. Mas já escrevi em meu blog. Podem procurar.






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  4. Liberdades e Direitos das Minorias

    RÉPLICA


    Saudações aos leitores.
    Para contestar minhas "premissas", o Conde afirma que estamos diante de uma articulação de “entidades revolucionárias” que têm um projeto “francamente totalitário” para realizar um processo de “engenharia social que, na prática, pretende destruir a democracia”. A razão que ele apresenta para isso é o apoio e o financiamento que esses grupos minoritários recebem de “movimentos revolucionários e anti-democráticos de esquerda”, “regimes totalitários” e “magnatas ricos”. Também faz interessantes alusões históricas e cita vários exemplos para fundamentar a existência do nefasto processo do qual ele quer nos prevenir. Minha tarefa agora é contestá-lo ponto por ponto. Antes, porém, uma pequena questão terminológica: não estou colocando “premissas” aqui, e sim “teses”, que precisam ser defendidas. Premissas são pressupostas e não apresentei minhas colocações centrais dessa maneira. Dito isso, começarei por responder a algumas perguntas, depois algumas considerações importantes e ao final descobriremos se minhas teses resistiram à investida do Conde. Ao trabalho!


    1) Porque a esquerda apoia as minorias?
    Ao que parece, basta que alguém receba o apoio de esquerdistas para que o Conde lhe atribua os mesmo objetivos de uma agenda marxista. Eu, entretanto, não vejo nexo causal aqui. Fábricas de cosméticos apoiam a libertação sexual feminina porque veem uma possibilidade de expansão de mercado. Isso transforma as feministas em vendedoras da Natura? Não. A Natura quer vender cosméticos e as feministas querem modificar percepção social sobre sua sexualidade. O PT, por exemplo, apoia as reivindicações de minorias porque busca eleitores e essas minorias não encontram representação política em partidos de direita. Isso faz com que integrantes de minorias tenham os mesmo interesses e aspirações do PT? Não. Petistas querem votos e minorias querem seus direitos. Se esses interesses se cruzam em algum aspecto, tanto melhor para ambos. É muito estranho que o Conde não enxergue que é perfeitamente natural que esquerdistas apoiem reivindicações de minorias, afinal cada minoria não é suficientemente numerosa para fundar um partido expressivo e nem pode contar com o apoio de agremiações orientadas à direita. São, portanto, uma fatia do eleitorado desprovida de representação política. Prato cheio para partidos que querem mais eleitores e não têm tantos vínculos com o conservadorismo. Assim, onde o Conde vê uma mancomunação secreta e destrutiva está apenas a ordem natural das coisas. O apoio político da esquerda é bom para as minorias e talvez seja o único que elas podem conseguir, mas será isso necessário para que elas ajam em busca de seus objetivos?


    2) O apoio esquerdista é necessário?
    Pense comigo: se você gosta de ir à igreja do seu bairro e tem esse direito, será necessário haver um padre manipulador para que você queira exercê-lo? Não, porque você gosta de ir até lá, com ou sem manipulação. Da mesma forma, se um grupo de pessoas busca por respeito e vive em um estado que lhe garante liberdade de reunião, informação e expressão, de que mais ele precisa para utilizar essas liberdades na busca pelo respeito de que se julga merecedor? De nada, pois o respeito conquistado já é, em si mesmo, um benefício para o grupo. Se uma minoria divulga sua mensagem de modo a ser socialmente aceita, o seu objetivo e o benefício decorrente de seus esforços já estão aí explícitos: ser socialmente aceita. Homossexuais, por exemplo, não se conformariam em ser segregados em uma sociedade homofóbica e agiriam espontaneamente contra a segregação, independente de haver ou não haver um manipulador comunista escondido atrás do armário (ou dentro dele!). Da mesma forma, em sociedades livres, negros não precisam ser manipulados para agir contra o racismo e mulheres não precisam ser manipuladas para agir contra o machismo, afinal trata-se de agir em causa própria, coisa para a qual o egoísmo humano nunca precisou de incentivo algum.

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  5. Da mesma forma, muitos conservadores estão se sentindo relegados à condição de minoria estigmatizada e já começaram a utilizar suas liberdades para se fazerem ouvidos pela sociedade.Se o Conde apregoa que um manipulador é necessário para induzir a busca por reconhecimento social, como fica a situação do próprio Conde? Ele está sendo manipulado por quem? Olavo de Carvalho? Assim, julgo ter demonstrado que a presença de um manipulador é pelo menos desnecessária para que as minorias lutem por seus direitos, ou seja, o processo ocorreria de forma natural sem o suposto conspirador. Se assim não for, cabe ao Conde contestar o que eu disse acima.


    3) Quem são os apoiadores do conspirador?
    Já retiramos as minorias da lista de réus no tribunal do Conde. Mas demonstrar que o manipulador marxista é desnecessário não significa postular que ele não exista ou ainda que não tenha a força subversiva que o Conde lhe atribui, afinal os objetivos das minorias podem, em alguma medida, ser vantajosos para o tal manipulador. Mas antes de investigarmos quem é o bicho de sete cabeças propriamente dito, vamos refletir sobre aqueles que o Conde afirma serem seus apoiadores, a saber, “movimentos anti-democráticos de esquerda”, “regimes totalitários” e “magnatas ricos do ocidente”.

    Não há nada de estranho em que algum movimento de esquerda, democrático ou não, busque atingir um sonho cor-de-rosa socialista, afinal esta é sua finalidade declarada. Também já vimos que o apoio eventualmente concedido a minorias é uma associação perfeitamente natural entre os que buscam apoio popular e as que querem representação política. Mas e quanto aos “regimes totalitários”? O Conde não citou exemplos, mas imagino que ele esteja se referindo a estados socialistas e não à Síria ou ao Irã, pois nunca tive notícia de regimes islâmicos financiando feministas. Fiquemos então com totalitários de esquerda. De imediato nos vêm à mente Cuba, Venezuela e Coréia do Norte. Um caso interessante e do qual todos hão de se lembrar é o dos dólares cubanos que financiaram criminosamente campanhas eleitorais do PT. A questão é descobrir por que Cuba fez isso. Ora, o PT tem uma simpatia histórica pelos desmandos ideológicos do regime cubano. Assim, Cuba ajudou o PT, o partido venceu as eleições e, à frente do Governo Federal, compensou os companheiros insulares com polpudos investimentos do DNDES no porto de Mariel, por exemplo. Este tipo de acordo espúrio não é nada de diferente do que o PT faz com os demais financiadores de suas campanhas: uma mão lava (ou suja) a outra. Mas Sua Graça, o Conde, é dado a conspirações espetaculosas e pretende pôr Cuba, o PT e as minorias num mesmo saco e atribuir-lhes um plano de conquista mundial que só se vê em filmes do Austin Powers. Onde o Conde vê uma gigantesca conspiração, eu, ingênuo que sou, vejo a pura e simples safadeza dos acordos políticos nacionais. No mais, os regimes totalitários de esquerda que temos hoje nem conseguem alimentar sua própria população! Cuba sobrevive com apoio de democracias ideologicamente simpáticas, como o Brasil, e de dinheiro enviado por fugitivos a parentes que não tiveram a mesma sorte. Para não matar metade da sua população de fome, a Coréia do Norte tem que recorrer a patéticas ameaças militares à vizinha do Sul e ao Japão... forma orgulhosa de barganhar por um uma migalha de ajuda humanitária na forma de comida em conserva. A Venezuela está com a indústria petrolífera em frangalhos e piorando, seus supermercados estão vazios pelo cerceamento da atividade econômica e tem um governo cuja política internacional considera uma de suas prioridades conseguir ajuda de outros países para importar de papel higiênico... papel... higiênico!!! Mas vem o Conde com um ar muito sério e preocupado dizer que são esses palhaços que vão dominar o mundo. Não sei quanto aos demais, mas isso me parece comicamente duvidoso.

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  6. Mas a lista de réus ainda não acabou. Falta analisarmos o papel dos “grandes capitalistas do ocidente”. Segundo o Conde, algumas das pessoas que mais enriqueceram com o Capitalismo estão conspirando para destruí-lo junto com toda a sociedade ocidental, na esperança de, nas palavras do Conde, “participar do butim”, junto com uma corriola de socialistas maltrapilhos que há de um dia dominar o mundo! (e eu sou o ingênuo aqui, ok?) Raras vezes tive a oportunidade de pôr meus olhos em uma alegação tão extraordinária! E onde estão as evidências extraordinárias que a suportam? George Soros e as fundações Ford e MacArthur, entre várias outras atividades, concedem bolsas de estudo para universitários, têm programas de construção de moradias, patrocinam projetos artísticos, realizam missões médicas em países africanos, apoiam projetos de educação, preservação ambiental e saneamento em países do terceiro mundo e, sim, financiam vários movimentos que buscam o reconhecimento dos direitos de minorias. Mas será que isso é uma primorosa evidência para dar suporte à incrível acusação que faz o Conde? Não creio. E mais: os magnatas querem “participar do butim” que vai acontecer... quando mesmo? Não se sabe. Mas arrisco dizer que eu, o Conde, os todos os leitores, as crianças que nunca viram o Brasil ganhar uma copa, além de todos os magnatas que comandam as grandes empresas e fundações já estarão mortos... bem mortos, com o perdão da redundância. No final, ficamos com duas hipóteses para que o leitor julgue qual é a mais fundamentada. A do Conde diz que pessoas como George Soros querem destruir o capitalismo que as enriqueceu e abrir caminho para uma revolução que jamais verão. E a hipótese defendida pelo ingênuo que está digitando este texto é a de que eles investem em projetos de caridade em suas empresas porque notam uma crescente simpatia social pelos movimentos minoritários e os apoiam para conquistar prestígio social e a preferência do mercado consumidor. Acredito que a esta altura já podemos inferir qual é a lógica que forjou os elos da conspiração que se comenta no condado: se você apoia minorias, então é manipulado por marxistas ou é você mesmo um dos conspiradores. Faz sentido? Longe disso! Nas mãos de um cético criterioso, tais mirabolâncias conspiratórias têm seus pescoços cortados pela Navalha de Ockham e morrem de hemorragia aos pés do sujeito que as proferiu.


    4) Quem é o conspirador?
    Tendo deixado a conspiração órfã da participação das minorias e tendo-a despojado de seus apoiadores, é chegada a hora de batermos na porta do diabo em pessoa. Mas quem é, afinal, esse esquivo manipulador? Até aqui o Conde nos forneceu algumas pistas: sabemos que são marxistas e que buscam destruir a civilização ocidental através do processo de guerra cultural. Investiguemos a guerra cultural, portanto.

    Primeiro é preciso deixar claro que, sim, há vários teóricos e filósofos marxistas que discorreram sobre esse tema de forma explícita, coisa que qualquer um pode constatar. O que eu percebo, porém, é que o Conde superestima a pertinência, o alcance e até mesmo a aplicabilidade desses métodos, a começar pelo de Gramsci. Este comunista italiano viu-se na desagradável situação de ser um propagandista do marxismo em um regime fascista e acabou, como era de se esperar, metido numa prisão onde escreveu a maior parte de sua obra. Suas ideias consistem, basicamente, em estratégias para difundir discretamente ideais marxistas na cultura popular de uma sociedade capitalista com um regime de viés autoritário, tal como o da Itália de Mussolini, pois em tal ambiente político, declarar-se comunista resultava em prisão. Tendo isso em mente, muito do que Gramsci disse não tem aplicação imediata numa sociedade livre e democrática em que qualquer um pode declarar-se comunista e difundir suas ideias sem receio de sofrer perseguições estatais.

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  7. Alem disso, a hegemonia cultural que a “classe trabalhadora” deveria conquistar sobre a burguesia, em nada subverte a lógica de mercado e nem dá a tal classe o domínio dos meios de produção, ponto central dos sonhos marxistas. É apenas o apêndice cultural do movimento.

    O próximo da lista é Lukacs, que pretende difundir a ideia de “consciência de classe” entre os proletários, assim como ele julgava haver entre os burgueses. Para demonstrar a completa falha dessa difusão que o Conde tanto teme, basta olharmos para uma ocasião em que ela deveria ocorrer. Consideremos a crescente indisposição da “classe trabalhadora” recém ingressa na classe média brasileira quanto ao PT, embora ela tenha recebido alguma ajuda petista para melhorar de vida. Será que eles mantiveram sua “consciência de classe”, como alardeia a filosofastra Marilena Chaui? Negativo. Famílias que entraram na classe média-baixa não se identificam mais com os anseios que tinham quando eram pobres. Elas não olham para trás, miram o horizonte onde estão os mais ricos e querem melhorar de vida ainda mais, porém agora não se encaixam mais no perfil dos recebedores de Bolsa Família e já têm renda suficiente para começar a pagar imposto de renda, IPTU, IPVA etc. Sem mesada governamental e acossada pela carga tributária, os ex-pobres da “classe trabalhadora” já começam a mostrar ojeriza ao PT, como se pode ver claramente nas pesquisas de intenção de voto. E aí? Onde está a tão perigosa “consciência de classe” nesta equação? Respondo: está na imaginação assustada de conspiracionistas que fazem mal uso de sua capacidade de duvidar.

    Agora vejamos a Escola de Frankfurt. Qual foi a constatação feita por seus membros e que orientou seus esforços subsequentes? Foi a de que o marxismo não seria capaz de prosperar diante do desenvolvimento das sociedades capitalistas do século XX. Marx presumia que o proletariado fosse permanecer sob as condições massacrantes nas quais vivia no século XIX, e não previu a geração de riqueza proporcionada pelo Capitalismo nem a conquista de direitos sociais, que melhoraria muito as condições de vida nas democracias do ocidente, de modo que o mais humilde trabalhador fabril da Alemanha atual vive em condições muito melhores que as de seu congênere da época de Marx. Diante disso, a reação da Escola de Frankfurt é a seguinte: é preciso convencer as massas de que elas estão sendo exploradas, pois elas não percebem isso, já que situação delas tende a melhorar com o Capitalismo. Patético! Eu francamente não sei o que há (ou o que puseram) na cabeça dos habitantes do condado que os faz ver uma grande ameaça onde eu vejo claramente os últimos esforços, senão uma admissão involuntária de derrota, de uma teoria sociopolítica em franca decadência.

    Assim, caríssimos leitores, o suposto conspirador marxista já perdeu todo apoio que o preocupado Conde lhe atribuiu e já teve suas “perigosas” ideias postas em seu devido lugar. Mas o curioso é que se quisermos bater na porta de tão poderoso manipulador perceberemos que não há ninguém em casa. Ao reler o discurso alarmista de Sua Graça, não identificamos uma única pessoa a quem possamos apontar o dedo e dizer: aí está um manipular marxista! Se assim não for, é simples resolver o problema: basta o nobre Conde indicar algum manipulador vivo, alguém que incite minorias conformadas com a opressão, alguém que vá “dividir o butim” com George Soros etc. etc. Assim poderemos constatar se o manipulador apontado tem mesmo tanto poder quanto se alardeia nos domínios do condado.


    5) Os extremismos libertários nos levarão à catástrofe?
    Precisamos responder a essa pergunta para aplainarmos o terreno no qual os exemplos do Conde serão analisados. Qualquer um que esteja disposto a discutir honestamente há de concordar com o Conde quando ele afirma que estão sim ocorrendo extremismos por parte das minorias. Inclusive algumas reivindicações cretinas estão obtendo aderência social suficiente para serem chanceladas pelo Estado. Mas a questão aqui é: esses extremismos são permanentes e têm tão grande poder destruidor?

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  8. Minha resposta é negativa e aqui vão minhas razões. Quando uma minoria quer promover uma mudança social em seu benefício, é natural que ocorra um período de transição que vai desde o momento em que as ideias centrais defendidas começam a ganhar apoio social, passa pelo choque com a reação contrária, até pouco depois de serem implementadas e aceitas pela maioria. É justamente neste interregno que florescem os radicalismos, tanto dos que querem a mudança quanto dos que a repudiam. Há conflito de visões de mundo, surgem ideologias de superioridade, nascem as reivindicações que levam a ideia central a extremos, mas, com o tempo, a situação se estabiliza, os radicalismos se diluem, predominam as posições moderadas e depois, com novos direitos adquiridos, a sociedade volta ao estado de homeostase. Anos depois, a maioria das pessoas se espanta ao pensar em como era terrível a época em que não havia os novos direitos.

    A história está repleta de exemplos disso. Foi assim com as greves que visavam a consolidação dos primeiros direitos trabalhistas na Inglaterra na década de 1830. O mesmo se repetiu com o movimento Cartista, que visava obter direitos políticos iguais para todos os homens ingleses. No século XX também houve conflito e resistência na conquista do sufrágio feminino na maioria dos países ocidentais. No contexto da luta pelos direitos civis dos negros norte-americanos, fundou-se o Black Panther Party, que em várias ocasiões pregava uma espécie de “nacionalismo negro”. Radicalismos e conflitos entre os polos opostos também foram vistos nos movimentos pelo fim do regime de Apartheid na África do Sul. Hoje, entretanto, todos esses radicalismos se desgastaram e nem é mais objeto de disputa se as mulheres devem ou não ter direitos políticos ou se deve ou não haver direitos trabalhistas, por exemplo. Os extremos foram polidos e o produto disso foi uma sociedade mais inclusiva em que predominam as posturas moderadas. Mas a postura em voga no condado de la Villanueva de moderada não tem coisa alguma! Há alarmismo, há previsões apocalípticas... um verdadeiro malthusianismo social que, conforme vimos e exemplificamos fartamente, não tem nenhuma razão de ser. Se o extremismo de alguns movimentos libertários é condenável, o extremismo conservador do Conde também o é. Quanto a mim, estou no meio deles, censurado por ambos e esperando tranquilamente que, conforme a história atesta, os nervosinhos encontrem a paz e a moderação exatamente onde eu já estou.


    6) Os excessos das minorias.
    Agora é hora de o Conde dar uma respirada, pois aqui teremos alguns pontos de concordância. Eu também creio e digo abertamente que certas reivindicações de grupos minoritários são ridículas. A primeira delas é o clamor para que se criem leis que penalizem os discursos religiosos ou aqueles que fizerem comentários racistas, machistas ou homofóbicos. Sou francamente favorável à tese de que cada um é livre para destruir a própria reputação como bem entender. Desde que não se faça incitações ao crime, o Estado não pode e nem deve agir como uma “polícia linguística” para perseguir aqueles que querem espalhar seus preconceitos pelo mundo. Para mim a única repressão aceitável para essas pessoas é a que vem de seus próprios semelhantes. Se algum beato conservador acha que homossexuais são criaturas abomináveis ou que a mulher deve obediência absoluta ao marido, tem o direito de dizer o que pensa abertamente, mas provavelmente será repudiado por uma sociedade que tem a mesma liberdade e que está se tornando cada vez mais cônscia de que esses preconceitos pertencem a uma época extinta. Também sou absolutamente contra as ideias de “dívida histórica” com negros e a política de cotas raciais, pois, como bem disse o Conde, trata-se de uma absurda chancela estatal para o tratamento diferenciado de pessoas por critério de cor. A concessão de milhares de hectares de terra para índios e quilombolas à revelia de outros ocupantes legítimos e da atividade econômica lá desenvolvida também reflete um exagero flagrante na minha concepção.

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  9. É preciso destacar, porém, que a postura moderada procura combater esses excessos e não todas as reivindicações das minorias. Como já vimos, o apoio aos excessos minoritários tem vida curta e é típico do período de transição que vivemos hoje. O Conde, entretanto, alardeia que eles vão se aprofundar e destruir a sociedade. Eu tenho vários exemplos históricos a meu favor e o Conde o que apresentou até aqui? Uma previsão alarmista e um conspiracionismo sem evidências satisfatórias. Façam as contas.


    7) Os excessos do Conde
    Vamos começar pela velha ladainha de “destruição da família”. Creio que o catastrofismo social tão popular no pensamento conservador é o que torna tão difícil para essa gente compreender que não se trata de retirar direitos de uma franca e incontestável maioria, e sim de concedê-los a uma parcela ínfima da população que ainda não os conquistou. O medo do Conde é o de que conceder o status jurídico de uma família tradicional a uma união de homossexuais vai nos levar a um futuro em que qualquer um poderá conseguir o mesmo. Será que o Conde realmente acredita num futuro em que um alcoólatra desempregado que mora com um gato perneta num barraco destelhado vai ter todo direito de adotar uma criança e ser reconhecido juridicamente como família? Ou o Conde começa a ser mais realista e cuidadoso com suas palavras ou não haverá como levar a sério suas previsões, pois já está sendo um sacrifício para mim não fazer piadas aqui. A coisa fica ainda mais estranha quando, paradoxalmente, o Conde critica o surgimento de mais conselhos tutelares quando é justamente um conselho ou órgão desse tipo que vai avaliar que famílias oferecem um ambiente saudável para a adoção de uma criança. Mas, para o Conde, só o fato de os adotantes serem homossexuais já não é “saudável” e eles não poderiam assumir a guarda de uma criança de dez anos que vive em um orfanato, por exemplo. Com dez anos, ela já é considerada “velha demais” pela maioria dos casais que querem adotar. Provavelmente ficará no orfanato até os dezoito, quando será enxotada para a rua para viver por sua conta e risco sem nunca ter tido, veja só, uma família! Não seria muito melhor se um casal de homossexuais, que nem por serem homossexuais deixaram de ter seus instintos parentais, a adotasse oito anos antes? Não para o Conde. Infelizmente a impressão que me fica é a que o Conde parece estar mais interessado na manutenção do confortável padrão familiar judaico-cristão do que propriamente no bem estar de crianças órfãs. E este é bem o caso de muitos conservadores que põem os parâmetros sociais nos quais se sentem seguros à frente do bem estar de outros indivíduos. E se eu estiver equivocado, basta que o Conde nos diga: no exemplo que apresentei, ele deixaria o casal homossexual adotar a criança ou a manteria no orfanato?

    Outro grande equívoco difundido pelo condado está expresso no seguinte trecho: —“Ora,o que as ONGs feministas propõem às mulheres? Que elas sejam estéreis, que a família é uma prisão, que o homem é um ser opressor e machista, que os filhos são um estorvo.”— Ou isso é uma aberta tentativa de exagerar para causar impacto, ou é puro descuido com as palavras. Primeiro que ninguém prega que as mulheres sejam estéreis, e sim que possam planejar e escolher em que momento da vida querem engravidar. Segundo que o se chama de “família prisão” não se aplica de modo algum a todas as famílias e sim àquelas com que o Conde provavelmente se identifica: em que o homem reina absoluto e a mulher tem pouca ou nenhuma voz para decidir seu futuro como mãe e como profissional. É apenas neste tipo de família em que o homem tem um papel opressor sobre a mulher, pois lhe nega o status de ser tão racional, tão consciente e tão responsável por suas decisões quanto ele. Terceiro que a ideia do “estorvo” dos filhos não é absoluta e sim relativa. É inegável que engravidar tem bastante influência na vida profissional e social de uma mulher, de modo que um filho pode ser visto como um “estorvo” neste sentido determinado, o que de modo algum implica em desamor ou negligência materna.

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  10. E é justamente o direito da mulher de decidir pelo momento em que quer engravidar que vai minimizar a impressão de “estorvo” filial. O estranho é que muitos conservadores são contra a impressão de “estorvo” filial, mas também são contra a liberdade reprodutiva da mulher! Ou seja, a solução perfeita é a mulher se conformar com o “papel que a natureza lhe deu”. A natureza? Vejamos a seguir.


    8) A “ultima ratio”.
    A maior parte da história da humanidade tem sido uma luta encarniçada com os fenômenos naturais que determinavam se haveria ou não comida, abrigo, em suma: boas condições de sobrevivência. O progresso científico e técnico das sociedades, especialmente depois da Revolução Industrial, limitou bastante a luta braçal com as forças naturais, que durante milênios moldaram a organização social de nossa espécie. Assim, fatores que davam suporte a toda uma distribuição de papeis e deveres sociais já não estão mais presentes hoje. Entretanto o paradigma social consolidado em nossas mentes muda muito mais lentamente do que o progresso científico e técnico, de modo que muitas instituições sociais e regras de conduta milenarmente aceitas por questões de ordem prática ainda estão presentes hoje, embora tenham perdido a razão de existirem em uma sociedade radicalmente diferente daquela em que surgiram e funcionaram. Nesta situação, cabe indagar o que é realmente natural: a manutenção de parâmetros anacrônicos ou o surgimento de outros parâmetros sociais que correspondam aos desafios e às condições encontradas hoje? É evidente que o surgimento de novos parâmetros é tanto natural quanto racional, pois é da natureza não apenas do homem, mas da própria vida adaptar-se às condições encontradas. E, no entanto, o Conde estufa o peito para dizer: “Um conservador não é um ideólogo, ele trabalha com questões práticas e da razão.” É mesmo?

    Percebo apenas dois motivos restantes para que se mantenham as mesmas regras e modelos sociais apesar de sua evidente defasagem: o medo de uma mudança que levará a um resultado desconhecido e o dogmatismo religioso. Nenhum deles é um bom argumento. A insistência em reafirmar a submissão feminina, a mania de fazer julgamentos e dar palpites sobre a vida sexual alheia não encontram nenhum amparo racional. Tanto a ideia de inferioridade feminina quanto boa parte dos princípios da moral judaico-cristã surgiram e eram coerentes em uma sociedade com leis fluidas, com um estado totalitário e instável, tradicionalmente paternalista, constantemente sujeita a guerras, de economia agrária e com o poder político de origem militar. Neste contexto social, é evidente que a força física tem um papel importantíssimo e que as mulheres têm um papel bem menos relevante que o dos homens. Mas eu pergunto: é o caso de hoje? Um código social que serviu numa época como essa tem muito de inadequado numa civilização moderna. O Conde, porém, acredita ferrenhamente que os valores dessa época, desde que refletidos no texto bíblico, tornam-se objetivamente corretos, universalmente válidos, perfeitos e imutáveis. Onde está a racionalidade disso? É este dogmatismo puro e simples que faz o Conde confundir liberdade sexual feminina com “promiscuidade e rebaixamento moral”. A moral judaico-cristã inclui uma série de preconceitos e reprovações de condutas que, na verdade, nada dizem sobre a dignidade de uma pessoa, mas refletem as necessidades sociais de uma época de há muito terminada. Pode-se demonstrar isso com uma pergunta muito simples: o que determina minha estatura moral é o número de pessoas com quem eu transo numa noite ou meu respeito pela liberdade e pelos outros direitos dos meus semelhantes? Deixo a pergunta para o Conde responder e justificar sua resposta.

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  11. 9) Conclusão.
    Eu havia me proposto a defender duas teses aqui: a de que a luta das minorias em busca de seus direitos é natural e a de que se trata de um processo socialmente desejável. Ao final da minha réplica, creio haver demonstrado que ambas permanecem solidamente de pé. Caso eu tenha interpretado erroneamente o texto de meu oponente ou não tenha abordado algum aspecto que ele julgue importante, peço a ele que chame atenção para o fato. Ressalto que comecei e terminarei este debate disposto a mudar radicalmente de opinião, tornar-me um conservador e correr para a igreja assim que me forem apresentados argumentos válidos e evidências suficientes. Só não espero uma postura semelhante da parte do Conde, pois o dogmatismo é imune à razão mais cristalina, o que não causará dificuldades para o debate, desde que o Conde admita quando apenas o lhe restar o dogma como sustento de suas convicções.

    Assim sendo, passo-lhe a palavra e despeço-me com os...

    cumprimentos do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz.

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    Respostas
    1. Não tenho a menor surpresa em observar que o Sr. Alex Luthor apela a inúmeros embustes para negar um elemento essencial: a realidade. É um vício comum, tanto dos liberais, como dos socialistas, adequar a realidade em torno de premissas ideais, ao invés de formar essas premissas a partir da dinâmica da própria realidade. Quando a realidade não agrada, o relativismo é a solução velhaca. Claro, no âmbito do relativismo, é possível adequar qualquer solução hipotética e subjetivista. Os libertários são essencialmente inofensivos à onda da esquerda. Vejamos:
      FALÁCIA N. 1
      Alex Luthor apela a um reducionismo da realidade ao começar sua réplica com as seguintes palavras:

      “Ao que parece, basta que alguém receba o apoio de esquerdistas para que o Conde lhe atribua os mesmo objetivos de uma agenda marxista. Eu, entretanto, não vejo nexo causal aqui. Fábricas de cosméticos apoiam a libertação sexual feminina porque veem uma possibilidade de expansão de mercado. Isso transforma as feministas em vendedoras da Natura? Não. A Natura quer vender cosméticos e as feministas querem modificar percepção social sobre sua sexualidade. O PT, por exemplo, apoia as reivindicações de minorias porque busca eleitores e essas minorias não encontram representação política em partidos de direita. Isso faz com que integrantes de minorias tenham os mesmo interesses e aspirações do PT? Não. Petistas querem votos e minorias querem seus direitos. Se esses interesses se cruzam em algum aspecto, tanto melhor para ambos.”


      Achar que o PT apóia as reivindicações das minorias pra apenas ganhar voto é simplesmente ignorar a natureza revolucionária e subversiva do Partido dos Trabalhadores, cujas intenções de poder vão além do mero expediente democrático das eleições. Como já expus aqui, a própria “reivindicação das minorias” não é um “processo natural” ou “espontâneo”, mas produto de uma articulação bem estruturada de engenharia social, com a intenção deliberada de desestabilizar a sociedade civil e expandir a burocracia estatal. Essa articulação envolve toda uma ideologia de dominação e inversão completa da vida civil e política, além da lenta e gradual destruição da democracia e das liberdades civis. Se os idiotas úteis das minorias se sentem beneficiados com tal projeto, o fato é que as ambições de quem os financiam ou lideram é bem maior. Ora, uma classe política pode prometer pão e circo para uma população pobre, com ambições muito mais desmedidas do que aqueles que se contentam com farelos.

      Não sei de onde o Sr. Luthor extraiu a idéia de que financiar liberação sexual das mulheres as levariam a comprar perfumes. Contudo, o mero fato de uma empresa financiar algo que é ruim, só para fins de lucro, já implicaria uma condenação moral severa a essas ações.

      Aliás, o próprio conceito de “minoria” é algo fabricado ideologicamente. Até então, ser mulher, negro, indígena ou homossexual não dava direitos especiais a estes grupos. Pelo contrário, reivindica-se o que simplesmente já existe. As mulheres já conseguiram uma boa parte do mercado de trabalho e os salários estão equiparados em muitas profissões. Os negros, indígenas e homossexuais vivem sob as mesmas leis aplicadas a heteros, com todos os direitos civis e políticos reconhecidos. Por que agora, do nada, estes grupos criminalizam parte da sociedade pelo suposto “prejuízo” aos seus direitos?

      Mas será mesmo que esse apelo político das esquerdas em favor das minorias seja realmente bom para elas?

      Excluir
    2. Eis a bobagem de Alex Luthor:

      “Assim, onde o Conde vê uma mancomunação secreta e destrutiva está apenas a ordem natural das coisas. O apoio político da esquerda é bom para as minorias e talvez seja o único que elas podem conseguir, mas será isso necessário para que elas ajam em busca de seus objetivos?”
      Primeiramente, não há mancomunação secreta alguma em afirmar que os movimentos de minorias são financiados por ongs, grupos políticos e entidades ideológicas extremamente influentes e poderosas. Quanto à “ordem natural das coisas”, será mesmo natural que as “minorias” tão alegadas por estes movimentos não se sintam nem um pouco representadas? Com certeza a maioria das mulheres é contra o aborto ou simplesmente detesta a “Marcha das vadias”. A maioria quer casar e ter filhos. Ama seus namorados e maridos.
      A fraude não termina por aí. É comum o movimento feminista declarar que haja um milhão de abortos no Brasil. O problema é que esses dados também são forjados. Nos Eua foi a mesma coisa. Alegava-se um numero exorbitante de abortos e era necessário legaliza-lo. Desde à sua liberalização, em 1973, nos Eua já se praticaram cerca de 40 milhões de abortos no país. Um verdadeiro matadouro de crianças. Ou seja, o feminismo esquerdista transforma as mulheres em assassinas de seus próprios filhos.
      O feminismo enragès pregado pelas esquerdas condiz com que as mulheres desejam? A resposta é não. Por acaso a maioria dos negros brasileiros se sente representada pelo movimento negro? A resposta também é não. A maioria dos negros brasileiros é mestiça de brancos e índios. Tem algum parente, primo ou cônjuge de outra cor. Aliás, a maioria da população brasileira não tem a menor idéia do que seja uma raça. E, no entanto, o movimento negro instaura, seja por conchavos políticos, seja através de bilhões de dólares de ongs americanas, a ideologia da raça, a segregação e a discriminação racial contra uma população mestiça.
      Vou mais além. A maioria dos gays não se sente representada pelo movimento LGBT. E por quê? A maioria dos homossexuais não quer saber de política. Não quer hostilizar a família tradicional e a religião. Pelo contrário, eles também são ligados às suas famílias, possuem contato com as igrejas e seguem uma referência tradicional, ainda que suas vidas não sejam exemplos morais. Contudo, o que o movimento gay faz? Fabrica estatísticas maquiadas, impõe a ideologia gayzista nas escolas e universidades e quer, ainda, mandar pra cadeia quem discordar de suas políticas de intoxicação ideológica. Os movimentos homossexuais pregam que cerca de 300 homossexuais morrem por ano, no Brasil. O que eles ignoram é que se mata, no país, cerca de 60 mil pessoas por ano. Ademais, a maioria dos casos de mortes envolvendo homossexuais está relacionada ao submundo gay, à prostituição, a garotos de programa e à briga de amantes. São raríssimos os casos de assassinato envolvendo ódio a homossexuais. Na falta da tal “homofobia”, é preciso inventá-la, fabricá-la e até alimentá-la.

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    3. E o que as esquerdas pregam? Que a rejeição ao homossexualismo seja criminalizada. Que o Cristianismo seja banido da vida pública. Que padres e pastores que preguem julgamentos morais críticos do homossexualismo sejam presos. Alguém por acaso já viu algum indivíduo minimamente sensato sair da Igreja pra matar gays? Obviamente que não. E, no entanto, as esquerdas direcionam toda a culpa da criminalidade contra homossexuais aos cristãos. Elas querem tirar nossa liberdade sexual de rejeitar a conduta homossexual. Querem que a homossexualidade seja aceita compulsoriamente. E o Sr. Alex Luthor diz que a reivindicação das minorias seja sinônima de “liberdade” ou uma “ordem natural das coisas”? Que piada! Se o que ele entende por “ordem natural” seja um emaranhado de fraudes estatísticas, de propaganda massiva de desinformação e simplesmente a criminalização de grupos idôneos honestos e inocentes como os cristãos, eu digo que seu conceito moral é muito duvidoso, pra dizer o mínimo. Quando a democracia se torna palco desses expedientes fraudulentos, já é hora de se questionar se o nosso sistema político está realmente atingindo seus fins de acordo com o bem comum.

      FALÁCIA N.2

      Alex Luthor parece negar as influências danosas destes movimentos através de uma retórica hipotética da democracia e da liberdade e não seu dado real, que é a sua desestruturação. Vamos lá:

      “Da mesma forma, muitos conservadores estão se sentindo relegados à condição de minoria estigmatizada e já começaram a utilizar suas liberdades para se fazerem ouvidos pela sociedade. Se o Conde apregoa que um manipulador é necessário para induzir a busca por reconhecimento social, como fica a situação do próprio Conde? Ele está sendo manipulado por quem? Olavo de Carvalho? Assim, julgo ter demonstrado que a presença de um manipulador é pelo menos desnecessária para que as minorias lutem por seus direitos, ou seja, o processo ocorreria de forma natural sem o suposto conspirador. Se assim não for, cabe ao Conde contestar o que eu disse acima.”

      Primeiramente, há uma distinção óbvia entre expressar ou divulgar anseios realmente legítimos, representativos, baseados na integridade intelectual e moral do que se divulga, em comparação a determinados movimentos que usam da manipulação da opinião pública, da fraude, da intimidação psicológica, visando o caos, para destruir a democracia e as liberdades civis e políticas. Já expliquei na minha explanação anterior como esse processo funciona. E até agora, Alex Luthor insiste na tolice de achar que os movimentos de minorias nascem espontaneamente de árvores ou são realmente “populares”. Na prática, esses movimentos são gerenciados por oligarquias muito poderosas. Oligarquias políticas e econômicas que, sob o pretexto da defesa de grupos desfavorecidos, querem mais poder, mais Estado, mais burocracia, mais destruição da liberdade. Não é mera questão de conspirar. Essa conspiração, de fato, existe e é bem articulada. Partidos revolucionários como o PT, o PC do B e até o PSDB têm uma agenda pronta e acabada para aplicá-la, à revelia da sociedade, com o apoio de ongs bilionárias e entidades internacionais, como a ONU, dado um exemplo. Bastaria pesquisar os documentos e o que eles dizem e pregam. E já demonstrei aqui suas origens. O Luthor enrola, esperneia, distorce a realidade, mas não consegue refutar cada ponto meu. Vamos detonar mais sofismas?

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    4. FALÁCIA N.3
      Alex Luthor não consegue refutar minha explanação sobre o poder das fundações e sua influência, no que diz respeito aos chamados “movimentos de minorias”. Tampouco consegue refutar o fato óbvio de que as esquerdas, longe de serem populares, são oligarquias bem elitistas e bem financiadas pelas pessoas mais poderosas do planeta. Vamos lá:

      “Já retiramos as minorias da lista de réus no tribunal do Conde. Mas demonstrar que o manipulador marxista é desnecessário não significa postular que ele não exista ou ainda que não tenha a força subversiva que o Conde lhe atribui, afinal os objetivos das minorias podem, em alguma medida, ser vantajosos para o tal manipulador. Mas antes de investigarmos quem é o bicho de sete cabeças propriamente dito, vamos refletir sobre aqueles que o Conde afirma serem seus apoiadores, a saber, “movimentos anti-democráticos de esquerda”, “regimes totalitários” e “magnatas ricos do ocidente.
      Não há nada de estranho em que algum movimento de esquerda, democrático ou não, busque atingir um sonho cor-de-rosa socialista, afinal esta é sua finalidade declarada. Também já vimos que o apoio eventualmente concedido a minorias é uma associação perfeitamente natural entre os que buscam apoio popular e as que querem representação política. Mas e quanto aos “regimes totalitários”? O Conde não citou exemplos, mas imagino que ele esteja se referindo a estados socialistas e não à Síria ou ao Irã, pois nunca tive notícia de regimes islâmicos financiando feministas. Fiquemos então com totalitários de esquerda”.

      Até agora Alex Luthor não conseguiu tirar do meu tribunal a culpabilidade dos movimentos de minorias no processo de subversão do Estado democrático. O máximo que ele faz é usar um argumento sofístico engraçado, o da ignorância: eu não conheço os fatos, logo, eles não existem. Mas neste trecho, Luthor se contradiz e nega a premissa inicial de seu argumento: a de que a existência de ativistas das minorias é prova cabal da expansão das liberdades no processo democrático. Ora, se grupelhos de esquerda, que são inimigos das liberdades e da democracia, tornam-se mais poderosos por conta do uso de uma bandeira política, onde está aqui o ganho da liberdade como um todo? Como já foi demonstrado aqui, a consequência lógica da alardeada “expansão dos direitos” das minorias implica também a expansão de uma gigantesca burocracia estatal no intento de paparicá-las. Ora, isso é método socialista como qualquer outro e não me surpreenda que os socialistas queiram mais Estado, ou melhor dizendo, o sonho-cor-de-rosa! Resta o Sr. Luthor nos provar onde as liberdades realmente aumentaram com toda a agenda politicamente correta pregada pelas esquerdas. A resposta é simplesmente nula.
      Vamos agora aos Estados socialistas. O movimento socialista não dá a mínima para as minorias. Como prega uma ideologia coletivista, basta que tenham o poder absoluto pra dar cabo dos idiotas úteis que os apoiam. Isso é perfeitamente explicado pelo fato de que os socialistas são mestres em promessas vazias e cheques sem fundos pra todo mundo. No sistema democrático, se as minorias podem desestabilizar moralmente a democracia, melhor pra eles. No sistema totalitário, eles fuzilam as minorias. Isso nada mais é do que uma estratégia leninista clássica, maquiavélica, onde os grupelhos socialistas manipulam as circunstâncias, visando ter mais poder e controle social.

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    5. Se o Sr. Luthor quer “provar” a expansão das liberdades, então por que será que o movimento gay criminaliza cristãos inocentes, enquanto silencia a respeito das execuções de gays nos países islâmicos, em particular, o Irã? A explicação é bem simples. Para os socialistas, as minorias são apenas peões de um jogo de conquista do poder. Pouco importa se os ativistas acham que vão conquistar alguma coisa. O que vai prevalecer são os interesses de quem os lidera. E esses interesses são bem ambiciosos, em matéria de poder. Eles querem o poder total.

      Ora, se os ativistas das minorias promovem regimes totalitários em nossa democracia, onde está a tal “liberdade”? Não está. Está apenas o caos.
      Mas Luthor teima em relativizar a realidade:

      “Mas Sua Graça, o Conde, é dado a conspirações espetaculosas e pretende pôr Cuba, o PT e as minorias num mesmo saco e atribuir-lhes um plano de conquista mundial que só se vê em filmes do Austin Powers. Onde o Conde vê uma gigantesca conspiração, eu, ingênuo que sou, vejo a pura e simples safadeza dos acordos políticos nacionais. No mais, os regimes totalitários de esquerda que temos hoje nem conseguem alimentar sua própria população!”

      Lamento, eu não sou dado a “conspirações espetaculosas”. Na verdade, essas conspirações espetaculosas existem. Se não estudarmos com afinco o problema, acharemos realmente que seja fantasia. Mas não é. Basta estudar. Ademais, desde quando alimentar ou não um povo prova a fraqueza de um governo? A China de Mao Tse Tung matou 30 milhões de pessoas de fome, mas já tinha um formidável exercito e bombas atômicas. A União Soviética de Stálin matou 20 milhões de pessoas, quase metade destas, de fome, e nem por isso deixou de se tornar uma potência militar. Vou mais longe. Que acordo político nacional ou internacional faz com que sustentemos uma ditadura falida como Cuba ou apoiemos a Venezuela famélica? A resposta é simplesmente ideológica. O projeto da esquerda mundial é a criação de um governo global, com uma cultura global politicamente correta e socialista. Isso é tão óbvio e tão elementar, que só alguém que desconheça e não estude nada sobre o assunto ainda ache isso irrelevante. Bastaria ler Marx.

      Aliás, a subversão ideológica nos países democráticos foi financiada massivamente pela União Soviética. Desde a expansão do consumo de drogas até a liberação sexual permissiva, todas essas políticas tiveram uma forcinha da ditadura soviética, com a colaboração alegre da esquerda cultural. E qual a intenção? Enfraquecer moralmente o ocidente, enquanto o Estado soviético implantava uma disciplina férrea e militarizada em seu povo. E isso não é teoria da conspiração. Há milhares de trabalhos sobre este assunto. Lenin já dizia abertamente que pra desmoralizar os inimigos, é preciso se infiltrar nas associações deles, desmoralizar seus líderes, perverter moralmente a sociedade pra miná-la. E os ativistas gays, feministas, negros, etc, estão comprometidos com essa finalidade. Libertários são aquilo que os comunistas chamariam de idiotas úteis.

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    6. FALÁCIA N. 4
      Alex Luthor trata ingenuamente as fundações americanas como meras entidades filantrópicas e não como agentes de subversão ideológica:

      “Mas a lista de réus ainda não acabou. Falta analisarmos o papel dos “grandes capitalistas do ocidente”. Segundo o Conde, algumas das pessoas que mais enriqueceram com o Capitalismo estão conspirando para destruí-lo junto com toda a sociedade ocidental, na esperança de, nas palavras do Conde, “participar do butim”, junto com uma corriola de socialistas maltrapilhos que há de um dia dominar o mundo! (e eu sou o ingênuo aqui, ok?) Raras vezes tive a oportunidade de pôr meus olhos em uma alegação tão extraordinária! E onde estão as evidências extraordinárias que a suportam? George Soros e as fundações Ford e MacArthur, entre várias outras atividades, concedem bolsas de estudo para universitários, têm programas de construção de moradias, patrocinam projetos artísticos, realizam missões médicas em países africanos, apoiam projetos de educação, preservação ambiental e saneamento em países do terceiro mundo e, sim, financiam vários movimentos que buscam o reconhecimento dos direitos de minorias. Mas será que isso é uma primorosa evidência para dar suporte à incrível acusação que faz o Conde? Não creio”.

      Atualmente, o Congresso Nacional está num impasse. Há um tratado da ONU, de reconhecimento das “nações indígenas”, que se for aprovado, pode ameaçar a soberania nacional. Grandes extensões de terras serão simplesmente repassadas a estas tribos, à revelia dos cidadãos brasileiros. Por outro lado, milhares de brasileiros já foram expulsos de suas terras, por conta do movimento indigenista. O exemplo mais grotesco se chama Raposa Serra do Sol, no Estado de Roraima, onde milhares de arrozeiros foram expulsos de suas terras e onde a segunda maior plantação de arroz do Brasil foi simplesmente destruída. Quem arquitetou a articulação de expulsão dos arrozeiros? O CIMI, Conselho Indigenista Missionário, financiado pela Fundação Ford. Através de laudos fraudulentos sobre tribos indígenas inexistentes e com o apoio do governo federal, confiscaram-se as terras dos proprietários e empobreceram uma região outrora rica. O Sr. Alex Luthor acha que os índios são realmente representados por essas ongs? Na verdade, até os índios foram embora. Só ficaram lá os índios fabricados por ongs, que querem viver às custas do governo e do CIMI. O mesmo processo ocorre no sul do Mato Grosso. Milhares de brasileiros têm suas terras confiscadas e os índios fabricados pelas ongs controlam as terras, sob a batuta do CIMI. Alguém acha que os agentes da Fundação Ford fazem isso por caridade aos índios? Ou porque querem desestabilizar o país, criando reservas que podem ser desnacionalizadas? Lembremos que essas terras são ricas em minérios e terras aráveis.

      O Sr. Luthor também poderia me explicar por que a Fundação Rockefeller financiou o projeto de eugenia, tanto nos Eua, como na Europa, com a criação da leis racistas em vários estados norte-americanos? Será que ele me explica por que esta mesma fundação financiou todo o projeto de eugenia nazista? Ele também poderia me explicar o relatório do sexólogo charlatão Alfred Kinsey, que dentre outras pérolas, pregava a liberação até da pedofilia? E quem deu o dinheiro? Os Rockefellers.

      Mas não custa ir mais além. Vemos aquela palhaçada do FSM, onde esquerdistas contrapõem a conferência de Davos, dos grandes capitalistas do planeta. Mas a pergunta que não quer calar é: quem paga o FSM? Os mesmíssimos conferencistas de Davos! George Soros, Fundação Ford, Rockefeller, etc. Soros, inclusive, tem uma ong chamada ATTACC, que pregam a tributação de transações financeiras mundiais. E aí entra outro questionamento: quem cobrará um tributo internacional? Simples: um governo mundial! Se o Sr. Luthor acha que os capitalistas são caridosos financiando os socialistas, confesso, esse rapaz é de uma ingenuidade sem par. Contudo, a ingenuidade é linda nas crianças, mas feia para os adultos.

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    7. FALÁCIA N. 5
      Vamos à última falácia:

      “Primeiro é preciso deixar claro que, sim, há vários teóricos e filósofos marxistas que discorreram sobre esse tema de forma explícita, coisa que qualquer um pode constatar. O que eu percebo, porém, é que o Conde superestima a pertinência, o alcance e até mesmo a aplicabilidade desses métodos, a começar pelo de Gramsci. Este comunista italiano viu-se na desagradável situação de ser um propagandista do marxismo em um regime fascista e acabou, como era de se esperar, metido numa prisão onde escreveu a maior parte de sua obra. Suas ideias consistem, basicamente, em estratégias para difundir discretamente ideais marxistas na cultura popular de uma sociedade capitalista com um regime de viés autoritário, tal como o da Itália de Mussolini, pois em tal ambiente político, declarar-se comunista resultava em prisão. Tendo isso em mente, muito do que Gramsci disse não tem aplicação imediata numa sociedade livre e democrática em que qualquer um pode declarar-se comunista e difundir suas ideias sem receio de sofrer perseguições estatais. “

      É aí que está. É justamente o contrário. Numa sociedade democrática, os totalitários têm plena liberdade de pregar suas idéias anti-democráticas, sob a proteção de nossas leis. Vou mais além. Eles não somente têm a liberdade de intoxicar ideologicamente nossa sociedade através da propaganda, da desinformação em massa e da organização de grupos preparados para destruir o sistema democrático. Ou seja, os totalitários aproveitam das liberdades democráticas para destruir a democracia e também as liberdades. Percebe-se aqui que o Sr. Luthor não entende nada de Gramsci ou de táticas de tomada do poder. Tudo o que ele faz é se prender ao consolo de uma retórica vazia.
      Mas já que Luthor diz que superestimo o poder da Escola de Frankfurt e de Antonio Gramsci, vamos aos fatos: quando as minorias pregam a luta de classes, de raças, de índios e negros contra brancos, de homossexuais contra heteros ou contra cristãos, de mulheres contra homens ou de pais contra filhos, Frankfurt está sendo aplicada literalmente, sob várias esferas de ações, no sentido de gerar o conflito e o caso. É a dialética revolucionária sendo espalhada sob vários setores da sociedade. Quando se vê a educação pública como um instrumento de doutrinação comunista descarada, quando se vê o controle quase absoluto da ideologia politicamente correta nos jornais, na TV e até nas novelas, sem contar universidades, centros culturais e até expressões do imaginário, isso é o que Gramsci, através da conquista de espaços, chamada “revolução passiva”, denominaria “hegemonia”.
      Não precisamos ir muito longe. Nos protestos de rua de 2013, a população indignada foi às ruas exigir o que? Exigir mais regalias, mais Estado, mais burocracia, mais paparico estatal, em suma, mais socialismo. Não é espantoso que o povo faça oposição ao governo, repetindo toda a propaganda ideológica governamental? Isso é a hegemonia ideológica esquerdista tão apregoada pelos gramscianos.
      Não deixa de ser engraçada a explanação de Luthor: o país está cultural e politicamente dominado pelos esquerdistas, a dita “oposição política” é quase toda esquerdista e a América Latina está toda controlada por eles, e o coitado acredita que vivenciamos um processo democrático “natural”. Deve ser “natural” o Foro de São Paulo ser onipresente num continente inteiro! Tadinho!
      Alex Luthor ainda é mais ingênuo em acreditar que a mudança do paradigma familiar não vai afetar a estrutura moral e ética da sociedade. Na prática, ele pensa como os socialistas. A família, para ele, é apenas uma convenção que pode ser modificada, conforme os caprichos políticos de grupos articulados.

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    8. Ele entra em contradição nos seguintes termos:
      “O medo do Conde é o de que conceder o status jurídico de uma família tradicional a uma união de homossexuais vai nos levar a um futuro em que qualquer um poderá conseguir o mesmo. Será que o Conde realmente acredita num futuro em que um alcoólatra desempregado que mora com um gato perneta num barraco destelhado vai ter todo direito de adotar uma criança e ser reconhecido juridicamente como família?”
      Se o Sr. Luthor fosse menos palpiteiro e mais instruído sobre o assunto, o que não é o caso, saberia que hoje há vários tipos de grupos reivindicando “direitos de família”. Agora se inventou o “casamento poliafetivo”. Nos Estados Unidos, três mulheres reivindicaram ser uma “família”, com direito a adotar filhos. No Brasil, dois homens podem reivindicar serem pais, suprimindo a figura da mãe na filiação da criança. O que impede que um alcóolatra num barraco destelhado possa adotar crianças, se já existem casos bem piores? A destruição do padrão familiar vai gerar inúmeras arbitrariedades, já que quem dita o que é “família” para nós não é a realidade ou a natureza, mas a engenharia social dos ativistas e do Estado. Luthor vê a família apenas como um provedor econômico, e não como um símbolo moral, formador do indivíduo. Mas o que poderemos esperar de papeis promíscuos dos pais, modelos homossexuais de família ou mesmo a destruição da figura do pai e da mãe na formação das crianças?
      Não vou longe. A próxima bandeira do ativismo homossexual será a da pedofilia, a do sexo entre crianças e adultos. Creio que o Sr. Luthor vai rir com ceticismo. Paciência. Se ele ignora o básico do que significa “ideologia de gênero”, eu é que não vou explicar aqui, porque seria cansativo.
      Conclusões
      Até o dado momento, Luthor não refutou uma linha sequer dos meus pontos. Enrolou, distorceu, negou fatos e suas conclusões não chegaram a lugar algum. Da próxima vez, espero que ele apresente fatos e não premissas libertárias hipotéticas e inverossímeis.


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    9. No próximo post, vou refutar as bobagens de Luthor acerca do conservadorismo, que ele faz questão de rotular e estereotipar com clichês típicos da esquerda.

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  12. Liberdades e Direitos das Minorias

    TRÉPLICA


    Este debate ainda está na metade, mas parece que minha réplica foi letal. Tracei um raciocínio linear distribuído em 9 tópicos nos quais as alegações do Conde foram rebatidas uma a uma, com clareza e de forma sequencial de modo que, a cada ideia que ia sendo abatida, abria-se um caminho para que o Conde pudesse reagir e se manter vivo no debate. Fui preciso, lógico e honesto esperando ser retribuído na mesma moeda. Em vez disso fui ignorado em muitos pontos e em outros apenas encontrei reafirmações de ideias que contestei criteriosamente. Pouca reação e muito papo furado. Parece-me que já terminaram os argumentos do Conde e começaram as contorções de um orgulho agonizante. O que vem a seguir é uma demonstração cabal disso.


    1) Porque a esquerda apoia as minorias?
    Fato: partidos de esquerda apoiam minorias. Eu estabeleci uma relação clara entre partidos que buscam apoio popular e minorias que buscam representação política, de modo a demonstrar que a associação entre ambos é perfeitamente natural. Diante disso, que faz o Conde? Reafirma sua teoria de que essa aliança é parte de um plano de dominação marxista. Estamos num impasse em que de um lado há uma explicação natural e de outro há uma alegação espalhafatosa. A primeira hipótese é autossuficiente, a segunda necessita de sólidas evidências. Se o Conde as forneceu ou não é matéria para os próximos tópicos, mas antes de passarmos para eles convém apontar uma mudança notável em seu discurso. Nas Considerações Iniciais ele diz: —“A grande maioria dos movimentos de minorias, longe de expressarem defesa de direitos, quer na verdade, destruir as instituições sociais vigentes e expandir a burocracia.”— Mas em sua Réplica a coisa muda de figura: —“Se os idiotas úteis das minorias se sentem beneficiados com tal projeto, o fato é que as ambições de quem os financiam ou lideram é bem maior.”— Assim, as minorias perderam o papel de conspirador ativo e passaram a ser idiotas úteis vítimas da conspiração. Mudança radical! Ou o Conde não se expressou muito bem em uma dessas frases ou não está lá muito seguro do que diz.


    2) O apoio esquerdista é necessário?
    Outro impasse entre o evidente e o mirabolante. Minha explicação é cristalina e autossuficiente: se um ente deseja um objeto e pode consegui-lo, não é necessário que ele seja manipulado para agir. Não é difícil de entender isso, mas o Conde insiste no contrário! Então teremos que facilitar ainda mais a explicação até que ele compreenda: Ponha um homem com sede na frente de um copo d’água. O que acontece? Quem acertar ganha o Prêmio Nobel. Por mais evidente que a questão nos pareça, o Conde mantém que é preciso que alguém manipule o sujeito para que ele sacie a própria sede. Como um segundo argumento, enquadrei o Conde em seu próprio raciocínio ao questioná-lo sobre quem manipula a minoria conservadora. Sua resposta é um primor de discurso autorreferenciado. Segundo ele, os conservadores são uma exceção que age sem precisar de manipulador e o motivo é que (vejam só) seus anseios são “realmente legítimos, representativos, baseados na integridade intelectual e moral do que se divulga”. Isso segundo os critérios... dele mesmo! Ora, as minorias também têm uma opinião de perfeita justiça e legitimidade daquilo que buscam. Por esta ótica de conservador caolho, o argumento fica assim reduzido: “minha reivindicação é legítima porque eu acho que ela é legítima!” Essa autorreferenciação primária me leva a perguntar: não seria muito mais honesto se o Conde me concedesse a razão aqui e admitisse que o apoio da esquerda às minorias é pelo menos desnecessário para que elas busquem pelos direitos de que se julgam merecedoras? Este não é sequer um ponto central na minha argumentação. Mas parece que o Conde sofre do mal dos debatedores orgulhosos, que acham que estarão perdendo se admitirem um equívoco banal. Não percebem que a teimosia não vai cobri-los de razão e sim de ridículo. Então, paciência!

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  13. 3) Quem são os apoiadores do conspirador?
    Novamente estamos reduzidos a escolher entre uma hipótese natural e observável e outra espalhafatosa e carente de evidências sérias. O primeiro apoiador sobre o qual refletimos foram os regimes totalitários de esquerda. Citei o exemplo do apoio de Cuba ao PT, no qual verificamos uma natural troca de favores entre simpatizantes ideológicos. Como resposta, não obtive nenhuma evidência, mas apenas uma reafirmação da conspiração. Também apontei o fracasso e a decadência visível dos regimes de viés marxista que sobraram no mundo. A essa constatação clara o Conde reagiu tentando atribuir força aos regimes falidos de Cuba, Venezuela e Coreia do Norte. Seu argumento é que as grandes fomes que atingiram a União Soviética e a China não as impediram de se tornarem potências militares. Pois é... Então vejamos o que aconteceu com elas.

    A União Soviética direcionava uma parcela exorbitante de seu PIB para a indústria bélica e para o gigantesco aparato de defesa, mas não tinha uma economia de livre mercado capaz de transferir a avançada tecnologia militar para a área civil. Isso comprometeu a produtividade de sua economia e colocou o grande império vermelho numa situação em que precisava gastar cada vez mais para competir militarmente com os rivais ocidentais enquanto a geração de riqueza de sua economia planificada avançava a paço de tartaruga. O resultado dessa equação é bem conhecido. Com o fim da União Soviética, o primeiro PIB contabilizado da Rússia, em 1992, foi de US$ 85,6 bilhões. Alguém arrisca qual foi o do Brasil no mesmo ano? Nada menos que US$ 390,6 bilhões, quatro vezes e meia maior (fonte: FMI). Hoje temos uma Rússia autoritária sob a mão férrea de Vladimir Putin, mas com uma economia capitalista, integrada e dependente do comércio internacional e cujo PIB é quase o mesmo que o do Brasil. E quanto à China? Depois da morte de Mao, Deng Xiaoping fez amplas reformas na economia e instituiu as famosas zonas econômicas especiais, em que os preceitos marxistas de economia foram mandados para a p.q.p. em prol de um pragmático e lucrativo mercado capitalista. O resultado é que a China nunca foi tão poderosa política, militar e economicamente quanto é hoje e está a caminho de se tornar a maior economia do mundo, superando os próprios EUA. Atualmente não há nada que o Partido Comunista Chinês mais aprecie do que o bom e velho livre mercado capitalista. E, no entanto, vemos o Sr. Conde alegar que marxistas escondidos debaixo da cama vão acabar com isso e dominar o mundo à revelia de nações tão poderosas como essas. Mais ainda: parece-me que o Conde acha que a própria China vai contribuir para o processo, destruindo o sistema político e econômico responsável por um dos períodos mais brilhantes de sua história! Incrível, não?

    Sobre o apoio dos grandes capitalistas do ocidente, o Conde, não sei se por descuido ou mau-caratismo, me atribui o seguinte delírio: —“Se o Sr. Luthor acha que os capitalistas são caridosos financiando os socialistas, confesso, esse rapaz é de uma ingenuidade sem par.”— Nunca disse isso e, se disse, mostre onde. O que falei foi que grandes empresas “notam uma crescente simpatia social pelos movimentos minoritários e os apoiam para conquistar prestígio social e a preferência do mercado consumidor”, ou seja, elas querem mais clientes, mais mercado, mais dinheiro. É uma proposição natural, constatável e autossuficiente. Já o Conde nos propõe que os capitalistas mais ricos do mundo querem destruir a fonte de suas riquezas para favorecer uma suposta revolução marxista que eles nunca verão. É uma hipótese mirabolante, obscura e até agora paupérrima em evidências. Mas nem por isso devemos descartá-la. A postura correta é dar chance para meu oponente evidenciar o que diz, embora ele insista em desperdiçá-las com argumentos que obedecem à mesma lógica psicodélica que já denunciei: “se você apoia minorias, então é manipulado por marxistas ou é você mesmo um dos conspiradores”.

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  14. Assim, apoiar o Fórum Social Mundial não transforma ninguém em um conspirador que objetiva destruir a cultura ocidental. Não gosto de ficar repisando o óbvio, mas é a precariedade dos argumentos do Conde que me obriga a fazer isso. Diante do Fórum Econômico Mundial de Davos, o FSM é brincadeira de criança! O primeiro reúne as mais poderosas empresas do mundo, que buscam estratégias para aumentar a integração entre os mercados, facilitar as transações comerciais internacionais, promover o liberalismo econômico e o estado mínimo, que não intervém na economia, mas apenas a regula, evitando artificialismos no mercado. Já o FSM é uma associação nanica de ONGs e outras instituições predominantemente civis contrárias ao neoliberalismo que buscam uma alternativa mais social ao processo de aprofundamento da Globalização. Aliás, buscavam! Em suas duas últimas edições já nem se fala mais em “combater” a Globalização em si, mas apenas em fazer com que ela ocorra de forma mais “socialmente justa”, para usar um termo deles, com maior distribuição de renda. Em 2012, tive a oportunidade de encontrar em um sinal de trânsito, um grupinho de filiados ao PCO (Partido da Causa Operária – anacrônico até no nome!) arrecadando dinheiro para custear a passagem de um deles para o FSM em Porto Alegre! Um bando de maltrapilhos metidos em suas camisas do Che Guevara a pedir esmolas... Mas o Conde entra em pânico diante desta gente! Pior: ele acusa não apenas o FSM, mas também as grandes empresas do fórum “rival”, de Davos. Em sua paranoia, inimigos figadais trabalham juntos para conquistar um mundo que já seria deles só pelo fato de se unirem! Como dar crédito? Como levar a sério? Estou apenas pedindo por evidências, mas o Conde quer que nos fiemos em suas palavras, o que, sinto dizer, está bem longe de ser suficiente para mim.

    Não satisfeito com as dificuldades em evidenciar a culpa dos réus que já havia apresentado, o Conde achou que seria uma ótima ideia aumentar ainda mais sua lista de acusados. Além do PT, agora estão envolvidos na trama também o PSDB e até mesmo a ONU... a ONU! Meu oponente parece não ter a menor noção de como funciona esse organismo. Todo o seu corpo de funcionários da sede em Nova York e espalhado por suas inúmeras agências agem de acordo com as deliberações dos representantes diplomáticos de todos os países na Assembleia Geral, do Secretário Geral eleito por ela e do Conselho de Segurança, seu órgão máximo. A ONU é, talvez, a organização mais multifacetada do mundo. Como é possível que a ONU em si seja uma organização revolucionária sem que a maioria absoluta dos países representados na Assembleia Geral e no Conselho de Segurança também o seja? Se assim fosse, o mundo já seria predominantemente revolucionário e marxista e toda conspiração do Conde cairia na mais inútil redundância. Sem evidências e nem coerência, a sanha acusatória do Conde está adquirindo ares de delírio. E o PSDB? Na hipótese difundida pelo condado, ele trabalha junto com o PT como parte de um plano para dominar o mundo. Pobre de mim que, na minha ingenuidade, nem suspeitava que as eleições aqui são apenas de fachada e que, na verdade, Lula, Dilma, Aécio e Fernando Henrique se reúnem no porão do Palácio do Planalto para conspirar e jogar baralho... A lista de acusados vai aumentando e o ridículo de toda ideia cresce na mesma proporção. Mas que sei eu? Meu ceticismo é ingênuo!


    4) Quem é o conspirador?
    Mais uma decepção. Fui claro e direto. Sobre Lukacs, vimos e exemplificamos que a ideia de “consciência de classe” falhou miseravelmente para despeito dos próprios ideólogos petistas, como Marilena Chaui. Qual foi a reação do Conde? Um silêncio constrangedor. O mesmo silêncio serviu de resposta às minhas considerações sobre a Escola de Frankfurt, um grupo de marxistas tão consciente da falha das previsões de Marx que apregoam que a “classe trabalhadora” tem que ser convencida de que está sendo explorada. O único ponto em que houve uma estrebuchada do Conde foi sobre Gramsci.

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  15. Vimos que a existência da liberdade de expressão numa democracia contradiz todo o contexto social totalitário e fascista no qual as ideias de Gamsci foram criadas para funcionar. Vimos também que a conquista da hegemonia cultural pela “classe trabalhadora” não garante a conquista dos meios de produção, ponto central do marxismo. Sem se aventurar a me contestar de frente, o desorientado Conde vem me dizer que eu não entendo nada de Gramsci e pretende que os protestos que o correram em junho de 2013 são um exemplo do sucesso das ideias desse autor. Parece-me que o Conde não se lembra muito bem do que aconteceu naquelas manifestações. Entre as principais reivindicações dos manifestantes estavam: menor tarifa no transporte público, ou seja, menos dinheiro para o estado e suas subsidiárias; fim da Copa das Confederações e rejeição à Copa do Mundo, ou seja, menos política circense do estado; e repúdio à PEC37, ou seja, manutenção do poder do Ministério Público de investigar os malfeitos dos governantes, entre várias outras francamente opostas aos desígnios estatais. Além disso, havia um clamor generalizado contra a corrupção em Brasília. Alguns oportunistas do PT que resolveram desfraldar suas bandeirinhas vermelhas em São Paulo e no Rio foram hostilizados e literalmente escorraçados pela multidão e tiveram suas bandeiras arrancadas e queimadas. Mas, segundo o Conde, tudo isso está nos planos do PSDB... e do PT também! E o mais engraçado é que, quando cobro evidências para suas alegações, Sua Graça, o Conde se sai com argumentos deste naipe: —“E isso não é teoria da conspiração. Há milhares de trabalhos sobre este assunto.”— E sobre Astrologia? Também! Incrível, não?


    5) Os extremismos libertários nos levarão à catástrofe?
    Outra lavada seguida de um silêncio constrangedor. Expliquei criteriosamente o processo de surgimento e decadência de radicalismos em situações de mudança cultural e reivindicações de minorias. Embasei o que disse com vários exemplos históricos para constatarmos que os radicalismos que vemos hoje não são nem permanentes nem apocalípticos. Acontece que neste debate, eu tenho todo cuidado e consideração pelo meu oponente, preocupando-me em não deixar suas ideias e seus exemplos sem contestação, enquanto que ele nem de longe age com hombridade. Repete-se “ad nauseam”, acusa-me de sei lá quantas sandices e ignora tudo que não lhe é conveniente. A mim resta evidenciar a situação e torcer para que ele reaja de alguma forma, pois prefiro muito mais ter o que rebater do que ficar dando pauladas num oponente que não se movimenta.


    6) Os excessos das minorias.
    Boa parte da Réplica do Conde foi um repetição redundante de pontos sobre os quais não há sequer divergências entre nós. Fui expresso: há reivindicações ridículas de minorias. Com exceção, talvez, de alguns ajustes na Lei Maria da Penha, feministas e negros, no meu entender, não têm mais nenhum direito a ser expresso em lei no Brasil. Podem, quando muito, organizar-se para modificar a percepção da sociedade quando a eles e combater o que sobrou de preconceito na mentalidade social. Concordei com o absurdo das cotas raciais, concordei com o absurdo econômico e legal das enormes concessões de terras a índios e quilombolas, concordei até mesmo com o absurdo das reivindicações que visam suprimir legalmente a liberdade do discurso religioso. Todavia demonstrei que historicamente tais radicalismos são efêmeros e tive o ponto central do meu argumento ignorado. Se o Conde apenas repete-se a si mesmo, deve ser porque ele pensa que este é o único expediente que lhe restou. Mas nem nisso ele acerta! Seria muito mais honesto se ele dissesse algo como: “Ok. Eu não havia pensado nisso. Não tenho o que contrapor ao seu argumento, mas vou estudar o assunto porque ainda não estou totalmente convencido.”


    7) Os excessos do Conde.
    A pauta aqui é a temida “destruição da família”. Comecemos por ver outra sandice que o Conde me atribui: —“A família, para ele, é apenas uma convenção que pode ser modificada, conforme os caprichos políticos de grupos articulados.”— Não mesmo.

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  16. No item 8 da minha Réplica, intitulado a “ultima ratio”, expliquei detalhadamente que tipo de fenômeno tem força suficiente para agregar permanentemente o apoio social necessário para se modificar uma instituição tão básica e fundamental quanto a família. Não se trata de mera articulação e reivindicação, como o pensamento rasteiro do Sr. Conde faz supor. É preciso haver todo um contexto social favorável ao crescimento e à aceitação dessas reivindicações. Tal contexto está presente com relação à aceitação de uma família homossexual, pois uma sociedade industrializada, livre e com acesso à informação tende a abandonar regras e preconceitos outrora florescentes e até certo ponto coerentes em sociedades primitivas, mas que hoje se tornaram verdadeiros cacoetes mentais de origem dogmática que nada têm a ver com moralidade. E por falar em moralidade, o trecho a seguir dá uma boa ideia do paradigma moral proposto pelo Conde: —“No Brasil, dois homens podem reivindicar serem pais, suprimindo a figura da mãe na filiação da criança. O que impede que um alcoólatra num barraco destelhado possa adotar crianças, se já existem casos bem piores?”— Ou seja, na visão do Conde, dois homossexuais vivendo em união estável e que têm seus instintos parentais como os de qualquer pessoa são “bem piores” candidatos à adoção de uma criança do que um alcoólatra num barraco destelhado. Por quê? Ele não disse. E duvido que diga, pois diante da minha réplica só lhe sobrou o dogmatismo para agarrar-se. Fiz-lhe, inclusive, um desafio bem claro em meu exemplo de uma criança de dez anos em um orfanato. Sua resposta? Nenhuma. Numa situação em que ele tem que escolher entre seus preconceitos bíblicos e o bem estar de uma criança, seu silêncio é perturbador. E é este mesmo cidadão que diz eu vejo a família “apenas como um provedor econômico, e não como um símbolo moral, formador do indivíduo.” Vá entender!

    O segundo ponto deste tópico foi a liberdade sexual feminina, assunto em que mais uma vez um raciocínio claro e sistemático foi rebatido com... nada! Mas o Conde, pelo menos, tenta estrebuchar questionando-me sobre a relação entre Alfred Kinsey e a Fundação Rockefeller. Então vamos contestá-lo mais uma vez. Kinsey é considerado o pai da Sexologia. Seus trabalhos acadêmicos foram objeto de muita polêmica na década de 1950 pelas conclusões a que chegou sobre a sexualidade humana. Após a publicação do seu célebre relatório, em 1948, surgiram várias histórias acerca do comportamento sexual do próprio Kinsey, inclusive alegações de que ele era conivente com a pedofilia, que praticava sexo grupal, etc. etc. Muitos dos dados do seu relatório foram refutados ou corrigidos posteriormente por outros acadêmicos, e por ele mesmo, que admitiu abertamente a possibilidade de suas estatísticas não serem tão criteriosas ou de terem se tornado obsoletas. E onde entra a Fundação Rockefeller aqui? Eu não tinha essa informação e fui pesquisar. Resultado: em 1935, quando ainda era um obscuro professor de entomologia e 13 anos antes da publicação de seu bombástico relatório e das polêmicas sobre suas preferências sexuais, ele recebeu recursos da Fundação Rockefeller para fazer suas pesquisas. A pergunta é: o que o Conde quer provar com isso? Sua lógica parece ser a seguinte: a Fundação Rockefeller patrocinou os estudos de um sujeito que, 13 anos depois, foi acusado de ser pedófilo; logo, a fundação patrocina a pedofilia. Mais: a Fundação Rockefeller defende abertamente a eugenia; logo, quem recebe patrocínios dela também defende a mesma ideia. Mais ainda: a Fundação Rockefeller patrocina algumas organizações feministas, que também recebem apoio de grupos de esquerda; logo, a esquerda e as feministas defendem a pedofilia e a eugenia. Francamente! O que eu posso fazer diante disso? Se as relações de causalidade que o sujeito estabelece são deste nível, não faltará muito para que ele me aponte como conspirador e veja minha participação neste debate como uma ação revolucionária subversiva... e talvez eu tenha acabado de dar-lhe essa ideia inglória!

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  17. 8) A “ultima ratio”.
    Quem voltar à minha Réplica e reler o está dito neste tópico perceberá que ele é de longe o ponto mais importante e profundo deste debate. Não por acaso, o Conde o ignorou completamente pela segunda vez. Aqui tivemos oportunidade de chegar à origem oculta de todas as convicções e preconceitos de muitos conservadores, sem mistérios, sem eufemismos ou tergiversações. E mais uma vez, diante de seu silêncio, resta-me apenas evidenciar a situação e repetir o desafio que lhe fiz para provar seu dogmatismo irracional: “o que determina minha estatura moral é o número de pessoas com quem eu transo numa noite ou meu respeito pela liberdade e pelos outros direitos dos meus semelhantes? Deixo a pergunta para o Conde responder e justificar sua resposta.” A experiência me diz que não devo ficar muito otimista...


    9) Conclusão.
    Nem é preciso dizer que, depois da participação capenga de Sua Graça, minhas teses permanecem na mesma situação em que as deixamos ao final da Réplica. Volto a dizer que meu oponente tem toda liberdade de me chamar à atenção, caso eu o tenha interpretado mal ou não tenha contemplado algo que ele considere importante. Para finalizar, gostaria de citar uma última frase do Conde e depois fazer um apelo à sua honestidade, que (quero muito crer nisso!) é mais real que a conspiração que ele denuncia. Eis a frase: —“ O máximo que ele faz é usar um argumento sofístico engraçado, o da ignorância: eu não conheço os fatos, logo, eles não existem.”— Nada disso. Minha lógica sempre foi: “eu não conheço as evidências; logo, mostre-as!” E ainda estou aqui esperando e plenamente preparado para mudar de opinião. Quero chamar a atenção para o fato de que minha próxima participação será a última no debate e que o Conde apenas terá sua Tréplica para se aventurar a me contestar de frente e obter uma resposta minha. Será que ele consegue? Espero que sim, mas se ele não conseguir, que tenha pelo menos a honestidade de admitir que não possui as evidências necessárias para isso. É muito mais nobre terminar um debate honestamente derrotado do que sair daqui não apenas vencido, mas também desmoralizado.


    Passo-lhe a palavra e despeço-me com os...

    cumprimentos do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz.

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    1. Até o dado momento, o Sr. Luthor não conseguiu comprovar o raciocínio essencial de seu argumento: a de que os supostos “direitos das minorias” são evidências da expansão das liberdades no sistema democrático. Até aqui comprovei o contrário. A de que as reivindicações das minorias têm natureza revolucionária e subversiva, e cuja finalidade é atacar as instituições morais e as relações humanas, destruindo-as e causando o caos. Na pior das circunstâncias, as suas reivindicações almejam uma maior expansão do Estado sobre a vida social.

      É preciso esclarecer aqui um sofisma muito comum, repetido ad nauseam por ele. A tentativa de estereotipar a palavra “conservadorismo”. Neste aspecto, Luthor em nada difere de um esquerdista panfletário, já que não critica o que o conservadorismo político significa na prática, mas a caricatura que se faz dele. Vejamos:

      “A maior parte da história da humanidade tem sido uma luta encarniçada com os fenômenos naturais que determinavam se haveria ou não comida, abrigo, em suma: boas condições de sobrevivência. O progresso científico e técnico das sociedades, especialmente depois da Revolução Industrial, limitou bastante a luta braçal com as forças naturais, que durante milênios moldaram a organização social de nossa espécie. Assim, fatores que davam suporte a toda uma distribuição de papeis e deveres sociais já não estão mais presentes hoje. Entretanto o paradigma social consolidado em nossas mentes muda muito mais lentamente do que o progresso científico e técnico, de modo que muitas instituições sociais e regras de conduta milenarmente aceitas por questões de ordem prática ainda estão presentes hoje, embora tenham perdido a razão de existirem em uma sociedade radicalmente diferente daquela em que surgiram e funcionaram. Nesta situação, cabe indagar o que é realmente natural: a manutenção de parâmetros anacrônicos ou o surgimento de outros parâmetros sociais que correspondam aos desafios e às condições encontradas hoje? É evidente que o surgimento de novos parâmetros é tanto natural quanto racional, pois é da natureza não apenas do homem, mas da própria vida adaptar-se às condições encontradas.”

      Resta o Sr. Luthor nos provar se a vida privada, a família ou o papel dos pais são elementos “anacrônicos” de uma sociedade, já que toda a revolução cultural que ele defende e diz ser uma “ordem natural”, na prática, visa culturalmente destruir o sistema familiar e de propriedade privada? Há uma clara confusão clara entre meios e fins, entre acidentes e essências. Embora a sociedade tenha mudanças, existem alguns elementos éticos e valorativos que não mudam essencialmente. Quando um conservador fala de uma “família natural”, ele não o afirma embasado em “dogmas religiosos” ou em algum tipo de alarmismo, mas sim como um dado natural da sociedade humana em toda sua história. Ora, toda família, sem exceção, surge de uma consumação sexual e biológica entre homem e mulher. E isso é universal. Logo, essa instituição deve ser protegida como fator base para a sociedade, para a moral e a para a civilização. Mas tudo o que o Sr. Luthor nos brinda é um verdadeiro culto das mudanças, uma ideologia do “progresso”, como se elas fossem benéficas por si mesmas. Contudo, ele não explica por quais motivações e princípios são gerados estas mudanças. Como quase todo pensamento revolucionário moderno, cultua-se o processo e não os caminhos pelos quais eles nos levam. Pouco importa se o processo for destrutivo ou prometer uma linda e alada sociedade maravilhosa com milhões de mortes.

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    2. O importante é que o “processo” seja reconhecido como um determinismo natural. Toda a base de nossa civilização e de nossas criações literárias, artísticas, intelectuais, filosóficas e morais está na conservação, no resguardos de valores que, a despeito das mudanças, são permanentes e transcendentes. É nisto que o conservador defende e vê com certa praticidade. Ele defende o que foi vivido, experimentado, provado, seja pela prática ou pela razão e não acha que isso deva ser apagado por qualquer experimento social idealista e irreal. O que o Sr. Luthor nos propõe com as mudanças revolucionárias? Que destruamos o que é consagrado para substitui-lo pelo que é duvidoso e rebaixado na essência.
      Por outro lado, a primeira frase me parece bem perigosa: “A maior parte da história da humanidade tem sido uma luta encarniçada com os fenômenos naturais que determinavam se haveria ou não comida, abrigo, em suma: boas condições de sobrevivência”. Essas categorias simplórias de explicar a história humana pode ter uma grande força retórica, mas na prática, não querem dizer muita coisa. Já dizia o provérbio bíblico “não só de pão vive o homem”. . . Se trocássemos a frase de Luthor pela de Marx, diríamos: “A história da sociedade é a história da luta de classes”. Ou quem sabe algum nazista, que diria ser a história “uma luta de raças”, etc. Obviamente que a história humana não se reduz apenas em comer ou enfrentar a intempéries da natureza. Isso é apenas um detalhe. Percebe-se aqui que a luta contra os fenômenos naturais acaba por se tornar um “princípio histórico”, nas palavras de Luthor. Nada mais falso. A relação do homem com os fenômenos climáticos ou da terra é apenas um detalhe, dentre tantos, da complexa perspectiva humana.
      A construção de uma civilização não se baseou nestes princípios. A “luta contra a natureza” passou longe na perspectiva do grego, do romano ou do cristão medieval. Os princípios que buscavam eram mais elevados do que isso. Claro que não eram insensíveis à impiedade das carestias e doenças. Porém viam que a “ordem natural das coisas” não se resumia por aí. Havia um fundamento metafísico bem maior.
      “ E, no entanto, o Conde estufa o peito para dizer: “Um conservador não é um ideólogo, ele trabalha com questões práticas e da razão.” É mesmo?
      Percebo apenas dois motivos restantes para que se mantenham as mesmas regras e modelos sociais apesar de sua evidente defasagem: o medo de uma mudança que levará a um resultado desconhecido e o dogmatismo religioso.”
      Aqui, Luthor apela a uma mentirinha bem idiota pra desfazer-se do conservadorismo, a de que há um “dogmatismo religioso” por detrás dos princípios conservadores. Até agora não apelei a nenhum argumento religioso para justificar preceitos básicos da nossa civilização. Contudo, alguém, por acaso, questionaria o valor dos Dez Mandamentos por serem dogmas? Não matarás, não roubarás, não desejarás a mulher do próximo, honrar pai e mãe, dentre tantos princípios, são fundamentos gerais de qualquer sociedade minimamente saudável. Por incrível que pareça, eles são imutáveis. Ou experimentemos muda-los através da revoluçãozinha cultural capenga do Sr. Luthor e teremos uma sociedade destruída.
      A pergunta que não quer calar é: por que mudar para um resultado desconhecido? O Sr. Luthor é tão leviano a ponto de achar que a sociedade deve sacrificar o certo pelo duvidoso? Isto porque o resultado não é nem um pouco desconhecido. A “mudança” que ele e as ditas “minorias” propõe são destrutivas, vão levar a sociedade à ruína. Isso é muito óbvio. O mero fato de alguém levar a um fim desconhecido, a um fim que nem mesmo se sabe para destruir tudo o que é conhecido, demonstra um nível de leviandade moral e intelectual fora do comum. É estúpido, para dizer o mínimo.

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    3. O que define o conservador não é a mera preservação de um dogma e sim o resguardo de todo um legado histórico civilizacional, que vai da fé cristã à cultura filosófica greco-romana, que compete toda a Tradição ocidental e influencia em nossa realidade politica da atualidade, com todos os ataques que sofre. A fé cristã como base moral, ética e religiosa (e por que não estética e literária?) e a filosofia grega e o direito romano como instrumentos práticos de compreensão da realidade. Esse casamento intelectual entre civilizações, que gerou a sociedade ocidental, é o fundamento real e histórico do conservadorismo político e cultural. Por um claro ódio patológico ao Cristianismo, são comuns os libertários e os socialistas quererem dissociar a filosofia grega e o direito romano da cultura cristã, demonstrando seu completo desconhecimento histórico sobre essa ligação profunda. Essa dissociação não significa amor pela filosofia grega ou pelo direito romano, mas sua deterioração. Tentem dissociar a filosofia grega do Cristianismo, e ela perderá sua importância. Tentem dissociar o direito romano do Cristianismo e voltaremos ao paganismo político mais extremo, como a idolatria da religião civil do Estado ou mesmo do imperador como deus. Não é surpreendente perceber que a cultura política moderna se assemelha ao paganismo, no seu pior sentido do termo? Não é espantoso que a filosofia moderna, com seu viés desconstrucionista, queira mesmo destruir os conceitos elementares da filosofia grega tradicional, guardada com tanto afinco pelos cristãos medievais?
      Outra questão: por que ainda lemos a bíblia, Aristóteles, Platão, Agostinho ou Santo Tomás de Aquino? É simples: porque suas proposições literárias, filosóficas, políticas e metafísicas são perenes, são temas atuais. E está bem longe da caricatura estereotipada dos conservadores, na visão do Sr. Luthor.
      Não vou aqui explicar a perspectiva conservadora ibérica e no que ela se dissocia do conservadorismo britânico, por exemplo. Seria cansativo e fugiríamos do tema principal, que é a relação da expansão dos direitos das minorias com as liberdades civis, políticas e a própria democracia. Talvez se o Sr. Luthor quiser passar menos vexame aqui, que tal buscar a filosofia clássica ou mesmo conservadores como Edmund Burke ou Russell Kirk, para entender o básico do conservadorismo inglês? Ou então, Miguel Ayuso e o conservadorismo ibérico, para deixar de falar tolices?

      “Nenhum deles é um bom argumento. A insistência em reafirmar a submissão feminina, a mania de fazer julgamentos e dar palpites sobre a vida sexual alheia não encontram nenhum amparo racional. Tanto a ideia de inferioridade feminina quanto boa parte dos princípios da moral judaico-cristã surgiram e eram coerentes em uma sociedade com leis fluidas, com um estado totalitário e instável, tradicionalmente paternalista, constantemente sujeita a guerras, de economia agrária e com o poder político de origem militar.”

      Primeiramente, a moral judaico-cristã nunca pregou que a mulher fosse alguém inferior. Pelo contrário, o valor da mulher foi resgatado no ocidente, justamente pela cultura cristã, contra os abusos da cultura clássica da Antiguidade. Quando os católicos reverenciam a Virgem Santíssima como o maior símbolo de Santidade depois do Filho, se está elevando uma criatura feminina acima de todos os homens. O conceito da submissão feminina na sociedade humana como um todo tinha uma razão de ser bastante fundamentada. Se o homem cuidava da casa, pegava no arado ou ia pra guerra, nada mais lógico que a mulher, ao menos, cuidasse da casa. E isso era uma forma de poupá-la de certos infortúnios. A sociedade patriarcal criou todo o tipo de regalias para as mulheres, que vão de direitos de herança até a distinção legal no sentido de sua proteção. A maior participação da mulher no mercado de trabalho não muda substancialmente o fato de que uma família deve ser formada por homem e mulher. Ou que tal junção gere filhos.

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    4. Ademais, de onde ele tirou a idéia absurda de que o passado vivia um Estado totalitário? Ao menos, o Sr. Luthor deveria se alfabetizar mais em noções de filosofia política. Totalitarismo é um conceito eminentemente moderno e não se aplicaria ao passado, onde o poder era completamente fragmentário com várias esferas de ação política. Resta ele nos explicar um “Estado totalitário instável”, já que ele é mestre nesses sofismas grotescos.

      Mas se o Sr. Luthor afirma que a moral judaico-cristã foi gerada no meio de guerras ou instabilidades políticas, o que ele nos propõe? A desintegração da família natural para ser substituída pelo Estado. Por mais que ele não queira admitir isso, essa é a conclusão lógica. A expansão do Estado moderno basicamente reduziu o poder do pai e das famílias no processo de formação das crianças. Ora, se a família tradicional é coisa do passado, que tal substituirmos por algo mais moderno, seja o ativismo social anti-família, seja o próprio Estado papai de todo mundo?

      E afinal o que são “guerras e instabilidades políticas”? Por acaso o século XX foi estável em matéria de sociedade política, com duas guerras mundiais, genocídios e campos de concentração?

      “Neste contexto social, é evidente que a força física tem um papel importantíssimo e que as mulheres têm um papel bem menos relevante que o dos homens. Mas eu pergunto: é o caso de hoje? Um código social que serviu numa época como essa tem muito de inadequado numa civilização moderna. O Conde, porém, acredita ferrenhamente que os valores dessa época, desde que refletidos no texto bíblico, tornam-se objetivamente corretos, universalmente válidos, perfeitos e imutáveis. Onde está a racionalidade disso?”

      Não matar, não roubar, não desejar a mulher do próximo são normas aplicáveis até hoje e não me conste que devam ser revogados. Aliás, aqui há uma confusão tendenciosa a respeito da interpretação dos textos bíblicos. Tanto autores como judeus e cristãos sabem distinguir essencialmente o que é perene nas leis bíblicas, como o que é apenas fundamento histórico de uma época. Naturalmente que nós, cristãos (e lembremos que sou católico), não vamos aplicar literalmente as proposições bíblicas, e sim o que serve de princípios gerais a todos os povos e nações. Não matar, não roubar, não desejar a mulher do próximo, defender o padrão familiar natural, honrar pai e mãe, reconhecer o universo espiritual do homem, dentre tantas prescrições, são normas que podem ser encontradas ou aplicáveis em qualquer cultura e sociedade e são universais. Não se pode falar o mesmo do “processo natural” do Sr. Luthor, que nos vende a idéia de que as mudanças revolucionárias em nossa sociedade são frutos espontâneos, quando percebemos a tremenda engenharia social e instrumentos cada vez mais artificiosos e sofisticados de manipulação do imaginário e opinião pública, a fim de destruir uma ordem social vigente.

      Recordo ainda que os códigos sociais “machistas”, longe de serem prejudiciais à mulher, são até benéficos. Se por acaso o Sr. Luthor tivesse sua casa ameaçada por um estuprador, quem ele acha que a mulher dele recorreria? À polícia? Ou ao macho da casa? Se é que, naturalmente, ele seja, de fato, um macho? Os códigos sociais não mudaram substancialmente. O homem sempre leva a pior.
      E eu pergunto ao Sr. Luthor: onde está a irracionalidade de se preservar os Dez Mandamentos? Será risível se ele responder o contrário!

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    5. “É este dogmatismo puro e simples que faz o Conde confundir liberdade sexual feminina com “promiscuidade e rebaixamento moral”.”

      Não me conste que “liberdade feminina” seja reduzi-la à prostituição ou fazê-la pró-abortista. Liberdade sexual feminina não significa reduzi-la moralmente ao baixo meretrício, se a “Marcha das Vadias” signifique “liberdade” para o Sr. Luthor. A prostituta, objeto de vários homens, cujo fim sexual é ganhar dinheiro vendendo seu corpo, é algum sinal de “liberdade”? A resposta é não. É sua degradação. E por que o movimento feminista exalta a puta e ridiculariza a mulher de família que se casa com o marido e tem filhos? Simples: porque a função é destruir a família e o papel da mulher em ser mãe. Alienando pai e mãe do processo da reprodução humana, quem é que sobra pra controlar tudo? O papai Estado, naturalmente! Não é estranho que o feminismo se revolte contra uma das qualidades mais marcantes de uma mulher, que é de ter filhos?
      “A moral judaico-cristã inclui uma série de preconceitos e reprovações de condutas que, na verdade, nada dizem sobre a dignidade de uma pessoa, mas refletem as necessidades sociais de uma época de há muito terminada.”
      Nada mais falso. A moral judaico-cristã é tão coerente nos seus pressupostos, que eles são aplicáveis até hoje. É o sustentáculo perpétuo de nossa civilização. Ela defende com afinco a unidade da família, a referência moral correta para os filhos, um papel justo para homem e para a mulher, como também defende a limitação do poder estatal e de qualquer poder político. E por que essa moral judaico-cristã é tão duramente atacada? Porque os socialistas sabem que ela é a única resistência autentica contra os desmandos da engenharia social totalitária. Os socialistas querem destruir o direito à vida (vide aborto e eutanásia), querem destruir o papel dos pais sobre os filhos (vide casamento gay e ideologia de gênero) e querem, em torno disso, destruir o direito de propriedade, que é considerado parte da lei natural, na visão cristã. Ora, isso não é óbvio demais? Por que o Sr. Luthor insiste em lutar contra a realidade? Eu pergunto pra ele se fazer apologia da prostituição é algum sinal de dignidade da mulher? Ou a política de aborto, que joga milhões de nascituros na lata de lixo hospitalar?
      Os conservadores não são refratários às mudanças. Nenhum conservador em sã consciência é a contra a mulher trabalhar fora de casa. O que os conservadores questionam são as soluções utópicas e destrutivas das esquerdas e dos libertários, seja através de reivindicações espúrias das minorias, seja através da destruição de tradições e valores caros a uma civilização. Até para que haja mudanças sadias, é preciso ordem, princípios, regras de continuidade e bom senso. A mulher pode perfeitamente trabalhar em casa, seja para seu bem, seja pra ajudar seu marido. Mas isso não nega o compromisso de formar uma família, junto com seu homem. Pelo contrário, é pelo fato de ter uma família que seus ganhos serão mantidos. Eu pergunto aos arautos do “progresso”: quem garantirá os bens da mulher ou do homem quando morrerem? Os filhos, a família. Se não houver famílias para herdar, quem fica com tudo é o Estado.
      A ideologia que cultua a mudança pela mudança, sem qualquer propósito ou fim claro e benéfico para a sociedade, deve ser rejeitada de plano. Pior é quando por debaixo dessas “mudanças” há projetos utópicos e totalitários de destruição da sociedade tradicional, em favor de conceitos, normas ou práticas completamente irreais, que visam modificar a natureza humana. O totalitarismo moderno parte dos mesmos pressupostos do Sr. Luthor: a de que a sociedade é algo a ser remodelado pela força política ou por agendas e convenções sociais, sem qualquer perspectiva de princípios transcendentes e imutáveis que preservem o homem e seus direitos. Conforme à moda da agenda política, tudo pode ser mudado e destruído.

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    6. E aqui Luthor naufraga nas bobagens:

      “Pode-se demonstrar isso com uma pergunta muito simples: o que determina minha estatura moral é o número de pessoas com quem eu transo numa noite ou meu respeito pela liberdade e pelos outros direitos dos meus semelhantes?”

      O número de pessoas que você transa numa noite reflete seu estatuto moral, que é baixo e promiscuo. Quem é que vai confiar em você como marido, se você não tem continência sexual? Qual sociedade confiaria em si mesma, se todos trepam que nem cães no cio? Que família sobreviveria se todos tivessem relações sexuais como cães? A civilização é, acima de tudo, renúncia, disciplina, decoro ético. Respeitar o “direito” implica um bem vinculado a esse direito. Um cristão pode respeito seu “direito” de trepar com todo mundo. Mas não é obrigado a achar que você seja algum exemplo moral pra ensinar a famílias cristãs como devam educar suas crianças. Um homem fiel a sua mulher é mais exemplar do que outro que troca de mulher como troca de roupa. Se um indivíduo age como um cachorro, lamento, não é exemplo moral pra ninguém. Garanto, ser carente de princípios morais é muito pior do que “violar” supostos “direitos” inventados por agendinhas preparadas para destruir a civilização. Por que a base dos direitos está nos valores, não na carência deles.

      Não é interessante notar que o Sr. Luthor também é vítima da desinformação da revolução cultural marxista? Ele rotula os conservadores com os mesmos slogans odiosos das esquerdas. E nem percebe a falha retórica disso. A eficácia da revolução cultural marxista é justamente essa: pessoas ditas não-marxistas repetirem todo o imaginário marxista.

      Voltemos à nova tréplica do nosso sofismador. Ele já canta vitória sem provar nenhum enunciado prático, salvo, é claro, explorando a própria ignorância sobre o assunto como argumento. Luthor atira sofismas por todos os lados, sabendo que a resposta a cada sofisma seu daria laudas e mais laudas e quebraria o pacto de uma melhor economia de palavras no debate. Infelizmente, falar a verdade e desmistificar muitas mentiras exige mais palavras do que apenas jogar com a retórica de baixo nível.

      Vamos ao tópico a ser debatido: até o dado momento Luthor não provou que a reivindicação das minorias na democracia seja um fator de expansão de liberdades. Em nenhum momento ele refutou os dados que aleguei. Na pior das hipóteses, simplesmente relativizou o que desconhece e apelou à falácia da própria ignorância para desmerecer o assunto. Assim, até eu, papai!
      Percebe-se que o Sr. Luthor usa um raciocínio circular quando quer refutar o que não entende, o que simplesmente ignora e o que nunca estudou. Vamos lá.

      “Nas Considerações Iniciais ele diz: —“A grande maioria dos movimentos de minorias, longe de expressarem defesa de direitos, quer na verdade, destruir as instituições sociais vigentes e expandir a burocracia.”— Mas em sua Réplica a coisa muda de figura: —“Se os idiotas úteis das minorias se sentem beneficiados com tal projeto, o fato é que as ambições de quem os financiam ou lideram é bem maior.”— Assim, as minorias perderam o papel de conspirador ativo e passaram a ser idiotas úteis vítimas da conspiração. Mudança radical! Ou o Conde não se expressou muito bem em uma dessas frases ou não está lá muito seguro do que diz.”

      Penso que o Sr. Luthor deveria se alfabetizar primeiro, ao invés de fazer mancada e não saber interpretar textos. Primeiro, se os movimentos de minorias foram criados para fins totalmente contrários aos dos cidadãos representados, naturalmente que os idiotas úteis colaboram para esses fins alheios. Onde está a confusão aí? Nenhuma. A finalidade dos movimentos de minorias é a de subversão, no comando de seus idealizadores. E os idiotas úteis acabam fazendo o jogo de seus líderes, sem perceberem que concretizam objetivos totalmente diferentes do que são desejados. Não há confusão alguma, salvo na cabeça do Luthor, quando se depara com uma realidade que vai muito além de suas ladainhas bobas.

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    7. O tal “raciocínio linear” tão alardeado por Luthor é apenas insistir numa mentira retórica aparentemente convincente: o discurso ideológico de liberdade na democracia. Talvez se o Sr. Luthor lesse um Tocqueville ou Bertrand de Jouvenel, saberia que a democracia, longe de preservar a liberdade, pode ser um dos mais completos regimes de tirania. Ora, não podemos desvendar um sistema apenas pelo discurso vendido, mas pela realidade que é vivenciada nele. Expus aqui as articulações que estão por detrás dos movimentos de minorias. Expus também aqui os articuladores, os grupos políticos, as ideologias, os métodos e os financiadores por detrás da “defesa dos oprimidos”. E o que Luthor faz? Nada, finge que não viu e se apega a uma ladainha panfletária, apelando aos leitores.

      Quanto à idéia de “manipulação”, tão repetida por Alex. O fato é: se um grupo usa de agendas políticas para instaurar uma burocracia onipresente ou uma ditadura ideológica, política e cultural sobre a sociedade, resta o Sr. Luthor, dito sofista e indigno, nos evidenciar onde estão as garantias dessas liberdades? Até agora nada. Redundâncias, enrolações, sofismas grosseiros.
      Vamos ainda esclarecer mais as distorções: o Sr. Luthor é um completo ignorante da história soviética e chinesa, e tudo o que ele faz é reduzir a história desses países ao seu economicismo libertário. Sim, a China, desde 1949, já era uma potência militar poderosa, capaz de ter uma completa hegemonia sobre o Sudeste Asiático e a Coréia do Norte, e cujos exércitos e poder geopolítico conseguiram transformar Vietnã, Camboja, Laos e a Coréia do Norte em ditaduras comunistas satélites de sua esfera política. Está ficando cada vez mais rica porque o capitalismo, sabe-se lá porque motivo, sempre quis sustentar o socialismo. Também pudera, qual empresário não gostaria de um governo onde os salários fossem baixos ou onde não houvesse greves e protestos políticos?

      Eis aqui uma outra questão: Luthor acha contraproducente que os grandes capitalistas queiram destruir o capitalismo. E nisto ele tem só parcialmente razão. Os grandes capitalistas não querem destruir o capitalismo, mas sim o livre mercado. As grandes aglomerações aliadas dos socialistas sonham com um capitalismo controlado só pra eles, sem concorrência, num regime de verdadeiro oligopólio. E essa política não ocorre, mesmo nas democracias? A aliança da burocracia estatal com os empresários amiguinhos do rei?

      Alex Luthor é cheio de axiomas vulgares e sem qualquer comprovação na realidade. Ele fala de uma dinâmica social que só existe na cabeça dele:

      “Outra lavada seguida de um silêncio constrangedor. Expliquei criteriosamente o processo de surgimento e decadência de radicalismos em situações de mudança cultural e reivindicações de minorias. Embasei o que disse com vários exemplos históricos para constatarmos que os radicalismos que vemos hoje não são nem permanentes nem apocalípticos”.

      Eu perguntaria ao Sr. Luthor qual “decadência” houve de radicalismos num Estado como o soviético, em 80 anos de história comunista? A Rússia teve mudanças estruturais bem violentas e a ditadura se estabilizou. Mas nunca sumiu o seu viés revolucionário, destrutivo e de subversão social. E eu insisto: qual “decadência” houve nos radicalismos totalitários do mundo nazista? O regime nazista só decaiu porque o mundo inteiro declarou guerra contra Hitler. Percebem como a premissa hipotética não se sustenta numa análise histórica mais profunda, não é mesmo?

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    8. E Luthor relativiza o marxismo cultural nesta frase sem pé nem cabeça:
      “Vimos que a existência da liberdade de expressão numa democracia contradiz todo o contexto social totalitário e fascista no qual as ideias de Gamsci foram criadas para funcionar. Vimos também que a conquista da hegemonia cultural pela “classe trabalhadora” não garante a conquista dos meios de produção, ponto central do marxismo.”
      Só uma pessoa muito ignorante em Gramsci pode alegar que seus textos foram escritos apenas tendo em vista o fascismo como contexto. A visão gramsciana sobre como conquistar o poder na sociedade aplica-se a qualquer sistema que não seja socialista. Ou seja, não basta apenas a conquista do poder político. É preciso também conquistar o imaginário e o universo cultural. E isso se aplica ao mundo inteiro, não ao regime fascista na Itália. Luthor enrola, esperneia e demonstra desconhecimento de causa, pra variar. Chega a ser vergonhoso debater com uma pessoa cujo desconhecimento dos assuntos é assustador. Vou mais além: tudo o que ele posta sobre os assuntos é pura olhadela de google.
      Quando Luthor não conhece um assunto determinado, ele ainda se acha no direito de ignorar, mesmo que mostremos todos os fatos evidenciados:
      “Para finalizar, gostaria de citar uma última frase do Conde e depois fazer um apelo à sua honestidade, que (quero muito crer nisso!) é mais real que a conspiração que ele denuncia. Eis a frase: —“ O máximo que ele faz é usar um argumento sofístico engraçado, o da ignorância: eu não conheço os fatos, logo, eles não existem.”— Nada disso. Minha lógica sempre foi: “eu não conheço as evidências; logo, mostre-as!”
      Já citei nomes, entidades, práticas, ações políticas concretas, ideologia, etc. Luthor insiste em não aceitar os fatos. E ainda os relativiza mais ainda, afundando-se na sua própria ignorância:

      “Não satisfeito com as dificuldades em evidenciar a culpa dos réus que já havia apresentado, o Conde achou que seria uma ótima ideia aumentar ainda mais sua lista de acusados. Além do PT, agora estão envolvidos na trama também o PSDB e até mesmo a ONU... a ONU!”

      Bastaria o Sr. Luthor ser um pouco menos preguiçoso para ler o programa do PSDB. É o mesmo programa do PT, que é a mesma cartilha das agendas da ONU, que é o mesmo tipo de pensamento das fundações americanas esquerdistas. Será mera coincidência? Obviamente que não. Aliás, o Sr. Luthor tem uma visão da ONU que é típico de quem vê Rede Globo. Qualquer pessoa bem informada sabe (e não é o caso dele), que a ONU sofreu uma dura infiltração esquerdista já nos anos 60, em particular, quando a inteligência soviética corrompeu delegados, diplomatas e burocratas e transformou a entidade num escritório dos interesses soviéticos. Atualmente, toda a cartilha politicamente correta é imposta pelo ONU goela abaixou sobre vários países, com a colaboração bovina de partidos de esquerda. O Sr. Luthor vai dizer: a Sede da ONU é nos Eua! E daí? Agendas como cotas raciais, legalização do aborto, casamento homossexual e até mesmo “direito das crianças” (leia-se, direito das crianças de desobedecer aos pais e usar o Estado contra eles, tal como a “lei da palmada”), são muitas das grandes contribuições da ONU para o esquerdismo mundial.

      Mas será que o Sr. Luthor não sabe que o PT e o PSDB possuem as mesmas origens intelectuais? Ou ele acredita mesmo que haja oposição política no país?

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    9. E o que Luthor vai responder? Pegará meia dúzia de informações no Wikipédia, sairá feliz dando a cartada da ignorância e ainda pedirá mais evidências! Olha que resposta linda:

      “E o mais engraçado é que, quando cobro evidências para suas alegações, Sua Graça, o Conde se sai com argumentos deste naipe: —“E isso não é teoria da conspiração. Há milhares de trabalhos sobre este assunto.”— E sobre Astrologia? Também! Incrível, não?”

      Em outras palavras, como alguém quer evidências de alguma coisa, se ignora a bibliografia sobre o assunto? Porém, já que ele tocou no assunto, bastaria ler obras como a do Monsenhor Juan Claudio Sanahura, “Poder Global e Religião Universal”, onde ele cataloga e comenta vários documentos da ONU e quais suas fundações patrocinadoras. Ele pode também começar a ler Jorge Scala, sobre a ideologia de gênero. Mas é claro, eu só cito fanáticos religiosos e teóricos da conspiração! Gente idônea mesmo é o da ONU, a instituição com maior número de pedófilos per capita do mundo! Conseguiram vencer até a maldita Igreja Católica!
      Eu não consegui conter o riso com essa frase:

      “Mais: a Fundação Rockefeller defende abertamente a eugenia; logo, quem recebe patrocínios dela também defende a mesma ideia. Mais ainda: a Fundação Rockefeller patrocina algumas organizações feministas, que também recebem apoio de grupos de esquerda; logo, a esquerda e as feministas defendem a pedofilia e a eugenia. Francamente! O que eu posso fazer diante disso? Se as relações de causalidade que o sujeito estabelece são deste nível, não faltará muito para que ele me aponte como conspirador e veja minha participação neste debate como uma ação revolucionária subversiva... e talvez eu tenha acabado de dar-lhe essa ideia inglória!”

      Se o Sr. Luthor não sabe o que é relação de causalidade lógica, tampouco ensinarei lógica a ele. Os Rockefellers financiaram algo mais do que a eugenia. Financiaram também a eugenia nazista. Quer dizer então que os nazistas seriam menos eugenistas do que os Rockefellers? Ou será mesmo que o Sr. Luthor acredita piamente que os Rockefellers não sabiam da natureza racista do regime de Hitler? E Margareth Sanger, a feminista pró-nazista que criou a Planned Parenthood, a maior organização pró-aborto do mundo? A relação também não conta? Se uma entidade rica como a fundação Rockefeller financia várias esferas de ação política tendo como meta um objetivo comum, como não afirmar que eles são similares? Claro, claro, claro, os Rockefellers mandaram dinheiro por mera coincidência. Eles eram anjinhos e como Lula, não sabiam de nada!

      Para terminar essa réplica
      Luthor resolveu atirar pra todos os lados. Não dá pra responder todas as questões explanadas por ele sem escrever um verdadeiro e cansativo tratado de destruição de sofismas. insistamos ao tópico inicial e que até agora meu rival não conseguiu provar: a reivindicação dos tais direitos das minorias é reflexo de uma maior liberdade civil na democracia? Como muitos vão observar, os fatos pelos quais postei não foram refutados. Só se refutam fatos com outros fatos. A mera retórica de ignorância ou do pedido de evidências sobre o assunto já denuncia a fraqueza do meu adversário. Longe de serem expansão de direitos, a agenda revolucionária do ativismo das minorias programa fazer uma verdadeira engenharia social, cujo fim é a expansão da burocracia estatal e o completo enfraquecimento institucional, ético e moral da sociedade civil e da família. Vou mais além: o fim último da agenda politicamente correta é a estatização da cultura, da linguagem, dos valores, da ética e até da família, ainda que sob a aparência de sistema democrático. Ainda esperarei ser refutado em cada ponto. Até agora, tudo o que meu rival fez foi buscar ajuda ao pai dos burros virtuais, o google. Livros ajudam também, viu, Sr. Luthor?



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    10. Só uma correção: no trecho "A mulher pode perfeitamente trabalhar em casa, seja para seu bem, seja pra ajudar seu marido. Mas isso não nega o compromisso de formar uma família, junto com seu homem." na verdade que dizer "trabalhar fora de casa". Erro de digitação. Sem mais

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  18. Liberdades e Direitos das Minorias

    CONSIDERAÇÕES FINAIS


    Ao longo desta discussão preocupei-me em contestar todos os argumentos do meu oponente com clareza. Todos mesmo. Além disso, sempre o convidei a se manifestar caso qualquer uma de suas ideias de pânico não tivesse recebido o respectivo calmante, quase sempre na forma de uma boa marretada de realidade comprovável. Aos poucos a razoabilidade foi se impondo, e o discurso alarmista e desorganizado do Sr. Conde foi sendo desmistificado na proporção de cinco disparates marretados para cada esboço de defesa. E não espero que ninguém apenas aceite minha palavra: o debate está aí para atestar isso. A discussão sobre as minhas teses passou por vários outros pontos que procurei evidenciar dando um título a cada um e rebatendo-os em sequência, método que o desajeitado Conde nunca respeitou, pois a clareza e a organização sempre são desvantajosas para quem mente. Repito que minha réplica foi fatal para o Conde. Depois dela, sua reação foi uma tumultuada verborragia omissa nas discordâncias e repetitiva nas concordâncias. Nas tréplicas, com seu discurso destrinchado, notando a situação difícil em que se meteu, o sujeito se desesperou e tentou ganhar a partida no grito, confiante na vã ilusão de que está debatendo com alguma criança que vai se impressionar com o “show”. Mas a mim ele não engana nem vou deixá-lo enganar ninguém. Como? Como sempre: desmontando todo o discurso do sujeito e apontando as inconsistências com a clareza que ele nunca teve. Acontece que, com o final do debate chegando, a aflição do rapaz fez com que ele se superasse em matéria de picaretagem. Por isso, antes de revisitar os tópicos que venho utilizando, terei que passar um bom tempo listando várias de suas imposturas. A elas, portanto.

    - “Argumentum ad nauseam”. A primeira é a repetição abusiva do que foi refutado. Num debate essa é a reação mais primitiva um mau debatedor em desespero de causa. Vamos contar quantas vezes isso aconteceu na Tréplica do Conde: uma (“Até o dado momento, o Sr. Luthor não conseguiu comprovar o raciocínio essencial de seu argumento...”), duas (“Como muitos vão observar, os fatos pelos quais postei não foram refutados.”), três (“Ele já canta vitória sem provar nenhum enunciado prático...”), quatro (“...até o dado momento Luthor não provou que a reivindicação das minorias na democracia seja um fator de expansão de liberdades.”), cinco (“Em nenhum momento ele refutou os dados que aleguei.”), seis (“Até aqui comprovei o contrário.”) e sete (“Insistamos ao tópico inicial e que até agora meu rival não conseguiu provar...”). Assim, quando o Sr. Conde tenta repetir uma ideia para transformá-la em verdade pela mágica argumentativa do enchimento de saco, fica configurada uma falácia “ad nauseam”. Mas evidenciar esse truque pedestre não é o bastante. É preciso corrigi-lo e mostrar o que as pessoas honestas devem fazer para transformar em verdade uma ideia que meu oponente limitado só consegue repetir. É esse processo que nos leva à segunda impostura do Conde.

    - Inversão do ônus da prova. Não há dúvida de que cabia a mim a responsabilidade de provar minhas teses. Então, em minha primeira participação no debate, cumpri meu papel explicando porque as reivindicações das minorias eram naturalmente decorrentes das liberdades democráticas. Está lá. É só ler. A responsabilidade de provar o contrário foi então passada para o Conde, que poderia tentar derrubar minha argumentação ou oferecer um contra-argumento. Ele optou pela segunda opção e apresentou sua incrível conspiração, passando, portanto, a responsabilidade para mim. Minha Réplica foi uma contestação detalhada da teoria conspiratória do Sr. Conde, e assim o ônus da prova voltou a cair sobre o meu oponente, que poderia defender sua conspiração ou atacar minha tese por outro meio. O que ele fez? Nenhum dos dois. A partir da minha Réplica o ônus da prova nunca mais saiu das mãos do pobre Conde. Não é à toa que digo esse debate acabou nas réplicas...

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  19. Daí para frente, suas omissões foram mostradas e todos os seus gaguejos defensivos foram esmagados. Mas agora, com sua conspiração reduzida ao ridículo, o sujeito achou que seria uma excelente ideia propagandear que o ônus da prova está comigo! Mas eu não vou deixar você escapar, amiguinho! Minhas teses estão demonstradas, e seu contra-argumento foi desacreditado por vários meios (ausência de provas, “non sequitur”, redução ao absurdo etc.). Não tente vir com imposturas, porque eu te desmascaro e só você tem a perder com isso.

    - A próxima falácia não tem um nome oficial. Acho que o Conde a inventou. Vou batizá-la de falácia da cara de pau absoluta (“argumentum ad absolutum lignum faciem”). O Conde a comete em duas ocasiões. Aqui: —“Não dá pra responder todas as questões explanadas por ele sem escrever um verdadeiro e cansativo tratado de destruição de sofismas.” E aqui: —“Luthor atira sofismas por todos os lados, sabendo que a resposta a cada sofisma seu daria laudas e mais laudas e quebraria o pacto de uma melhor economia de palavras no debate.” Primeiro que as regras do debate previam apenas três postagens por participação e o Conde não teve o menor pudor em feri-las para derramar sua verborragia conspiratória. Mas quando que ele leva uma surra e se vê obrigado a dar argumentos que não tem, alega que não vai mostrá-los porque está muito empenhado em não “quebrar o pacto”. Segundo que as questões explanadas por mim só estão neste debate para contestar as bobagens que o próprio Conde falou. Além disso, todos se recordam de que, nas réplicas, em vez de provar a culpa dos acusados que eu já havia absolvido, ele se omitiu e resolveu aumentar ainda mais a lista com a ONU e com o PSDB. Ou seja, ele encontra o espaço que quer para falar bobagens, mas para defendê-las de minhas investidas não tem nenhum. Terceiro que ele gasta várias postagens para me copiar, para cometer o “ad nauseam”, para repetir pontos de concordância explícita e para reafirmar argumentos derrubados, mas na hora de me enfrentar, alto lá! Está faltando espaço. É muita cara de pau! E o irônico é que, no final das contas, ele não tem espaço para fazer o tal tratado de destruição dos meus supostos sofismas enquanto eu estou aqui a elaborar um para destruir os dele... Adiante.

    - O último truque do show de mágica argumentativa do Sr. Conde consiste em desqualificar o adversário alegando que suas fontes são muito simples. Em vez de rebater meus argumentos, o infeliz resolveu dizer que o que sustento aqui é bobagem pesquisada no Google. Esse fácil subterfúgio de evasão é algo de que qualquer idiota pode lançar mão para se esquivar de oferecer uma resposta satisfatória. E, pensando bem, o que ele sabe sobre minhas fontes? O que sei eu sobre as dele? Nenhum de nós recorreu à opinião de um especialista aqui, e, pelo menos no meu caso, isso sequer era preciso, pois a maior parte dos argumentos que apresentei é imediatamente observável. No mais, também seria muito fácil para mim me esquivar de rebater as teorias do Conde e simplesmente dizer algo como: “esse cara é um retardado que tira loucuras conspiratórias de bloginhos reacionários!” Essa atitude pode ser qualquer coisa, menos honesta. Mas parece que, ao debater com o Sr. Conde, quem paga com honestidade e recebe o troco em charlatanice. Mas ainda não acabou, porque, para a mágica do Conde dar certo, não basta apenas desqualificar o oponente que ele não contestou e as fontes que ele não pediu, é preciso também passar para o público a ideia de que somente ele está bem embasado. Basta procurar ocasião parra se referir a quaisquer autores que tenham alguma ligação com o assunto do debate. E se a referência autoral for totalmente despropositada? Não há problema, porque o que importa é iludir o público! Então deparamos com a seguinte frase: —"Talvez se o Sr. Luthor lesse um Tocqueville ou Bertrand de Jouvenel, saberia que a democracia, longe de preservar a liberdade, pode ser um dos mais completos regimes de tirania."—

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  20. Ora essa, e quando foi que eu neguei isso? É claro que a democracia pode se transformar em tirania; o que eu estou contestando, porém, é que as reivindicações de grupos minoritários não são um degrau para isso. Então pergunto: o que Tocqueville veio fazer aqui? Veio servir de coelho na cartola, no show de Ilusionismo argumentativo do Conde.

    A lista de falácias ainda não acabou. Mas a partir deste ponto, é melhor continuar a evidenciá-las seguindo a ordem dos tópicos. O assunto avançou em alguns deles, especialmente o oitavo, mas a maioria continua exatamente como deixamos na Réplica. Vejamos a situação de cada um deles fazendo um saldo do debate e tomando cuidado para não tornar esse exercício repetitivo.

    1) Porque a esquerda apoia as minorias?
    Mantêm-se o impasse entre fenômeno observável e conspiração inevidente.
    Vide réplica e tréplica.

    2) O apoio esquerdista é necessário?
    Mantêm-se o impasse entre fenômeno observável e conspiração inevidente.
    Vide réplica e tréplica.


    3) Quem são os apoiadores do conspirador?
    Comecemos por evidenciar mais uma impostura fácil de dizer, mas difícil de provar. Aqui está ela: —“Expus aqui as articulações que estão por detrás dos movimentos de minorias. Expus também aqui os articuladores, os grupos políticos, as ideologias, os métodos e os financiadores por detrás da “defesa dos oprimidos”. E o que Luthor faz? Nada, finge que não viu e se apega a uma ladainha panfletária, apelando aos leitores.”— Não mesmo! Não houve um articulador, um grupo político, uma ideologia, um método ou um financiador exposto pelo Conde que tenha ficado sem receber minha atenção na forma de uma elucidação racional e constatável que depõe contra a ideia de conspiração. Ainda não entendo de que adianta negar aquilo que qualquer um pode ler e confirmar.

    Passemos agora ao que sobrou de resistência neste ponto. Primeiro quanto à questão dos regimes totalitários. Meu argumento foi o de que nenhum dos dois regimes que meu oponente citou, China e União Soviética, de que a Rússia é herdeira, mantêm uma postura marxista. Pelo contrário. Hoje ambas dependem do livre mercado e da propriedade privada dos meios de produção para se desenvolverem. Mas, como sempre, o Conde vem com uma pérola: —“o Sr. Luthor é um completo ignorante da história soviética e chinesa, e tudo o que ele faz é reduzir a história desses países ao seu economicismo libertário.”— O conde sabe muito bem que meu objetivo não foi o de narrar toda a história desses países, e sim o de demonstrar que sua conspiração contradiz os poderosos laços que eles criaram com a economia de livre mercado e com o comercio internacional e que não são, portanto, marxistas. Portanto alegar que reduzi a história desses países a um único elemento é uma desastrada tentativa de distração.

    A seguir vem a Fundação Rockefeller. Ou não! Porque o que o Conde fez foi dizer que ela apoiou os projetos de eugenia nazistas e organizações defensoras do aborto... Ok. E onde entra uma gigantesca conspiração marxista aqui? É a mesma lógica psicodélica: “se você defende o que eu não gosto, então você faz parte da conspiração ou foi enganado por ela”. Quanto à ONU, nem há muito que dizer. É uma questão de hierarquia. Suas ações são determinadas pelos delegados de cada país e não há como uma “infiltração esquerdista” mudar o que a organização faz ou deixa de fazer sem corromper os governos da maioria dos países e de todos os membros permanentes do Conselho de Segurança. Diante do óbvio, resta apenas desqualificar o oponente com algo como: —“o Sr. Luthor tem uma visão da ONU que é típico de quem vê Rede Globo.”— E no horizonte já podemos vislumbrar a Rede Globo será a próxima a ser acusada de fazer parte da conspiração... Desse jeito, somente ele, o Olavo de Carvalho e o Jair Bolsonaro sairão ilesos.

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  21. Os próximos conspiradores são o PSDB e o PT. Os mesmos tucanos e petistas que disputam aguerridamente uma eleição, que gastam milhões com publicidade e com blogueiros, que tentam manchar a imagem uns dos outros, que abrem CPIs uns contra os outros, que fazem denúncias ao Ministério Público e à Polícia Federal, que levam fofocas e informações comprometedoras à imprensa, que fazem de tudo para pôr uns aos outros na cadeia etc. etc. O que eles são: amigos ou inimigos? Mas segundo a lógica do Conde, quem sustenta que eles são inimigos é burro, pois não vê que a rivalidade é falsa, que ambos são marxistas, que conspiram juntos e têm o mesmo plano de conquista global. Qualquer cidadão minimamente consciente vai pedir por fortíssimas evidências de uma alegação tão incrível que contraria todos os dados observáveis. E bem nesta hora, Sua Graça, com um ar triunfante dirá que basta “ser um pouco menos preguiçoso para ler o programa do PSDB”. Ok. Então deve ser apenas por esporte ou para iludir ao respeitável público que tucanos e petistas gastam tanto dinheiro para massacrarem-se uns aos outros. Se Conde quisesse mesmo demonstrar alguma ligação mais profunda e utilitária entre partidos de esquerda e minorias, deveria se informar um pouco mais e pelo menos usar como argumento o Decreto 8234 que dá representatividade política oficial a movimentos minoritários. Confesso que fiquei esperando o debate inteiro para que o Conde o citasse, mas o sujeito é decepcionantemente mal informado. O que eu realmente não esperava é que no final eu iria ficar aqui dando dicas de bons argumentos para ele usar contra mim... Será que ele imagina o que eu diria para rebatê-lo? Ele que pesquise. Se não encontrar, quem sabe num futuro debate ele resolva abordar a questão, então eu rebaterei a o argumento que eu mesmo soprei na orelha dele. Será engraçado!


    4) Quem é o conspirador?
    A aplicabilidade das ideias conspiratórias já foi bastante explorada. O único ponto remanescente é a hegemonia cultural de Gramsci. Ainda que suas ideias sejam aplicadas em um regime democrático, seus efeitos práticos estão sendo superlativamente valorizados pelo meu oponente. O exemplo que ele deu sobre as manifestações de junho de 2013 foi contestado frontalmente e, para variar, o Conde não se atreveu a reagir. Quando aos demais autores, minhas outras participações no debate desmentiram os receios conspiratórios e tudo ficou por isso mesmo. Ao meu oponente, restou o expediente de chamar-me de ignorante.


    5) Os extremismos libertários nos levarão à catástrofe?
    Todos hão de se recordar da explicação sobre a tendência efêmera das posturas radicais quando uma minoria busca por direitos ou por uma mudança cultural numa sociedade. Está lá nas réplicas. Dei vários exemplos para constatá-la por indução e o Sr. Conde tentou apresentar contraexemplos aqui: —“Eu perguntaria ao Sr. Luthor qual “decadência” houve de radicalismos num Estado como o soviético, em 80 anos de história comunista?”— E aqui: —“E eu insisto: qual “decadência” houve nos radicalismos totalitários do mundo nazista?”— Mas os radicalismos dos regimes soviético e nazistas não são contraexemplos do fenômeno de que estamos tratando. Nem a ascensão do nazismo alemão nem a revolução comunista russa estiveram em uma situação em que uma minoria estigmatizada quer conseguir direitos iguais ou, se já os tiver, modificar a culturalmente a percepção social sobre ela. Os radicalismos que o Conde cita visavam a uma tomada do poder político e não foram nem de longe equivalentes aos exemplos que citei quanto às lutas por direitos trabalhistas e civis ou pelo sufrágio universal. Não são contraexemplos, pois violam as condições do fenômeno em pauta. Assim, continua historicamente demonstrada uma tendência que aponta para uma postura de conciliação entre os radicalismos de quem quer direitos demais e de quem não quer conceder direito nenhum. O engraçado é que, quando alguém reconhece e age segundo essa tendência, acaba enfurecendo tanto os libertários quanto os conservadores.

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  22. Mas quando a maioria dos integrantes dos dois grupos fizerem as pazes, estarão muito mais próximos do centro do que estavam dos polos. Talvez um pouco mais à direita, talvez um pouco mais à esquerda, mas sempre mais próximos do centro.


    6) Os excessos das minorias.
    Nada mais a acrescentar. Vide Réplica e Tréplica.

    7) Os excessos do Conde.
    Infelizmente o sujeito não abandonou nenhum deles. Trataremos disso no tópico seguinte, o único, aliás, em que houve reação.


    8) A “ultima ratio”.
    É muito papo furado dizer que rotulei os conservadores. Demonstrei que um conservador, pelo menos o ocidental, encontra todas as suas ideias morais e institucionais firmemente apoiadas na pilastra central do Cristianismo, o que é bem diferente de dizer que ser conservador é apenas isso. Meu raciocínio é que o sistema da moral judaico-cristã foi proposto para o seu tempo e reflete uma organização social coerente com sua época, em que o trabalho braçal predominava inconteste sobre o intelectual. Apontei para um problema que tem sua origem no dogmatismo daqueles que pregam que esse sistema moral é perfeito, objetivamente válido, universal e imutável, já que em sociedades pré-industriais, as diferenças biológicas entre homens e mulheres quanto à força física exerce papel fundamental na organização social e na definição do que pode ou não pode ser objeto de considerações e ordem moral. A ideia é que, mais de 200 anos após a revolução industrial, diante de um progresso técnico e científico de dimensões inauditas, vivemos em uma sociedade cujos meios de vida e a relação com o trabalho são radicalmente diferentes daqueles em que a suposta moral perfeita surgiu, de modo que muito do que é defendido nas escrituras não se aplica à nossa época. Minha distinção não é centrada na luta contra a natureza, mas nas diferenças entre um contexto em que a força motriz é o braço e outro em que o trabalho intelectual se sobrepõe. Depois do que aconteceu neste debate, não é novidade nenhuma que o Sr. Conde tente macaquear meu pensamento para responder a argumentos que eu não dei, atribuir-me ideias que eu não tenho e exagerar ou diminuir o que eu disse na medida em que isso lhe for conveniente. Aliás, quase toda sua reação neste ponto consistiu em levar a extremos absurdos a relativização cujo processo explicitei, como se apontar um anacronismo na moral judaico-cristã fosse equivalente a destruí-la por completo e pregar o seu oposto. Não sei o que se passa na cabeça de um cidadão que acha que vai se safar em um debate recorrendo a um truque tão primário! Então o que eu tenho que fazer aqui é mostrar onde isso aconteceu, destruir o que deve ser destruído e rebater o que deve ser rebatido.

    - Família. —“Resta o Sr. Luthor nos provar se a vida privada, a família ou o papel dos pais são elementos “anacrônicos” de uma sociedade...”— Essa idiotice me foi atribuída ao longo do debate inteiro e já a neguei três vezes. Uma na Réplica, outra na Tréplica e agora vai a terceira. Não se trata de destruir a família, não se trata de desconsiderar o papel dos pais. As mudanças propostas não têm esse objetivo e tampouco vão levar a esse resultado. Onde está o nexo causal entre dar a um casal de lésbicas o direito de adotar uma criança e destruir a família heterossexual e o papel dos pais? Não há relação entre o casal de homossexuais da casa vizinha realizar um casamento civil e adotar uma criança e o Conde perder o direito de criar e educar seus próprios filhos. Se alguém pode causar problemas aqui, é o próprio Conde que, limitado a seus preconceitos, não vai deixar seu filho brincar com o dos vizinhos, incutindo a homofobia desde cedo na cabeça da criança. E qual é o motivo? É que para ele existe algum socialista esperando nas sombras até que, por alguma mágica, o papel dos pais deixe de existir para que ele possa assumir a direção do estado e controlar tudo. E para dar uma pitada de comicidade a essa situação, o Conde cola em sua paranoia o rótulo de “conhecimento” e chama de burros e ignorantes aqueles que não compartilham do mesmo delírio.

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  23. - Mulher. —“E por que o movimento feminista exalta a puta e ridiculariza a mulher de família que se casa com o marido e tem filhos?”— Oh, grande panicista irracional, quem é que exalta “putas” e ridiculariza uma mulher meramente porque ela quer casar e ter filhos? Não se trata disso. Quem é ridicularizada é a mulher-Amélia, submissa ao marido, nula em sua sexualidade, que acha que satisfazer desejos sexuais, até mesmo sozinha, a transformará em “puta”, que não tem a última palavra sobre se vai ou não vai engravidar, que vive sobre a sombra constante do mito da Virgem Santa. E ainda assim, se ela for feliz nessa situação, não há quem proponha impedi-la de se meter nela. A voz que está se levantando nem mesmo é intrinsecamente contra as mulheres que querem esse tipo de vida, mas sim a favor das que querem uma equivalência não apenas legal, mas também moral aos homens quanto ao seu comportamento. A Marcha das Vadias tem esse nome por causa do objetivo manifesto de chocar a opinião conservadora e não porque exaltam a prostituição. O Conde faz uma dedução cretina a partir do título da manifestação e sai por aí a bater em espantalhos que só existem na cabeça dele. É o louco Don Quixote combatendo gigantes onde há apenas moinhos de vento. Um mundo que preza cada vez mais pelo que as pessoas têm entre as orelhas tende a deixar em segundo plano normas aplicáveis a um época em que a força motriz era o braço, situação na qual homens certamente levam vantagem. É justamente desta época que vêm os preconceitos do Sr. Conde. E o sujeito vem dizer que a Bíblia nunca inferiorizou a mulher alegando a reverência ao mito da virgem Maria! É o raciocínio de um crente tão comprometido com suas premissas dogmáticas, que não consegue pensar fora da caixa e perceber que aquilo que tem aspectos vantajosos em um contexto, pode ser ridículo e ofensivo em outro. O mito da “Virgem Santíssima” perpetrou por milênios um padrão de mulher casta, pura e submissa, como se ter um hímen fosse matéria a ser discutida no campo da moralidade. Ainda hoje a cerimônia do casamento católico reserva ao pai da noiva o papel de entregá-la nas mãos do marido, vestida de branco virginal para demonstrar publicamente que ela é casta, que tem um hímen, um atestado de pureza, como o lacre de uma embalagem de pizza entregue em domicílio. Com a ajuda dessa adoração católica, milhões de mulheres viram sua vida sexual varrida para debaixo do tapete, sem conhecer a sensação de um orgasmo na vida. Isso para não falar de todas que ao longo da história foram expulsas de casa por perder sua virgindade, tornarem-se “impuras” e envergonharem a família. Por causa desse mito, ainda hoje está no imaginário popular, e certamente no do Conde, que uma mulher que anda na rua com roupas decotadas deve ser objeto de reprovação, que ela quer ser usada sexualmente, que está pedindo para ser apalpada, etc. Afinal ela está fora do padrão de pureza e castidade da virgem Maria. Mas segundo o Conde, esse padrão exemplar da mulher cristã é objetivamente correto e universalmente válido e, quem o quiser quebrar com a justa razão de sua evidente defasagem e iniquidade, é considerado, burro, ou marxista, ou manipulador, ou sofismático.

    - Os Dez Mandamentos. —“Contudo, alguém, por acaso, questionaria o valor dos Dez Mandamentos por serem dogmas? Não matarás, não roubarás, não desejarás a mulher do próximo, honrar pai e mãe, dentre tantos princípios, são fundamentos gerais de qualquer sociedade minimamente saudável.”— Em minha primeira participação neste debate eu disse essas exatas palavras: “opor-se à moral judaico-cristã no que se refere ao machismo ou à homofobia, por exemplo, não implica negá-la também em seus ensinamentos sobre altruísmo e honestidade”. Está lá. O que o Conde quer vender é a grossa deturpação. Somos animais sociais e toda sociedade, desde a mais humilde colônia de cupins até a mais sofisticada civilização humana, tem suas regras mínimas de convivência. Ninguém está propondo que todas as regras podem ser abolidas.

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  24. A existência de regras é um imperativo para a vida em sociedade, mas é completamente independente de dogmatismo religioso. A questão aqui não é se entre os mandamentos existe alguma determinação indispensável para a vida em sociedade, mas sim que nos textos bíblicos existem muitas que certamente não o são, como o próprio mandamento de não dizer o nome de Deus em vão. O curioso é que hoje o Conde diz: —“Tanto autores como judeus e cristãos sabem distinguir essencialmente o que é perene nas leis bíblicas, como o que é apenas fundamento histórico de uma época. Naturalmente que nós, cristãos (e lembremos que sou católico), não vamos aplicar literalmente as proposições bíblicas, e sim o que serve de princípios gerais a todos os povos e nações.”— Que maravilha! E quem determina o que é universal? Autores cristãos e judeus? Ora, uma mensagem que supostamente tem uma origem divina foi relativizada por seres humanos utilizando-se de que critério? Será que o Conde é tão cara de pau que não admite a enorme influência do contexto social na determinação desse critério? É evidente que, diante da obsolescência de regras bíblicas e do conflito social resultante disso, a Bíblia é reinterpretada para que se assente à realidade contemporânea e para que uma religião organizada tenha pelo menos condições de sobreviver. Isso já aconteceu centenas de vezes. Histórias bíblicas tidas como literais, como o dilúvio, passaram a ser alegóricas, assim como passagens que claramente embasam condutas abusivas, como o infanticídio generalizado e a escravidão, hoje são vistas como pertencentes a apenas uma época determinada. Hoje, aliás, já há quem esteja trabalhando numa “interpretação” bíblica que aponte para vida em outros planetas de modo a se poder afirmar que a Bíblia “sempre apontou” essa possibilidade. O Conde não percebe que o fundamento bíblico que regula a conduta feminina e que ele defende neste debate será visto pelos seus netos como sendo pertencentes apenas à nossa época, pois surgirão outros exegetas, ocorrerão outros concílios, propor-se-ão outras interpretações.

    - O legado greco-romano. —“Tentem dissociar a filosofia grega do Cristianismo, e ela perderá sua importância. Tentem dissociar o direito romano do Cristianismo e voltaremos ao paganismo político mais extremo, como a idolatria da religião civil do Estado ou mesmo do imperador como deus.”— Talvez o Conde acredite que foi o Cristianismo que absorveu a tradição greco-romana e não o contrário. Talvez ele ignore que a noção ocidental de verdade descoberta se opõe a perspectiva oriental de verdade revelada. Talvez ele não saiba que a filosofia escolástica foi uma tentativa de conciliar a racionalidade aristotélica com o misticismo cristão para desfazer o conflito. Talvez ele tenha suas crendices em tão alta conta que ache que elas se tornaram indissociáveis da filosofia grega e do direito romano. Talvez ele ache que o valor histórico e literário da tradição cristã estará perdido em uma sociedade que cada vez mais se liberta de dogmas bíblicos. Talvez ele pense que, sem um Deus cristão, as pessoas procurarão por um deus postiço em vez de excluir uma divindade de suas vidas... Pois eu acho é que talvez ele precise pensar um pouco mais nas suas crenças antes de entrar em pânico.

    - Sexo. —“O número de pessoas que você transa numa noite reflete seu estatuto moral, que é baixo e promiscuo. Quem é que vai confiar em você como marido, se você não tem continência sexual? Qual sociedade confiaria em si mesma, se todos trepam que nem cães no cio?”— Mais do mesmo. Em vez de responder honestamente, leva a ideia a extremos e bate em um espantalho. Quem foi que falou em não ter continência sexual? Uma coisa é transar com mais de uma pessoa numa noite, o que não é em si mesmo imoral, outra bem diferente é se comportar como um cachorro louco que só pensa em sexo, o que certamente é problemático. E quem foi que falou em quebrar o pacto de fidelidade em uma relação monogâmica?

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  25. Essa ideia está na conta da deturpação do conde, e não nas minhas ideias. Meu argumento é que o fato de ter mais de um parceiro sexual não é em si mesmo imoral, como quer o Conde. Mas, incapaz de negar isso sem recorrer ao dogmatismo, a única saída é deturpar... de novo.

    - Conservadorismo. —“Os conservadores não são refratários às mudanças. Nenhum conservador em sã consciência é a contra a mulher trabalhar fora de casa.”— Pois é... Hoje, de fato isso é bastante incomum, mas antes não foi. O mesmo vale para o sufrágio feminino. Hoje não conheço ninguém que seja contra ele, mas o Conde não há de negar que quando a ideia foi proposta o discurso conservador fazia oposição a ela, afinal “política não é coisa de mulher”, afinal “o sufrágio feminino é antinatural”, afinal “a Bíblia não põe à mulher à frente dos negócios de uma casa e sim o marido”, afinal “dar o direito de voto às mulheres trará a ruína da sociedade”, afinal “essa mudança absurda não é um direito”. Já vimos o Conde fazer esse discurso aqui e daqui a 60 anos, os netos conservadores do conde podem entrar num debate com os meus netos moderados e dirão: “Nenhum conservador em sã consciência é contra o casamento homossexual”. Pois é... O mundo muda cada vez mais rápido e a postura conservadora, pelo menos quando arraigada em radicalismos dogmáticos, tende a ser atropelada pela história. Muito mais racional é adotar uma postura moderada, combater os excessos de ambas as partes e contribuir para a emergência da conciliação em vez de ficar propagando o medo de uma ameaça irreal.


    9) Conclusão.
    Meu objetivo era provar que as reivindicações de minorias são uma derivação natural das liberdades democráticas e que esse processo, em essência, é socialmente vantajoso. O Sr. Conde interpôs uma teoria conspiratória fatalista entre mim e a minha meta e, portanto, tive que derrubá-la. As teorias conspiratórias fatalistas têm sobre quem nelas acredita o mesmo efeito que do binômio cenoura e chicote tem sobre um jumento (não estou fazendo referências a ninguém). A sensação de haver descoberto uma ordenação oculta no mundo fala à nossa inteligência, seduz-nos com o prêmio intelectual da verdade insuspeita, conhecida por poucos perspicazes entre os quais temos a sorte de nos encontrar, dá-nos o papel de revelador da “verdade” aos demais. É a cenoura. O medo de um agente ladino que nos enganou por tanto tempo e ainda engana a muitos, a perspectiva de vê-lo ser bem sucedido na consecução de um fim nefasto para nós fala ao nosso instinto de autopreservação. É o chicote. Assim, a vontade de reagir a uma trama oculta contribui para que a história se espalhe e, à medida que vai se espalhando, suas mentiras vão sendo refinadas, seus buracos vão sendo tapados com exceções e subexplicações, seus conceitos podem até chegar a ganhar ares acadêmicos, de modo que, quanto mais a história se espalha mais difícil é descartá-la como falsa. Às vezes só mesmo o tempo chegará a provar a falsidade de uma história bem sucedida. Mas em qualquer etapa em que este processo se encontre, o trabalho de desmistificar teorias da conspiração passa pela constatação de seus absurdos e pela demonstração de que não há evidências suficientes que sustentem suas alegações. Foi isso que procurei fazer em todo debate, a despeito das imposturas do meu oponente. Deu trabalho, mas valeu a pena, pois nenhuma delas ficou sem a resposta merecida. Dei-lhe a opção de admitir que cometeu um equívoco e sair do debate de forma honesta, mas ele preferiu apostar todas fichas no espetáculo. Julgo que aqui ele teve exatamente o que mereceu. Nem mais, nem menos.

    Agradeço ao Conde Loppeux de la Villanueva pelo exercício argumentativo e pela referência bibliográfica de Juan Claudio Sanahura, que eu de fato não conhecia. E assim, julgando que minas teses permaneceram sólidas diante de toadas as suas investidas, passo-lhe a palavra e despeço-me com os...


    cumprimentos do “sofista, agressivo, mercenário, indigno, torpe, desprezível e impudico”
    Alex Cruz.

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  26. Considerações finais
    Seria cansativo insistir num dado elementar da discussão. A de que meus argumentos, até o dado momento, não foram refutados. Não estou aqui cantando vitória sobre um debate. Não faz parte do meu estilo. A questão, porém, é deveras óbvia: as denúncias que fiz sobre as ligações e os objetivos nada elogiosos do ativismo das minorias, negros, feministas, homossexuais ou indigenas, dentre alguns exemplos, jamais foram negadas. Mostrei também aqui que não há relação entre expansão dos direitos das minorias e expansão das liberdades. Pelo contrário, a reivindicação das minorias contribuiu e muito para a expansão da burocracia estatal e maior controle governamental sobre a vida privada dos cidadãos. Esse é o verdadeiro objetivo desejado para quem lidera estes movimentos. Pouco importa se isso possa aparentemente "favorecer" as minorias. As aspirações reais, na prática, vão mais além e em longo prazo destruirão tanto a liberdade das minorias, como as liberdades civis e políticas em geral.
    Esses controles se manifestam de várias formas: através de discriminações raciais (as investidas do movimento negro e indigenista contra a população branca brasileira ou simplesmente não categorizada como "minoria") e em patrulhamentos sociais na linguagem, na forma de pensar, nos atos políticos, como o demonstram as tentativas dos movimentos LGBT e feministas de destruir a família, a liberdade de expressão ou a liberdade religiosa, em virulentos ataques ao cristianismo.
    Todavia, o que é esse controle, na prática? A estratégia marxista mundial implica a conquista de espaços, para instaurar a hegemonia cultural. Ou seja, os esquerdistas dominam a imprensa, os meios de comunicação, os formadores de opinião, infiltram-se na educação, nas universidades, nas escolas e mesmo em setores de entretenimento, como as novelas, enfim, em todo e qualquer elemento que fabrique o imaginário. Até as igrejas não são poupadas, vide os braços da Teologia da Libertação na Igreja Católica e a Missão Integral, no lado protestante. O Sr. Luthor acha mesmo que uma novela da Globo que pregue agenda gay massivamente, modelos familiares destrutivos e desajustados como exemplos não faz parte desse gigante trabalho de revolução cultural? Engenharia social é, acima de tudo, controle da sociedade. As pessoas são tratadas como cobaias de um grande experimento laboratorial.
    Luthor, de forma um tanto inocente, insiste piamente em afirmar que os "excessos" das minorias militantes são meros acidentes, são meras consequências das transformações dos costumes. Nada mais falso. A essência delas é levar aos extremos e causar o caos. Quando movimentos indigenistas invadem propriedades rurais e exigem identidades nacionais contrárias aos estados nacionais, quando o governo aplica leis racistas e discriminatórias dividindo negros contra brancos e mestiços ou quando os ativistas LGBT exigem leis para trancafiar cristãos ou pessoas contrárias às agendas homossexuais, não estamos falando de "excessos" ou atos isolados, mas de políticas meticulosamente preparadas para serem impostas goela abaixo sobre a sociedade.
    Nas palavras do nosso urso sábio do libertarianismo, o radicalismo das minorias é "momentâneo", é exceção. Tem certeza? Expulsar milhares de arrozeiros de suas terras e violar o direito de propriedade, em nome da causa indigenista ou quilombola, é apenas exceção? Querer cadeia para padres ou pastores e cercear a liberdade religiosa em nome da causa gay, é exceção? Marcha das Vadias, degradação do sexo feminino e relativização do direito à vida, através do aborto, são também exceções? Destruir o universo familiar natural dos pais e dos filhos é exceção? Ou são regras constantes do movimento revolucionário? Essas práticas afetam radicalmente a estrutura da sociedade e causam prejuízos graves à ordem pública e jurídica.Como o Sr. Luthor ignora ou finge ignorar essas questões, aí só resta negá-los previamente, ao invés de comprovar a inverossimilhança desses fatos.

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    1. Foi também demonstrado que, longe de serem grupos representativos, os ativismos esquerdistas das minorias são financiados por verdadeiras oligarquias financeiras e políticas, uma curiosa aliança entre a burocracia, a inteligentsia pró-socialista e grandes magnatas capitalistas, interagindo com a cartilha de outra grande burocracia, só que internacional, a ONU. Fundações como Ford, Rockefeller, Macarthur e outros, investem bilhões de dólares em programas que incentivam ideologias da "negritude", do "indigenismo", do "feminismo" e da apologia gay, influenciando universidades, grades curriculares, escolas, sistemas educacionais. Sem contar a apologia pró-aborto, no intento de relativizar a vida humana. Ao invés do Sr. Luthor exigir provas, deveria pesquisar e conhecer essas associações criminosas. Ou melhor, deveria, ao menos, pensar por que bilhões de dólares estão sendo investidos pra estimular extremismos ideológicos marxistas na cultura e nas relações sociais. Essas agendas políticas já foram desenhadas para chegar aos seus objetivos claros e cristalinos: a destruição da família e do cristianismo, o rebaixamento moral da sociedade e a completa estatização do pensamento e do imaginário cultural. Não sou eu quem afirmo isso. São eles. Basta pesquisar os seus ideólogos e suas estratégias. Gramsci, a Escola de Frankfurt, Derrida, Foucault e o desconstrucionismo estão sendo aplicados ipsis literis.
      Essa aliança de capitalistas e socialistas é bem mais antiga do que se imagina. Vê-se o caso da China, que nas palavras de Luthor, não é mais "marxista". A China continua sendo o mesmo regime draconiano de sempre. Fuzila opositores, controla a informação, tem o maoísmo como ideologia oficial e realiza praticamente tudo que um comunista faz quando está no poder. O Sr. Luthor acha que a China deixou de ser marxista só porque fez concessões ao livre mercado? Ora, qualquer burocrata socialista bem articulado sabe que o mercado não pode ser suprimido. Mesmo na União Soviética, onde a economia era estatizada, havia uma tolerância do Estado ao mercado negro. A diferença é que agora os socialistas podem permitir o mercado, com a condição de controlá-lo. Luthor parece ignorar que os direitos de propriedade na China comunista são condicionais. Em qualquer tempo, o Estado pode reivindicar a propriedade alheia. A diferença é que eles seguiram um método próximo do fascismo. O empresário não perde a posse da propriedade, mas a sua apropriação é uma concessão estatal. Mesmo com todos esses controles brutais, os capitalistas ocidentais investem alegremente naquele país.
      Mesmo no caso da Rússia, as aparências enganam. Quem governa o Estado russo? Os velhos comunistas de sempre. Vladmir Putin, o homem que é alardeado como "conservador", foi membro da KGB. A maior parte da economia russa está nas mãos da velha nomenclatura soviética, agora, elevada à ideologia eurasiana.

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    2. Vou mais além. A União Soviética não existiria se não houvesse investimento capitalista. Bastaria o Sr. Luthor ler a obra do historiador Antony Sutton, para perceber que a Rússia soviética foi financiada por capitalistas que não queriam greves, não queriam rebeliões e desejavam lucro fácil através do trabalho semi-escravo dos cidadãos soviéticos e de um Estado camarada. Atualmente os socialistas percebem que podem tolerar a posse privada e o mercado, contanto que estes trabalhem para o Estado ou não fujam do seu controle
      Percebe-se que o Sr. Luthor não conhece absolutamente nada sobre os regimes comunistas e dos atuais métodos da esquerda. Ele pensa no marxismo em termos clássicos, ignorando as novas estratégias de poder que foram criadas em um século. Em outras palavras, ele se prende a uma retórica falsa, ignorando as ações políticas deles. Por acaso mudou a ditadura de partido único na China? Não. A censura continua solta? Sim. O controle totalitário da sociedade existe? Sim. A mera tolerância a uma relativa liberdade de mercado pode perfeitamente conviver com todos os tipos de controles sociais. E o que ocorre em nossa democracia, substancialmente falando, não é muito diferente. A diferença é apenas de metodologia.
      Por falar em ONU, realmente o Sr. Luthor demonstra uma ingenuidade próxima da estupidez. Já expliquei aqui o quanto essa organização se tornou um instrumento nas mãos da esquerda mundial. Bastaria o Sr. Luthor comparar uma proposta administrativa como o PNDH-3, aqui no Brasil, e as cartas da ONU e perceberá que lá tem vários documentos inspirados por essa instituição. Vou mais além. A burocracia da ONU tem projetos globalistas, projetos de se criar uma nova ordem cultural, religiosa, ética e política mundial. Esses projetos estão sendo impostos goela abaixo sobre os países, sem quaisquer questionamentos da opinião pública. Ou melhor, a opinião pública trabalha pela causa. Desde a neurose ambientalista até a inteferência estatal na educação dos filhos, eis a nossa Grande Irmã Onusca.

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    3. Por que o Cristianismo está sendo varrido do mapa do planeta? No mundo oriental, os países comunistas e islâmicos estão matando milhares de cristãos, aos olhos complacentes das democracias ocidentais. E nas democracias ocidentais, o Cristianismo é apagado da memória histórica da população, atacado, caluniado, desmerecido. Qual a razão? Os socialistas sabem que a religião cristã é a única força civilizacional capaz de destruir seus intentos. Vejamos.
      Luthor reduz o Cristianismo a uma mera caricatura ao observar apenas elementos secundários e sem importância, como o "machismo" e a "homofobia". Percebe-se o grau de contaminação ideológica marxista na sua retórica de espantalho. Sua visão é pobre e panfletária. Mas o Cristianismo é muito maior que isso. É uma identidade, uma cultura, um plano moral, ético, filosófico, religioso, institucional e também uma civilização. Todos os alicerces morais, que vão da caridade ao direito à vida, que vão da estrutura familiar natural aos conceitos de justiça e do direito como valores perenes e transcendentes, estão na pedra fundamental de Cristo. E aqui falei muito pouco sobre a grandeza da fé cristã. Contudo, os arautos das ideologias marxistas querem apagar isso. Querem destruir os conceitos da caridade e do direito à vida, para reduzir o homem à mera engrenagem de um sistema utópico. Querem destruir a família para atomizar os indivíduos aos caprichos do Estado. Querem destruir os conceitos transcendentes de justiça, moral e direito, para reduzir o direito numa mera vontade arbitrária do poder político. Ainda que o Sr. Luthor se rebaixe vulgarmente ao canto da sereia do relativismo moral, sexual ou familiar, os objetivos desses grupos e a realidade são claros e cristalinos. Relativizar o direito à vida é destruir o direito à vida como valor comum. Relativizar a estrutura familiar é destruir a ordem familiar e sua segurança jurídica e força moral. Todos os relativismos e desconstrucionismos marxistas só visam basicamente destruir. Não acrescentam nada.
      Luthor, de forma bovina, desmerece o Cristianismo a uma dimensão histórica meramente particular, num mundo de guerras ou onde a força bruta imperava sobre o intelecto. É como se vivêssemos num lindo mundo ideal, para afirmar uma asneira tão monumental como essa. Alguém pode dizer que vivemos num mundo de paz, depois de duas guerras mundiais e Auschwitz? É como se o passado fosse mau e a nossa realidade atual fosse moralmente superior.
      Falei da contaminação ideológica na ladainha do Sr. Luthor. Ele pode não ser marxista, mas a perspectiva marxista contamina de tal forma seu cérebro, que ele nem percebe, inconscientemente, o quanto está afetado por ela. Ele é capaz de falar de uma suposta moral objetiva e ao mesmo tempo afirmar que essa moral se modifica conforme se transforma a infra-estrutura material, afetando também a super-estrutura espiritual. Mais materialista histórico do que isso, impossível!

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    4. Não me surpreendeu quando Luthor afirmou que o Cristianismo foi "absorvido" pela filosofia grega e pela cultura latina. Parece que o paganismo causa uma admiração nostálgica na modernidade secularizada, ainda que ninguém compreenda basicamente o que significava o universo cultural e psicológico do mundo clássico. Todavia, o que ocorreu foi o contrário. A cultura greco-latina foi completamente remodelada conforme o Cristianismo. Conceitos éticos tão básicos como o direito à vida, a caridade ou a visão transcendente do direito e da justiça acima do Estado, não existiam ou eram escassos na mentalidade greco-romana pagã. A prática de infanticídio, principalmente de crianças indesejáveis, era comum no mundo antigo. O pater familias romano ou o despotes grego tinham poder de vida e morte sobre a mulher e os filhos. Os menores poderiam sofrer abusos sexuais dos mais velhos, vide a pederastia, que hoje seria a pedofilia moderna. Em muitos casos, a mulher nem mesmo tinha direito de herança. Alguém encontrará mulheres no mundo antigo que tenham ocupado algum cargo político? Com exceção do Egito antigo, quase inexistente.
      O homem grego não via a liberdade como um princípio universal, mas como produto do status de uma cidade ou de um império. Nem mesmo na filosofia grega vamos encontrar a concepção da liberdade individual como fora da perspectiva da vida citadina do status do homem livre. O máximo que encontraremos são aproximações desse conceito. Aliás, a filosofia de Aristóteles e Platão era mal vista em sua época, porque quebrava o paradigma cosmológico da religião e do modo de viver grego. Não foi por acaso que a filosofia grega platônica e aristotélica se casou perfeitamente com o Cristianismo. Porque o pensamento destes filósofos se aproximava muito da cosmovisão cristã.
      Os escravos eram tratados como animais e não tinham direito de família. A promiscuidade sexual era incentivada entre eles, justamente para que não formassem laços familiares e cada escravo não descobrisse quem era seu pai. Não será coincidência de que a promiscuidade sexual seja incentivada, hoje, justamente para que os indivíduos não formem laços realmente autênticos de solidariedade e família?

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    5. A religião revelada do Cristianismo, como produto da gloriosa justiça de Israel, muda radicalmente todas as relações do mundo antigo. As mulheres conquistam o direito de participação na família e todo um sistema de proteção jurídica é criado a favor delas. Elas herdam, podem gerenciar os bens da família, participam da educação das crianças, etc. Toda uma legislação de proteção de viúvas e meninas órfãs é criada. Se no mundo antigo é escassa qualquer menção Às mulheres, na Idade Média, o que mais se vê são santas, rainhas poderosas e até guerreiras. Aliás, o Império Romano se cristianizou por causa das mulheres. Elas foram um elemento poderoso na conversão de muitos pagãos.
      O infanticídio e a pedofilia foram proibidos e suas práticas foram criminalizadas. O poder do pai foi limitado ao bem estar da família. E foi a Igreja Católica quem instituiu o direito universal dos escravos de terem famílias e adquirirem propriedades. Mais ainda: a Igreja foi a primeira instituição do ocidente a questionar a validade moral da escravidão!
      Outra mudança substancial do Cristianismo é a relação do indivíduo com o poder. O mundo antigo não conseguia distinguir a autoridade política da autoridade religiosa. Daí a idolatria dos imperadores como deuses. Ou a obrigatoriedade de um culto cívico, de uma religião civil da pólis. Foi a concepção cristã que separa o poder temporal do poder espiritual em duas esferas, a da Igreja e a do poder político. E foi essa mesma igreja que resgatou o conceito da "consciência individual" no mundo ocidental. Alguém agora tem dúvidas do porquê dos movimentos revolucionários quererem destruir o Cristianismo? Será que o Sr. Luthor é tão estúpido a ponto de achar que apagando esses paradigmas morais, éticos, culturais, não se vai mudar radicalmente a forma como o ocidente encara a realidade? Mas a questão é: o que vão colocar no lugar? O marxismo cultural! Ser cristão, em suma, vai além de um certo "dogmatismo". . .
      Luthor tenta, a todo custo, negar os fatos ou simplesmente relativizá-los. Usa de falsas analogias, comparando-os com o processo do voto universal ou dos direitos trabalhistas. Diz que as exigências das minorias são frutos naturais da democracia ou de uma suposta "ordem natural" das coisas. Partindo dessa lógica rasteira, poderíamos dizer também que se grupos políticos, como os fascistas e comunistas, exigissem a extinção da democracia, também isso deveria ser um "processo natural", já que a democracia permite, inclusive, que se pregue sua própria destruição. Mas o que significa basicamente "ordem natural"? Se partirmos do pressuposto de que essas atividades políticas são alheias à maior parte da população e são feitas à revelia dela, tendo como objetivo a sua destruição, logo, não é um "processo natural", nem da sociedade no seu conjunto, nem da democracia.

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    6. A democracia e a sociedade necessitam de princípios sólidos. Princípios de ordem, tanto política, como moral. É do "processo natural" de um poder que ele se auto-preserve, com todos os meios institucionais e éticos possíveis. As instituições democráticas se preservam porque não somente há uma ordem política, como também uma ordem moral preexistente e legitima perante os cidadãos. Da feita que há grupos que tentam destruir a democracia, mesmo se utilizando dos expedientes da democracia, não falamos aqui de um "processo natural", mas sim de uma subversão pura e simples, no intento de usurpar os poderes constituídos. Partindo de algo mais amplo que um sistema político, ou seja, a própria sociedade, com seus valores, cultura, instituições, etc, naturalmente que as práticas de engenharia social dos movimentos esquerdistas são bem mais ambiciosos do que meramente destruir a democracia. Eles querem algo mais além. Querem instituir uma nova ordem utópica com a completa destruição daquilo que vivenciamos. Nem que para isso a sociedade seja destruida. Todos os elementos de composição institucional da sociedade, como a família, os valores morais e éticos tradicionais, as regras de boa conduta, as associações civis independentes, embasadas em laços de solidariedade, como também de princípios históricos comuns, são elementos limitadores do poder estatal e da engenharia social. Semear a desordem, o conflito, a ruptura, em outras palavras, a "dialética revolucionária", faz parte da tentativa de destruição da velha ordem para instaurar a nova. E essa nova ordem será uma verdadeira tirania. Que podemos esperar dos socialistas senão esses objetivos? Não são conjecturas. São documentos, tratados ideológicos, projetos, técnicas, objetivos, financiamento massivo expressos visando a conquista totalitária da sociedade.
      Claro que as táticas dos movimentos revolucionários não se limitam a defender minorias. Há várias esferas de ação para o mesmo fim. Seja através do apoio ao terrorismo, do crime organizado, da criação de poderes paralelos à democracia, etc. Para um leigo ou para quem não tem conhecimento sobre o assunto, isso pode parecer assustador e até inverossímil. Mas lamentavelmente existe e está ocorrendo, neste momento, no Brasil. A reação inesperada de quem se depara com essas informações é até previsível. A pessoa se assusta e racionaliza negando o fato como impossível ou absurdo. Pode-se afirmar que este ceticismo, à primeira vista, seja saudável. Porém quando se teima a negar previamente os fatos, sem uma mínima consulta séria, o máximo que podemos afirmar é que há uma cegueira ou um posicionamento de avestruz, de enterrar a cabeça debaixo da terra.

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    7. Entretanto, Alex Luthor é teimoso, ele exige o ônus da prova a mim. Não seria apropriado apresentar aqui fontes, links ou livros a respeito dessa trama, embora eu esteja aberto a isso e fontes confiáveis é que não faltam sobre o assunto. Contudo, seria presumível que Luthor conhecesse esses detalhes. Parece que no fundo não sabia deles até eu tocá-los. Como eu não sou refutado e sempre insisto no assunto, Luthor diz que repito uma cantilena ad nauseam, repetitiva, sobre o tema. Afinal, poderia ser diferente? Se os fatos estão entrelaçados nessas relações, por que diria outra coisa? Se o Sr. Luthor quiser dissociar a realidade em nome de uma retórica ideológica bonitinha nas palavras, mas alheia dos fatos, paciência. Isso é apenas alienação e nada mais.
      Alex reclama por não respondido todas as questões, pelo simples fato de já ter extrapolado o limite necessário para escrever as réplicas. Todavia, para se desmerecer um erro, é necessário mais palavras e mais observações factuais contra aquele argumento que se prende apenas a premissas irreais ou fantasiosas. Posso ter me excedido nos textos, justamente porque o tema é bastante complexo e vai muito além dos axiomas simplórios de Alex Luthor. Tentei ao máximo não ser mais amplo. Com relação à minha "verborragia conspiratória", até agora, nada. Alegar uma falsa conspiração se necessita provar essa alegação. Ora, o Sr. Alex pode bancar o idiota, porém, não chega a tanto a ponto de ignorar o radicalismo claro e óbvio das esquerdas, junto com seus movimentos feministas, gays, quilombolas, indigenistas, etc.
      Existe um detalhe mais marcante da subversão cultural marxista na atualidade: as transformações totalitárias devem parecer "espontâneas", "naturais". A idéia mesma do Sr. Luthor de "naturalizar" a prática dos movimentos revolucionários está na essência de suas táticas. As pessoas não devem perceber que estão sendo induzidas num processo gigantesco de manipulação coletiva. Daí a reação tola do meu adversário em reduzir todas essas correlações óbvias à "teoria da conspiração". Vou insistir: sim, o processo da revolução cultural marxista no ocidente é gigantesco, assustador e tem conexões internacionais poderosíssimas.

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    8. Minhas fontes são bastante simples. Nada do que eu disse é algo "conspiratório". Na verdade, é bem público. Que haja uma grande articulação das esquerdas em escala mundial, isso é um fato tão elementar, que só alguém que vive em Marte pode afirmar o contrário. Claro que essa articulação não é perfeita, não é tão sistemática. Há diferenças, há rivalidades internas entre as facções existentes e também formas de encarar as táticas. Contudo, há uma certa unidade de propositos. É curioso que eu me passe por charlatão e desonesto porque meu rival é um pobre ignorante nos temas, é leite com pêra. Minha ironia sobre seus conhecimentos de google foram embasados justamente no completo desconhecimento que Luthor apresenta sobre o que está sendo debatido.
      Para finalizar o debate, podemos chegar às seguintes conclusões básicas: as ações das minorias políticas, embora sejam favorecidas pelo regime de liberdades na democracia, não são provas da expansão de mais liberdades. Pelo contrário, são provas sim do quanto a democracia é frágil e pode ser facilmente destruída pelos seus próprios mecanismos internos. O sistema democrático não tem métodos eficazes para combater seus inimigos. Porque a democracia moderna se apresenta como meio e seus princípios são rarefeitos, inconsistentes, dependem das pressões políticas e do que se convencionou chamar "vontade popular". O que a sustenta, basicamente, é a tradição civilizacional cristã e conservadora, não-democrática, espiritual, transcendente, perene.

      Os inimigos da civlização ocidental sabem disso. Salvo, é claro, o Alex Luthor. . .

      Desde já, agradeço pela oportunidade de debater com o Alex.

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