quinta-feira, 24 de julho de 2014

Alonso Prado X João Cirilo - O Deus da Bíblia e o Deus dos filosófos

§1 - Cada debatedor tem direto a no máximo 3 postagens (de 4096 caracteres cada uma) por participação - QUE DEVERÃO SER UTILIZADAS DA MELHOR FORMA POSSÍVEL POR CADA UM DOS DEBATEDORES. 

   

  §2 - Os debatedores DEVERÃO fazer 4 participações intercaladas por duelo:considerações iniciais, réplica, tréplica e considerações finais.    


   §3 - O prazo regulamentar entre as participações dos debatedores é de 3 dias. Todo adversário tem o direito de estender o prazo de seu oponente. Após o prazo, será declarada vitória por W.O. para o duelista remanescente.       


  §4 -  Após o duelo, o vencedor será escolhido através de votações em enquete.

3 comentários:

  1. Saudações ao público leitor e ao meu colega debatedor Wellington Medeiros ou João Cirilo!

    I – Sobre este debate

    Este debate conforme previamente combinado entre os debatedores irá se fundar em citações de obras de teologia dogmática, filosofia e textos bíblicos. Sendo assim, convido a todos os leitores deixarem de lado seus juízos pessoais e convicções prévias e pré-conceitos sobre o assunto em questão. Peço que meditem e reflitam com base no quer for discutido no transcorrer do debate para melhor absorver os pontos de vista de ambas as partes. Esse pedido de juízo neutro de valores vale tanto para crentes como para não crentes, e será útil para melhor compreensão das convicções de fé e razão de ambas as partes por parte dos leitores.

    II – A questão da fé e razão no tempo presente

    Na minha opinião pessoal dentro de todo cristão reside um ateu em potencial, e dentro de todo ateu reside um potencial cristão. Tanto um como o outro pode colocar em xeque suas crenças e convicções a partir duma dúvida crucial acerca de suas idéias e conceitos sobre fé e racionalidade. Uma frase do Pe.João Batista Libânio elucida melhor esse teor: “A fé é dom, mas feita a um ser racional que pede um mínimo de inteligência do que crê”. Portanto, uma fé ingênua também pode encontrar maiores dificuldades de entender certas coisas a nível racional, ao passo que, uma racionalidade estritamente formal pode ser tendenciosa ao extremo, buscando apenas explicações para suas próprias vontades razões e ideologias, só aceitando determinadas respostas. Diante disso a razão também padece dum vício, que é o da falsidade e desonestidade em muitos casos enquanto a fé pode ser ingênua.

    Nos dias de hoje encontramos muitas pessoas se dizendo ateus e fornecendo sumariamente diversos argumentos compreendidos exclusivamente como racionais para não acreditarem em Deus. De outro lado, estão os crentes que são taxados de crerem desprovidos de razão e vivendo uma fantasia mirabolante chamada fé. Na cultura atual antropológica – a qual substituiu há tempos o velho teocentrismo medieval e capenga amaldiçoado pelos pensadores modernos e contemporâneos em sua vasta maioria – reside toda fonte para que certos filósofos encarem Deus como mito ou elemento irreal, o qual toma formas de alegorias insustentáveis aos olhos da crítica racional quando se depara com um discurso religioso e dogmático.

    Dizem os filósofos das mais variadas formas: “Deus está morto”. Isto é, Deus é nada mais nada menos, que criação da nossa mentalidade atrasada, e que precisamos nos libertar dessa crença retrógrada e ofensiva de que existe um ser supremo que é dotado duma extrema inteligência e potencia sobrenatural que foge as leis da natureza e por isso não pode existir e nem nos influenciar com valores e lições de vida.

    Descrendo de Deus logo irá se desacreditar por consequencia da Igreja. Visto que a Igreja defende tanto a existência divina ao ponto de ao longo dos séculos criar dogmas de fundo filosófico para tentar explicar essa existência de forma minimamente racional. Então aqui temos um grande problema. As pessoas descrêem de Deus e da Igreja acham que sem haver Deus não pode haver Igreja e por consequência todos os dogmas são papo furado.

    ResponderExcluir
  2. De certa forma, toda essa descrença na Igreja se funda na tese de que a Igreja é nada mais que uma mera criação duma série de crenças sobrenaturais institucionalizada por pessoas. Essa linha de pensamento é inaugurada na era moderna por um homem que de fato acreditava em Deus, mas não acreditava na Igreja como obra divina. Lutero ao apresentar suas teses coloca a Igreja como uma instituição humana que não pode e não deve ser compreendida como artigo de fé. Aos católicos, como é o caso do Wellington, isso ressoa como heresia. Logo ele como uma pessoa que exercita a sua fé dentro da Igreja e através da Igreja, e que professa o credo niceno-constantinopolitano. Isto é, ele crê no “Christus totus” - que é a Igreja, ou seja, o corpo místico de Jesus em termos analógicos ou metafóricos.


    Entretanto, na bíblia encontramos uma narrativa onde uma determinada pessoa antes descrente em Jesus Cristo e ainda fora da dita “igreja institucional” experimenta concretamente uma experiência de fé e revelação divina explicando o supracitado de forma geral. Eis o relato que consta na bíblia: “Enquanto isso, Saulo só respirava ameaças e morte contra os discípulos do Senhor. Apresentou-se ao príncipe dos sacerdotes, e pediu-lhe cartas para as sinagogas de Damasco, com o fim de levar presos a Jerusalém todos os homens e mulheres que achasse seguindo essa doutrina.

    Durante a viagem, estando já perto de Damasco, subitamente o cercou uma luz resplandecente vinda do céu. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Saulo disse: Quem és, Senhor? Respondeu ele: Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. (Atos 9:1-5)

    Aqui temos uma situação que basicamente é a mesma dos dias atuais, em termos de pessoas que descrêem e buscam fazer outras também descrerem. Fazem isso de forma mais amena – sem prender e matar o cristão – isto é, fazem isso alicerçados em argumentos filosóficos antropocêntricos e preposições ideológicas das mais variadas fontes. Todavia, nenhum desses parece ter experimentado ou tentado experimentar de forma proposital num audacioso plano empírico a fé. Nenhum deles quis praticar o de ato de fé conhecido mais comumente como oração. Na maioria dos casos desacreditam na Igreja, sem fazer uma experiência de fé. Desacreditam a Igreja, seja nos seus valores e dogmas porque de fato não querem ingressar num meio onde acreditam que sua liberdade de ser e agir será limitada das mais diversas formas de pensamento e regra tidas como retrógradas.

    Por outro lado, a situação inversa também se faz presente: Há os que querem nos fazer crer em Deus e na Igreja. Só que atualmente vemos muitos menos mártires dando esse testemunho e vivemos numa era onde as religiões são de péssima qualidade devido a artimanha da exploração do sentimento religioso para outras finalidades, as quais de fato não visam a conversão através duma profunda experiência de fé e sequer vivência dos valores cristãos espirituais e morais de forma fecunda.

    ResponderExcluir
  3. III – O Jesus histórico

    Tanto a filosofia como a teologia moderna criou esse termo para tentar explicar e compreender a figura da pessoa de Cristo duma forma racional e inserida na história da humanidade. Para os teólogos mais conservadores e eruditos, como por exemplo Joseph Ratzinger o “Jesus histórico” não passa dum clichê acadêmico. Pessoalmente até certo ponto concordo com as explicações dele, mas irei expor estas preleções e posições “a posteriori” no decorrer do debate de forma diluída.

    Ante isso, creio que o Wellington (João Cirilo) devido a sua vivência no seio da Igreja, tenha como tarefa nesse debate a obrigação expor de forma mais unilateral a visão de certos dogmas e conceitos acerca do Jesus histórico. Não se trata duma provocação, mas sim duma outra face da moeda que deve ser defendida mais firmemente tendo em vista a dinâmica do debate.

    Com base nessa introdução bastante sintética creio ter delimitado os assuntos a serem tratados nesse debate. Os quais se resumem basicamente a dois pontos centrais:

    - Conflito fé x razão no presente: Isto é, a crise da fé e religiões nos tempos atuais, e o avanço da racionalidade filosófica como método de não crença na Igreja e em Deus por consequência devido ambos estarem atrelados de forma íntima.

    - Jesus Histórico: Uma criação de cunho acadêmico que retira da figura de Jesus muitos de seus aspectos transcendentais ou sobrenaturais. E como já foi posto que Cristo é o eixo central da própria existência da fé e da Igreja, o conceito do Jesus histórico serve mais como um meio filosófico de impor dúvidas no campo da fé e crença em Deus e na Igreja.

    Passo a palavra para o Wellington.

    ResponderExcluir