quarta-feira, 7 de março de 2012

Raíssa X Lucas - Comunismo

    • Raíssa Marcelli Cagliari Como comunista, digo: Hoje vivemos diante de uma sociedade que nos obriga a coexistir com situações de extrema fragilidade e sofrimento, em que se aceita como "naturais" ou "inevitáveis" realidades como a fome, a miséria e a ignorância, se aponta como valores principais a propriedade, o consumo, a ostentação e se impõe a competição como forma de relacionamento vivencial entre as pessoas. O Comunista atual põe sua vida em contraposição às correntes dominantes. Tanto em valores, quanto em comportamento e em objetivos de vida. É preciso revelar dentro de nós os valores induzidos pelos meios de comunicação de massa, pelo massacre publicitário, pela propaganda ideológica, psicológica, inconsciente, sub-liminar ou não. Pela pressão social daqueles que aderem aos valores artificiais e, na falta de convicção, precisam impor aos demais, compor grupos e discriminar os que não lhes apóiam valores que, por si, não se sustentam. Temos em nós estes condicionamentos, em maior ou menor grau. São valores-causas do desequilíbrio social - a cultura da competição, em que todos são adversários potenciais, e a do consumo, em que o objetivo principal da vida é consumir, possuir, desfrutar, alcançar o máximo da fartura material, entre a ostentação e o desperdício. São enormes e estratégicas mentiras. Não há competição onde há desigualdade de condições. Há covardia. A massa dos "derrotados" aumenta, os "vencedores" se empilham em pirâmides de poder e privilégios ascendentes. No topo, o pequeno grupo. Os donos das mega-empresas transnacionais, dos grandes bancos e corporações financeiras, interferindo e controlando as políticas públicas e a mídia para os favorecer e encher, mais ainda, de poder e privilégios, em prejuízo dos direitos básicos da população e das obrigações principais do Estado. Essa é uma das principais correntes ideológicas do comunista de HOJE, que muito se difere dos sovietes petrogrados e Coreístas. Merci. u_u
    • Lucas Pierre Domingos Fernandes Raíssa, é um prazer debater contigo, mademmoiselle.

      Ao assegurarmos igualdade de oportunidades, cada um fica igualmente livre de colocar a entrada que entende para obter a saída que pretende. Cada um é livre de prosseguir os seus fins. Se for mais materialista trabalhará mais. Ao contrário, irá trabalhar menos. Se fizer as opções corretas, vai ter a vida que almeja. Se escolher errado, vai sofrer as consequências do caminho percorrido.

      O Comunismo defende que, independentemente do que cada um fizer, a entrada está definindo o resultado.O indivíduo vai trabalhar mais, vai estudar mais, vai encontrar formas mais eficientes de trabalhar, vai inventar algo importante - e nãda disso vai importar, o resultado final já está definido. Pode ter o sonho de ter uma casa na praia. Não importa o que faça, esse sonho não é atingível. Se o atingir, será pelo acaso e nunca pela vontade.

      No seu mundo ideal o mérito não conta. Pelo contrário, o demérito é incentivado - posso não fazer nenhum, o resultado é o mesmo. Experimente visitar uma empresa no qual os maus empregados tem o mesmo reconhecimento (em particular o monetário) que os melhores. Ao fim de pouco tempo essa empresa estará na falência. Porquê? Porque ou os bons decidiram sair, ou então "converteram-se" à mediocridade. Qual o resultado de uma sociedade que não valoriza o mérito? Só pode ser um: a pobreza.

      Mas mais grave que a pobreza, é a desigualdade que essa sociedade comunista contém.
    • Raíssa Marcelli Cagliari Mas e o preço a se pagar pela meritocracia? Perdemos o contato direto com as necessidades abstratas, as principais do ser, o sentimento de integração, a sensação de utilidade ao coletivo, o eqüilíbrio emocional, as relações afetivas, a solidariedade, o senso de justiça, o desenvolvimento da consciência. O mundo capitalista corrompe necessidades básicas, priva uns, e prioriza outros por base dessa meritocracia. A exemplo é a educação: No Brasil é elitizada pois se tornou algo comprável pelo mercado. Vence aquele que tem mais sabedoria, que se adquire na escola. Mas e os que não tem? Escola pública forma médico sem precisar de ajudas como o REUNI, PROUNI e o sistema de cotas? O Comunismo de hoje não defende mais a totalidade, e sim a SOBERANIA. A Soberania das necessidades básicas, direitos que se tornaram privilégios deveriam voltar a ser direitos. A pobreza só existe na mente do capital, apenas.
    • Lucas Pierre Domingos Fernandes Cara duelista, nenhum ser humano é igual ao outro em seu contexto. Eu não sou igual a você e você não é igual a mim. Todos nós temos objetivos e caminhos diferentes.

      O ponto de vista do Comunismo nega tudo isto. Todos serão assépticamente iguais.

      Uma outra crítica que se pode fazer ao seu ponto de vista é a apropriação da sociedade do fruto do trabalho de cada um. A exploração do capitalista ao trabalhador não é legítima, mas se for a sociedade passa a ser legítima? Em nome do quê e de quem?

      Uma coisa são as responsabilidades de cada um perante a sociedade, e o dever de contribuir para a promoção da dignidade humana de todos com o intuito de corrigir desigualdades de base entre as pessoas. Outra coisa é a apropriação da totalidade do trabalho de alguém para dar a todos os outros. Na sua sociedade, o trabalho de cada um não lhe pertence, pertence sim à sociedade. Porque? Porque motivo pensas que é ilegítimo que uns sejam mais produtivos que outros? Não enxergo justiça e igualdade alguma nisso, brava duelista.

      Marx falava da propriedade dos meios de produção. Nunca lhe ocorreu sequer a ideia de igualdade de resultados, pois isto dentro do Comunismo é um profundo absurdo.

      Vamos para mais um exemplo: Imagine um agricultor que pode cultivar batatas ou cenouras. Existe maior procura de cenouras. Numa situação de mercado livre, ele tem incentivo de cultivar cenouras. Numa situação de igualdade de resultados, é irrelevante para ele o que produz - vai ganhar o mesmo. Vai acabar a plantar laranjeiras porque dá menos trabalho e é mais bonito...
    • Raíssa Marcelli Cagliari Tréplica: Quando discutimos sobre comunismo, devemos também incluir as suas correntes. Tudo, evolui. Incluindo o comunismo então temos o Stalinista que muda totalmente a visão Leninista, é... existem diferenças. Existem os comunas Trotkystas, Marxsistas, os desobedientes civis. Então vamos averiguar suas correntes como o anarqui-comunismo, o comunismo de luta armada, o comunismo hoje mais própriamente dito "nossa cara". E vamos relembrar, meu caro Lucas, que quem faz a divisão de classes, quem classifica a pobreza, quem alimenta a ambição dos homens é o capitalismo. A exemplo das nossas sociedades tribais, que querendo ou não podem ser taxadas de "socialistas" pois há a divisão igualitária do trabalho, a igualdade entre os homens, e há o sucesso de sobrevivência destes. Mas a cada vez que o capitalismo cresce a massificação onde ocorre a falta de individualismo que o capitalismo tanto prega acontece. Os vencedores crescem em minoria, os perdedores se decaem em maioria... Para ser mais clara, Lucas Pierre Domingos Fernandes, não há competição onde há desigualdade de condições. Há covardia!
      Uma outra crítica que se pode fazer ao seu ponto de vista é a apropriação da sociedade do fruto do trabalho de cada um. A exploração do capitalista ao trabalhador não é legítima, mas se for a sociedade passa a ser legítima? Em nome do quê e de quem?
      O que digna o homem é o trabalho. Mas e no capitalismo onde há os privilégios de educação que marginaliza a maioria? Eles tem o trabalho que lhe dignam?
      domingo às 21:10 · · 1
    • Lucas Pierre Domingos Fernandes Mas responda-me a três questões, Raíssa:
      1 - Por que motivo é legitima essa apropriação da sociedade do trabalho de cada um?
      2- Por que motivo essa situação é desejável?
      3- Se a igualdade é um valor tão supremo e absoluto, não deveria ser extendida a outros campos que não o econômico? Que tal distribuir a felicidade de forma equitativa entre todos? (sei lá, o mesmo número de relações sexuais por ano, o mesmo "índice de beleza", a mesma roupa, o mesmo QI, ...) Porque não procurar eliminar todas as diferenças naturais, já que são elas que malevolamente causam todas as diferenças econômicas posteriores. Porque não eliminar tudo isso?

      Porque, muito sinceramente, sempre foi a intolerância à diferença que gerou sistemas totalitaristas - nazismo, fascismo, comunismo soviético, maoismo... - aceitar a diversidade com tolerância talvez seja a melhor forma de atingir a igualdade que IMPORTA. A igualdade na dignidade humana.

      Encerro assim, minha participação. Agradeço por ter debatido com uma duelista de alto nível como a Raíssa.
    • Raíssa Marcelli Cagliari O bem estar de todos legitima essa apropriação. O comunismo trabalha com comunidade, e a comunidade trabalha com a sociedade, e o individuo que vive em uma comunidade comunista e tem consciência disso, usa seus artifícios em prol de todos. E outra Lucas, o comunismo não trata de um idealismo social ou econômico, veja no furo que vivemos! Mexer com a natureza é outra história... Isso de mais ou menos QI, mais ou menos bonito é uma rótulação dada pela sociedade de hoje, que privilegia e intensifica padrões de individuo... As minhas considerações iniciais mesmo explicam isso... Olhe bem Lucas... " O Capitalismo preza pela pressão social daqueles que aderem aos valores artificiais e, na falta de convicção, precisam impor aos demais, compor grupos e discriminar os que não lhes apóiam valores que, por si, não se sustentam. Temos em nós estes condicionamentos, em maior ou menor grau. São valores-causas do desequilíbrio social - a cultura da competição, em que todos são adversários potenciais, e a do consumo, em que o objetivo principal da vida é consumir, possuir, desfrutar, alcançar o máximo da fartura material, entre a ostentação e o desperdício. " Em um valor de ostentação e desperdício, sempre será demais para aqueles tem poder demais e de menos para aqueles que tem poder de menos. Poder esse que se chama conhecimento, poder esse que se chama educação, saúde, dignidade no trabalho. Poder esse que somente hoje os mais ricos podem ter devido à elitização de diretos. Como socialista em passo ao comunismo, te digo meu querido Lucas: Precisamos ter uma sede enorme de plantar e colher idéias, de gerir valores às questões de sentimentos e igualdade. Precisamos diminuir esses valores artificiais criado pela roda viciosa do consumo exarcebado. Parar de tomar vidas como medíocres e acabar com a mesquinharia dos valores que nos são imposto... Temos que ter espírito, solidariedade, integração, consciência, acabar com a mentaliade competitiva e a indiferença entre nós. É isso, apregoar o comunismo de hoje. Prazer debater contigo, Lucas. *-*
      domingo às 22:17 · · 2

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