quinta-feira, 8 de março de 2012

Leonardo X Patrick - O que é possível saber?


    • Leonardo Levi O que é possível saber?

      O que você realmente quer, e até agora não sei se entrou neste grupo tendo consciência disto, ou mais ou menos num estado de sonambulismo é a resposta para uma dúvida.

      Há muitos anos, percebi que, não importasse o quanto eu lesse, ou estudasse, ou fizesse experiências, eu JAMAIS conseguiria saber nem 1% de tudo o que é possível saber. Percebi, por exemplo, ao ler algum livro, estava na verdade perdendo a chance de ler outros muito melhores. Que estudando tal coisa, estava deixando de aprender outra. Que perseguindo uma carreira estava abandonando outra. Que assim como dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço, duas coisas importantes não podem ocupar o mesmo instante no tempo. E o tempo vai acabar... E você não vai encontrar aquela coisa importante que tanto procurava. Não vai ler aquele livro essencial, não terá aquela idéia revolucionária, não conhecerá aquela pessoa importante, perderá aquela chance única e imperdível, jamais alcançará aquela verdade que te libertará, tudo porque perdeu tempo com outras coisas, outros passatempos, outras idiotices.

      Eu sei que esta preocupação, talvez não formulada em palavras também passou pela sua cabeça. Já deve ter ouvido aquelas conversas e preocupações ridículas sobre não assistir tal coisa para não "desperdiçar" espaço importante do seu cérebro, como se seus neurônios fossem arquivos, que só pudessem ser preenchidos com coisas úteis e importantes. Sei que ninguém sabe exatamente como a memória é arquivada, e a idéia mais sedutora usada hoje em dia é a de que não existe nenhum arquivo localizado neste ou naquele neurônio, mas que as memórias seriam fruto de interações químico-elétricas entre MUITOS neurônios, ou na verdade, de todo o cérebro, até das partes ditas "não usadas".

      E que os mesmos neurônios, poderiam fazer parte das reações que formam MILHÕES de memórias, e que uma memória interage com a outra, modificando-a, apagando-a etc... E que possivelmente, jamais seria atingida a capacidade de retenção do cérebro, nem que você vivesse milhões de anos. Até mesmo porque uma memória mais importante poderia simplesmente apagar e substituir uma menos relevante, tudo com uma simples alteração das propriedades químicas de seu cérebro... A verdade é que nem isto é verdade, mas é mais próximo da verdade do que o arquivo morto que você imaginava.

      Pois bem, qual foi a solução que eu tinha encontrado???? Óbvio! Ler apenas as coisas mais úteis, mais importantes, mais mais...

      Sei que quem me conhece a mais tempo, percebeu este gênero de preocupações nas minhas palavras. Águas passadas. Tudo isto é inútil. Não existe nada mais importante que a outra coisa. O que é importante para você não o é para mim. Você só pode saber qual é a experiência mais importante se tiver vivido por ela para dizer. Cada um experimenta de forma diferente. Eu posso ler um gibizinho e ter uma revelação, uma epifania. Você com certeza já leram porções da Bíblia, e não passou de letra morta para você.

      E que irônico, ela MUDOU a vida de MILHÕES de pessoas!!! Pense bem, nenhuma mentira MUDOU a sua vida como a de outras pessoas. A maior parte das leituras que foram importantes para mim nem eram exatamente literatura. Eram livros técnicos. Imagine, você lendo uma verdade incrível em algum livro, mas por desatenção, você não interpreta a coisa como o autor desejou. E puff! Nada. Nenhum valor para você, algo que poderia mudar sua vida!

      A verdade não está nos objetos. Nas coisas. Está no eu que as compreende. Que as entende. A própria palavra compreensão, siginifica envolver. O objeto tem que estar "dentro", compreendido. Devorado. Pelo "eu" que compreende. Não existe nenhum objeto mágico. Você nunca conseguirá aprender uma verdade, algo importante, simplesmente por lê-lo em algum livro. Só aprenderá se o seu "eu" for capaz disto.

      Provavelmente você já leu as coisas mais importantes que podem ser lidas. E mesmo assim, é como semear no deserto. Jamais haverão frutos!

      Não importa o quanto procurem. Igual ao súplicio do Tântalo: morrer de sede em meio ao mar. Que irônico. O grande problema da utilidade, da verdade, da prioridade, é que ela pode estar bem na frente de seus olhos. Despercebidas. Pode ser simples. Porém vocês jamais podem entendê-las!

      Não existe valor se não existir o EU. Vocês são a medida de suas próprias verdades. Vocês só podem alcançar, só podem almejar, aquilo que vocês já são. Nada pode ser acrescentado ao EU. Por mais que procurem, só encontrarão suas próprias limitações. Vocês nunca conseguirão ser melhores do que podem efetivamente ser.

      O problema está em você mesmo!

      Agora, resolva este problema!

      É como tentar quebrar as leis da termodinâmica.

      O único conhecimento que pode obter e a única verdade que pode possuir é sua própria ignorância. Seus próprios limites são os únicos objetivos que pode alcançar.

      Não importa o quanto procure. O quanto leia. O quanto assista. O quanto experimente. Nunca poderá mudar este elemento da equação: o eu. Afinal, Experiência = Eu (Sujeito) + Objeto.

      Não importa quantos objetos tenham, o eu será sempre o mesmo.

      Pelo lado prático, para esquecer deste problema (e não para resolvê-lo), podemos seguir a filosofia epicurista. O "carpe diem". Façam o que quiserem. A verdade não importa.

      Claro, no ponto em que estou de minhas investigações, a filosofia epicurista é inútil... Contudo, talvez não seja para você.

      É tudo uma grande piada. E o palhaço é você.

      Para finalizar, gostaria de saber a opinião de meu amigo equinoderma sobre FUNDAMENTALISMO. E também gostaria de saber como é que você sabe que Deus não existe.

      Muito obrigado. Espero ansiosamente pela sua resposta.
      4 de Fevereiro às 23:33 ·  ·  3
    • Patrick Brito Caro duelista, partilho da maioria de suas inquietações. A maioria dos meus amigos, por exemplo, é totalmente diferente de mim. Claro, cada um é cada um. Mas sou muito criticado por assistir novela, por exemplo. Como você mesmo disse, a toda hora me dizem que a minha inteligência não condiz com assistir novela. Ora essa, assinto novela justamente porque é um produto de entretenimento e que me ajuda a descarregar todas essas inquietações por você elencadas. Apesar de ter uma vida financeiramente muito boa, ter estudado na escola mais cara de todo o noroeste paulista e, a partir da semana que vem, estar cursando o melhor cursinho do país, não posso dizer que minha vida seja fácil. Desde muito pequeno me noto diferente da maioria das crianças. Tenho apenas 18 anos e como pôde perceber, tenho uma sensibilidade intelectual incrível. Enquanto meus colegas brincavam, eu lia livros de física para leigos, Stephen Hawking, principalmente. Posso dizer que era um alienado, um alienado nas estrelas, mas era isso que me supria. Nunca aceitei respostas prontas para as perguntas mais fundamentais acerca do caos aparente no universo. Para mim, deveria haver uma ordem, uma ordem da qual pudesse experimentar e verificar as implicações. Com 12 anos já tinha lido TODAS as SUPERINTERESSANTE de 1986 até 1996, aliás, a título de curiosidade ela começou a ser publicada justamente em 1986. A última que li foi a de 1996 porque de quem peguei emprestado, esse foi o último ano que assinou. E se você ler as SUPERINTERESSANTE de 1986 até 1996, principalmente, perceberá que é uma revista que trata muito de física. Então, voltando ao assunto, pode-se dizer que minha educação foi prioritariamente científica. Como nasci em uma família católica bastante liberal, não fui doutrinado, aliás, nem batizado sou, o que me alegra profundamente já que o batismo não pode ser desfeito. Mas essa união, educação científica mais liberdade intelectual, me trouxe muitos problemas e, diga-se de passagem, ainda traz. Já mudei muito de escola por causa disso. E soma-se a isso a minha orientação sexual, que me trouxe ainda mais problemas. Já sofri muito com bullying e homofobia e, por isso, acredito que a educação sobre o prisma da doutrinação religiosa é péssima para as relações pessoais. Fundamentalismo nunca é bom, traz conflitos violentos para a humanidade. É claro que não há fundamentalismo apenas no campo da religião, ou Josef Stálin, comunista e ateu, não teria matado mais que Adolf Hitler. Sobre Deus, sabe que não acredito, não Deus enquanto design inteligente. Se para você Deus é o universo, acredito em Deus. Mas não vejo necessidade de chamar o universo de Deus. Gera confusão e aniquila o debate. Acredito que mais um fator se somou ao que se pode chamar de Patrick, perdi meu pai aos 7 anos de uma forma violenta e ainda obscura. Ele foi barbaramente assassinado com muitos tiros, alguns na cabeça. O rosto dele foi desfigurado. Talvez isso tenha contribuído muito para a minha independência precoce. A única coisa que busco hoje é fazer amigos, como os que fiz aqui. Sofri muito com a indiferença de meus colegas a minha presença e não quero mais passar por isso de novo. Mas não posso abrir mão de minhas opiniões pessoais. Acredito sim que o universo possa ser entendido e objetivado em sua plenitude. Sei que as teorias científicas são falseáveis, mas sendo as teorias científicas produto da percepção da realidade, o que é falseável é justamente isso, a percepção da realidade. Não quer dizer, portanto, que a realidade em si seja falseável. Dizer isso seria ridículo. Aguardo a tréplica de meu mais novo amigo para desenvolver melhor minha tese.
      5 de Fevereiro às 00:21 ·  ·  6
    • Leonardo Levi Fundamentalismo, seja de qualquer forma é qualquer sistema de idéias (religiões inclusive), que se assentam em princípios fundamentais. Ou fixos, imutáveis etc...

      Oras. Fundamentalismo não é ignorância.

      Como é que se pode presumir que qualquer fundamentalismo é ignorante. Sem nem ao menos conhecê-los a fundo? Quem está sendo arrogante? Quem quer ser o dono da verdade?

      Não existe a (logicamente ao menos) a possibilidade de algum sistema de idéias (até mesmo uma religião...) ser baseada em princípios básicos imutáveis e ao mesmo tempo estar certa? Ou parcialmente certa?

      Religião é um sistema (mais ou menos organizado) de idéias. E por isso, a situo no campo da Filosofia.

      Assim, a meu ver, salvo melhor juízo, Racionalismo, que é um sistema de idéias tipicamente fundamentalista. Baseado em lógica aristotélica e dialética. Que define as coisas por sua divisão. Assim, alguma coisa é isto OU aquilo. Sempre divisões, implícitas ou explícitas. Até mesmo a origem da palavra, razão, vem de raiz, ou seja dividir e subdividir, e assim por diante.

      A maior parte dos sistemas de idéias atuais tem um núcleo comum no Racionalismo (genérico). O que não quer dizer que seja o único sistema, nem o mais válido. A própria razão lógica permite chegar a estas conclusões. A existência de algo, não implica necessariamente a inexistência de outra coisa.

      Assim (para mim), nem fundamentalismo é ignorância, nem racionalismo deixa de ser, em sua essência, uma espécie de fundamentalismo.

      Ainda não me dou a tais pretensões de saber tudo.

      Quanto a empirismo, nada mais é do que o sistema que diz que só se pode chegar ao conhecimento das coisas pelos sentidos. Posição ao meu ver muito pobre, pois não explica a consciência, e muito menos o pensamento em si, enquanto "significado" (e não enquanto fênomeno físico-biológico - atente bem, pois até mesmo usando uma lógica racionalista, pode-se dizer que o pensamento é várias COISAS ao MESMO TEMPO, ou seja, pode ser efeito físico, e significado abstrato, ser abstrato, SIMULTÂNEAMENTE).

      Não explica também muitas idéias "a priori" como o tempo, a causalidade, "deus", ser, etc... que não necessitam de nenhum dado físico para se formarem em nosso íntimo. Quer uma pergunta para te deixar louco? Me defina o que é definição. Ou qual o sentido de sentido? Qual o significado de significado? (E não estou falando apenas do significado em sentido de linguagem, semiótica etc...).

      Já os sacrossantos dados empíricos, nada mais são que informações que nos chegam por meio dos sentidos. Oras, nada mais falível do que os sentidos. O que é quente para uns é frio para quem tem lepra. A mente é a coisa mais fácil de se iludir, e não existe sentido, sem mente por trás.

      A ciência, a verdadeira Ciência é apenas um ideal, assim como a Justiça.

      Embora possa parecer lógico presumir que os fato são regidos por leis, e que por meio da repetição é possível estabelecer modelos, representações mentais dessas leis. Temos que lembrar de um ponto bem simples: não se está analisando fatos.

      Estão se analisando opiniões.

      O ser humano não consegue conhecer fatos.

      Conhece apenas seus próprios pensamentos.

      É impossível ter uma impressão direta de fora da realidade, simplesmente porque sua realidade é construída no seu organismo. E segundo a opinião corrente, no seu cérebro e em alguns nervos espalhados pela sua coluna.

      A impressão que você tem é a de dentro de você mesmo.

      Assim, o que as pessoas estão analisando nos laboratórios não são fatos externos, e sim as próprias impressões de suas mentes.

      O que estão repetindo não é o fenômeno em si, e sim sua percepção deles.

      Estão vendo tudo por uma via indireta. Por um filtro. Por um espelho escurecido.

      Mas deve existir uma Ciência ideal. Devem existir algumas leis. Ao mesmo tempo tenho de admitir que é muito grande a probabilidade do ser humano não poder alcançá-las. O máximo que pode ter são alguns relexos distorcidos, que atualmente chamamos de ciência. Isto por um próprio defeito de nosso organismo.

      No fundo então é tudo percepção, é tudo OPINIÃO. Por isso está mudando tão constantemente. Por isso um diz que sim, outro que não, e um terceiro que depende.

      Esta distinção entre fato e opinião é percebida mais facilmente nas ciências ditas humanas. Pois os fatos que analisam são os chamados fatos históricos, culturais, sociológicos, econômicos, jurídicos etc... Em todos esses fatos, destaca-se o elemento humano, e portanto, parece mais fácil ver seu "erro" inerente.

      Mas não existe diferença nenhuma entre o fato cultural e o dito científico e até mesmo o matemático. Todos não espelham a realidade, espelham isto sim, que estava pensando nele.

      O fato interpretado não existe fora da cabeça que o interpretou.

      Querer que sua imaginação seja cópia fiel da realidade é uma arrogância tremenda.

      Ninguém até hoje viu "fatos".

      Viu apenas idéias.

      E sonhou que essas idéias reflitam mais ou menos o que acontece "fora" do lugar que originiou as mesma idéias.

      Parece Fé, não?

      Tudo é opinião, tudo é mentira.

      Um exercício prolongado de nossas faculdades mentais só chega à única conclusão de que elas não são capazes de explicar nada.
    • Patrick Brito Nesse duelo serei mais subjetivo, acredito, pois, que meus colegas estranharão um pouco. Mais vou me dar essa oportunidade. Peço desculpas se os argumentos não ficarem muito claros, pois aqui serei mais um tanto prolixo, mas entendível. Vou usar uma tática já usada em outros duelos para melhor argumentar e apresentar os meus pontos de vista, selecionando, para isso, trechos do seu discurso, um a um, a fim de serem melhor analisados:

      (...) Fundamentalismo, seja de qualquer forma é qualquer sistema de idéias (religiões inclusive), que se assentam em princípios fundamentais. Ou fixos, imutáveis etc...

      Oras. Fundamentalismo não é ignorância.

      Como é que se pode presumir que qualquer fundamentalismo é ignorante. Sem nem ao menos conhecê-los a fundo? Quem está sendo arrogante? Quem quer ser o dono da verdade?

      Não existe a (logicamente ao menos) a possibilidade de algum sistema de idéias (até mesmo uma religião...) ser baseada em princípios básicos imutáveis e ao mesmo tempo estar certa? Ou parcialmente certa?

      Religião é um sistema (mais ou menos organizado) de idéias. E por isso, a situo no campo da Filosofia. (...)

      Realmente, fundamentalismo é um sistema de ideias fixas, imutáveis. Talvez seja esse o perigo. Se a minha verdade é a verdadeira, a absoluta, ela é fixa e imutável, como você mesmo disse. Logo, qualquer outro sistema de ideias que seja contrário ao meu, está automaticamente errado. Não há como ele estar certo. E as implicações disso são desastrosas. Por exemplo, se para o meu sistema de ideias o certo é homem e mulher, unidos na graça do matrimônio, homem e homem ou mulher e mulher é errado. Acontece que na natureza há inúmeros casos de homossexualismo, logo, tal prática é natural, não doentia, patológica, imoral. Isso sim é ignorância. Uma pessoa que aceita um sistema de ideias fixas, sofre. E sofre muito. Como diziam alguns pré-socráticos, a vida está em constante mudança, um mesmo homem nunca se banha no mesmo rio. Um novo banho é um novo homem e um novo rio. Um ser que muda a toda hora se ater a um sistema de ideias imutáveis é ir contra a lei natural das coisas: constante mudança. E como acabei de dizer, só a mudança é imutável. Tudo sempre está mudando, nunca para, nem retrocede. O tempo é como um rio, sempre em movimento e cheio de curvas. Se para mim as minhas ideias são as verdadeiras, as do outro é bobagem. E eu posso lutar para fazê-lo crer no meu sistema de ideias. Muitos realmente fazem isso, enviando aviões em edifícios ou bombas em estações de metrô. Realmente, não há como um sistema de ideias absolutas estar certo, acreditar nisso é narcisismo. Não é porque a Bíblia foi o primeiro livro passado a mim que ela é verdadeira. Aliás, como sei que a Bíblia está certa? Porque me disseram que está e eu aceitei sem questionar. E todo conhecimento produto de autoridade sem questionamento é perigoso e não apresenta respostas confiáveis, verificáveis. Todas as religiões, sem excessão, apresentam incoerências entre si. Se uma está certa, todas as outras estão erradas. Acontece que em todas foram verificadas inconsistências, incongruências. Como saber o que está certo e o que está errado se a verdade a mim passada era que tudo estava certo? Como poderei verificar a confiabilidade das assertativas se não aprendi a pô-las em dúvida e testá-las? Concluindo essa parte, realmente, religião não pode estar situada no campo da filosofia. Você disse uma besteira sem tamanho. Filosofia é a atividade do questionamento, da dúvida constante, das certezas inconstantes, do mundo que flui, do tempo que passa, da água que corre, do vento, da brisa. Religião é absoluta, morta, não evolui, não explica, não questiona, não traz respostas, traz certezas de mais e perguntas de menos. Conhecimento sem pergunta não é conhecimento verdadeiro. O homem que não questiona destroi a si mesmo, vai contra a lei da natureza, nega a própria consciência de refletir, de pensar, de imaginar. A religião é como as correntes que prendem os homens na caverna tal como o Mito da Caverna, a ciência, ou melhor, a filosofia, por outro lado, é a luz que está lá fora, intensa, altissonante, grandiloquente, linda, maravilhosa, esperando por ti para poder agraciar a gama de conhecimentos que esse maravilhoso e elegante mundo nos proporciona.
      5 de Fevereiro às 02:17 ·  ·  1
    • Patrick Brito ‎(...) Assim, a meu ver, salvo melhor juízo, Racionalismo, que é um sistema de idéias tipicamente fundamentalista. Baseado em lógica aristotélica e dialética. Que define as coisas por sua divisão. Assim, alguma coisa é isto OU aquilo. Sempre divisões, implícitas ou explícitas. Até mesmo a origem da palavra, razão, vem de raiz, ou seja dividir e subdividir, e assim por diante.

      A maior parte dos sistemas de idéias atuais tem um núcleo comum no Racionalismo (genérico). O que não quer dizer que seja o único sistema, nem o mais válido. A própria razão lógica permite chegar a estas conclusões. A existência de algo, não implica necessariamente a inexistência de outra coisa.

      Assim (para mim), nem fundamentalismo é ignorância, nem racionalismo deixa de ser, em sua essência, uma espécie de fundamentalismo.

      Ainda não me dou a tais pretensões de saber tudo. (...)

      Não concordo em muitos pontos. Racionalismo não é fundamentalismo. Um ser racional pode mudar, um fundamentalista, não. Se usam a lógica aristótelica e a dialética para racionalizar, é porque esses métodos foram os que tiveram maior sucesso até agora. Não acredito que os orientais usem da mesma lógica e dialética que nós ocidentais, apesar de eles também serem racionais. Racionalismo é uma forma racional (que redundância!) de avaliar as coisas, tomando como base um conjunto de regras, um método. Essas regras podem variar de racionalista para racionalista. Se conseguir inventar um método melhor, substituiremos o atual pelo seu. Veja um exemplo. Pela lógica aristotélica, sendo um corpo mais pesado que outro, é lógico pensar que ele cairá mais rapidamente. Essa lógica aristotélica fez muito sucesso durante muito tempo, mas não fazia previsões a serem testadas e muito menos explicava alguma coisa. Galileu, com seu método científico, fez mais sucesso que Aristóteles. Mais tarde, Newton explicaria porque Aristóteles estava errado. E o que é o método científico senão um método racional? Com certeza, o método científico, base para aquilo que chamamos de ciência, foi melhor em explicar as coisas e fazer previsões da realidade que o método aristotélico. Como pode ver, o racionalismo, enquanto sistema de ideias, pode ter diferentes métodos, aristotélico e galileano, por exemplo. Logo, essas ideias do sistema são variáveis. Como você mesmo disse, fundamentalismo é sistema de ideias fixas, imutáveis. Por tudo isso que explicitei que racionalismo, definitivamente, não é fundamentalismo.

      (...) Quanto a empirismo, nada mais é do que o sistema que diz que só se pode chegar ao conhecimento das coisas pelos sentidos. Posição ao meu ver muito pobre, pois não explica a consciência, e muito menos o pensamento em si, enquanto "significado" (e não enquanto fênomeno físico-biológico - atente bem, pois até mesmo usando uma lógica racionalista, pode-se dizer que o pensamento é várias COISAS ao MESMO TEMPO, ou seja, pode ser efeito físico, e significado abstrato, ser abstrato, SIMULTÂNEAMENTE).

      Não explica também muitas idéias "a priori" como o tempo, a causalidade, "deus", ser, etc... que não necessitam de nenhum dado físico para se formarem em nosso íntimo. Quer uma pergunta para te deixar louco? Me defina o que é definição. Ou qual o sentido de sentido? Qual o significado de significado? (E não estou falando apenas do significado em sentido de linguagem, semiótica etc...).

      Já os sacrossantos dados empíricos, nada mais são que informações que nos chegam por meio dos sentidos. Oras, nada mais falível do que os sentidos. O que é quente para uns é frio para quem tem lepra. A mente é a coisa mais fácil de se iludir, e não existe sentido, sem mente por trás.

      A ciência, a verdadeira Ciência é apenas um ideal, assim como a Justiça.

      Embora possa parecer lógico presumir que os fato são regidos por leis, e que por meio da repetição é possível estabelecer modelos, representações mentais dessas leis. Temos que lembrar de um ponto bem simples: não se está analisando fatos.

      Estão se analisando opiniões.

      O ser humano não consegue conhecer fatos.

      Conhece apenas seus próprios pensamentos.

      É impossível ter uma impressão direta de fora da realidade, simplesmente porque sua realidade é construída no seu organismo. E segundo a opinião corrente, no seu cérebro e em alguns nervos espalhados pela sua coluna.

      A impressão que você tem é a de dentro de você mesmo.

      Assim, o que as pessoas estão analisando nos laboratórios não são fatos externos, e sim as próprias impressões de suas mentes.

      O que estão repetindo não é o fenômeno em si, e sim sua percepção deles.

      Estão vendo tudo por uma via indireta. Por um filtro. Por um espelho escurecido.

      Mas deve existir uma Ciência ideal. Devem existir algumas leis. Ao mesmo tempo tenho de admitir que é muito grande a probabilidade do ser humano não poder alcançá-las. O máximo que pode ter são alguns relexos distorcidos, que atualmente chamamos de ciência. Isto por um próprio defeito de nosso organismo.

      No fundo então é tudo percepção, é tudo OPINIÃO. Por isso está mudando tão constantemente. Por isso um diz que sim, outro que não, e um terceiro que depende.

      Esta distinção entre fato e opinião é percebida mais facilmente nas ciências ditas humanas. Pois os fatos que analisam são os chamados fatos históricos, culturais, sociológicos, econômicos, jurídicos etc... Em todos esses fatos, destaca-se o elemento humano, e portanto, parece mais fácil ver seu "erro" inerente.

      Mas não existe diferença nenhuma entre o fato cultural e o dito científico e até mesmo o matemático. Todos não espelham a realidade, espelham isto sim, que estava pensando nele.

      O fato interpretado não existe fora da cabeça que o interpretou.

      Querer que sua imaginação seja cópia fiel da realidade é uma arrogância tremenda.

      Ninguém até hoje viu "fatos".

      Viu apenas idéias.

      E sonhou que essas idéias reflitam mais ou menos o que acontece "fora" do lugar que originiou as mesma idéias.

      Parece Fé, não?

      Tudo é opinião, tudo é mentira.

      Um exercício prolongado de nossas faculdades mentais só chega à única conclusão de que elas não são capazes de explicar nada. (...)

      Vou analisar essa parte do discurso de uma única vez. Serei bastante suscinto porque meus olhos pedem cama. Realmente o empirismo está limitado ao que podemos sentir, pegar, palpar. Mas temos feitos grandes coisas com isso. Não concordo que não podemos conhecer o universo em sua plenitude somente com os sentidos. Somos parte desse universo, poeira das estrelas, como diria Carl Sagan, logo, se somos parte do todo, somente os sentidos são confiáveis para uma emissão de julgamentos e assertivas sobre o universo. Realmente, não podemos fazer previsões sobre o que há lá fora. Mas como saber que existe o lá-fora? E se existir também o lá-lá-fora, como em uma boneca russa? Tudo isso está reservado ao campo da especulação. Nada disso nos ajuda a entender o nosso próprio universo, esse que sim deveria ser o alvo de nosso entendimento. O lá fora não importa. Nunca poderemos saber se ele existe. Acredito que seja esse o limite do que podemos saber, o lá-fora. Aqui dentro, tudo; lá-fora, nada. Por isso me faço as mesmas perguntas: "O que sabemos que sabemos?", "O que sabemos que não sabemos" e, por fim, "O que não sabemos que não sabemos?". A regra é sempre se perguntar e nunca ficar satisfeito com as respostas. Enquanto pensarmos no aqui dentro, a ciência é o que melhor temos, desenvolvemos. Se conseguirem inventar algo melhor, que usufruemos desse novo conhecimento. O importante é ser humilde em aceitar que tudo o que se sabe pode ser que nada sabe.
      5 de Fevereiro às 02:30 ·  ·  2
    • Leonardo Levi Não vou pegar o dicionário e refutar todas as interpretações semânticas que você fez, por que qualquer um que está lendo pode fazer isso. Ao contrário, vou questionar o método que VOCÊ julga superior para se analisar o conhecimento: o método científico.

      Ao ler uma obra científica e sobre o método científico ATUAL, ressaltam aos nossos olhos diversos "preconceitos" (no sentido original da palavra), e inúmeras assunções, não escritas.

      Percebemos que o Sistema nada mais é, do que isto mesmo: um sistema, criado por homens, com o fim de explicar o mundo fenomênico.

      Como todo sistema, está baseado em incontáveis princípios, que nem sempre estão escritos (são por assim dizer, intuitivos). Por exemplo:

      1. O da causalidade. O de que todo efeito tem uma causa. É um princípio "roubado" da lógica aristotélica, e de alguns sistemas matemáticos. Não nos diz qual é a diferença entre causa e efeito. E que algumas vezes, um efeito pode ser a causa de outros efeitos e assim indefinidamente, nem que certos efeitos poderiam influenciar a sua causa.

      2. O de que objetos iguais, sempre reagirão de formas iguais, verificadas circunstâncias idênticas. Este princípio foi "roubado" dos sistemas deterministas de pensamento. Como o daquelas religiões em que não há livre-arbítrio ou escolha. No fundo, no fundo, é o mesmo que predeterminação. Destino. E não considera o que não existem dois objetos realmente IGUAIS na existência. Pois se estão num espaço diferente ou num tempo diferente, logicamente, não são a MESMA coisa.

      3. O de que a repetição de um fato, evidencia a existência de uma Lei. Isto também é matemático.

      4. Isto aqui é mais ou menos velado: A separação entre mente e matéria. Ou seja de que uma idéia não pode influenciar a matéria. De que são coisas essencialmente diferentes. É uma espécie de dualidade religiosa: como a do espírito e matéria. E preste atenção, não estamos falando da idéia enquanto fenômeno físico-químico-biológico, e sim do "significado" contido nas ondas cerebrais. É algo como, o significado não pode afetar diretamente a matéria. Sem nenhuma prova disso....

      5. A de que as mesmas causas operam sempre os mesmos efeitos. Não consigo diferenciar isto da fé. Por mais que eu tente. Por que, logicamente, algo não poderia ter efeitos diferentes, mesmo quando feito do mesmo jeito e nas mesmas circunstâncias? Por que não? Isto a ciência atual não explica, apenas presume. Preconceitua.

      Vê-se que a Ciência não passa de um fenômeno ideológico-cultural.

      E aqui vão alguns defeitos culturais, não da Ciência em si, mas sim dos homens que dizem trabalhar em prol dela:

      a) A "verdade" científica é aquela apoiada pelo maior número de "autoridades" científicas numa determinada época. Há pouco tempo atrás, acupuntura era ingênuo, agora é endorfinas. Hipnotismo era ingênuo, agora é sugestão. Física quântica era ingênuo. Agora é interpretação mais conceituada. Principal.

      b) Existem diversas interpretações diferentes para os mesmos fatos observados. O que não é dito para a maioria da Sociedade não iniciada na Ciência acadêmica.

      c) Opiniões pessoais influenciam sim observações externas.

      Para me refutar, qualquer um me refrasearia dizendo: L. diz que por a Ciência não estar isenta de falhas humanas, ela é falsa. No entanto milhões de observações, repetidas por diversas autoridades em laborátorio comprovam que as leis da ciência funcionam efetivamente. Logo L. é ingênuo.

      Quando eu jamais disse isso....

      Eu disse que Ciência, no fundo é Sistema de idéias com o fim explicar observações. Algo cultural. Tão válido ou inválido (dependendo do seu uso) quanto qualquer outro sistema de idéias humano.

      Um dos preconceitos mais interessantes da Ciência ATUAL, é o princípio informador (in = dentro, formador = que dá forma), chamado de navalha de Occam.

      Que diz mais ou menos que quando há duas explicações possíveis para o mesmo evento. A mais simples é a correta.

      Oras. Nada melhor para provar meu ponto de que a Ciência é Sistema filosófico do que citar a velha Navalha. Para a maioria dos cientistas, a navalha é VERDADEIRA.

      E não existe nenhuma prova empírica disso!

      A Navalha é um conjunto de idéias, na qual está embutido:

      1. O conceito de simplicidade, que até hoje ninguém consegue explicar a não ser intuitivamente. he he he.

      2. Uma falácia lógica de que o mais simples é o verdadeiro. Quando as duas, ou mais hipóteses poderiam ser igualmente verdadeiras, ou ainda a mais complexa ser a verdadeira.

      Inúmeras observações da Ciência vão totalmente contra a Navalha. O Universo é muito mais complexo para a mente humana que o necessário. As Leis da Gravidade, tais como explicadas por Newton eram perfeitas para explicar a maioria dos fenômenos observáveis à sua época. Depois da relatividade de Einstein (que só foi objeto de experimentação e "confirmação" muitos anos depois de ter sido formulada) a tornou obsoleta. Agora alguns aspectos da Física Quântica contrariam a relatividade. E experimentos realizados depois de sua formulação também vêm "confirmando" tais Teorias.

      E a complexidade sempre aumenta. Sempre aumenta.

      A Navalha de Occam é apenas uma de muitos conceitos filosóficos que são "emprestados" ao Sistema da Ciência.

      E se você procurar um pouco, verá que existem muitos filósofos que não a aceitam, por ter defeitos lógicos e de outras naturezas. São as chamadas "Anti-navalhas", "Anti-razors" em inglês.

      Acho que uma de Kant diz: "quando um elemento não for suficiente para explicar um efeito, aumente-se mais um elemento"...

      Parece mais conforme com o espírito da Ciência...

      ....................

      Tudo bem.

      Disse toda esta besteira aí acima, quando na verdade, alguém (a mesma pessoa) já disse tudo que eu quero dizer, mas com outro vocabulário:

      "Só sei que nada sei"

      E

      "Conhece-te a ti mesmo".

      >Meu vocabulário é um pouco diferente do dele.

      Contudo nós podemos estar dizendo a mesma coisa....
    • Patrick Brito Na tréplica vou usar o mesmo método da réplica, refutando, um a um, os argumentos apresentados pelo meu adversário na tréplica:

      (...) Não vou pegar o dicionário e refutar todas as interpretações semânticas que você fez, por que qualquer um que está lendo pode fazer isso. Ao contrário, vou questionar o método que VOCÊ julga superior para se analisar o conhecimento: o método científico.

      Ao ler uma obra científica e sobre o método científico ATUAL, ressaltam aos nossos olhos diversos "preconceitos" (no sentido original da palavra), e inúmeras assunções, não escritas.

      Percebemos que o Sistema nada mais é, do que isto mesmo: um sistema, criado por homens, com o fim de explicar o mundo fenomênico.

      Como todo sistema, está baseado em incontáveis princípios, que nem sempre estão escritos (são por assim dizer, intuitivos). Por exemplo:

      1. O da causalidade. O de que todo efeito tem uma causa. É um princípio "roubado" da lógica aristotélica, e de alguns sistemas matemáticos. Não nos diz qual é a diferença entre causa e efeito. E que algumas vezes, um efeito pode ser a causa de outros efeitos e assim indefinidamente, nem que certos efeitos poderiam influenciar a sua causa. (...)

      Sobre o princípio da causalidade, diz que para cada causa existe uma causa anterior e que para essa causa anterior há uma causa mais anterior ainda e assim sucessivamente. Evite usar o binômio causa e efeito para não se confundir. Vale ressaltar, o princípio da causalidade não é do Aristóteles, ele foi formalizado pelo Aristóteles, pois na filosofia oriental já se conhecia, como também em outras culturas, inclusive aquelas que não tivemos acesso aos seus escritos, supostamento. Um exemplo é a Navalha de Occam, que não é propriamente do Guilherme de Occam, mas do princípio da parcimônia do Aristóteles. Voltando ao princípio da causalidade, ele é perfeitamente verificável, basta dar um chute em uma bola. A bola só entra em movimento porque você a chuta. O chute é a causa primeira e o movimento da bola a causa segunda. Na verdade, estou tomando o chute como referência para chamá-lo de causa primeira. Você poderia tomar o impulso nervoso que gerou o movimento da perna como referência e chamá-lo de causa primeira, o movimento da perna de causa segunda e o movimento da bola de causa terceira. Digo isso tudo para lhe mostrar que tal princípio não foi roubado do Aristóteles, mas verificado formalmente pelo Aristóteles, como também pelas pessoas comuns. Não é preciso ser nenhum Aristóteles para saber disso. A sacada dele foi ter formalizado isso em letras sobre o papel no ano V a.C., pois até a minha mãe que nunca leu Aristóteles, no máximo ouviu falar, tem consciência do princípio da causalidade. É tão rotineiro que chega a ser ridículo pensar sobre. Não é um princípio da filosofia ou da ciência, é um princípio natural. Apenas foi formalizado pelo Aristóteles no campo da filosofia e mais tarde pelo Galileu no campo da ciência.

      (...) 2. O de que objetos iguais, sempre reagirão de formas iguais, verificadas circunstâncias idênticas. Este princípio foi "roubado" dos sistemas deterministas de pensamento. Como o daquelas religiões em que não há livre-arbítrio ou escolha. No fundo, no fundo, é o mesmo que predeterminação. Destino. E não considera o que não existem dois objetos realmente IGUAIS na existência. Pois se estão num espaço diferente ou num tempo diferente, logicamente, não são a MESMA coisa. (...)

      Novamente, esse princípio não foi roubado de nada. Ele é tão ridiculamente simples que qualquer pessoa que não tenha tido acesso a sistemas deterministas de pensamento sabe disso. Minha mãe, por exemplo, que nunca teve acesso a esse tipo de coisa, sabe que obedecidos os ingredientes e o modo de preparo de um bolo, qualquer que seja o tempo e o lugar, o resultado será sempre o mesmo. Como eu disse acima, os sistemas deterministas de pensamento, tal como Aristóteles, formalizaram isso primeiro. Mas isso não é deles. Isso é da natureza. E sendo a natureza o objeto de estudo da ciência, a ciência teve que incorporá-lo ao seu método.

      (...) 3. O de que a repetição de um fato, evidencia a existência de uma Lei. Isto também é matemático. (...)

      Desculpa se isso vai ficar repetitivo, mas as circunstâncias exigem. Novamente, mais uma vez (mais uma redundância!), eu não preciso aprender matemática para saber disso. Qualquer um que nota a repetição de um fato, inclusive a minha avó, induz a existência de uma lei. Por exemplo, se em todos os lugares verificamos que os objetos caem no chão, induzimos que deve existir uma lei, uma força que faz com que os objetos caiam. Aristóteles, com a sua lógica, dizia que se os objetos caem no chão, é lógico pensar que o fazem porque o lugar deles é no chão. Felizmente, Isaac Newton corrigiu Aristóteles, demonstrando matematicamente que isso era devido a uma força que ele chamou de gravidade, diretamente proporcional ao produto das massas que se interagem entre si e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas, regida por uma constante, a constante gravitacional.

      (...) 4. Isto aqui é mais ou menos velado: A separação entre mente e matéria. Ou seja de que uma idéia não pode influenciar a matéria. De que são coisas essencialmente diferentes. É uma espécie de dualidade religiosa: como a do espírito e matéria. E preste atenção, não estamos falando da idéia enquanto fenômeno físico-químico-biológico, e sim do "significado" contido nas ondas cerebrais. É algo como, o significado não pode afetar diretamente a matéria. Sem nenhuma prova disso. (...)

      Há sim essa separação entre ideia e matéria, mas só porque nunca foi verificada essa interação, em nenhum tempo e lugar. Mas não quer dizer que não exista. Mas como não foi verificado, não entra no crivo da ciência. Vou te fazer uma pergunta: já viu alguém pensar no movimento de uma bola de futebol e apenas com o pensamento movimentá-la? Se isso ocorresse, os torcedores de futebol agradeceriam. Também nunca foi verificado um bule orbitando o Sol entre Terra e Marte e, por isso, não entra no mérito científico. Mas não é porque não foi vericado que não exista. Você pode acreditar no bule entre Terra e Marte orbitando o Sol, basta ter fé. Só não reclame se te chamarem de louco e o internarem em uma clínica psiquiátrica para se tratar. Mas quem sabe acreditem em você caso afirme que o bule criou todas as coisas em 7 dias há 6 mil anos e que tudo isso está escrito em um livro.
      5 de Fevereiro às 17:07 ·  ·  1
    • Patrick Brito ‎(...) 5. A de que as mesmas causas operam sempre os mesmos efeitos. Não consigo diferenciar isto da fé. Por mais que eu tente. Por que, logicamente, algo não poderia ter efeitos diferentes, mesmo quando feito do mesmo jeito e nas mesmas circunstâncias? Por que não? Isto a ciência atual não explica, apenas presume. Preconceitua. (...)

      Acho que aqui se equivocou. Conhece o 1º postulado da Teoria da Relatividade? Segundo esse postulado, o Princípio da Relatividade, as leis da natureza são sempre as mesmas para todos os referenciais inerciais. A título de curiosidade, dois referenciais são inerciais caso as três leis de Newton forem válidas em ambos os referenciais. As consequências desse postulado são incríveis. Uma delas é a de que se um observador estiver preso em uma caixa fechada, ele não consegue saber se a caixa está em repouso ou em movimento uniforme. Logo, qualquer coisa que ele faça dentro da caixa, os resultados serão sempre os mesmos, independentemente se a caixa estiver em repouso ou em movimento uniforme. Concluindo, ao contrário do que você disse, causas diferentes (repouso e movimento uniforme), podem operar os mesmos efeitos (a queda de um corpo, por exemplo). E isso não tem nada de fé. Mais um exemplo. Segundo Einstein, em seu princípio de equivalência, se um observador dentro de uma caixa fechada soltar um objeto e o objeto cair, não tem como ele saber se está em repouso no campo gravitacional da Terra ou em aceleração uniforme no espaço. Mais uma vez, duas causas diferentes (repouso e movimento), podem operar um mesmo efeito (a queda do objeto). Uma das implicações desse princípio de equivalência é que a queda de um corpo simula a ausência de gravidade. Os astronautas, por exemplo, vão dentro de um avião até uma determinada altura e partir dessa altura o avião passa a cair em queda livre, simulando a ausência de gravidade.

      (...) Vê-se que a Ciência não passa de um fenômeno ideológico-cultural.

      E aqui vão alguns defeitos culturais, não da Ciência em si, mas sim dos homens que dizem trabalhar em prol dela:

      a) A "verdade" científica é aquela apoiada pelo maior número de "autoridades" científicas numa determinada época. Há pouco tempo atrás, acupuntura era ingênuo, agora é endorfinas. Hipnotismo era ingênuo, agora é sugestão. Física quântica era ingênuo. Agora é interpretação mais conceituada. Principal. (...)

      Quanta besteira em uma única frase. Em ciência não existe essa de autoridade. Einstein, por exemplo, que na sua época poderia ser considerado uma, não era. Ele não concordava com o princípio da incerteza de Werner Heisenberg. E nem por isso foi ouvido. Foi chamado de velho pelos cientistas mais novos, que desenvolveram independentemente da opinião dele a mecânica quântica. O que apoia uma teoria científica são as evidências, não discurso de autoridade.

      (...) b) Existem diversas interpretações diferentes para os mesmos fatos observados. O que não é dito para a maioria da Sociedade não iniciada na Ciência acadêmica. (...)

      Você quer dizer hipóteses. Mas hipótese, como a palavra diz, é hipótese. Teoria para um fenômeno é uma só.

      (...) c) Opiniões pessoais influenciam sim observações externas. (...)

      Isso é você quem está dizendo. A história nos mostra outra coisa: Charles Darwin e Alfred Russel Wallace, pessoas completamente diferentes, chegaram a mesma teoria sobre a evolução das espécies, baseando-se apenas nas evidências. Isso diz muita coisa, não diz?

      Sobre a Navalha de Occam, não vou nem copiar aqui o que você disse, mas há um erro de interpretação. Ela diz que se duas teorias explicam perfeitamente um mesmo fenômeno, você deve escolher a teoria mais simples, aquela que tem o menor número de premissas. Mas isso não quer dizer que a teoria mais complexa, aquela que tem o maior número de premissas, esteja errada. Mas que se temos uma mais simples, que fiquemos com a mais simples, mesmo que a mais complexa também esteja certa. Ora essa, é uma questão de economia. Eu sempre prefiro um texto simples a um complexo, prolixo, simplesmente porque o simples é mais claro, entendível. Mas a Navalha de Occam, ao contrário do que você disse, não diz que devemos escolher SEMPRE a teoria mais simples, pois se a teoria mais complexa explica melhor, temos que ficar com a teoria mais complexa. E foi exatamente isso o que aconteceu com a Teoria da Gravitação Universal de Isaac Newton em relação a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein. A teoria de Newton não explicava o distúrbio no movimento do periélio de Mercúrio, diferentemente da teoria de Einstein. Estude melhor a Navalha de Occam antes de sair por aí falando besteira.
      5 de Fevereiro às 17:08 ·  ·  2
    • Leonardo Levi Tem uma frase de um conhecido meu que diz: “O que você acha sobre o que eu digo não vai mudar minha opinião, mas pode mudar o meu conceito sobre você”. Foi muito interessante ter sugerido este tema, pois foi muito irônico como ele se desenvolveu. De fato, acho que encontrei o adversário perfeito para este tipo de tema: Alguém que sabe muito pouco, mas que acha que sabe muito. Assim como o restante da humanidade. Um dia, se você realmente trabalhar com ciência e reler o que eu escrevi, talvez tenha até vergonha de si mesmo. Mas até lá, vai continuar sentado em seu trono de certezas, pedantemente apontando o dedo para o que está certo, entendendo tudo errado, e dizendo que, por que você quer, tem que estar errado.

      Infelizmente, você tem a seu favor a limitação cognitiva dos outros membros da página, que podem realmente achar que o que você disse está certo, sem pesquisar primeiro e verificar que você não entendeu absolutamente nada do que eu disse. Mas talvez o grande culpado disso tenha sido eu, que não consegui me fazer claro o suficiente, talvez por superestimar sua capacidade cognitiva ou seu poder de aprendizado. Esqueci-me, talvez, que a capacidade de aprendizado é diretamente proporcional à sua capacidade de rever seus conceitos, o que no seu caso, parece ser algo bem pequeno.

      Mas o negócio é que você acha que realmente sabe alguma coisa. Isto por que foi doutrinado por uma série de outros humanos, totalmente falíveis, a acreditar nisso. Nem percebe que está seguindo o movimento da manada e nem refletiu se os principais preceitos daquilo que acredita realmente são fundamentados. Vou tentar te mostrar por que, e espero que você pense um pouco melhor antes de fazer sua finalização, para que não fique feio para quem está lendo, ok?

      Sabe, Patrick, tudo que se lê, é mentira. Mas mesmo assim, vou citar algo que li, para ilustrar meu ponto. Tem algo de ver com aqueles psicólogos, tipo Zimbardo, que colocam estudantes numa cadeia. E um mês depois, os "guardas" estão torturando de verdade seus colegas "prisioneiros". Pois bem, eles disseram que colocaram uma, ou duas pessoas na rua. Em uma metrópole movimentada, olhando para o céu. E todos os transeuntes passavam sem ligar. Acontece que eles resolveram colocar uns cinco idiotas olhando para o céu. E de repente, todo mundo que via aquilo, instintivamente, começava a olhar prá cima também. Nem que fosse até perceber que era uma idiotice.

      Pois bem, eles querem que nós engulamos isso como Ciência. Ciência não existe, é um ideal. O método da Ciência, embora filosoficamente crível, é inatingível. É algo mais ou menos assim: observação dos fatos, dedução de "leis" ou "teses" sobre tais fatos, e teste pela repetição dessas "leis". Se essas "leis" se repetem, elas são verdadeiras. Se por uma única vez, elas não se repetem, a lei tem de ser revisada. É bem prático. Ocorre que logo de início, esquecemos que não são os fatos que estão sendo observados.

      Ninguém até hoje observou nenhum fato exterior ao próprio pensamento. O que você "vê", "ouve", "cheira", "sente", "toca", não é o fato. É apenas alguns impulsos elétricos e químicos em SUA própria e individual e egoísta mente. Não são fatos. São percepções. São sentidos. Tudo não está em nenhum lugar senão em sua maldita cabeça. E apesar de ser possível argumentar que nem existam os objetos exteriores que originam tais percepções, tais impressões, ainda assim, vamos supor que eles existem. E então. E aí? Mesmo que os objetos existam, mesmo que os fatos aconteçam. O mais perto que você pode chegar deles é ver sua sombra. Sua percepção. Ora, ninguém é idiota a ponto de admitir que o que está na sua cabeça é aquilo que produziu aquilo que lá se encontra. São coisas diferentes.

      Daí você deduz dessas impressões uma "lei". Ora, você está deduzindo com base em suas impressões. Logo, não é uma lei. É uma opinião. Daí você repete mil vezes sua opinião. Alguns discordam. Outros concordam. Tentam testar com suas próprias observações. E o mais carismático ou mais poderoso consegue fazer sua opinião prevalecer. E a chama de Lei. ou Tese. Ou hipótese. E nós as engolimos.

      Ótimo. Até o dia que aparecer alguém mais poderoso, mais convincente. Que tenha repetido mais vezes suas opiniões, e descrito-as mil vezes em papel. Ora o que está escrito no papel não é nem mesmo a opinião, é antes, uma mancha. Um borrão.

      Maravilha. Ainda assim, a Ciência meio que oficial, nos diz que somos um rebanho.

      Tudo o que precisamos então, já que devemos acreditar na Ciência, é tentar repetir isso experimentalmente. E com nossas opiniões, reforçar esta ilusão. Para manter as aparências, é até mesmo possível que as pessoas se joguem na armadilha, apenas porque ela parece ser uma boa armadilha. É esperado de toda boa caça que ela se jogue na armadilha, não?
    • Leonardo Levi Eu tive muita sorte em descobrir que, dentro de um sistema (qualquer sistema, a realidade por exemplo) jamais pode provar a si mesmo. (Se 1 + 1 forem 4, jamais poderemos provar que o sistema está errado, da mesma forma que não podemos efetivamente provar que 1 + 1 = 2 é real, e sim apenas é verdadeiro enquanto considerarmos os axiomas como verdadeiros). Mas já que você respeita as “autoridades” científicas, mesmo sem saber, saiba que existe uma Autoridade Científica e da Lógica Modernas (1931), que provou, e provou mesmo que o que eu disse está certo. Não venha discutir o que é prova. Neste caso, entenda como prova que: se considerarmos a Lógica Moderna (e não apenas a aristotélica), como verdadeira, então, os teoremas descritos por este autor SÃO VERDADEIROS. E ponto final. Assim com 1 + 1 SÃO DOIS, considerando a MATEMÁTICA VERDADEIRA. Portanto, para a COMUNIDADE CIENTÍFICA E DE MATEMÁTICA LÓGICA, ESTÁ PROVADO.

      Chamam-se Teoremas da Incompletude de Gödel, e provam que nem mesmo a matemática mais simples, quanto qualquer outro sistema (qualquer) podem provar a si mesmos.

      De certa forma simplificado, o primeiro teorema afirma: “Em qualquer formalização consistente de matemática que seja suficientemente sólido para tornar números naturais em axiomas -- isto é, suficientemente sólido para definir as operações que coletivamente definem números naturais -- pode ser construída uma afirmação verdadeira (!) que não pode ser provado nem refutada dentro do próprio sistema”.
      O segundo teorema da incompletude de Gödel, que é provado formalizando-se parte da prova do primeiro dentro deste próprio sistema, afirma: ”Nenhum sistema consistente pode ser usado para provar sua própria consistência”. Em última instância, que a consistência de toda matemática poderia ser reduzida à aritmética básica. O segundo teorema de Gödel mostra que a aritmética básica não pode ser usada para provar sua própria consistência, então, certamente não pode ser usada para provar a consistência de qualquer coisa mais sólida.

      Portanto, existe uma AUTORIDADE, ACEITA PELA MAIORIA, que corrobora minhas afirmações poéticas (não confunda com minhas reais suposições). Assim, o que conclui como intuição, devaneio filosófico, instinto e liberdade poética, já foi escrito numa linguagem mais formal, qual seja, no jargão técnico-simbólico da lógica matemática atual.

      Se não acredita no que foi escrito acima. Por uma autoridade, e aceito pela maioria. Sem provas ainda, ou sem compreender as que lhe são apresentadas. Então estará sendo inconsistente consigo mesmo, que acredita em várias coisas, como todos nós, sem absolutamente qualquer "prova", ou experimentação pessoal, para verificar sua real existência, somente por ouvir dizer, ou ver em fotografias e filmes... Por exemplo, que um mais um são dois... Ou que não existe telepatia, e outras formas de cognição não locais... Ou que determinados efeitos, sempre tem uma e apenas uma causa... Ou que existe um país chamado Tibet, mesmo nunca tendo o visitado... Ou que você realmente viveu aquela vida que agora só tem em fragmentos na memória...

      Pense a respeito.

      Abraços.
    • Patrick Brito Caro duelista, toda a sua tese prolixamente desenvolvida pode ser resumida em uma única frase, a saber:

      "Não podemos confiar nas evidências, porque as evidências são meras percepções da realidade, e percepções da realidade não são confiáveis."

      Você apenas se esqueceu de explicar porque percepções da realidade não são confiáveis, mesmo que sejamos parte integrante dessa realidade. As mesmas evidências que você disse não serem confiáveis salvaram muitas vidas com o desenvolvimento da medicina, por exemplo, globalizaram as comunicações de modo a derrubar barreiras de caráter geográfico, social e econômico, entre outras milhões de conquistas. Já pensou o que seria de nossas vidas se Alexander Fleming não tivesse confiado em seus sentidos, a visão no caso, ao passo de verificar que a transparência das colônias de bactérias da espécie Staphylococcus aureus cultivadas nas placas de Petri era devido a uma lise bacteriana propocada pelo fungo da espécie Penicilium notatum? Trocando em miúdos, já pensou o que seria de nossas vidas se Alexander Fleming não tivesse confiado em sua visão a ponto de descobrir a penicilina? Você, quando afirma que as evidências, as percepções, os sentidos não são confiáveis, fecha os olhos para a luz de todo esse conhecimento científico. Ciência não é só técnica, ciência não é só método, ciência é mais que isso, é paixão pelo conhecimento, é maravilhamento pela natureza. Nunca pegou um telescópio e olhou para os astros? Eu já fiz isso e posso lhe dizer que é a melhor viagem intelectual que se pode fazer. Olhas para as estrelas, para os planetas, para as luas de Júpiter, para Alfa do Centauro, enfim, para esse universo elegante que temos, que podemos observar, pesquisar, objetivar, criar leis, constantes, fenômenos. Eu poderia lhe explicar como Einstein, por exemplo, chegou à Teoria da Relatividade. Explicar-lhe o contexto científico do final do século XIX, o experimento de Michelson-Morley, as transformações de Lorentz, a métrica do espaço-tempo de Minkowski, enfim, tudo o que mudou os conceitos de espaço e tempo no annus mirabilis. Mas não vou fazer nada disso, porque para você não adianta, para você as evidências não são confiáveis; talvez para você o que seja confiável são as palavras escritas na Bíblia, que não salvam vidas nem derrubam barreiras, pelo contrário, criam guerras e conflitos entre os povos e fortalecem as barreiras entre eles.
      5 de Fevereiro às 20:48 ·  ·  1
    • Patrick Brito Debate encerrado!

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