sábado, 24 de março de 2012

Alonso Prado X Octávio Henrique - Filosofia Clássica e Moderna


    • Alonso Prado Antes de mais nada espero que neste debate fique clarificado que não sou um defensor extremista da visão filosófica clássica como o meu oponente acha que sou e insiste nisso de forma ignorante e acintosa. Defendo filosofia de qualidade independente da época que esteja inserida na história da filosofia.

      Para o meu adversário a filosofia moderna faz uma parte essencial da vida dele e da forma que ele enxerga o mundo. Diante disso torna-se imprescindível uma segunda reflexão sobre a dificuldade do homem de hoje em crer em coisas oriundas do passado remoto a qual recebemos mediante uma tradição cultural universal. Este é o caso do Octávio Henrique e sua forma de ser e ver as coisas.

      Para definir a postura dele afirmo que ele nada mais é do que um mero solipsista diletante recalcitrante da filosofia moderna ao se dizer fiel discípulo de Nietzsche. Isso basta para definir ele e a forma que ele enxerga e pensa a realidade, mas não como age na realidade. Tal afirmação pertence a ele mesmo, e caso ele deseje negar, irá revelar-se que o que na verdade se aplica a ele é Kant e não Nietzsche devido a dialética dos fatos e sua lógica.

      O paradoxo fundamental inerente a filosofia nesse caso é de cunho cultural e de erudição. Muitos rebeldes intelectuais e morais acham que se romperem com certas coisas que o identifiquem com a cultura passada estarão progredindo e avançando em saber e cognição sobre o mundo e sobre si mesmos, quando na verdade isso é apenas um fato ilusório e um ato de ignorância pueril.

      Nenhuma das atualizações filosóficas modernas quer ser taxada de “desmitoligização” do passado “a priori”, mas no fundo essa práxis pragmática da filosofia moderna muitas vezes remete apenas a esta formulação científica pouco fértil.

      Muitos filósofos modernos padecem desse vício e confirmam com seus esforços acadêmicos que a suspeita acerca do passado é apenas uma tentativa de corrigir certos modelos de pensamento errôneos do passado que devem ser superados pelo homem moderno.

      Na verdade dos fatos, isso nada mais é do que uma tentativa desesperada de buscar no passado fontes as quais serão necessárias negar a partir do momento de que estas fontes filosóficas primárias não são completamente entendidas ou úteis ao que o filósofo quer impor como real, mas que no fundo é apenas imaginário e fruto do seu ego. Isso é o eixo motor do solipsismo que acomete muitos que dizem seguir filosofias e filósofos modernos como gurus e mestres como no caso do meu oponente.

      Com fulcro nisso, encontramos aqui uma característica importante para a situação moderna da filosofia. Se no passado havia certas circunstâncias espirituais em que conceito de tradição filosófica costumava marcar toda a matéria e práxis do conteúdo de alguma corrente filosófica, seja como representação de algo em que o homem poderia confiar e sentir-se seguro invocando essa tradição de pensamento, ou seja, como fonte de saber isolado, hoje em dia isso é negativado pela filosofia moderna pela simples presença do elemento “espiritual” mesmo em tom conotativo muitas e muitas vezes.

      Com base nisso, o passo seguinte do pensamento filosófico atual prega com insistência que o que hoje deve predominar é um sentimento exatamente oposto: tradição filosófica clássica é aquilo que já não responde a todas nossas necessidades intelectuais e algo ligado ao passado mítico, espiritual e não racional do ser humano. Além disso, é uma promessa sobre verdades absolutas, mas para o moderno a verdade pode ser relativa e direcionada para aquilo que o ser humano pode prometer a si mesmo visando o progresso futuro, mesmo que não venha a cumprir ou ser atingindo.

      Dito isso, o maior erro dos filósofos da atualidade é querer colocar em estado antagônico relativismo ao absolutismo da verdade, pois para eles há uma lógica argumentativa nisso. Entretanto, a lógica nunca se refere à realidade.
    • Alonso Prado A lógica é uma articulação de relações possíveis entre conceitos ou posições, ou seja, foi criada como um instrumento de verificação elementar e não de descoberta.

      Diante disso, quem se diz “semper fidelis” tanto à escola clássica ou a moderna incorre num erro crasso de achar que descobriu uma realidade, quando na verdade verificou apenas argumentos sobre a realidade bem articulados e passíveis de serem postos a prova numa dialética mais aprofundada.

      Salvo engano, o meu oponente é contra essa escola, pois para ele Aristóteles foi superado por Nietzsche. Isso por si só já revelaria da parte dele incongruências estruturais ao saber e solipsismo radical. Para ele deve haver um discurso analítico lógico como forma de conhecimento para si mesmo e como método de aprendizagem.

      A questão que fica diante disso para ele discorrer é que isso é verdade absoluta ou relativa a partir seu próprio do ponto de vista?

      Certamente muitos dos leitores já tiveram a oportunidade de interagir com as idéias defendidas e expostas pelo meu adversário e notaram que ele faz isso com veemência na maioria das vezes, pois arroga para si não só uma certeza, mas sim uma verdade que soa como se fosse absoluta e irrefutável por qualquer outro argumento.

      Ainda mais se este argumento for eivado de qualquer elo com a metafísica ou esteio espiritual. Isto é: para ele a racionalidade moderna está acima de qualquer prova e o método e know how que ele aplica a si mesmo é verdadeiro em teor integral e absoluto.

      Ante a isso, o fato de nem o intelectualismo profundo da desmitoligização das tradições filosóficas anteriores nem o pragmatismo serem capazes de convencer de imediato sobre certas verdades, ficando claro que isso mostra claramente que até mesmo a distorção mais banal de algum conceito filosófico clássico pode ser encarado como solução profunda e inabalável por teorias da filosófica moderna.

      Espero que o meu oponente possa notar que isso é levar a questão entre a filosofia moderna e clássica ao extremo, pois isso capacita a percepção sobre o que é aparente e sobre o que está sendo positivado como reducionismo da história da filosofia através do sistema de negação seja da metafísica ou de qualquer outra formatação de filosofia clássica.

      Por fim quero deixar algumas breves perguntas para que meu oponente possa refletir e discorrer: Somos capazes de filosofar por si mesmos? Ou melhor, e mais radical ainda: É permitido filosofar ou temos uma obrigação com as nossas certezas e não com a realidade a ser encarada?

      Fecho aqui a minha exordial.
    • Octávio Henrique Antes de tudo, vou elogiar a sensatez do meu oponente, pois não me desafiara a comparar as duas filosofias. Afinal, mesmo PREFERINDO os Modernos, nunca descarto os clássicos, pois, assim como na Literatura, quase tudo (senão tudo) o que é "moderno" toma como referencial os clássicos.

      Cabe, porém, uma definição: A Filosofia Moderna tem origem, na verdade, no Renascimento. Ou seja, quando falamos nessa filosofia, falamos não só de Nietzsche, Marx, Engels e Hegel, mas também de personalidades como Maquiavel, Descartes, Voltaire e Hobbes.

      Lembro, também, que a filosofia cristã NÃO é considerada clássica. O que se chama de Filosofia Clássica vai dos pré-socráticos aos helênicos/pós-aristotélicos. Portanto, São Tomás e Santo Agostinho ficam de fora da nossa "ata".

      Considerando a diferença de tempo entre clássicos e modernos (mais ou menos um milênio) e a filosofia de alguns modernos em si, clarifiquemos algumas coisas:

      A- É muito difícil fazer comparações dessas filosofias pois, além de os antigos terem um campo de pesquisa consideravelmente maior, os modernos conviveram com a transição entre Idade Média e Idade Moderna, ou seja, tiveram que revisitar muitos dos clássicos para teorizar suas filosofias. Copérnico, por exemplo, baseou seus estudos astronômicos na astronomia grega/clássica. Mas o ponto principal aqui é que as circunstâncias eram diferentes. Seria muito difícil aplicar uma filosofia de 300 a.C numa sociedade de 1800 d.C, por exemplo. Por isso, houve certas modificações.

      B- Sim, houve modificação... mas isso não quer dizer conflito de ideias em todos os casos. No lado artístico, por exemplo, tanto Nietzsche quanto Schopenhauer foram inspirados pela filosofia socrática, sendo que este não só concordou com Sócrates como aprofundou sua teoria artística. O próprio Nietzsche também concordou, só que com Heráclito de Éfeso, o filósofo do devir. E, mesmo criticando Aristóteles, deve uma parte importante de sua filosofia a ele, pois tinha as mesmas opiniões que o ateniense quanto ao conceito de família e de forma de governo ideal. Aliás, nisso o alemão concordou com Platão quando disse que o governo deveria ser dos filósofos e intelectuais.

      Enfim, esta é minha introdução. Concordo com meu oponente quando diz que quem se diz sempre fiel a uma das escolas acaba por cometer um erro absurdo, pois se esquece de que nem sempre a relação entre dois filósofos diferentes, sendo um pertencente a cada período, é de oposição, mas sim, muitas vezes, de convergência argumentativa.

      Responderei às considerações iniciais de Alonso apenas na réplica. Afinal, como diria o inenarrável Patrick, eu não tenho a obrigação de refutá-lo em minhas considerações iniciais, portanto opto por não fazê-lo ainda.
    • Alonso Prado Saudações Octávio seguidor de Nietzsche. Para você a argumentação retórica é dizer uma frase e depois outras frases que confirmem a primeira frase dita, mas isso não é conhecimento dos fatos e experiência, é verbalização de pontos de vistas mesmo que em desacordo com a verdade e realidade factual. Não vou permitir que essa discussão se transforme em algo verbal apenas, mas sim num exercício de cognição.

      Você citou alguns períodos históricos da filosofia, mas não aprofundou e nem sequer foi capaz de conceituar modernidade mesmo sendo um estudante de letras. Você citou premissas aparentemente coerentes, mas esqueceu de definir as influências sociais e históricas que regeu cada período.

      Diante disso, é necessário eu fazer isso devido sua incapacidade de fazê-lo de forma honesta e coerente diante de fatos históricos concretos. Em primeiro lugar antropologicamente e socialmente o pensamento moderno é mais fácil de ser compreendido por nós, pelo fato de estarmos mais próximo dele do que do pensamento clássico ou medieval, e também por sermos influenciados ainda hoje por essa cultura antropocentrista de ruptura que a filosofia moderna e em especial a partir do que o Iluminismo proporcionou com as escolas anteriores.

      Como afirmado por você mesmo em outros casos, a filosofia de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino não possuem valor algum, pois eles são de outro período, e ainda por cima são teístas defensores do cristianismo doutrinário do qual você é inimigo declarado. Além do mais, talvez nem a filosofia de Rousseau ou Kant parece ter valor para você, mesmo sendo estes inseridos no período moderno.

      Entretanto, o fenômeno “modernidade” não é algo tão recente assim como imaginamos, pois o conceito de modernidade está sempre relacionado ao “novo”, ou seja, àquilo que rompe com uma tradição. Trata-se desta forma, dentro da filosofia, sempre de um conceito ligado com isto e com a idéia de mudança e transformação temporal que rompe com o período antecessor.

      Ao contrário do que você mencionou Descartes e Bacon e outros, embora inseridos como pensadores modernos, jamais se autodenominaram assim. Ante a isto, a filosofia praticada nos séculos XVII-XIX foi identificada por Hegel como sendo moderna devido ele ter sido o primeiro filósofo a ter elaborado uma classificação histórica da própria filosofia.

      Ele mesmo cita que o conceito de moderno era amplamente utilizado na filosofia medieval contemplando movimentos de pensadores logicistas no século XII que se opunham a tradição anterior. Outro caso, é que nos primeiros séculos do cristianismo como evento histórico estão datadas rupturas filosóficas tendo em vista questões objeto de fé “dividindo” por assim dizer o estoicismo da época de Cristo com o pensamento de Santo Agostinho. Conclui-se disso que Santo Agostinho em seu tempo foi “modernista” porque rompeu com algo anterior a ele para atender a demanda filosófica de sua época. Até hoje isso é discutido mais de dois milênios depois devido a questão “fides et ratio” ser sempre atualizada, ou seja, é uma questão ainda moderna duma forma ou de outra. O fator interessante é notar que ao contrário de hoje onde os pensadores se tornam ateus, Santo Agostinho passou duma espécie de ateísmo para convertido cristão e deu bases filosóficas para explicar isso por si mesmo. Hoje em dia fazem o inverso porque a cultura demanda o inverso. É um fenômeno inverso que cito apenas como nota de rodapé nesse debate.

      Portanto Otávio você como acadêmico de letras deveria conhecer essas datações e inclusive as mais ligadas com a sua área que envolve Fontenelle e Perrault que defendiam ser moderno tudo aquilo que era oposto ao clássico greco-romano atribuindo-lhes suposta e duvidosa superioridade verídica como é de fato a sua atitude intelectual quando se trata do mesmo assunto.

      Talvez seja necessário dizer que o advérbio latino “modo” que denota a expressão “agora mesmo” ou “no momento” seja o traço que define etimologicamente tanto o conceito de moderno como a divisão temporal adota na história da filosofia por Hegel sem eu tempo. Nesse caso me diga caro Octávio você cultua pensadores renascentistas, reformistas, ceticistas e cientificistas do passado de dois séculos atrás fundadores da escola modernista, portanto, antigos de certo modo, ou apenas banca um iluminista pós-moderno fascinado com tudo isso como se vivesse no século XVIII?
      quarta às 10:54 · · 2
    • Alonso Prado Questiono-lhe isso devido a sua voracidade em defender todo esse arcabouço filosófico como se fosse um ser vivente nessa época que fascinado com a ruptura social e histórica com os valores teocentristas de forma mais radical passou a se intitular como “semper fidelis” a Nietzsche que só surgiria um século depois nessa hipótese de você estar vivendo ainda hoje um deslocamento temporal do solipsismo que lhe acomete (“in fine” não é hipótese é fato).

      O problema com a sua visão do mundo real atual é que esta não possui teor filosófico, mas sim sócio-cultural como diletante recalcitrante influenciável pela cultura de seu tempo. Designar-se tudo isso que você se auto-denomina, seja como discípulo de Nietzsche ou por ter preferência pela filosofia moderna, e com isto defende-la como se ela fosse a verdade mais absoluta da história da racionalidade humana é ao nosso entender ser seguidor de Heidegger na melhor das hipóteses e não de Nietzsche.

      Certamente você desconhece a filosofia de Heidegger e talvez seja necessário que eu tenha que dar delineamentos básicos sobre a formatação da filosofia dele para que mesmo assim você insista em ser nietzscheano como qualquer bom expectador do Café Filosófico da TV Cultura diz ser hoje em dia sendo que na verdade aquilo que Olavo de Carvalho chamaria de imbecil coletivo, na falta de melhor definição. Isto é, você continua sendo produto dos aspectos sócio-culturais por puro modismo. Nesse ponto eu estou nesse debate numa encruzilhada de quatro vias entre lhe ensinar sobre solipsismo, para você cair na real, ensinar-lhe sobre Heidegger para você aprender sobre desvirtuação da ontologia e os conceitos de “deisen”, ou devo seguir a mão dupla da lógica factual e contrastes históricos da história da filosofia, o que é mais banal e inteligível para sua bagagem filosófica diminuta que pode ser ampliada desde que você algum dia na vida se proponha a ler e estudar um livro de filosofia de forma séria e honesta e comparar com outros e não apenas seguir a moda do Café Filosófico. Para definir a sua atitude duma vez por todas vou citar Voltaire: “Os infinitamente pequenos têm um orgulho infinitamente grande”. Esse é o seu caso meu caro.

      Agora devo introduzir uma nova dicotomia nesse debate que é a opinião pública e leiga sobre filosofia que antagoniza com a opinião da cultura filosófica dos letrados em literatura e filosofia “in strictu sensu”. Conforme isso, eu já te chamei em outras ocasiões de kantiano, mas na verdade você caro Octávio é um neo-kantiano. Essa sua mania do “eu transcendental” que observa e julga tudo como se estivesse acima dos fatos e da própria compreensão dos fatos te leva a crer que suas crenças mentais estão corretas. O grande problema é que nem nós mesmos estamos acima de nós mesmos em nossa existência, mas se você prefere agir de tal modo corruptível e se declare no mínimo como Descartes que tinha certeza do absoluto permanente.

      Para finalizar a minha réplica vou citar Jean Guitton para dar pano para manga nesse debate em sua réplica: “Devemos cavar a verdade em nós mesmos e escavar ela onde estamos”. Vejamos se isso te inquieta um pouco e lhe retira essa conduta de Pirandello de ser o beato do entendimento modernista que limita a própria realidade, mas que acha que a sua consciência é ilimitada cognitivamente. Espero que reflita sobre isso e trace um contra-argumento auto-sustentável com lógica causal e prática diante dos contrates históricos que explicitei em todo meu discurso.

      Passar bem caro Octávio, se puder!
      quarta às 10:54 · · 1
    • Octávio Henrique Agora, vamos às refutações de fato, ou seja, das Considerações Iniciais E da Réplica de meu adversário.

      Primeiro, cabe a essa situação uma pergunta: Afinal, viemos aqui para debater sobre as filosofias ou sobre os posicionamentos filosóficos do adversário enquanto colocamos palavras em sua boca? Pois, se for para isso, assim como o meu oponente encontra em mim uma contrariedade aos clássicos somente porque prefiro ALGUNS dos modernos a CERTOS filósofos clássicos, eu poderia dizer que o que ele chama de “filosofia de qualidade” é a filosofia das maiorias, focada nos moralismos judaicos, cristãos e muçulmanos ou que não os confronte abertamente. Para meu oponente, por exemplo, uma vez o filósofo tendo acabado sua vida em um manicômio, todas as suas ideias prévias são descartadas, como se fossem “lixo da filosofia” e, se esse filósofo fala sobre ‘sexualidade’, por instância, de modo divergente daquele da doutrina judaico-cristã e da tradição socrático-aristotélica, já tem sua ideologia toda jogada no lixo. Prova disso é o vídeo feito por ele para banalizar Michel Foucault.

      Ademais, meu oponente comete um erro crasso quando diz: “o meu oponente é contra essa escola, pois para ele Aristóteles foi superado por Nietzsche.”. Ora, meu amigo, como eu poderia ser anti-clássico quando não só admiro os pré-socráticos Leucipo, Demócrito e Heráclito, mas também sou aristotélico? Lembre-se, eu falei que PREFIRO filósofos modernos, mas isso não significa que descarto os clássicos, e muito menos que não reconheço a genialidade do método socrático ou da filosofia cínica, por exemplo.

      Digo-me discípulo de Nietzsche, sim. Porém, já me viu digitando “Eu, Octávio Henrique, blogueiro e graduando em Letras, concordo com e sigo TUDO o que foi dito pelo professor de filologia clássica e filósofo alemão Friedrich Wilhelm Nietzsche”? A resposta é não, e nem verá, pois isto em si seria uma atitude anti-nietzschiana, já que ele próprio se desvencilhou de alguns ensinamentos de seu mentor Schopenhauer a fim de criar seus próprios posicionamentos artístico-filósoficos.

      Outra coisa que eu creio que meus colegas debatedores nunca ouviram de minha boca, em qualquer frase, seja do blog: “Eu estou certo e você errado. Eu sou a verdade e você a mentira. Sou o bem e você o mal.”. Não ouviram e nem ouvirão pois, primeiro, como relativista-perspectivista, nunca vomito verdades absolutas. O que digo são OPINIÕES acerca de determinados temas, mas nunca em meu blog, por exemplo, eu disse ser dono da verdade. Aliás, eu sempre procuro a interação com os leitores, para que possamos chegar a uma conclusão sobre o problema. Alguns debatedores e um ex-membro da DR já argumentaram comigo com o seguinte dizer: “Ah, mas você parece muito intransigente no seu blog. Ninguém vai debater assim”. Para esses, eu digo, sim, duas coisas:

      A- Antes de pularem para conclusões sobre a minha conduta sócio-filósofica e sobre as coisas que escrevo, lembrem-se: Sou responsável... pelo que falo, e não pelo que vocês entendem.

      B- Se você entendeu o que eu disse de certo modo, AVERIGUE comigo se era aquilo mesmo que eu quis inferir. Repito, sou responsável pelo que escrevo, e sobre isso darei explicações ad eternum, mas não sou responsável por inferências alheias. Se você tiver medo de levar patadas – medo infundado, aliás, pois não ajo assim com quem vai ao meu blog para argumentar-, só poderá mesmo me achar chato, intransigente, anti-religioso e tantos outros adjetivos.

      Depois disso, meu oponente rotula-me como mero produto de modismos, pois sou ateu-socialista-nietzschiano-aristotélico. O que ele não sabe é que, em verdade, passei pelo menos dois anos refletindo sobre o meu real posicionamento religioso, desde que me descobri não-cristão. Portanto, não sei se pode falar tão categoricamente assim que sou mero produto de modismos, especialmente quando a maioria dos jovens que conheci não ESTAVA NEM AÍ para filosofia ou questões morais e religiosas.
      quarta às 22:33 · · 2
    • Octávio Henrique Depois disso, meu oponente rotula-me como mero produto de modismos, pois sou ateu-socialista-nietzschiano-aristotélico. O que ele não sabe é que, em verdade, passei pelo menos dois anos refletindo sobre o meu real posicionamento religioso, desde que me descobri não-cristão

      Enfim, após o momento “Argumentum ad hominem” com uma seqüência de “non sequitur” de meu rival no octógono da DR, ele resolve finalmente partir para a conceituação. Finalmente, pois já fiquei enojado de tantas rotulações fundadas em falácias lógicas e conclusões apressadas sobre o indivíduo Octávio, que, aliás, como já dito, não só reconhece o valor dos clássicos Sócrates, Platão e Aristóteles como admira muitos dos pré-socráticos e também dos filósofos modernos que não mantiveram posicionamento declaradamente ateu ou anti-mitológico, como Rousseau (apesar dos erros crassos em seu mito), Maquiavel, Voltaire e até mesmo Immanuel Kant - isso quando o assunto não é a existência de deidades ou o moralismo cristão.

      Enfim, explico ao meu oponente, em primeiro lugar, que sou sim graduando em Letras, só que comecei meu curso há menos de um mês no IBILCE, e que, por maiores que fossem os esforços de meu professor de Filosofia e de Gramática, Redação, Literatura e Inglês, não se dá no ensino médio uma abordagem, tanto filosófica quanto linguística, apropriada de minha área. O máximo que vi de antemão foi uma parte de Linguística, e ainda assim com pouco tempo de abordagem. Ainda verei certos nomes e, com a pressa dos primeiros dias, ainda não pude pesquisar um pouco mais sobre qualquer das minhas áreas específicas de conhecimento, pois ainda estou adaptando-me ao ritmo universitário.

      Segundo, essa mania kantiana, como você chamou, não é minha: foi apenas o que eu tive oportunidade de ouvir de MUITOS católicos, evangélicos, espíritas e religiosos em geral. E, neste caso, não fui eu que pulei para conclusões. Eles me disseram isso LITERALMENTE.

      Terceiro, peguei como conceito de filosofia moderna o mais tradicional de algumas apostilas. Ou seja, apesar da relutância dos filósofos mencionados por você, eles são, pelo menos pela nossa historiografia, considerados modernos. Portanto, englobemos também os renascentistas, seiscentistas e afins em nosso raciocínio.

      Quarto, nunca disse que a filosofia dos santos não tinha valor. Eu disse que não tinha valor PARA MIM. Mas não posso, pelo menos filosoficamente, tomar meu julgamento como absoluto e supremo, mesmo sendo diametralmente oposto a todo o ideal asceta judaico-cristão. Só que, repito, não estamos aqui para falar das MINHAS ideologias filosóficas, certo?

      Quinto, há muitos pensadores atuais, Alonso, que fazem exatamente o contrário: vão do ateísmo ao cristianismo. Um exemplo: o anti-marxista Luís Felipe Pondé.

      Finalmente, respondo aos seus questionamentos:
      Sim, todos somos capazes de filosofar por nós mesmos.
      Sim, é permitido filosofar, e não temos que encarar a realidade de braços cruzados, afinal, como diria o pós-moderno Jean Paul Sartre e, se não me engano, o moderno Immanuel Kant, devemos ser a mudança que queremos ver no mundo. Ou seja, podemos filosofar ao mesmo tempo em que tentamos aplicar nossa filosofia ao meio em que vivemos.
      Nem um nem outro. Apenas não gosto de filósofos que apelem demais para a opinião da maioria para ganharem admiradores e seguidores, como fazem o tal Olavo de Carvalho e, em muitas partes, o moderno Kant e os medievais Agostinho e Aquino. Porém, se o filósofo tentar se desvincular dos tradicionais argumentos das maiorias e mostrar argumentação diferenciada, lógica e não tão irracional, respeitá-lo-ei e concordarei com o que for coerente.

      Não encare, a propósito, o ponto de vista da minha área como o desses dois. Existem muitos pesquisadores e escritores que reverenciam os grandes clássicos e acham neles a inspiração dos literatos brasileiros e lusos. Odisséia e Eneida, por instância, serviram de inspiração a vários poetas, mesmo após mais de um milênio.

      E jogo um questionamento: Por que colocar aqueles que querem romper com mitos e dogmas pentamilenares (ou até hexa, em certos casos) como rebeldes, mas não colocar os seguidores desses mesmos dogmas como conformistas egoístas? Por que continuar nessa visão dualista e simplista de que aquele que não segue os preceitos morais da maioria (como foram os casos de Nietzsche, Galileu, Voltaire e tantos outros) é apenas um rebelde inapto que não deve ser ouvido?

      Concluo minha réplica e espero a tréplica de meu oponente.
      quarta às 22:33 · · 1
    • Alonso Prado Estimados leitores desse debate. Estamos diante do Octávio Henrique um farsante que dedicou dois anos de sua vida a serviço da causa da ignorância própria e alheia.

      Uma ignorância que chega a ser quase comovente, embora essencialmente perigosa tanto para ele mesmo como para todos nós, pois leva a loucura e atos de insânia argumentativa. Ele profere seus desatinos de modo muito convicto, conferindo as suas farsas proferidas verbalmente tom de autoridade e enfatizando sempre que eu sou o cara mal e ele a pobre vítima perseguida tanto por mim, como pelo tio Max e primo Chico e outros, como se isso conferisse seriedade ao que diz. Na verdade ele é digno de pena com essa farsa intelectual que representa.

      Em primeiro lugar respondendo as paráfrases de Viviane Mosé que ele profere como se fossem de autoria dele mesmo - e por isso também é farsante - eu tenho a dizer o seguinte: Meu caro Octávio, fica cada vez mais evidente que você ficou louco, pois resolveu colocar o mundo das resenhas sobre Nietzsche expostas no Café Filosófico na cabeça ao invés de colocar a cabeça no lugar, e ao invés de ler o mesmo de forma integral em suas obras e não por citações de terceira mão.

      Você está vivendo num mundo paralelo entre a filosofia do Jacques Derrida e do Martin Heidegger, ou seja, no mundo da inversão da realidade para o seu próprio umbigo acreditando piamente que tudo que diz é verdade plena e real, quando na verdade é solipsismo agudo e crônico.

      Por tal razão você questiona dogmas e condutas sistematizadas de acordo com aquilo que não consegue apreender concretamente e abstratamente. Diria até que parece que tomou um porre de informações e ficou bêbado e começou ver o mundo girar ao seu redor. Nesse ponto o tio Max tem razão quanto a você no debate entre ambos sobre Liberdade de Imprensa: Acesso a informação é diferente de compreensão da informação.

      Com fundo nesse cenário caótico da sua compreensão do mundo a sua volta é impossível que você consiga compreender coisas simples no campo da filosofia tais como: O conhecimento filosófico clássico é um trajeto de entendimento e busca pela sabedoria e uma forma elucidativa em primeiro lugar sobre as verdades de si mesmo. Não adianta, portanto, você recitar como rosário a lista dos pré-socráticos prediletos de Nietzsche e não seus “a priori” pois de fato não conhece nenhum deles. Além de não conhecer nenhum deles de fato, não conhece a si mesmo. Portanto, aqui vai a primeira lição da filosofia que você precisa aprender com o velho Sócrates odiado por Nietzsche seu senhor e seu mestre: “nosce te ipsum” - Isto é: “Conhece a ti mesmo”.

      Certamente você irá chamar isso mais uma vez de argumento “ad hominem” e “non sequitur”, mas lembre-se, estou debatendo as suas idéias e não a sua pessoa. Desta forma, se a sua pessoa é fruto das suas próprias idéias concebidas por si mesmo, eu devo dizer que você já está morto, ou na melhor das hipóteses em estado vegetativo, pois idéias em sentido estrito e bruto nunca floresceram da sua mente. O que advém da sua mente são apenas reflexos impactos de frases fortes como: “Deus está morto” - por você aderidas através da sua filtragem mental insipiente.

      Eis a segunda lição que precisa saber para compreender a filosofia seja ela clássica ou moderna: A filosofia é um filtro de inteligibilidade, transparência e possibilidades do real. Não é, portanto, o mundo paralelo do Jacques Derrida nem o Heidegger o qual você vive. Aristóteles diz que esse filtro é a possibilidade de compreender o conteúdo bruto sobre o objeto e depois elaborar uma crítica racional. Entendeu? Racional e não chutes e palpites sem fundamento. Não é sair por aí repetindo feito um papagaio irracional quase tudo que Nietzsche acha que é ou não é como você faz sistematicamente e hodiernamente.

      Terceiro ponto: Quem tem verdadeiro empenho para a compreensão da filosofia consagra a sua vida inteira para esclarecer a verdade até onde ela seja possível de ser esclarecida, e não dois anos como você diz que fez. Logo, tudo que você nesses dois anos de “reflexão” foi nada mais nada menos do que aderir às preferências filosóficas do seu meio social e expor a sua fraqueza e falta de coragem de aderir uma posição contrária a isto diante de opiniões que certamente o massacrariam com bullyng filosófico modernista.
      quinta às 01:08 · · 2
    • Alonso Prado De fato, é isso que ocorre nos dias atuais, comportamento de rebanho, ou se pensa de acordo com todo ideário filosófico modernista e contemporâneo, ou é se torna um ser estranho à realidade alheia dos demais.

      Nietzsche mesmo aborda isso ao dizer: “Só se supera aquilo que se substitui”. Na verdade o que ocorre suas idéias é exatamente isso. Dentro do lapso de dois anos você substitui toda sua moral judaico-cristã, todo o seu respeito pelo direito romano e outros elementos da cultura mais clássica, por preferências da camada intelectual vigente a qual nega toda cultura anterior baseada nesses fatores, pois ela remete a conceitos não de dogmas ou doutrinas, mas sim a fatos reais não aceitos pelo interesse social vigente no mundo atual.

      Depois disso, você se acha no ápice da razão, pois acha que superou o aquilo que era antigo ao trocar pelo novo. Na verdade você só tenta, mal e porcamente, refutar com isso tudo o seu passado irrefletido e sem bagagem suficiente de experiência e reflexão profunda.

      Isso só revela uma coisa dentro desse esquema da filosofia moderna: A tendência de generalizar o ser humano e uniformizar o seu modo de pensar e agir. No fundo isso é apenas um instrumento de ação social que visa sempre eliminar a cultura anterior ou incompatível com os interesses duma classe para facilitar as coisas no campo social. Assim sendo, tu és apenas, mais um que pensa igual a tantos outros sem a menor originalidade e sem a menor capacidade de reflexão.

      No tomismo o qual você tanto critica aprende-se o inverso disso: Progresso se dá sem rupturas. Isso é fundado na lógica aristotélica, que explica que aquilo que é real é fundado numa lógica temporal de causa e efeito ininterrupta. No seu caso não há lógica naquilo que diz, pois fica evidenciado que primeiro existe interrupção da realidade. Isto é, a causa da sua postura ocorre pela falta de reflexão e o efeito é aderir qualquer coisa que foi levado a crer por irreflexão.

      Para simplificar isso: Você dentro da realidade dos fatos inventou uma mentira na qual acredita e inventou todo um enredo de reflexão para substituir a própria falta de reflexão, pois isso encobre todo seu medo de não ser aceito pela sua tribo que pensa do mesmo jeito que você. Talvez por trauma de bullyng ou sabe-se lá o que. O seu problema é você não se deu conta da sua própria posição na sociedade sem recorrer aos seus pares. Logo, parece que você pensa por si mesmo, mas não, tu pensas de acordo com a vontade alheia que hoje é manifesta pela filosofia a qual você mais adere que é a filosofia moderna.

      A clássica ensina o oposto disso. A filosofia clássica socrática recomenda que primeiro a conhecer a si mesmo, depois obter consciência de si mesmo no seu meio independente de qualquer opinião alheia. Para Sócrates é isso que dá ao indivíduo autoridade intelectual, porque para ele o conhecimento fundamentado sobre si mesmo e sobre sua própria posição na sociedade vale muito mais que a mera opinião. Nietzsche que você tanto gosta luta com todas as forças contra isso em suas criticas ao velho Sócrates. Se avaliar a vida de ambos vai ver que um preferiu morrer para defender o seu ponto de vista sobre si mesmo, pois não era negociável ter que mudar de idéia por imposição alheia. Já Nietzsche morreu louco e babado.

      A verdade que a filosofia clássica ensina o que a moderna não compactua e ensina ao contrário. A filosofia clássica demonstra que: Se cada um de nós estivermos dispostos com força de caráter e personalidade a ser quem queremos ser um dia,(quem e não o que como objeto social) devemos antes de tudo nos afastar dos fatos favoráveis e aceitar os fatos desfavoráveis em nós mesmos e no nosso meio e dialogar com eles para termos autenticidade intelectual moral e capacidade subjetiva de não deixar o nosso livre arbítrio ser moldado por causas externas ao nosso ser.

      Para fechar invoco Heráclito para corroborar tudo que citei antes: “A oposição produz a concórdia. Da discórdia surge a mais bela harmonia”.
      quinta às 01:23 · · 2
    • Octávio Henrique Ashuasuhashuashuashusahuashuas...

      Desculpe-me, Alonso, não pude me conter, mesmo não sendo boa a sua piada, digo, sua tréplica. Espero, francamente, não ter que rir de novo, dessa vez de suas considerações finais. Enfim, retomemos o debate.

      Primeiro, você diz que não está debatendo a minha pessoa, mas sim as minhas ideias, porém me chama de farsante e esquizofrênico, sendo este último para o pensamento que você denominou “contemporâneo” um enorme tabu.

      Depois, tira, não sei de onde, que parei de refletir sobre toda a questão religiosa. Novamente, você precipitou conclusões, afinal, nunca disse que refleti só por dois anos e parei. Disse que, após esse período de reflexão, me descobri ateu, mas ainda continuo refletindo sobre toda essa questão. Aliás, se me recusasse a refletir sobre questões de cunho filosófico-religioso, não estaria debatendo com você.

      Em seguida, você diz que eu sou fã do programa Café Filosófico, o que é mentira, pois lhe assisti apenas uma vez, na ocasião em que debateram com a psicóloga Roseli Sayão. As ideias que aprendi sobre Nietzsche vieram por muito estudo não só dele, mas também dos clássicos. Ou seja, não sou totalmente ignorante no que falo, Alonso.

      Aí você diz que eu reclamo de perseguição e que o coloco como o malvado. Eu pergunto: Como vou te rotular como “MAU” se não sou dualista? E outra, não reclamo de perseguição. Eu só vejo que vocês preferem precipitar conclusões e manterem seus rótulos ao invés de pedirem-me, sem sacanização, esclarecimentos acerca do meu modo de pensar.

      Não me repetirei sobre ser o dono da verdade, pois sou responsável apenas pelo que digo, e não por suas inferências, caro oponente. E eu nunca disse: “Sou o dono da verdade absoluta, calem-se todos, vermes mortais!” (também porque não ACREDITO em existência de verdade absoluta).

      A propósito, é óbvio que o pensamento tomista seria de progresso sem rupturas. Afinal, como você mesmo disse, a cultura dominante, a que ele estava aliado, tinha esse pensamento. Não necessariamente o do progresso, mas com certeza o da não-ruptura.

      Sócrates também foi aquele que inspirou o caótico e anti-empírico sistema educacional ocidental com o seu método socrático idealista. Estranhamente, isso você preferiu ocultar ou esquecer, né? Afinal, está certo, esses modernos são mesmo um bando de rebeldes. Precisamos é compreender coisas irracionais que a nós são passadas sem nem refletir ou questionar.

      A propósito, Nietzsche luta contra essa filosofia cheia de idealismos e vazia de REALISMO de Sócrates. Como eu disse, o caso entre Nietzsche, e até mesmo os modernos como um todo, e Sócrates/os clássicos é de AMOR e ÓDIO, não só de ódio.

      Só uma coisa: Devemos aceitar os fatos favoráveis e os desfavoráveis sim. Só que não precisamos dizer amém a todos os conceitos pré-estabelecidos. É disso que você parece ter muito medo nos modernos, Alonso. Muitos deles dizem amém aos velhos conceitos, mesmo sabendo que eram, na época, tetramilenares. Mas outros, meu amigo, questionam sem dó nem piedade, e são esses que fazem com que o mundo progrida: os questionadores.

      O resto é, como diria você, bazófia e, como diria eu, non sequitur, ad hominem, ad popullum e besteiras. Ah, e uma dessas besteiras foi um erro filosófico. Caro Alonso, não é porque um filósofo morreu ou deixou de morrer louco ou são que sua obra terá maior ou menor valor. Esse mesmo alemão que você citou, aliás, deixou suas obras mais importantes BEM ANTES DE APRESENTAR AS TENDÊNCIAS ESQUIZOFRÊNICAS.

      Mas, o que eu achei muito estranho é que você se esqueceu de que também houve filósofos CLÁSSICOS, incluindo até mesmo a própria tríade grega, que questionaram veementemente a sociedade de sua época, baseados não só no auto-conhecimento, mas também nas experiências, como eu fiz para descobrir a que vertente filosófico-religiosa pertencia.

      Para terminar, eu digo que o que o meu adversário vem fazendo agora nada mais é do que mostrar um ponto de vista preconceituoso, intolerante, unilateral e sofismático acerca dos fatos filosóficos e de muitos pensamentos dos filósofos, além de dar uma grande fuga ao tema que ele mesmo propôs. Afinal, deixamos de debater Filosofia Clássica e Filosofia Moderna e passamos agora a debater “A visão de Octávio Henrique sobre Sócrates e Nietzsche e sua filosofia heideggeriana”. Você disse que ESTAMOS debatendo as minhas ideias. Mas e as suas ideias? Afinal, o tema do debate não era Octavianismo. E, aliás, por que não tenta criticar também os imperativos categóricos kantianos, o empirismo inglês, o racionalismo francês e/ou o pessimismo schopenhaueriano, ao invés de criticar apenas a filosofia de um PERSPECTIVISTA-Relativista alemão que, por mais que você insista, nunca se declarou dono de verdade absoluta alguma? Estamos aqui debatendo filosofia moderna e clássica, ou fazemos um Sócrates X Nietzsche?

      Com isso, termino esta tréplica, e espero que meu oponente pelo menos demonstre um pouco de respeito e monte umas considerações finais mais dignas do que sua apelativa tréplica.
    • Alonso Prado Caro Octávio tu mente linha a linha em seu discurso que é digno de ser taxado de aporia.

      Estimados leitores:

      Ao se passar por vítima duma suposta inquisição realizada contra ele quer buscar a simpatia da platéia e a tolerância com suas idéias preconceituosas e sem nexo de sentido. Em sua réplica presenciamos ele passar a limpo a sua vida como se estivesse numa terapia de grupo e revelar os seus projetos de se tornar um novo Nietzsche cursando faculdade e objetivando ser um professor propagador das idéias de seu deus o todo poderoso Nietzsche.

      Ainda no conteúdo de sua réplica ele tentou se passar por bom moço dizendo que jamais disse o seguinte: ““Eu estou certo e você errado. Eu sou a verdade e você a mentira. Sou o bem e você o mal.” – Quando na verdade ele passa os dias dizendo isso tanto por palavras como por atitudes. Depois disso ainda se contradiz ao mencionar que acha a obra socrática genial quando na verdade não pensa assim, pois está sempre buscando tão somente em Nietzsche seu referencial teórico o qual sabemos ser oposto ao pensamento socrático.

      Como se não fosse muito, o adversário ainda arrota positivismo como religião e vomita a moral dos fracos de Nietzsche indo inegavelmente contra os pilares do pensamento clássico do ocidente, ou seja, do pensamento grego que formatou nossa cultura até os dias atuais. Amostra disso é que ele pode não aceitar “numa boa” a filosofia de São Tomás, mas eu estou proibido de não aceitar a de Foucault e outros sendo execrável por isto. Isso só mostra sua intransigência e contradiz seus valores de suposta integridade moral e intelectual. Identifica-se a contradição mais ainda quando após citar a moral dos fracos de Nietzsche a contradiz a frente buscando por um lado o discurso marxista e ao mesmo tempo negando Rousseau como pai do contrato social, ao passo que, Nietzsche também taxa o liberalismo, o marxismo e anarquismo como ideologias escravas. Isso só serve para revelar que o meu adversário jamais leu Nietzsche com profundidade e recita-o como se fosse um rosário sempre de forma equivocada.

      Em termos de retórica ele só usa três tipos de refutações: Ou acusa-me de “ad hominem” ou “non sequitur” ou “ad popullum” quando na verdade não conseguiu ver que o meu discurso foi dialético e não sofista, pois elenquei fatos sobre a forma dele pensar e agir em contraste com a filosofia clássica e moderna com base na lógica aristotélica e não falsos silogismos acusativos que foi o que ele realizou o debate todo contra minha pessoa. Vale salientar ainda que eu anunciei que estaria sempre fazendo o contraste entre as duas fases filosóficas e usando o discurso analítico dissecando assim sobre as insistências pseudo-intelectuais do meu oponente. Dito isso não há porque ele reclamar que versei argumentos falaciosos de espécie alguma, não usei “ad” isso aquilo ou “non” isso e aquilo, mas sim fui fiel a minha proposta dialética aristotélica do começo ao fim. Com isso eu versei aqui sobre fatos testemunhados por muitos sobre o seu modo de proceder solipsista. Falei a verdade e você só textualizou mentiras como se fosse o próprio Satanás.

      Sinceramente a tréplica dele eu preferiria nem ter ler lido, pois foi mais um ato de escabrosidades nesse teatro de horrores encenado pelo Octávio. Só posso endossar o que o Jadiel disse: Tu és mancebo do Big John! Debater contigo Octávio é debater com um Big John mirim.

      Se não me falha a memória na passagem final da Alegoria da Caverna, Sócrates interpreta brevemente a alegoria para Glauco, enfatizando o aspecto ético moral e político do conhecimento filosófico: “Comporta-se com sabedoria, seja na vida privada, seja na pública”. Essa é base para os filósofos profissionais e até mesmo para nós mesmos leigos amantes da literatura filosófica. Portanto, se o Octávio acha que sou ridículo e nefasto eu aceito desde que ele se olhe no espelho antes de fazer isso.
      Ontem às 01:00 ·
    • Alonso Prado Platão seguindo a lição de Sócrates dizia que as pessoas não devem se contentar ao atingir um saber elevado e vangloriar-se disso. Devem ir procurar seus companheiros de outrora e comunicá-los da existência duma realidade superior e motivá-los a percorrer o trajeto até o saber mais elevado, mesmo correndo o risco de serem incompreendidos e até mesmo assassinados como ocorre na Alegoria da Caverna. Esta é a função pedagógica dos filósofos e também de cada um aqui nos duelos travados. Entretanto resta outra lição a do famoso Santo Padre Pio de Pietrelcina: “Não desanimes quando for incompreendido pelo vosso irmão pelas suas boas intenções”.

      A intenção nesse debate era fazer o Octávio perceber seus equívocos tanto na sua postura quanto na idéias contraditórias que teima em não reconhecer como contraditórias. Logicamente que um cidadão mergulhado em Nietzsche até a alma prefere negar a filosofia como um todo, como algo válido em suas diversas fases, e apenas buscar nelas os fragmentos de certos filósofos de acordo com o que pensamento de Nietzsche aponta como válidos.

      Toda a história da filosofia é marcada por ensinar aos seus adeptos a pensar duma forma que os possibilitem ter uma inteligência prática e capaz de reconhecer antes de tudo a sua própria condição pessoal e intelectual. Infelizmente, desde o marco da filosofia moderna essa tradição se corrompeu muito e passou da dizer que qualquer pensamento é válido para justificar a si mesmo.

      Diante disso, foram formuladas cada vez mais filosofias que alimentam o ego e não a razão. A nocividade disso está exemplificada no próprio tom da obra de Nietzsche que prefere negar, tentar destruir e desacreditar tudo que foi realizado por escolas filosóficas anteriores a ele e depois romper com ela e substituir tudo isso por uma forma de pensar que alimente o ego e não a racionalidade equilibrada que é mais encontrada especialmente nas obras de Platão sobre Sócrates.

      Ao invés de incentivar os leitores a sair da caverna da alegoria, estes são estimulados a permanecerem nela apenas avistando para as aparências do real. Nietzsche zomba inclusive do racionalismo crítico moderno, da pretensão de fundamentar o conhecimento próprio e nossas práticas. Seus inimigos prediletos são sem dúvida Kant, Rousseau, Sócrates, Platão e Aristóteles e qualquer outro que basear sua filosofia neles. Nietzsche ironiza as pretensões humanas de descobertas sobre algo mais profundo nos campos do saber e forma de agir moral.

      Atualmente somos herdeiros dessa forma de pensar por influência desse tipo de conduta filosófica reversiva da realidade e propagadora de formulações contra qualquer espécie de moral transcendental e racional socrática, judaica, romana ou cristã que são os pilares de formação do mundo ocidental como ainda o conhecemos hoje.

      A filosofia sempre serviu de ferramenta moral, social e política com uma grave diferença entre o passado clássico e o presente moderno. Antes a filosofia clássica ensinava “a priori” o homem viver em sociedade e pensar a sociedade preparando seu caráter e personalidade. Hoje a filosofia moderna ensina a sociedade viver no homem moldando sua personalidade, caráter e forma de agir e pensar. Ao ponto que Karl Marx declara sem pestanejar: “Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência”. Isso é a pura verdade atual, mas nem sempre foi assim.

      Rompemos com uma tradição séria e honesta e a substituímos por colunas sem alicerces na nossa própria realidade e vez ou outra é necessário rever se não estamos sendo manipulados por uma forma de pensar imputada para nos reger contra a nossa própria natureza humana em prol dum artifício social de controle de massas.

      Desta forma recomendo que releiam a minha introdução nesse debate e percebam que tentei dar fruto a uma reflexão sobre as raízes da nossa forma de pensar e agir no mundo que vivemos hoje de acordo com as filosofias mais recentes. Infelizmente o Octávio não percebeu essa intenção.
      Ontem às 01:05 ·
    • Octávio Henrique Depois dessas considerações finais, creio ser melhor para todos que eu encerre o debate da forma mais lúcida possível, já que o meu oponente não conseguiria fazer isso.

      Resumindo, este debate que começou com o tema "Filosofia Clássica e Filosofia Moderna" transformou-se depois em 'Visão Octavianista de mundo' e 'Filósofos Clássicos X Filósofos Modernos', graças à falta de sensatez do meu oponente, que me desafiou, mas não conseguiu se decidir sobre o que nem sobre quem iria discutir.

      Depois de ver tantos absurdos, mantenho meu posicionamento inicial: Mesmo preferindo os modernos, não há como comparar valorativamente as duas filosofias, por estas pertencerem a tempos diferentes e estarem sob influências diferentes. Além disso, ambas têm filósofos hoje tidos por muitos que estudam a filosofia como completamente ultrapassados e errados (Do lado clássico, os sofistas, monistas e pluralistas, enquanto os modernos são representados por Descartes, Bodin, Bossuet e alguns outros), pensadores quase unanimemente tidos como paradigmas de filosofia (Sócrates, dos clássicos, e Kant, dos modernos), renomados pensadores políticos (Platão e Aristóteles de um lado, Maquiavel, Hobbes e Locke de outro) e polemistas (Aristóteles e Nietzsche, por instância).

      Deve-se sempre lembrar, porém, que assim como não há filósofo 100% correto ou aceitável em suas acepções, os filósofos desvalorizados também não estão 100% errados. A questão, meu caro Alonso, é que, como você falou em outro tópico, tem uma recusa a aceitar o pluralismo filosófico como posicionamento de alguém. Para você, alguém que prefere filosofia clássica não pode gostar da moderna.

      Assim, você cai em um erro em que AMBAS cairam: impõe, sobre outrem, uma visão dualista do mundo, rotulando aqueles que discordam de você como esquizofrênicos, mentirosos, baitolas, neo-ateus e eu sei lá o que mais, além de não considerar como filósofos aqueles que pensem qualquer coisa diferente da sua própria filosofia de vida.

      Você se esquece, porém, de que não depende de você a atribuição do título de filósofo a alguém. E se esquece, também, de que todos esses filósofos, tanto clássicos quanto modernos e pós-modernos, tiveram suas filosofias questionadas e reconhecidas pelas respectivas "comunidades científicas", e de que, enquanto houver seguidores para um filósofo, ninguém lhe tira esse título, assim como enquanto uma forma de escrita for valorizada, um texto poderá ser considerado artístico/literário.

      Você reclamou muito de que eu não me isento de juízos de valor ao julgar um filósofo. Lembro-te, porém, de que, parafraseando o crítico literário Terry Eagleton, pedir a alguém que julgue com isenção de juízo de valor é um juízo de valor em si, e que, agora sem paráfrase alguma, você mesmo não se desvencilha de seus valores para julgar um filósofo. Como capitalista, você desconsidera totalmente a filosofia de Marx. Como cristão, despreza Nietzsche e, aparentemente, Schopenhauer.

      Uma coisa, Alonso, é você falar: “Não, a filosofia de X não tem valor para MIM”. Outra é você falar: “X não é filósofo, pois tem uma filosofia pífia”, baseando-se apenas na sua visão. Se eu não me engano, nunca falei a segunda frase. A primeira falei sim e assumo... Porque não me esqueço de que há muitos que admiram Kant, Aquino, Agostinho, Platão, Comte, Durkheim e outros. Já você, Alonso, adora falar a primeira frase, especialmente com filósofos de esquerda, ou homossexuais, ou ateus. Não vejo como alguém tão PARCIAL e moralista pode querer fazer uma análise NEUTRA ou ISENTA de juízos de valor sobre a influência da filosofia em nosso mundo.

      E sobre o seu comentário dispensável acerca da minha pessoa, eu repito: Sou responsável pelo que faço e pelo que falo, não por aquilo que você acha que eu falei ou pelas intenções que você acha que tive. Não é porque eu penso diferente da maioria que eu sou previsível, Alonso.

      Enfim, após ver este show de horrores, só posso lamentar, pois um oponente que me foi tão respeitoso e até muito leal no debate sobre Nietzsche não poderia ter apelado para a mera vomitação de conceitos e para o argumentum ad verbosium (prolixidade) a fim de tentar aparentar a verdade.

      Concluo minhas considerações finais com sincero pesar, pois, mimetizando (pois uso o trecho como inspiração e adiciono uma fala minha) Rafaela Tavares em uma de suas últimas frases para Lucas no debate sobre o Império Romano, apesar do monte de argumentos jogados pelo Alonso, desnudei facilmente o imperador dele. Afinal, nem se decidir sobre o tema a ser debatido ele fez, quanto mais expor suas ideias sobre o tema que ele havia proposto. Ou seja, Alonso, seu imperador, além de nu, está deposto.
      há 7 horas ·
    • Octávio Henrique Debate encerrado!
      há 7 horas ·

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