sábado, 28 de abril de 2012

Raoni X Roberta - Meritocracia no Ensino


  1. Tema muito importante para elucidarmos um dos maiores gargalos do Estado brasileiro que é um ensino público de qualidade. Nada melhor do que discutir com quem já conhece essa realidade na prática, uma educadora.

    Vou estabelecer as premissas que direcionam meus argumentos, identificarei os problemas bases para desenvolvermos soluções em cima delas.

    O que entendo por gargalo na educação:

    Custo alto e/ou insuficiente para pouca eficiência prática, (nesta eficiência entra também a questão de metodologia de ensino). O resultado disso pra mim é, desmotivação do professor pelos baixos salários e estrutura de ensino. Desmotivação do aluno pelo ensino precário e sem perspectiva na sua metodologia e organização. E desinteresse do governo frente ao custo alto para mudanças que serão percebidas a longo prazo, cujo mérito ficará com governos seguintes, além do resultado incerto gerando um custo de oportunidade considerável.

    O que pretendo estabelecer aqui é descobrir uma maneira de incentivar o interesse dos três grupos envolvidos, pois só com isso podemos pensar em colocar as coisas nos eixos, já que se interesses de um grupo batem de frente com o outro logicamente, na maioria das vezes, teremos ineficiência no resultado final.

    Então o que fazer para construir uma solução na qual todos os grupos sejam beneficiados?
    Como quase tudo a resposta parte da natureza humana, se não compreendermos como funciona nosso comportamento nunca chegaremos a respostas satisfatórias.

    Reagimos a incentivos, só faremos algo que possamos lucra de alguma maneira, qualquer coisa que fuja disso terá que se gastar energia demais para, artificialmente, produzir esse incentivo, por ex,no caso da coerção, “se perder média, apanha”. Sendo assim temos que encontrar mecanismos mais eficazes nos quais a própria natureza humana, desejo básicos, já faça o indivíduo agir, tudo isso poupa energia.
    Pensando nessa vantagem individual o que vem primeiro em mente é a meritocracia, tema do duelo, a premiação pelo mérito é fator extremamente eficiente para a produtividade humana.

    Obviamente essa produtividade deve seguir princípios e regras estabelecidas, e como não sou ateu e relativista dos princípios, não vejo dificuldade em se estabelecer regras para nortear essa produtividade. Se falássemos de uma sociedade ateia teríamos sim problemas morais já que a chance de desonestidade em busca do reconhecimento não teria limites. Mas isso, apesar de fundamental, deixo para outro debate.

    Quero deixar as situações práticas para a replica pois antes quero saber se a adversária concorda com essas premissas básicas. A idéia da meritocracia parte dessa premissa básica, que reagimos a incentivos, e pra ela entender meu ponto terá que aceitar antes as premissas inicias, por isso vamos com calma pois minha busca é não deixar lacunas nas conclusões.
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  2. A princípio, não temos muitas discordâncias: ambos assimilamos com singularidade aquilo que se entende por gargalho da educação. Não há como também discordar da eficácia em se premiar comportamentos positivos, por mais que isso remeta aos experimentos de Skinner (o que por ideologia, procuro menosprezar), e citando apenas o superficial do conceito, entende-se que premiar pelo mérito é uma boa escolha em se tratando de organizações governamentais, onde o ingresso se dá pelo concurso público, e os rendimentos dos funcionários, em tese, são iguais.

    Meritocracia é o sistema de recompensa ou promoção fundamentado no mérito pessoal, avalizados por sua chefia imediata, bem como por seus pares, observando critérios técnicos, tais como, pontualidade, assiduidade, produtividade e outros mais subjetivos, como criatividade, ética, envolvimento com o coletivo, relação interpessoal,... Esses são alguns dos itens mencionados nas instituições que tenho conhecimento( RME – Goiânia / SEE- Goiás / UEG do mesmo estado) e percebo nessas avaliações periódicas (semestrais) que apesar de ser um instrumento conhecido, seus resultados não tem o resultado esperado, uma vez que os envolvidos conseguem maquiar dados. E essa “maquiagem” tem algumas razões, que se não justifiquem o ato, ao menos, os explica: governantes usam esse tipo de informação para garimpar recursos no Fundeb, além de ser interessante que as instituições de ensino consigam um bom resultado no Inep. Enfim, não é entendida como uma avaliação que trará benefícios aos professores e alunos, e sim, uma manobra política.


    Por essa razão, não concordo com o critério da meritocracia na Educação. Quando se rascunhou essa teoria, Weber tinha como parâmetro a burocracia das grandes instituições, onde se privilegiava a profissionalização dos envolvidos e a hierarquia da autoridade, porém havia o entrave nas relações, que eram praticamente nulas, e isso na Educação é inconcebível, sem mencionar na grande desvantagem dessa teoria que é a exclusão social. O que fazer com aqueles não beneficiados com uma avaliação positiva em sua ficha de aproveitamento profissional? Como lidar com o fator excludente numa categoria que tem em sua essência, diminuir desigualdades?


    Em meu estado, houve semanas atrás, um grande movimento grevista motivada pela tal meritocracia. É extremamente válido o argumento de se valorizar o esforço, de premiar o “melhor”, aquele capaz de fazer a diferença entre seus pares, se as oportunidades forem ofertadas de forma igualitária, mas não é essa a realidade. Há escolas sucateadas, com superlotação e com quadro incompleto de professores. Como comparar essa escola com uma outra sem esses problemas?
    Os professores entenderam que isso se tratava de uma farsa, especialmente quando o discurso pela meritocracia fez referência a um pequeno trecho de Gustavo Ioschpe:"Simplesmente não acredito que dando mais dinheiro aos professores e diretores que estão em nossas escolas hoje, sem exigir nenhuma contrapartida ou melhorar sua capacitação, nós teremos um ensino de melhor qualidade. O problema principal dos funcionários de nossas escolas não é de motivação: é de preparo".

    Numa avaliação fria, como questionar essa frase? Porém, é preciso ir além daquilo que parece óbvio.


    Não duvido que a meritocracia seja uma boa opção. Ao menos, a curto prazo. Mas aquele que tem na Educação mais do que uma profissão - e sim, um ideal de vida, sabe que mudanças ocorrem depois de décadas de investimentos e de lutas diárias contra todo tipo de postura que tem como resultado, a segregação social.
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  3. Então Roberta, é pensando nos problemas que você citou que tracei a estratégia que apontarei agora.

    Quando pensamos em meritocracia temos que aplicar medidas que equilibre o benefício a todos os envolvidos. Compreendo a questão das possíveis falhas, entretanto ao pesar os prós e contras tudo isso que você comentou será colocado em questão.

    Porém Roberta, não podemos tratar o profissional da educação diferente de todos os outros. Um professor tem que ter o domínio da palavra e poder de persuasão, ele tem que saber vender o peixe como em qualquer outro cargo que lida com o público. É imprescindível que este seja capaz de atrair o aluno e dar aula de maneira que faça o aluno aprender, não é qualquer um que merece um cargo de professor, quem está lá deve ser digno de admiração. Por isso a medida inicial será a seleção mais criteriosa dos professores e respectivos métodos de ensino.

    No caso da educação no Brasil, está clara a guerra declarada de professores contra governo. Não tiro a razão, entretanto não é por esse caminho que os professores vão sair vitoriosos. Política se faz com politicagem e sem troca de interesses não se consegue nada. Isso está errado mas podemos utilizar essa lógica de maneira honesta e produtiva.
    Proponho que os professores dêem uma contrapartida vantajosa para os políticos.E o que os políticos querem?

    Políticos querem votos e possivelmente cargos melhores e a educação é ponto chave para essa conquista, entretanto por ser de custo alto e incerto além de dificilmente o resultado sair dentro do mesmo governo, eles costumam fazer vista grossa.

    Os professores precisam provar que a educação irá melhorar e por um custo baixo. É preciso um mecanismo que estimule naturalmente essa eficiência. É improvável que um aumento de 10 ou 20% no salário dos professores aumentará a produtividade, é necessário estimular a competição.

    Proponho que se estabeleça um salário base e o restante em bônus sobre a produtividade, ganha mais quem trabalhar mais. Se esse bônus for regressivo premiando os 50% mais produtivos, conseguiríamos altos bônus entre os 5% melhores por ex. É assim que funciona um mercado eficiente em todas as áreas. Não estamos obrigando ninguém a trabalhar como louco, mas sim recompensar melhor quem trabalhar mais. Além disso, o ritmo de trabalho dos mais produtivos acabam ajudando os menos produtivos pois eles forçam uma mudança no comportamento tanto do aluno, quanto da escola e governo.
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    1. Mas veja que essa mudança não pode vir apenas dos professores, precisamos incentivar os alunos . Com toda estrutura já é difícil incentivar o jovem a estudar, imagina com infraestrutura precária. Para resolvermos essa questão precisamos entender antes os desejos dos alunos, o que os alunos querem.

      De modo geral o que o jovem quer é ser reconhecido e pertencer a um grupo, o estudo é secundário frente as liberdades que eles detém nessa fase. Se a educação não fornecer vantagens comparativas para esses jovens, não há chance de segurá-los na escola.
      E quais seriam essas vantagens.

      Para muitos alunos ser “mano” é mais vantajoso do que ser “nerd”. Ser o malandro da turma trás um status tentador, e só o fato de pertencer ao grupo de alguém “malandro” também lhe trás status. Do outro lado os que não pertence ao grupo são alvos de preconceitos, dentre esses estão aqueles que gostam de estudar. Não há incentivo para o jovem se dedicar aos estudos já que mesmo querendo não tem estrutura adequada pra isso.

      Como modificar esse cenário?
      É preciso inverter a situação e fazer o estudo ser mais atraente do que a curtição. É preciso que os melhores alunos passem a ser os mais admirados e não o que mata aula, ou humilha o professor.

      O professor, previamente selecionado, deve estimular a competitividade saudável entre alunos através de prêmios. Para esse estímulo sugiro uma cesta básica ao mês para os cinco melhores alunos seja em nota, participação e comportamento. Dentre esses os dois melhores ganharão bolsa de estudos em escolas particulares ou através de parceria com escolas privadas, o que seria melhor para controle de gastos. Penso também num premio anual para a turma com maiores médias nos exames, pois isso incentiva a cooperação entre alunos.

      Tudo isso com parceria da família que também será beneficiada com possibilidades melhores que a escola oferece para seus filhos, além da chance de uma cesta básica a mais no final do mês.
      Um agregado importante, mas que deve ser analisado os custos, é o esporte. O esporte desenvolve disciplina, espírito de equipe, foco e saúde. Além disso faz o jovem se sentir importante por pertencer a um grupo, que é uma das buscas mais relevantes para a estima deles.

      Estamos indo bem mas não podemos esquecer do fator segurança. É fundamental que o professor tenha uma autoridade maior, ele deve ter o respeito dos alunos, sem isso não se consegue ordem e sem ordem não há produtividade. Porém uma ação difícil já que hoje se tem liberdades demais e uma quebra constante dos princípios conservadores. Se não há nem respeito a família que dirá aos professores.
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  4. Para isso deve haver uma segurança eficiente tanto para o professor quanto para a escola pois um aluno que se sente seguro na escola também a respeita como instituição. E aqui devemos aplicar o que tivermos em mãos, detector de metal, câmeras de segurança, vigilância em parceria com a PM e punição eficiente a alunos indisciplinados. Neste caso podemos aplicar níveis de segurança, casa aja briga ou ameaças na escola o nível de segurança aumenta seja em presença da PM ou como detector de metal.

    Agora só falta o governo, sem ele nada acontece, é preciso provar para os políticos que esse método será vantajoso ao passo que o resultado virá a curto prazo. Nada mais estimulante para um político e seu partido que resultados visíveis na qualidade da educação.

    O que faltou foi a fiscalização desses métodos, é possível que escola, professores e alunos entrem em parceria de maneira ilícita buscando benefícios mútuos. É o problema que você citou de “maquiar dados”. Neste caso proponho um exame municipal (buscando que seja nacional), para avaliação geral dos alunos de todas as séries. Só haverá bônus para escolas, professores e turmas através das notas dessa avaliação. Com ela poderemos comparar o ensino em todo território nacional de maneira equilibrada e utilizando os resultados como estudo da evolução da educação no país.

    Então Roberta, essa minha estratégia parte de um incentivo básico que é a meritocracia está, para mim, é o combustível para que a iniciativa dos envolvidos possa florescer. Utilizar a meritocracia dentro de normas e regras morais e éticas, me parece ser a solução de menor custo e maior eficiência.
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  5. Talvez seja uma falha pessoal, mas sinto extrema dificuldade em organizar o pensamento frente a um texto tão extenso, mas tal como o Jack, vamos por partes: Raoni, não sei se interpretei bem mais entendi que fez relação a meritocracia com o assistencialismo, e se estiver certa nessa análise, nada pode ser mais nocivo a sociedade.

    Outra importante questão é sobre o papel social do professor: ele, em nenhuma hipótese pode ser comparado com outro tipo de profissional, já que tem obrigações e características particulares (algumas nocivas, como por exemplo, a temida Burnout).

    O professor NÃO tem que ter o domínio da palavra, e muito menos, ter o poder de persuasão. Ele é um facilitador de aprendizagens, um colaborador de saberes. Cabe a essa mão experiente, propiciar caminhos para que o conteúdo seja assimilado, sem deixar de fazer relação com a vida prática. Também cabe a ele, propiciar a interação e o desenvolvimento, agir de forma coadjuvante na construção de qualquer sociedade, ou seja, a de educar o indivíduo. Por essa razão, colocá-lo no mesmo patamar que outras esferas sociais é errado. Sobre a seleção, concordo: há de se ter maiores critérios. Muitos são os que adentram nessa profissão como um mero passatempo, e por falta de opção, acabam ficando...

    Sobre a guerra mencionada, ela só existe porque professores sérios se recusam a sugestão como a que colocou. Politicagem não é política. E não é também, pedagógico. A Educação não pode se guiar na troca de interesses pessoais, o foco é ( ou deveria ser) a consciência coletiva. Educar é essencialmente um ato político, é só lembrar da famosa frase de Rosseau: “a paz , a união e a igualdade são inimigas das sutilezas políticas...” E é por essa razão que insisto na fala que professores não podem ser colocados num mesmo balaio.
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  6. Acreditava, até o episódio do Cachoeira, que havia entre os políticos, pessoas comprometidas, honestas, sérias... Tinha na figura do senador Demóstenes Torres, grande esperança. Com tudo que tem surgido nos últimos dias, minha fé foi profundamente abalada. Mas apesar disso, não concordo com conchavos. O povo bem educado pensa por si próprio, e por isso, faz melhores escolhas, e isso não é interesse daqueles que detêm o poder. Por isso a guerra incessante: a educação, teoricamente tem por objetivo proporcionar o desenvolvimento individual para fins da ordenação coletiva, como a assunção da cidadania e principalmente a “qualificação para o trabalho”. O Estado que deveria proporcionar o direito a educação, atende aos interesses de uma classe social, que é a dominante e seus interesses minoritários. Eis a explicação da Educação está da forma que está: a falha não é obra do acaso, ela é meticulosamente programada. Paulo Freire diz o seguinte: “ do ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve ser uma prática imobilizadora e ocultadora de verdades.” Por essa razão, não acredito no sistema de meritocracia. É, a curto prazo, mecanismo de afastamento ideológico e de fissuras sociais.

    O que de fato resolveria a questão seria investir seriamente estrutura física e materiais didáticos, além de se dar maior enfoque (e aí sim, entra a premiação) para aqueles que estivessem em constante aprimoramento. Manter-se informado, Raoni, demanda tempo e isso é, para a maioria dos educadores, artigo de luxo. Não percebo entre aqueles que tenho contato recusa na capacitação, o que lhes falta é tempo. Esses profissionais tem uma carga de trabalho extensa por conta da baixíssima renumeração, e por isso, a meritocracia alcançaria seu objetivo oculto, que é premiar apenas alguns gatos pingados. Sobre o salário base, ele foi aprovado, e é tão ridículo que me recuso mencionar, principalmente se tivermos como parâmetro o salário mínimo defendido pelo DIEESE .

    É preciso entender que o desinteresse não é causa de nenhum problema, e sim, sintoma. A escola assume papel que anteriormente era função da família. No meu debate com Patrick falei um pouco sobre isso.

    Nossos governantes têm a fórmula mágica do sucesso nas urnas: começaram com a venda de votos, disfarçada através de dentaduras, botinas, galinhas... Hoje a sofisticaram, e assim nasceu a manutenção da miséria, através do bolsa-família, e tantos outros exemplos. A prática do sorteio de cestas básicas é usual, e me causa nojo, por perceber que muitos pais vão na escola com esse tipo de interesse, além de, mais uma vez, a escola assumir uma função que não é sua. Enquanto continuarmos com esse tipo de prática, nada mudará.

    As avaliações ocorrem, primeiro, localmente, e depois, comparado com o restante do país. Mas veja o contrassenso: as escolas que tiram as melhores notas, são premiadas com laboratórios de informática, salas de leitura, com reformas estruturais, e com aquelas que vão mal, pouco (ou nada) é oferecido. Não há vontade política para mudar esse quadro, e não se engane: a meritocracia ( ao menos no que diz respeito a Educação) não é a solução de coisa alguma, nem ao menos, enquanto ação paliativa. È, na minha opinião, um mecanismo para perpetuação do fracasso.
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  7. Tudo bem Roberta, serei mais curto no nosso debate, mesmo por que não há muitas divergências.

    Roberta, nesse caso você se enganou, assistencialismo é beneficiar determinado grupo sem uma contrapartida satisfatória. Ele é justamente o contrário da meritocracia que bonifica quem produz mais e o assistencialismo bonifica quem produz menos. De qualquer maneira existe espaço pro assistencialismo porém o nome deveria ser caridade pois seria voltado aquela parcela que realmente não é capaz de produzir.

    Cada profissão tem suas peculiaridades mas a base lógica tem que ser a mesma, o profissional tem ser bom naquilo que exige sua função. O papel do professor é exatamente o que você expôs sendo assim uma função ainda mais complexa que muitas outras e por isso o critério de seleção também tem que ser fator determinante.

    O melhor seria que o professor não precisasse ter domínio da palavra nem poder de persuasão para poder educar, entretanto na prática, para lidar com grupo de pessoas e ainda mais com adolescentes, esse fator é fundamental. Ou você crê que as pessoas irão dar maior crédito e atenção para quem tem poder de convencimento menor?

    As medidas que tracei na postagem anterior foram exatamente para resolver essa situação da politicagem, políticos não farão nada que não receba algo em troca, e o que propus não foi nada ilegal mas sim dar em troca pra eles uma educação de qualidade a custo baixo que os ajudarão a se perpetuar no poder.

    Quanto a políticos honesto eles existem mas o sistema não deixa que eles o sejam, ser honesto em tudo na política é como bancar o herói, você se doa em excesso, perde regalias, se torna inimigo dos “colegas”, sofre ameaças, tem menos chance de crescer na política e ainda nunca será reconhecido por sua dedicação. Você acha mesmo que existe contexto na nossa política para que alguém consiga ser honesto? Mas isso foge um pouco do debate e o que penso está nesse link http://democraciadigital.forumeiros.com/t10-incentivo-a-corrupcao

    A obrigação do Estado é atender a necessidades de seu povo e a de quem representa o Estado é a de se perpetuar no poder ou ser reconhecido pelo trabalho. Mesmo que a educação possa estimular um próprio levante contra o governo, ainda sim seria vantajoso para um governo, no presente, ser responsável por essa mudança, que terá conseqüências apenas no futuro, no qual talvez ele seja reconhecido como herói.

    A questão aqui é que a meritocracia e o choque de incentivo pode quebrar com toda essa teia ineficiente que se vê hoje.
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  8. Investir em estrutura física é importante mas é caro e não vai mudar muito a eficiência, ela tem que fazer parte do conjunto de incentivos. Alguém tem que ceder e o mais eficiente é quem tem menos fazer por onde pra ganhar mais. Um pai não da mesada pro filho pra ele cumprir as regras mas sim se o filho cumprir as regras.
    E nenhum sistema eficiente premia poucos e se a busca é um sistema eficiente não serão apenas gatos pingados que receberão bônus mas sim toda a classe e ainda mais os mais produtivos.

    Uma educação de qualidade aumenta a produtividade geral na nação, proporcionando mais pessoas capacitadas para assumir cargos e desenvolver idéias e por conseqüência aumentando o nível de riqueza. O problema todo é o estopim e é isso que proponho, professores e alunos submetem a maior eficiência por recompensas imediatas e os políticos aceitam pagar antes para uma recompensa futura.

    Quanto a questão da família ela é fundamental nesse processo mas como a tendência, desde revolução hippie e “paz e amor” da geração dos nosso pais, que quebram com os costumes conservadores, a família vem sofrendo processo de desagregação e perdendo seu poder, assim como todas as relações de hierarquia. Como não podemos inverter essa transformação cultural temos que tomar medidas paliativas e minha proposta é bonificar a família que colocar seu filho na linha.

    Infelizmente essa é nossa natureza Roberta, reagimos a incentivos e alegar que a meritocracia, dentro de um modelo organizado, é a perpetuação do fracasso foge a regra da nossa própria natureza.
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  9. Agradeço o texto mais enxuto, mas discordo que há poucas divergências, um exemplo é sua explicação sobre meu engano: afirmou que o assistencialismo é o contrário da meritocracia, mas, os pontos de partida que apresentou o contradizem. O que entendo é que acha coerente usar de premiações como numa espécie de isca, entende a analogia? E por esse recurso, entendo-o popularesco, e nada pedagógico.

    O professor não precisa ter o domínio da palavra e muito menos ter o poder de persuasão por entendê-lo como colaborador de aprendizagens. O aluno precisa ter voz ativa, buscar por si mesmo o conhecimento. O papel do professor é de mediar esse processo, e claro, de servir como inspiração. Conhece, por certo, o mito da caverna, não? È uma outra fantástica analogia que cabe como luva naquilo que defendo como verdade.

    Políticos não devem receber nada em troca, esse raciocínio está todo errado! Cabe a população exigir que seus representantes legais aplicam aquilo que está determinado em lei. Ou seja, é obrigação de todos exigir que o dinheiro público seja bem usado. Os argumentos que utiliza legitimam o injustificável: não existe desculpa para incentivar a corrupção. Sabemos que corruptos só existem porque são alimentados por todos os corruptores/corruptíveis. E nessa parcela, devemos assumir o mea culpa, quando tentamos dar o 'nosso jeitinho'; furando a fila, subornando o guarda, e tantos outros absurdos. Eis uma dura verdade: a corrupção no país não é causa do problema, e sim, um sintoma.

    Há um outro engano: investir (bem) em estruturas físicas não é caro. O que encarece é a constante manutenção. E aparência é extremamente importante, uma vez que eleva a autoestima dos envolvidos. E autoestima é um dos fatores determinantes para a eficiência no ensino. Percebe como tudo é interligado?

    Falando agora como educadora financeira: toda criança deve ter a oportunidade de aprender a planejar gastos e a consumir de um modo responsável, livre da influência mercadológica. Para isso, é preciso que ela tenha contato, que seja um assunto recorrente em casa. Como a educação exige consistência e repetição, quanto mais cedo se começa, maiores são as chances de sucesso na construção de uma mentalidade responsável em relação ao dinheiro. Penso que o pai não dá mesada ao filho com o objetivo que ele cumpra as regras. Regras foram feitas para serem cumpridas, concorda? Ou seja, premiar por ter feito a sua obrigação, é na minha opinião, o estímulo ao suborno. E em linhas gerais é essa a minha interpretação do que seja meritocracia no ambiente escolar: um suborno oferecido para aqueles que não fizeram mais que sua obrigação.
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  10. Roberta, assistencialismo é você dar a alguém sem uma contrapartida, no caso da meritocracia estamos PAGANDO para quem produzir mais, simples assim. E defendo essa teoria partindo do pressuposto que reagimos a incentivos e na prática reagimos melhor com recompensas mais concretas, por exemplo, é mais fácil incentivar um individuo oferecendo-lhe dinheiro do que o convencendo que se ele fizer tal coisa ele terá um futuro promissor e será exemplo para a sociedade. Na verdade podemos usar os dois incentivos mas a recompensa imediata é fundamental.

    Roberta, vai me desculpar mas o professor precisa saber se comunicar, sendo assim faz-se necessário a linguagem corporal e nela entra o poder da palavra. Um dos objetivos do professor é fazer o aluno buscar por si mesmo o conhecimento mas antes disso ele deve ensinar o aluno ao menos onde começar. Você não pode excluir a lógica do comportamento humano para a relação professor aluno. Antes de alguém escapar da “caverna” é necessário um processo de conhecimento que normalmente vem de alguém que nos ensine que existe algo além da caverna, e cabe ao professor também esse papel.

    Roberta, políticos não deveriam receber nada em troca além dos seus salários, entretanto existe uma coisa que se chama custo de oportunidade na economia e que podemos usar para nossa vida. Se for você quem toma as decisões sobre recursos é provável que você escolha algo que lhe trará mais vantagens políticas. Os recursos são escassos, sendo assim o melhor é que você os aloque onde lhe trará maior custo benéfico no momento, nesse ponto colocar crianças nas escolas tem um efeito midiático maior do que melhorar o ensino. Errado ou não você faria o mesmo no lugar deles, caso almejasse se manter no poder.

    E aqui entra o problema que te mandei no link, assim como você percebeu, a corrupção é um sintoma e por isso temos que mudar o sistema, é para mudar esse sistema que estou me dedicando ao DDD. Enquanto isso não acontece, precisamos de estratégias para modificar os problemas atuais e se você notar a estratégia que coloco não parte de corrupção ou fraude mas sim de um jogo de interesses onde todos levam vantagens.

    Investir em estrutura física é caro no momento que ela sozinha não resolve o problema. A aparência é importante e como disse ela tem que fazer parte de um conjunto de medidas, ou seja, está tudo interligado e eu afirmei isso também.

    “Penso que o pai não dá mesada ao filho com o objetivo que ele cumpra as regras. Regras foram feitas para serem cumpridas, concorda? Ou seja, premiar por ter feito a sua obrigação, é na minha opinião, o estímulo ao suborno.”

    A mesada tem outras funções também, entretanto você pode usá-la para incentivar seu filho a cumprir as obrigações, por que não? Acontece que nem sempre as pessoas entendem ou querem cumprir suas obrigações, e o que fazer nesse caso? Bater, prender, convencer? O problema todo é o incentivo de se fazer as obrigações, desde as coisas básicas.

    Você tem dificuldade de arrumar seu quarto, que é uma obrigação, mas caso você receba uma visita em casa, rapidinho você deixa ele impecável, pois existe o incentivo de sua imagem ficar ruim pela bagunça. Ou seja, é mais vantajoso pra uma mãe cortar a mesada caso o filho não cumpra as obrigações do que ficar gritando todo dia pro filho fazer as coisas.
    Isso nada tem a ver com suborno Roberta, suborno é pagar para que você e o outro descumpram as regras. A meritocracia busca pagar mais para quem melhor cumprir as obrigações, é bem diferente.

    É isso aí!
    Obrigado pela cordialidade do debate Roberta.

    FIM
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  11. Raoni, há entre nós uma concepção diferente do termo, e sinceramente, não sei qual é a mais correta. Por assistencialismo entendo toda ação paliativa, e isso engloba a meritocracia. Nasceu enquanto medida provisória para suprir uma necessidade, mas, desde sempre, conta com “remendos estruturais”. Quando há a política de se premiar por bons resultados professores e gestores, o conceito se fecha, é só fazer uma análise fria, e por detestar soluções a conta -gotas, sou contrária a prática.

    Reafirmo que não sou contrária quando aplicada em organizações privadas, porém, o mesmo não se repete enquanto Educação pública. Os professores entram através do concurso público, gozando das mesmas regras e direitos. Não pensamos individualmente, agimos em defesa de uma classe. Por isso, a meritocracia é um engodo. Não é barato oferecer a toda uma categoria um aumento salarial, por isso, criam-se regras para que poucos sejam os atingidos. Isso, além de ser menos oneroso, acaba minando a força do coletivo, quando, por exemplo, a categoria entra em greve. Não sei se conhece algum professor, mas é comum encontrar resistência para assumir uma paralisação, agora, imagine se, numa mesma escola houvesse distinção de categorias?

    O secretário de Educação do meu estado foi conhecer de perto o sistema, este nascido nos EUA. E creia-me, nem lá ele deu certo, mas, ainda sim, quis adotá-lo na rede. Os profissionais se rebelaram e mostraram todo um histórico de fracasso. Se tiver interesse, há no site [www.sintego.com] todo um histórico e sua fundamentação teórica.

    È claro que o professor precisa se comunicar (e bem), porém, ele não pode ser o único a fazê-lo. Sua fala não é a mais importante, já que defendo a educação enquanto exercício cooperativo, mas, de todo resto, concordo com o que diz: o indivíduo quando sai da caverna, o faz obedecendo estímulos externos, e aí está evidente a importância do educador.

    Já em relação a política, pensamos completamente diferente: não aceito como normal a vantagem pessoal, esta, sob nenhuma hipótese. Nesse país, tão sem moral, o peculato ainda não é entendido como crime, o que é um completo absurdo. E está enganado, o recurso público não é escasso, é apenas mau gerido. Se as pessoas conhecessem o valor repassado do Fundep ficariam assustadas.

    Concordo com partes do que defende sobre o uso da mesada, mas usá-la como forte fator de incentivo para que o filho cumpra com suas obrigações é um tanto demais. È dever dos pais ensinar que cada membro da família tem uma função em casa, e que ela deverá ser executada com prontidão para que ninguém saia sobrecarregado. Uma criança acostumada a ganhar uma bicicleta por ter passado de ano, não entenderá a razão do estudo diário, enquanto desenvolvimento individual. Uma outra criança que consegue facilmente um agrado dos pais, fará sempre escândalos em supermercados. Educar, Raoni, é extremamente simples, o ruim é que não é fácil, já que não aprendemos apenas em um lugar. Não há botão de liga e desliga, tudo é vivenciado, reforçado, e isso, diariamente.

    Acredito (e faço uso) de estímulos positivos, mas, enquanto exceção, jamais o aceitaria enquanto regra. Não é natural elogiar uma criança por demonstrar bons modos e gentileza, como também, elogiar a honestidade de um político, ou, o comprometimento de um professor. Essas características que citei (educação, gentileza, honestidade e comprometimento) não podem ser vistas como virtude, e sim, obrigação. Será que agora consegui me fazer clara sobre minha recusa a meritocracia?

    De qualquer forma, foi um prazer debater esse assunto com você, também por ter se mantido cordial. Tomara que o tema traga boas discussões, e se possível, que continuemos a falar sobre o mesmo, numa outra oportunidade.
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12 comentários:

  1. Tema muito importante para elucidarmos um dos maiores gargalos do Estado brasileiro que é um ensino público de qualidade. Nada melhor do que discutir com quem já conhece essa realidade na prática, uma educadora.

    Vou estabelecer as premissas que direcionam meus argumentos, identificarei os problemas bases para desenvolvermos soluções em cima delas.

    O que entendo por gargalo na educação:

    Custo alto e/ou insuficiente para pouca eficiência prática, (nesta eficiência entra também a questão de metodologia de ensino). O resultado disso pra mim é, desmotivação do professor pelos baixos salários e estrutura de ensino. Desmotivação do aluno pelo ensino precário e sem perspectiva na sua metodologia e organização. E desinteresse do governo frente ao custo alto para mudanças que serão percebidas a longo prazo, cujo mérito ficará com governos seguintes, além do resultado incerto gerando um custo de oportunidade considerável.

    O que pretendo estabelecer aqui é descobrir uma maneira de incentivar o interesse dos três grupos envolvidos, pois só com isso podemos pensar em colocar as coisas nos eixos, já que se interesses de um grupo batem de frente com o outro logicamente, na maioria das vezes, teremos ineficiência no resultado final.

    Então o que fazer para construir uma solução na qual todos os grupos sejam beneficiados?
    Como quase tudo a resposta parte da natureza humana, se não compreendermos como funciona nosso comportamento nunca chegaremos a respostas satisfatórias.

    Reagimos a incentivos, só faremos algo que possamos lucra de alguma maneira, qualquer coisa que fuja disso terá que se gastar energia demais para, artificialmente, produzir esse incentivo, por ex,no caso da coerção, “se perder média, apanha”. Sendo assim temos que encontrar mecanismos mais eficazes nos quais a própria natureza humana, desejo básicos, já faça o indivíduo agir, tudo isso poupa energia.
    Pensando nessa vantagem individual o que vem primeiro em mente é a meritocracia, tema do duelo, a premiação pelo mérito é fator extremamente eficiente para a produtividade humana.

    Obviamente essa produtividade deve seguir princípios e regras estabelecidas, e como não sou ateu e relativista dos princípios, não vejo dificuldade em se estabelecer regras para nortear essa produtividade. Se falássemos de uma sociedade ateia teríamos sim problemas morais já que a chance de desonestidade em busca do reconhecimento não teria limites. Mas isso, apesar de fundamental, deixo para outro debate.

    Quero deixar as situações práticas para a replica pois antes quero saber se a adversária concorda com essas premissas básicas. A idéia da meritocracia parte dessa premissa básica, que reagimos a incentivos, e pra ela entender meu ponto terá que aceitar antes as premissas inicias, por isso vamos com calma pois minha busca é não deixar lacunas nas conclusões.

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  2. A princípio, não temos muitas discordâncias: ambos assimilamos com singularidade aquilo que se entende por gargalho da educação. Não há como também discordar da eficácia em se premiar comportamentos positivos, por mais que isso remeta aos experimentos de Skinner (o que por ideologia, procuro menosprezar), e citando apenas o superficial do conceito, entende-se que premiar pelo mérito é uma boa escolha em se tratando de organizações governamentais, onde o ingresso se dá pelo concurso público, e os rendimentos dos funcionários, em tese, são iguais.

    Meritocracia é o sistema de recompensa ou promoção fundamentado no mérito pessoal, avalizados por sua chefia imediata, bem como por seus pares, observando critérios técnicos, tais como, pontualidade, assiduidade, produtividade e outros mais subjetivos, como criatividade, ética, envolvimento com o coletivo, relação interpessoal,... Esses são alguns dos itens mencionados nas instituições que tenho conhecimento( RME – Goiânia / SEE- Goiás / UEG do mesmo estado) e percebo nessas avaliações periódicas (semestrais) que apesar de ser um instrumento conhecido, seus resultados não tem o resultado esperado, uma vez que os envolvidos conseguem maquiar dados. E essa “maquiagem” tem algumas razões, que se não justifiquem o ato, ao menos, os explica: governantes usam esse tipo de informação para garimpar recursos no Fundeb, além de ser interessante que as instituições de ensino consigam um bom resultado no Inep. Enfim, não é entendida como uma avaliação que trará benefícios aos professores e alunos, e sim, uma manobra política.


    Por essa razão, não concordo com o critério da meritocracia na Educação. Quando se rascunhou essa teoria, Weber tinha como parâmetro a burocracia das grandes instituições, onde se privilegiava a profissionalização dos envolvidos e a hierarquia da autoridade, porém havia o entrave nas relações, que eram praticamente nulas, e isso na Educação é inconcebível, sem mencionar na grande desvantagem dessa teoria que é a exclusão social. O que fazer com aqueles não beneficiados com uma avaliação positiva em sua ficha de aproveitamento profissional? Como lidar com o fator excludente numa categoria que tem em sua essência, diminuir desigualdades?


    Em meu estado, houve semanas atrás, um grande movimento grevista motivada pela tal meritocracia. É extremamente válido o argumento de se valorizar o esforço, de premiar o “melhor”, aquele capaz de fazer a diferença entre seus pares, se as oportunidades forem ofertadas de forma igualitária, mas não é essa a realidade. Há escolas sucateadas, com superlotação e com quadro incompleto de professores. Como comparar essa escola com uma outra sem esses problemas?
    Os professores entenderam que isso se tratava de uma farsa, especialmente quando o discurso pela meritocracia fez referência a um pequeno trecho de Gustavo Ioschpe:"Simplesmente não acredito que dando mais dinheiro aos professores e diretores que estão em nossas escolas hoje, sem exigir nenhuma contrapartida ou melhorar sua capacitação, nós teremos um ensino de melhor qualidade. O problema principal dos funcionários de nossas escolas não é de motivação: é de preparo".

    Numa avaliação fria, como questionar essa frase? Porém, é preciso ir além daquilo que parece óbvio.


    Não duvido que a meritocracia seja uma boa opção. Ao menos, a curto prazo. Mas aquele que tem na Educação mais do que uma profissão - e sim, um ideal de vida, sabe que mudanças ocorrem depois de décadas de investimentos e de lutas diárias contra todo tipo de postura que tem como resultado, a segregação social.

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  3. Então Roberta, é pensando nos problemas que você citou que tracei a estratégia que apontarei agora.

    Quando pensamos em meritocracia temos que aplicar medidas que equilibre o benefício a todos os envolvidos. Compreendo a questão das possíveis falhas, entretanto ao pesar os prós e contras tudo isso que você comentou será colocado em questão.

    Porém Roberta, não podemos tratar o profissional da educação diferente de todos os outros. Um professor tem que ter o domínio da palavra e poder de persuasão, ele tem que saber vender o peixe como em qualquer outro cargo que lida com o público. É imprescindível que este seja capaz de atrair o aluno e dar aula de maneira que faça o aluno aprender, não é qualquer um que merece um cargo de professor, quem está lá deve ser digno de admiração. Por isso a medida inicial será a seleção mais criteriosa dos professores e respectivos métodos de ensino.

    No caso da educação no Brasil, está clara a guerra declarada de professores contra governo. Não tiro a razão, entretanto não é por esse caminho que os professores vão sair vitoriosos. Política se faz com politicagem e sem troca de interesses não se consegue nada. Isso está errado mas podemos utilizar essa lógica de maneira honesta e produtiva.
    Proponho que os professores dêem uma contrapartida vantajosa para os políticos.E o que os políticos querem?

    Políticos querem votos e possivelmente cargos melhores e a educação é ponto chave para essa conquista, entretanto por ser de custo alto e incerto além de dificilmente o resultado sair dentro do mesmo governo, eles costumam fazer vista grossa.

    Os professores precisam provar que a educação irá melhorar e por um custo baixo. É preciso um mecanismo que estimule naturalmente essa eficiência. É improvável que um aumento de 10 ou 20% no salário dos professores aumentará a produtividade, é necessário estimular a competição.

    Proponho que se estabeleça um salário base e o restante em bônus sobre a produtividade, ganha mais quem trabalhar mais. Se esse bônus for regressivo premiando os 50% mais produtivos, conseguiríamos altos bônus entre os 5% melhores por ex. É assim que funciona um mercado eficiente em todas as áreas. Não estamos obrigando ninguém a trabalhar como louco, mas sim recompensar melhor quem trabalhar mais. Além disso, o ritmo de trabalho dos mais produtivos acabam ajudando os menos produtivos pois eles forçam uma mudança no comportamento tanto do aluno, quanto da escola e governo.

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    1. Mas veja que essa mudança não pode vir apenas dos professores, precisamos incentivar os alunos . Com toda estrutura já é difícil incentivar o jovem a estudar, imagina com infraestrutura precária. Para resolvermos essa questão precisamos entender antes os desejos dos alunos, o que os alunos querem.

      De modo geral o que o jovem quer é ser reconhecido e pertencer a um grupo, o estudo é secundário frente as liberdades que eles detém nessa fase. Se a educação não fornecer vantagens comparativas para esses jovens, não há chance de segurá-los na escola.
      E quais seriam essas vantagens.

      Para muitos alunos ser “mano” é mais vantajoso do que ser “nerd”. Ser o malandro da turma trás um status tentador, e só o fato de pertencer ao grupo de alguém “malandro” também lhe trás status. Do outro lado os que não pertence ao grupo são alvos de preconceitos, dentre esses estão aqueles que gostam de estudar. Não há incentivo para o jovem se dedicar aos estudos já que mesmo querendo não tem estrutura adequada pra isso.

      Como modificar esse cenário?
      É preciso inverter a situação e fazer o estudo ser mais atraente do que a curtição. É preciso que os melhores alunos passem a ser os mais admirados e não o que mata aula, ou humilha o professor.

      O professor, previamente selecionado, deve estimular a competitividade saudável entre alunos através de prêmios. Para esse estímulo sugiro uma cesta básica ao mês para os cinco melhores alunos seja em nota, participação e comportamento. Dentre esses os dois melhores ganharão bolsa de estudos em escolas particulares ou através de parceria com escolas privadas, o que seria melhor para controle de gastos. Penso também num premio anual para a turma com maiores médias nos exames, pois isso incentiva a cooperação entre alunos.

      Tudo isso com parceria da família que também será beneficiada com possibilidades melhores que a escola oferece para seus filhos, além da chance de uma cesta básica a mais no final do mês.
      Um agregado importante, mas que deve ser analisado os custos, é o esporte. O esporte desenvolve disciplina, espírito de equipe, foco e saúde. Além disso faz o jovem se sentir importante por pertencer a um grupo, que é uma das buscas mais relevantes para a estima deles.

      Estamos indo bem mas não podemos esquecer do fator segurança. É fundamental que o professor tenha uma autoridade maior, ele deve ter o respeito dos alunos, sem isso não se consegue ordem e sem ordem não há produtividade. Porém uma ação difícil já que hoje se tem liberdades demais e uma quebra constante dos princípios conservadores. Se não há nem respeito a família que dirá aos professores.

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  4. Para isso deve haver uma segurança eficiente tanto para o professor quanto para a escola pois um aluno que se sente seguro na escola também a respeita como instituição. E aqui devemos aplicar o que tivermos em mãos, detector de metal, câmeras de segurança, vigilância em parceria com a PM e punição eficiente a alunos indisciplinados. Neste caso podemos aplicar níveis de segurança, casa aja briga ou ameaças na escola o nível de segurança aumenta seja em presença da PM ou como detector de metal.

    Agora só falta o governo, sem ele nada acontece, é preciso provar para os políticos que esse método será vantajoso ao passo que o resultado virá a curto prazo. Nada mais estimulante para um político e seu partido que resultados visíveis na qualidade da educação.

    O que faltou foi a fiscalização desses métodos, é possível que escola, professores e alunos entrem em parceria de maneira ilícita buscando benefícios mútuos. É o problema que você citou de “maquiar dados”. Neste caso proponho um exame municipal (buscando que seja nacional), para avaliação geral dos alunos de todas as séries. Só haverá bônus para escolas, professores e turmas através das notas dessa avaliação. Com ela poderemos comparar o ensino em todo território nacional de maneira equilibrada e utilizando os resultados como estudo da evolução da educação no país.

    Então Roberta, essa minha estratégia parte de um incentivo básico que é a meritocracia está, para mim, é o combustível para que a iniciativa dos envolvidos possa florescer. Utilizar a meritocracia dentro de normas e regras morais e éticas, me parece ser a solução de menor custo e maior eficiência.

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  5. Talvez seja uma falha pessoal, mas sinto extrema dificuldade em organizar o pensamento frente a um texto tão extenso, mas tal como o Jack, vamos por partes: Raoni, não sei se interpretei bem mais entendi que fez relação a meritocracia com o assistencialismo, e se estiver certa nessa análise, nada pode ser mais nocivo a sociedade.

    Outra importante questão é sobre o papel social do professor: ele, em nenhuma hipótese pode ser comparado com outro tipo de profissional, já que tem obrigações e características particulares (algumas nocivas, como por exemplo, a temida Burnout).

    O professor NÃO tem que ter o domínio da palavra, e muito menos, ter o poder de persuasão. Ele é um facilitador de aprendizagens, um colaborador de saberes. Cabe a essa mão experiente, propiciar caminhos para que o conteúdo seja assimilado, sem deixar de fazer relação com a vida prática. Também cabe a ele, propiciar a interação e o desenvolvimento, agir de forma coadjuvante na construção de qualquer sociedade, ou seja, a de educar o indivíduo. Por essa razão, colocá-lo no mesmo patamar que outras esferas sociais é errado. Sobre a seleção, concordo: há de se ter maiores critérios. Muitos são os que adentram nessa profissão como um mero passatempo, e por falta de opção, acabam ficando...

    Sobre a guerra mencionada, ela só existe porque professores sérios se recusam a sugestão como a que colocou. Politicagem não é política. E não é também, pedagógico. A Educação não pode se guiar na troca de interesses pessoais, o foco é ( ou deveria ser) a consciência coletiva. Educar é essencialmente um ato político, é só lembrar da famosa frase de Rosseau: “a paz , a união e a igualdade são inimigas das sutilezas políticas...” E é por essa razão que insisto na fala que professores não podem ser colocados num mesmo balaio.

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  6. Acreditava, até o episódio do Cachoeira, que havia entre os políticos, pessoas comprometidas, honestas, sérias... Tinha na figura do senador Demóstenes Torres, grande esperança. Com tudo que tem surgido nos últimos dias, minha fé foi profundamente abalada. Mas apesar disso, não concordo com conchavos. O povo bem educado pensa por si próprio, e por isso, faz melhores escolhas, e isso não é interesse daqueles que detêm o poder. Por isso a guerra incessante: a educação, teoricamente tem por objetivo proporcionar o desenvolvimento individual para fins da ordenação coletiva, como a assunção da cidadania e principalmente a “qualificação para o trabalho”. O Estado que deveria proporcionar o direito a educação, atende aos interesses de uma classe social, que é a dominante e seus interesses minoritários. Eis a explicação da Educação está da forma que está: a falha não é obra do acaso, ela é meticulosamente programada. Paulo Freire diz o seguinte: “ do ponto de vista dos interesses dominantes, não há dúvida de que a educação deve ser uma prática imobilizadora e ocultadora de verdades.” Por essa razão, não acredito no sistema de meritocracia. É, a curto prazo, mecanismo de afastamento ideológico e de fissuras sociais.

    O que de fato resolveria a questão seria investir seriamente estrutura física e materiais didáticos, além de se dar maior enfoque (e aí sim, entra a premiação) para aqueles que estivessem em constante aprimoramento. Manter-se informado, Raoni, demanda tempo e isso é, para a maioria dos educadores, artigo de luxo. Não percebo entre aqueles que tenho contato recusa na capacitação, o que lhes falta é tempo. Esses profissionais tem uma carga de trabalho extensa por conta da baixíssima renumeração, e por isso, a meritocracia alcançaria seu objetivo oculto, que é premiar apenas alguns gatos pingados. Sobre o salário base, ele foi aprovado, e é tão ridículo que me recuso mencionar, principalmente se tivermos como parâmetro o salário mínimo defendido pelo DIEESE .

    É preciso entender que o desinteresse não é causa de nenhum problema, e sim, sintoma. A escola assume papel que anteriormente era função da família. No meu debate com Patrick falei um pouco sobre isso.

    Nossos governantes têm a fórmula mágica do sucesso nas urnas: começaram com a venda de votos, disfarçada através de dentaduras, botinas, galinhas... Hoje a sofisticaram, e assim nasceu a manutenção da miséria, através do bolsa-família, e tantos outros exemplos. A prática do sorteio de cestas básicas é usual, e me causa nojo, por perceber que muitos pais vão na escola com esse tipo de interesse, além de, mais uma vez, a escola assumir uma função que não é sua. Enquanto continuarmos com esse tipo de prática, nada mudará.

    As avaliações ocorrem, primeiro, localmente, e depois, comparado com o restante do país. Mas veja o contrassenso: as escolas que tiram as melhores notas, são premiadas com laboratórios de informática, salas de leitura, com reformas estruturais, e com aquelas que vão mal, pouco (ou nada) é oferecido. Não há vontade política para mudar esse quadro, e não se engane: a meritocracia ( ao menos no que diz respeito a Educação) não é a solução de coisa alguma, nem ao menos, enquanto ação paliativa. È, na minha opinião, um mecanismo para perpetuação do fracasso.

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  7. Tudo bem Roberta, serei mais curto no nosso debate, mesmo por que não há muitas divergências.

    Roberta, nesse caso você se enganou, assistencialismo é beneficiar determinado grupo sem uma contrapartida satisfatória. Ele é justamente o contrário da meritocracia que bonifica quem produz mais e o assistencialismo bonifica quem produz menos. De qualquer maneira existe espaço pro assistencialismo porém o nome deveria ser caridade pois seria voltado aquela parcela que realmente não é capaz de produzir.

    Cada profissão tem suas peculiaridades mas a base lógica tem que ser a mesma, o profissional tem ser bom naquilo que exige sua função. O papel do professor é exatamente o que você expôs sendo assim uma função ainda mais complexa que muitas outras e por isso o critério de seleção também tem que ser fator determinante.

    O melhor seria que o professor não precisasse ter domínio da palavra nem poder de persuasão para poder educar, entretanto na prática, para lidar com grupo de pessoas e ainda mais com adolescentes, esse fator é fundamental. Ou você crê que as pessoas irão dar maior crédito e atenção para quem tem poder de convencimento menor?

    As medidas que tracei na postagem anterior foram exatamente para resolver essa situação da politicagem, políticos não farão nada que não receba algo em troca, e o que propus não foi nada ilegal mas sim dar em troca pra eles uma educação de qualidade a custo baixo que os ajudarão a se perpetuar no poder.

    Quanto a políticos honesto eles existem mas o sistema não deixa que eles o sejam, ser honesto em tudo na política é como bancar o herói, você se doa em excesso, perde regalias, se torna inimigo dos “colegas”, sofre ameaças, tem menos chance de crescer na política e ainda nunca será reconhecido por sua dedicação. Você acha mesmo que existe contexto na nossa política para que alguém consiga ser honesto? Mas isso foge um pouco do debate e o que penso está nesse link http://democraciadigital.forumeiros.com/t10-incentivo-a-corrupcao

    A obrigação do Estado é atender a necessidades de seu povo e a de quem representa o Estado é a de se perpetuar no poder ou ser reconhecido pelo trabalho. Mesmo que a educação possa estimular um próprio levante contra o governo, ainda sim seria vantajoso para um governo, no presente, ser responsável por essa mudança, que terá conseqüências apenas no futuro, no qual talvez ele seja reconhecido como herói.

    A questão aqui é que a meritocracia e o choque de incentivo pode quebrar com toda essa teia ineficiente que se vê hoje.

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  8. Investir em estrutura física é importante mas é caro e não vai mudar muito a eficiência, ela tem que fazer parte do conjunto de incentivos. Alguém tem que ceder e o mais eficiente é quem tem menos fazer por onde pra ganhar mais. Um pai não da mesada pro filho pra ele cumprir as regras mas sim se o filho cumprir as regras.
    E nenhum sistema eficiente premia poucos e se a busca é um sistema eficiente não serão apenas gatos pingados que receberão bônus mas sim toda a classe e ainda mais os mais produtivos.

    Uma educação de qualidade aumenta a produtividade geral na nação, proporcionando mais pessoas capacitadas para assumir cargos e desenvolver idéias e por conseqüência aumentando o nível de riqueza. O problema todo é o estopim e é isso que proponho, professores e alunos submetem a maior eficiência por recompensas imediatas e os políticos aceitam pagar antes para uma recompensa futura.

    Quanto a questão da família ela é fundamental nesse processo mas como a tendência, desde revolução hippie e “paz e amor” da geração dos nosso pais, que quebram com os costumes conservadores, a família vem sofrendo processo de desagregação e perdendo seu poder, assim como todas as relações de hierarquia. Como não podemos inverter essa transformação cultural temos que tomar medidas paliativas e minha proposta é bonificar a família que colocar seu filho na linha.

    Infelizmente essa é nossa natureza Roberta, reagimos a incentivos e alegar que a meritocracia, dentro de um modelo organizado, é a perpetuação do fracasso foge a regra da nossa própria natureza.

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  9. Agradeço o texto mais enxuto, mas discordo que há poucas divergências, um exemplo é sua explicação sobre meu engano: afirmou que o assistencialismo é o contrário da meritocracia, mas, os pontos de partida que apresentou o contradizem. O que entendo é que acha coerente usar de premiações como numa espécie de isca, entende a analogia? E por esse recurso, entendo-o popularesco, e nada pedagógico.

    O professor não precisa ter o domínio da palavra e muito menos ter o poder de persuasão por entendê-lo como colaborador de aprendizagens. O aluno precisa ter voz ativa, buscar por si mesmo o conhecimento. O papel do professor é de mediar esse processo, e claro, de servir como inspiração. Conhece, por certo, o mito da caverna, não? È uma outra fantástica analogia que cabe como luva naquilo que defendo como verdade.

    Políticos não devem receber nada em troca, esse raciocínio está todo errado! Cabe a população exigir que seus representantes legais aplicam aquilo que está determinado em lei. Ou seja, é obrigação de todos exigir que o dinheiro público seja bem usado. Os argumentos que utiliza legitimam o injustificável: não existe desculpa para incentivar a corrupção. Sabemos que corruptos só existem porque são alimentados por todos os corruptores/corruptíveis. E nessa parcela, devemos assumir o mea culpa, quando tentamos dar o 'nosso jeitinho'; furando a fila, subornando o guarda, e tantos outros absurdos. Eis uma dura verdade: a corrupção no país não é causa do problema, e sim, um sintoma.

    Há um outro engano: investir (bem) em estruturas físicas não é caro. O que encarece é a constante manutenção. E aparência é extremamente importante, uma vez que eleva a autoestima dos envolvidos. E autoestima é um dos fatores determinantes para a eficiência no ensino. Percebe como tudo é interligado?

    Falando agora como educadora financeira: toda criança deve ter a oportunidade de aprender a planejar gastos e a consumir de um modo responsável, livre da influência mercadológica. Para isso, é preciso que ela tenha contato, que seja um assunto recorrente em casa. Como a educação exige consistência e repetição, quanto mais cedo se começa, maiores são as chances de sucesso na construção de uma mentalidade responsável em relação ao dinheiro. Penso que o pai não dá mesada ao filho com o objetivo que ele cumpra as regras. Regras foram feitas para serem cumpridas, concorda? Ou seja, premiar por ter feito a sua obrigação, é na minha opinião, o estímulo ao suborno. E em linhas gerais é essa a minha interpretação do que seja meritocracia no ambiente escolar: um suborno oferecido para aqueles que não fizeram mais que sua obrigação.

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  10. Roberta, assistencialismo é você dar a alguém sem uma contrapartida, no caso da meritocracia estamos PAGANDO para quem produzir mais, simples assim. E defendo essa teoria partindo do pressuposto que reagimos a incentivos e na prática reagimos melhor com recompensas mais concretas, por exemplo, é mais fácil incentivar um individuo oferecendo-lhe dinheiro do que o convencendo que se ele fizer tal coisa ele terá um futuro promissor e será exemplo para a sociedade. Na verdade podemos usar os dois incentivos mas a recompensa imediata é fundamental.

    Roberta, vai me desculpar mas o professor precisa saber se comunicar, sendo assim faz-se necessário a linguagem corporal e nela entra o poder da palavra. Um dos objetivos do professor é fazer o aluno buscar por si mesmo o conhecimento mas antes disso ele deve ensinar o aluno ao menos onde começar. Você não pode excluir a lógica do comportamento humano para a relação professor aluno. Antes de alguém escapar da “caverna” é necessário um processo de conhecimento que normalmente vem de alguém que nos ensine que existe algo além da caverna, e cabe ao professor também esse papel.

    Roberta, políticos não deveriam receber nada em troca além dos seus salários, entretanto existe uma coisa que se chama custo de oportunidade na economia e que podemos usar para nossa vida. Se for você quem toma as decisões sobre recursos é provável que você escolha algo que lhe trará mais vantagens políticas. Os recursos são escassos, sendo assim o melhor é que você os aloque onde lhe trará maior custo benéfico no momento, nesse ponto colocar crianças nas escolas tem um efeito midiático maior do que melhorar o ensino. Errado ou não você faria o mesmo no lugar deles, caso almejasse se manter no poder.

    E aqui entra o problema que te mandei no link, assim como você percebeu, a corrupção é um sintoma e por isso temos que mudar o sistema, é para mudar esse sistema que estou me dedicando ao DDD. Enquanto isso não acontece, precisamos de estratégias para modificar os problemas atuais e se você notar a estratégia que coloco não parte de corrupção ou fraude mas sim de um jogo de interesses onde todos levam vantagens.

    Investir em estrutura física é caro no momento que ela sozinha não resolve o problema. A aparência é importante e como disse ela tem que fazer parte de um conjunto de medidas, ou seja, está tudo interligado e eu afirmei isso também.

    “Penso que o pai não dá mesada ao filho com o objetivo que ele cumpra as regras. Regras foram feitas para serem cumpridas, concorda? Ou seja, premiar por ter feito a sua obrigação, é na minha opinião, o estímulo ao suborno.”

    A mesada tem outras funções também, entretanto você pode usá-la para incentivar seu filho a cumprir as obrigações, por que não? Acontece que nem sempre as pessoas entendem ou querem cumprir suas obrigações, e o que fazer nesse caso? Bater, prender, convencer? O problema todo é o incentivo de se fazer as obrigações, desde as coisas básicas.

    Você tem dificuldade de arrumar seu quarto, que é uma obrigação, mas caso você receba uma visita em casa, rapidinho você deixa ele impecável, pois existe o incentivo de sua imagem ficar ruim pela bagunça. Ou seja, é mais vantajoso pra uma mãe cortar a mesada caso o filho não cumpra as obrigações do que ficar gritando todo dia pro filho fazer as coisas.
    Isso nada tem a ver com suborno Roberta, suborno é pagar para que você e o outro descumpram as regras. A meritocracia busca pagar mais para quem melhor cumprir as obrigações, é bem diferente.

    É isso aí!
    Obrigado pela cordialidade do debate Roberta.

    FIM

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  11. Raoni, há entre nós uma concepção diferente do termo, e sinceramente, não sei qual é a mais correta. Por assistencialismo entendo toda ação paliativa, e isso engloba a meritocracia. Nasceu enquanto medida provisória para suprir uma necessidade, mas, desde sempre, conta com “remendos estruturais”. Quando há a política de se premiar por bons resultados professores e gestores, o conceito se fecha, é só fazer uma análise fria, e por detestar soluções a conta -gotas, sou contrária a prática.

    Reafirmo que não sou contrária quando aplicada em organizações privadas, porém, o mesmo não se repete enquanto Educação pública. Os professores entram através do concurso público, gozando das mesmas regras e direitos. Não pensamos individualmente, agimos em defesa de uma classe. Por isso, a meritocracia é um engodo. Não é barato oferecer a toda uma categoria um aumento salarial, por isso, criam-se regras para que poucos sejam os atingidos. Isso, além de ser menos oneroso, acaba minando a força do coletivo, quando, por exemplo, a categoria entra em greve. Não sei se conhece algum professor, mas é comum encontrar resistência para assumir uma paralisação, agora, imagine se, numa mesma escola houvesse distinção de categorias?

    O secretário de Educação do meu estado foi conhecer de perto o sistema, este nascido nos EUA. E creia-me, nem lá ele deu certo, mas, ainda sim, quis adotá-lo na rede. Os profissionais se rebelaram e mostraram todo um histórico de fracasso. Se tiver interesse, há no site [www.sintego.com] todo um histórico e sua fundamentação teórica.

    È claro que o professor precisa se comunicar (e bem), porém, ele não pode ser o único a fazê-lo. Sua fala não é a mais importante, já que defendo a educação enquanto exercício cooperativo, mas, de todo resto, concordo com o que diz: o indivíduo quando sai da caverna, o faz obedecendo estímulos externos, e aí está evidente a importância do educador.

    Já em relação a política, pensamos completamente diferente: não aceito como normal a vantagem pessoal, esta, sob nenhuma hipótese. Nesse país, tão sem moral, o peculato ainda não é entendido como crime, o que é um completo absurdo. E está enganado, o recurso público não é escasso, é apenas mau gerido. Se as pessoas conhecessem o valor repassado do Fundep ficariam assustadas.

    Concordo com partes do que defende sobre o uso da mesada, mas usá-la como forte fator de incentivo para que o filho cumpra com suas obrigações é um tanto demais. È dever dos pais ensinar que cada membro da família tem uma função em casa, e que ela deverá ser executada com prontidão para que ninguém saia sobrecarregado. Uma criança acostumada a ganhar uma bicicleta por ter passado de ano, não entenderá a razão do estudo diário, enquanto desenvolvimento individual. Uma outra criança que consegue facilmente um agrado dos pais, fará sempre escândalos em supermercados. Educar, Raoni, é extremamente simples, o ruim é que não é fácil, já que não aprendemos apenas em um lugar. Não há botão de liga e desliga, tudo é vivenciado, reforçado, e isso, diariamente.

    Acredito (e faço uso) de estímulos positivos, mas, enquanto exceção, jamais o aceitaria enquanto regra. Não é natural elogiar uma criança por demonstrar bons modos e gentileza, como também, elogiar a honestidade de um político, ou, o comprometimento de um professor. Essas características que citei (educação, gentileza, honestidade e comprometimento) não podem ser vistas como virtude, e sim, obrigação. Será que agora consegui me fazer clara sobre minha recusa a meritocracia?

    De qualquer forma, foi um prazer debater esse assunto com você, também por ter se mantido cordial. Tomara que o tema traga boas discussões, e se possível, que continuemos a falar sobre o mesmo, numa outra oportunidade.

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